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Mostrando postagens com marcador dinheiro. Mostrar todas as postagens
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16 outubro 2024

Em defesa do dinheiro físico

A Noruega é uma das economias mais digitalizadas do mundo, mas o governo está agora tentando reverter esse processo. Apenas 3% dos noruegueses usaram dinheiro físico, de acordo com uma pesquisa recente do Banco Central, o Norges Bank, e muitos estabelecimentos não o aceitam como forma de pagamento.

No entanto, o governo e o Banco Central da Noruega estão buscando desacelerar essa tendência. A partir de outubro, uma nova mudança na lei passou a reforçar os direitos de quem deseja pagar com dinheiro, incluindo a aplicação de multas para os estabelecimentos que se recusarem a aceitá-lo. Estima-se que 600 mil pessoas, ou 10% da população, enfrentam algum tipo de dificuldade em utilizar pagamentos digitais, sendo assim excluídas da economia. O dinheiro é uma forma de pagamento inclusiva e democrática, fácil de usar em transações, especialmente para idosos, que podem ter dificuldade em lembrar códigos ou confiar no processo de pagamento digital.

Para os comerciantes, o formato digital geralmente tem um custo menor, uma vez que as taxas cobradas, quando existem, são reduzidas. No entanto, há também riscos associados ao uso exclusivo de pagamentos digitais, como apagões na internet, falhas nos sistemas bancários, ataques cibernéticos, interrupções na rede elétrica ou erros nos sistemas dos bancos. Um recente caso de indisponibilidade do sistema Pix no Brasil demonstrou que esses problemas são reais. Além disso, o incidente envolvendo a CrowdStrike em julho ilustra a vulnerabilidade dos sistemas digitais. Essas falhas estão sendo relatadas em países desenvolvidos também. No setor, isso é chamado de "resiliência". O dinheiro, por sua vez, não depende de energia ou de sistemas eletrônicos, sendo uma alternativa segura diante de um ataque cibernético ou de uma falha tecnológica.

As medidas adotadas pela Noruega estão sendo implementadas também em outros países, que buscam proteger o direito das pessoas de usarem dinheiro como forma de pagamento. O Banco Central da Suécia, um país onde o uso de moeda digital é muito difundido, comentou sobre a importância do dinheiro físico:

"O dinheiro é essencial para consumidores excluídos digital e financeiramente. Além disso, é o único instrumento de pagamento que pode ser usado independentemente da eletricidade e das telecomunicações, sendo, portanto, crucial para a preparação de emergência da Suécia. Não há motivo ou tempo para esperar por uma nova revisão, como sugere a consulta. Existe um risco considerável de que o dinheiro seja ainda mais marginalizado e, em um futuro próximo, não possa mais ser usado para compras essenciais. O Riksbank, portanto, propõe emendas legislativas sobre a possibilidade de pagar em dinheiro por bens essenciais e a obrigatoriedade de os bancos aceitarem depósitos em dinheiro dos consumidores."


Baseado no texto do Naked Capitalism

12 março 2024

Frase



Um dos mistérios do comportamento humano é por que homens e mulheres adultos estão prontos para assinar documentos que não leram, a pedido de vendedores que não conhecem, comprometendo-se a pagar por artigos que não desejam, com dinheiro que não possuem.
- Gerald Hurst

Via: aqui.
Fonte da imagem: aqui.

20 agosto 2022

Finanças pessoais é um problema entre os casais

 

A questão financeira é considerada um problema na discussão entre os casais dos Estados Unidos. Acredito que o mesmo seja verdadeiro também para o Brasil. É o segundo tópico de discussão, especialmente entre os casais mais jovens (ponto roxo). Há outros tópicos relacionados com finanças pessoais, como discussão sobre a carreira (especialmente entre os mais jovens). 

Mas observe que o principal tópico: o tom de voz. Especialmente entre os mais experientes. 

16 fevereiro 2022

Guerra ao dinheiro


O banco espanhol BBVA, com forte presença no México, está em guerra contra o dinheiro:

Há pouco mais de uma semana, clientes do BBVA México, o maior banco do México por base de clientes, relataram nas mídias sociais que o banco havia começado a cobrá-los pelo uso de seus cartões de débito para retirar dinheiro dos caixas eletrônicos do banco. (...)

