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17 dezembro 2021

Dupla contagem do carbono


 Geofrrey Heal, da Columbia Business School, discute a compensação do carbono, com críticas e, também, apontando as vantagens. Mas um ponto importante sobre a questão é a possibilidade de contagem em dobro (ou triplo):

há potencial para uma contagem dupla maciça aqui, se somarmos todas as emissões entre as empresas. Se minha empresa compra eletricidade de uma concessionária local, as emissões associadas são o escopo dois para mim e o escopo um para a concessionária. Se a Exxon vende combustível para aviação para a American Airlines, para uso na aeronave Boeing, as emissões serão escopo três para Exxon e Boeing, mas escopo um para American Airlines. Essas emissões são contadas três vezes, o que é um anátema para qualquer sistema contábil competente. Cada emissão de escopo dois ou três é a emissão de escopo um de outra pessoa.

Certo, há uma dupla ou tripla contagem neste sistema. Mas é preciso considerar os seguintes aspectos. Em primeiro lugar, é necessário ver o efeito da mensuração em cada empresa. Sob pressão, a American Airlines, a Exxon e a Boing podem ter agora incentivos para redução da emissão, sob a forma de equipamentos menos poluentes e melhor uso dos aviões. Assim, a divulgação pode conduzir a melhores atitudes por parte das três empresas. 

Em segundo lugar, a filosofia de Heal é querer que a contagem em cada empresa seja usada para ter uma contagem global, de toda uma economia. É algo similar a querer a mensuração do valor adicionado, sendo que para a empresa o importante é a mensuração do lucro. O objetivo da contabilidade, em termos históricos, foi a mensuração de desempenho para o acionista. 

Terceiro, é melhor incentivar grandes empresas a fazer uma mensuração ampla das emissões do que uma mensuração mais tímida. De certa forma, os relatos das grandes empresas podem funcionar com compensação para a não mensuração dos pequenos agentes econômicos. Uma mensuração somente do escopo um, como parece ser a defesa do autor, pode ser otimista demais, pois não leva em consideração a emissão de todas as empresas. 

Foto: Veeterzay

07 novembro 2021

Contar a emissão de carbono faz sentido?


Não tinha pensado desta forma:

(...) as empresas estão sendo solicitadas a fazer é um exercício amplamente sem sentido. O fato é que não queremos medir a quantidade de carbono que está sendo injetada na atmosfera como se fosse assim que resolveremos nossa crise climática. O que nós, como sociedade, queremos é que essas emissões sejam radicalmente reduzidas. Em outras palavras, o problema que as empresas precisam resolver não é como elas medem suas emissões de carbono, mas como as eliminam e a que custo. (...)

Então, para usar um dos meus exemplos favoritos, o Aeroporto de Gatwick afirma que é um negócio neutro em carbono. Faz isso ignorando inteiramente suas emissões do escopo 3 [as criadas em razão da existência da empresa]. O fato de todo o seu modelo de negócios depende do envio de aeronaves para as pistas, o que criará grandes quantidades de emissões desnecessárias de carbono, é algo que eles optam por ignorar. Se, no entanto, eles fossem obrigados a eliminar suas emissões do escopo 3, teriam duas opções. Eles poderiam se tornar um centro de aeronaves elétricas, se fosse possível demonstrar que as aeronaves elétricas poderiam ser neutras em carbono. Como alternativa, eles poderiam admitir que é impossível alcançar seu objetivo e poderiam se declarar, nas palavras de contabilidade de custos sustentável, insolvente de carbono.

Foto: Chris LeBoutillier

10 fevereiro 2021

Aramco e a evidenciação da emissão de carbono


A maior empresa de petróleo do mundo, a estatal Aramco, da Arábia Saudita, tem sido questionada sobre suas informações divulgadas. Em especial, referente a questão da emissão gerada pela atividade de refino de petróleo. A divulgação da empresa não inclui todas as emissões, segundo a Bloomberg, e estão restritas àquelas que ocorreram dentro da Arábia Saudita.

Isto reduz substancialmente os números de emissões, já que não inclui as joint-ventures e as refinarias de propriedade da empresa em outros países do mundo. Se isto fosse divulgado, o volume emitido estaria perto daquele divulgado pela Exxon. Como a Exxon processa cerca de um terço do que é feito pela Aramco, o volume de emissão da empresa saudita continua baixo, mas não tão baixo quanto divulgado. 

Dado a atual preocupação atual com a emissão de poluentes, a subestimação pode ser um problema para a empresa, caso deseje expandir sua venda de ações. Recentemente, a empresa vendeu uma pequena parcela do seu capital. Embora grande parte dos compradores seja saudita, uma maior abertura do capital deverá demandar melhores informações.  

Imagem: aqui

24 janeiro 2021

Custo Perdido em hidrelétrica do Canada


O Canadá está construindo uma usina hidrelétrica na província de Colúmbia Britânica. Denominado de Site C Clean Energy Project, a usina deveria permitir ao país uma maior geração de energia "limpa". Há diversas controvérsias sobre o projeto, incluíndo impacto sobre a comunidade indígena.

O custo estimado da construção é de 20 bilhões de dólares canadenses (aproximadamente US$16 bilhões). Diante dos problemas com o projeto, um artigo (via aqui) questiona se não seria o caso de abandonar o projeto. Já foram investidos no projeto mais de 6 bilhões. E um estudo aponta que o projeto não é econômico e não entrega uma energia limpa, com redução de emissão de carbono. 

Trata-se de um típico caso de custo perdido. Eis uma análise:

o valor presente total da eletricidade produzida no Site C é estimada em $ 2,76 bilhões contra um custo total estimado de $ 10,7 bilhões, implicando em uma perda de $ 8 bilhões . Isso é ruim. No entanto, se o projeto fosse cancelado agora, a perda seria cortada pela metade, para talvez US $ 4,5 bilhões. 

Foto: By Jason Woodhead - https://www.flickr.com/photos/woodhead/33925655676/, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=93611410