Mas é o princípio que mais importa aqui: os clientes bancários estão sendo obrigados a pagar uma taxa para acessar seu próprio dinheiro. E a solução promovida pelo banco que permitirá que os clientes evitem pagar essa taxa é fazer login no aplicativo bancário do BBVA e encomendar o dinheiro antes de visitar um caixa eletrônico. O aplicativo gera um código para a operação solicitada pelo cliente. Então ele ou ela vai ao caixa eletrônico, insere o código e sai o dinheiro.

O BBVA chama esse serviço de "Mobile Cash" e oferece aos clientes um meio de sacar dinheiro sem precisar usar a carteira; eles apenas usam seu telefone. O problema para o banco é que muitos de seus clientes no México parecem preferir continuar usando seu cartão de débito. Então o banco decidiu dar-lhes um empurrãozinho, cobrando-os por fazer as coisas da maneira antiga.(...)

Em 2019, o diretor administrativo e vice-presidente do BBVA México, Eduardo Osuna, disse uma das metas de longo prazo do banco era eliminar completamente o dinheiro. "Setenta e quatro da população [do México] são informais e esta é uma grande oportunidade para lhes emprestar dinheiro" Osuna disse durante uma reunião de executivos-chefes em 2019. "Devemos combater o uso de dinheiro" .

Uma das vantagens, segundo o Banco, seria relação entre corrupção e uso do dinheiro (cita um estudo, mas existe mesmo esta correlação?). O texto replica:

É sempre interessante ouvir executivos seniores do banco reclamarem de como o dinheiro está facilitando a evasão e a evasão fiscais, especialmente quando o banco em que trabalham está entre os 36 grandes credores europeus acusados pelo observatório fiscal da UE em Paris usando paraísos fiscais extensivamente para reduzir sua conta de impostos.(...)

Esse é um dos aspectos mais sombrios da guerra em andamento do setor financeiro por dinheiro. Ele está sendo travado sob a bandeira da "inclusão financeira", apesar do fato de que uma economia sem dinheiro seria tudo menos inclusiva. Aqueles que mais se beneficiam de uma economia sem dinheiro são as gerações mais jovens nas classes mais fechadas, que são amplamente alfabetizadas em computadores e já usam métodos de pagamento digital para a maioria, se não todas, de suas transações. A vida se tornará um pouco mais fácil para eles.

Por outro lado, aqueles mais dependentes do dinheiro - os pobres e os idosos - de repente acharão a vida muito mais difícil. Isso já está acontecendo na Espanha, onde estão os idosos, para quem é dinheiro ainda o uso preferido do pagamento, tem que viajar cada vez mais longe para continuar recebendo dinheiro. Quanto mais velho você fica, mais difícil é viajar, especialmente se você não pode mais dirigir um carro.

Foto: Majnun

20 dezembro 2021

Futebol mais previsível?


A resposta parece ser sim, para o futebol inglês e de outros países europeus. Eis o abstract (via aqui):

In recent years, excessive monetization of football and professionalism among the players have been argued to have affected the quality of the match in different ways. On the one hand, playing football has become a high-income profession and the players are highly motivated; on the other hand, stronger teams have higher incomes and therefore afford better players leading to an even stronger appearance in tournaments that can make the game more imbalanced and hence predictable. To quantify and document this observation, in this work, we take a minimalist network science approach to measure the predictability of football over 26 years in major European leagues. We show that over time, the games in major leagues have indeed become more predictable. We provide further support for this observation by showing that inequality between teams has increased and the home-field advantage has been vanishing ubiquitously. We do not include any direct analysis on the effects of monetization on football’s predictability or therefore, lack of excitement; however, we propose several hypotheses which could be tested in future analyses.

(Artigo com estrutura interessante, onde a conclusão aparece antes da seção "dados e métodos")

26 agosto 2020

Nota de R$200: uma péssima ideia


Recentemente, o Banco Central anunciou que irá lançar a cédula de R$200 reais. Para o Banco Central, o lançamento é necessário em virtude da inflação acumulada. 

Alguns dados são interessantes (via aqui). O custo de produção de um nota de R$200 é de R$0,32 por unidade; da nota de R$100 é de R$0,29. Assim, imprimir nota de R$200 significa um custo menor que a nota de R$100. Entretanto, o preço da nota é quase igual ao da moeda de R$1

Existe um grave problema com a decisão do Banco Central em lançar esta cédula. O economista Kenneth Rogoff chamou a atenção que cédulas de alto valor são apreciadas pelos criminosos. Lembram do apartamento com malas de dinheiro? Cédulas de elevado valor são propícias para os criminosos, pois reduzem o número de malas que irão usar. Tanto é assim, que a diretora de administração do Banco Central apressou em afirmar que o anúncio “não significa retrocesso na estratégia de combate à lavagem de dinheiro”.  Segundo ela, “nos fóruns internacionais contra a lavagem de dinheiro, não aparece a sugestão de retirar cédulas de alta denominação de circulação” [sic] [Ou seja, ela não conhece a experiência da Europa e da Índia ou está manipulando?] Assim que a notícia apareceu, três partidos entraram com ação no Supremo para impedir a circulação da nova cédula.

Há um interessado direto no lançamento: a Casa da Moeda. Sendo deficitária, a nova emissão poderia ajudar a reduzir seu déficit. Com a redução da emissão de passaportes - em razão da pandemia - a Casa da Moeda considera que a produção pode trazer receita.

Outro interessado, indireto, são as empresas concorrentes da cédula como meio de pagamento, como Cielo e PagSeguro. Em lugar de emitir uma cédula mais útil para população, com as notas de R$10 ou R$20, emitir uma cédula com elevado valor é tornar a moeda corrente um meio de pagamento pouco atrativo para população. Quem já tentou pagar alguma coisa com uma nota de R$100 sabe o que isto significa. Ademais, notas menores são usadas pela população mais pobre, excluídas do sistema financeiro. Assim, a decisão do Banco Central é contra os interesses desta parcela da população. Resumindo:

Agora com o lançamento da nota de R$200, podemos perceber ainda mais claramente que o aumento da participação das cédulas de alta denominação nos meios de pagamento brasileiro é um esforço consciente do BCB. Apesar dessa política superficialmente parecer ser benéfica por causa dos menores custos de produção, ela não passa pelo filtro de uma análise mais detalhada. Ela tem custos “escondidos” indiretos altíssimos, seja por uma menor conveniência para a população em ter que usar cédulas de alta denominação para transações de baixo valor e com pouca disponibilidade de troco, seja porque ela facilita as atividades informais e ilegais, o que pode implicar em custos altíssimos para a sociedade.  (Christiano Arrigoni Coelho)

E  a Contabilidade? - Veja que a discussão envolve custo de produção, controles internos, corrupção e outros temas. 

05 junho 2019

Dinheiro é passivo na contabilidade pública

Não, segundo Bossone e Costa. Segundo eles:

A correct application of the general principles of accounting raises fundamental doubts about the current conceptions of money. This column argues that such an application allows the inconsistency whereby cryptocurrencies are not a debt liability if they are issued by private-sector entities, but become so if they are issued by central banks, to be resolved. In both cases, cryptocurrencies actually represent equity capital of the issuing entities, a conclusion that should greatly assist national monetary and financial authorities in shaping regulations.

ou seja,
A correct application of the general accounting principles should instead recognise that state monies may not be considered as debt. The income associated with their issuance, and undistributed, should go into retained earnings and be treated as equity.

09 janeiro 2019

Malas de dinheiro 2

Muitos países estão retirando de circulação das notas de elevado valor:

Após um relatório escrito por Peter Sands, em 2016, onde implorou-se para os bancos centrais do mundo parassem de emitir notas de alto valor, a Comunidade Europeia resolveu tirar de circulação a nota de 500 euros neste ano


A partir de final de janeiro, as notas de 500 euros serão retidas nos bancos:

A maioria dos bancos centrais da zona euro, incluindo o português, vai reter as notas de 500 euros que cheguem à sua posse já a partir do próximo dia 27 de janeiro, no âmbito da decisão do conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE) tomada a 4 de maio de 2016.

"As notas de 500 euros são vistas cada vez mais como um instrumento de atividades ilegais, e é nesse contexto que estamos a considerar ações”, disse, na altura, Mario Draghi, perante o Comité de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu, reunido em Bruxelas.

Cerca de três meses depois, o Conselho do Banco Central Europeu optou oficialmente por parar a produção de notas de 500 euros, atendendo aos receios de que estas notas possam ser utilizadas para facilitar atividades ilícitas. Ainda assim, o BdP assegurou que não era necessário trocar quaisquer notas e que os cidadãos poderiam continuara a utilizar as notas de 500 euros sem restrições, incluindo para fazerem pagamentos.

24 julho 2018

Odiamos tomar decisões financeiras

Nossa pesquisa sugere que o culpado pode ser nossos estereótipos sobre questões de dinheiro. Descobrimos que as pessoas percebem decisões financeiras - mais do que decisões em muitos outros domínios igualmente complexos e importantes - como frias, sem emoção e extremamente analíticas - em outras palavras, altamente incompatíveis com sentimentos e emoções.

Isso pode não ser surpreendente, considerando como os gurus da mídia rotineiramente alertam as pessoas contra a possibilidade de sentimentos atrapalharem nossas finanças pessoais, e como a cultura popular frequentemente retrata Wall Street e outros profissionais financeiros como “peixes frios” que são moral e emocionalmente apáticos.  (...)

Acho que muitas pessoas irão se identificar com o texto. No fundo, odiamos tomar decisões financeiras.

16 dezembro 2017

A quem interessa a restrição no uso do dinheiro?

As autoridades reguladoras de diversas partes do mundo impõe limites para o volume de dinheiro que uma pessoa pode carregar. Agora, na Europa, há um projeto de lei limitando a quantidade de dinheiro que um cidadão pode ter sem que seja considerado suspeito: 10 mil euros. Além disto, as pessoas devem declarar somas em poder quando entram e saem da comunidade europeia.

A justificativa é sempre a mesma: atividade criminosa (foto ao lado, as malas encontradas num apartamento de Salvador). As pessoas que andam com muito dinheiro em espécie, geralmente estão praticando alguma atividade criminosa, como lavagem de dinheiro, terrorismo ou corrupção. Assim, as normas tem a finalidade de combater o crime e as normas possuem essa finalidade.

Enquanto isto, a lavagem de dinheiro feita através de instituições financeiras localizadas em paraísos fiscais, como Panamá, Suíça ou Luxemburgo, é tolerada. Parece incoerente. Mas talvez o problema esteja no fato de que as autoridades não apresentam todos os motivos que levam a impor restrições ao uso do dinheiro vivo.

Em alguns países desenvolvidos, o dinheiro em espécie ainda é muito usado como meio de pagamento. É o caso da Alemanha, onde a população ainda tem restrição no uso do cartão de crédito ou de débito. Assim, as medidas restritivas ao transporte de dinheiro físico também é uma forma de reduzir esta resistência ao meio eletrônico de pagamento.

A moeda corrente possui alguns “inconvenientes” e estas medidas restritivas podem ajudar a combatê-los. O blog Wolf Street cita quatro. Em primeiro lugar, o dinheiro físico não tem intermediário, seja ele um banco ou uma gestora de cartão. Como consequência, não é possível cobrar uma percentagem em cada transação, como ocorre com as transações com cartão de crédito ou de débito. Segundo, o dinheiro impede o controle do governo e das companhias. Quando você usa seu cartão para fazer uma compra, a administradora fica sabendo dos seus gostos e hábitos. E esta informação é valiosa. Isto inclui pagamentos de noitadas em motéis, inferninhos, consumo de bebida, viagens de turismo e muito mais. Este é o terceiro ponto: a privacidade do dinheiro impede e restringe a liberdade pessoal. Finalmente, o dinheiro pode limitar a experimentação monetária dos governos.

A comodidade do pagamento eletrônico possui um preço.É alto para você?

30 outubro 2016

Neha Narula: O futuro do dinheiro

O que acontecerá quando mudar a maneira como compramos, vendemos ou pagamos por coisas, talvez até eliminando a necessidade de bancos ou casas de câmbio ou balcões de câmbio? Esta é a promessa radical de um mundo movido pelas criptomoedas como Bitcoin e Ethereum. Ainda não estamos lá, mas nesta palestra, Neha Narula descreve a ficção coletiva de dinheiro e pinta o retrato de um futuro bem diferente.

16 abril 2016

Rir é o melhor remédio


Dois contadores estão em um banco quando bandidos entram armados. Enquanto alguns bandidos pegam dinheiro dos caixas, outros alinham os clientes contra a parede e seguem pegando carteiras, relógios e outros itens valiosos. Meio ao caos, o contador n. 1 enfia algo na mão do contador n. 2. Sem olhar para baixo o contador n. 2 sussurra: "O que é isso?". O contador n. 1 responde: "São os RS 100 que te devo".