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27 março 2020

Contra a pandemia, adiamento da norma contábil

O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciou duas novas medidas com objetivo de garantir a capacidade de bancos de realizarem empréstimos empresas e famílias. Uma delas é a autorização para que instituições bancárias possam implementar a chamada “Abordagem Padronizada para Medição de Risco de Crédito”. O instrumento, que só entraria em vigor para os contratos firmados a partir de abril, consiste em uma série de mudanças na maneira pela qual os bancos devem classificar a exposição de derivativos. A autoridade monetária também anunciou o adiamento, em dois anos, da implementação da normal contábil conhecida como “Perda de Crédito Esperadas” (CECL, na sigla em inglês).

Fonte: aqui. Mais aqui

16 julho 2014

Citigroup paga 7 bilhões por causa da crise financeira

Enquanto as sementes da crise imobiliária que levou os Estados Unidos a uma recessão eram lançadas, um operador do Citigroup Inc.  enviou aos colegas um alerta por e-mail sobre a má qualidade das hipotecas que o banco estava incluindo num pacote de derivativos para vender a investidores.
"Devemos começar a orar", escreveu o operador no e-mail.
Ontem, o banco concordou em pagar US$ 7 bilhões, incluindo uma multa civil de US$ 4 bilhões ao Departamento de Justiça do país, US$ 500 milhões para a seguradora estatal de depósitos bancários Federal Deposit Insurance Corp. e vários Estados, e US$ 2,5 bilhões que irão para um fundo de "ajuda ao consumidor", para encerrar um processo aberto pelo governo americano, no qual o banco era acusado de ter conscientemente vendido títulos lastreados em hipotecas de má qualidade antes da crise.
O acordo não absolve o Citigroup ou seus funcionários de enfrentar possíveis acusações criminais, disse o procurador-geral Eric Holder. Ele não quis dizer se o governo estava estudando um processo criminal.
Em documentos judiciais, o Citigroup admitiu ter cometido muitas das irregularidades, incluindo um padrão de ignorar várias vezes as advertências tanto de dentro quanto de fora da empresa de que muitos dos empréstimos que estavam sendo securitizados tinham problemas sérios e de esconder essa informação dos investidores.
Holder disse que o banco vendeu títulos lastreados em hipotecas com "defeitos materiais" e descreveu a conduta do Citigroup como "escandalosa", dizendo que ela ajudou a alastrar a crise financeira de 2008.
"As atividades do banco contribuíram fortemente para a crise financeira que assolou a nossa economia em 2008", disse Holder. "Em conjunto, acreditamos que o tamanho e o escopo desta resolução vai além do que poderia ser considerado o mero custo de fazer negócios."
Em várias ocasiões, os empregados do banco sabiam que porcentagens significativas dos empréstimos hipotecários sob sua análise tinham problemas. "É espantoso que alguns desses empréstimos tenham sido realmente fechados", dizia o operador no e-mail interno.
O Departamento de Justiça informou que, quando uma empresa independente de avaliação de crédito concluiu que muitas das hipotecas que foram classificadas como de baixa qualidade por não incluir documentos importantes ou terem sido dadas a mutuários com histórico de crédito ruim, o banco optou muitas vezes por não rejeitar os empréstimos. Em vez disso, o Citigroup se esforçou em mascarar o problema, reclassificando os empréstimos como de melhor qualidade e enganando os investidores, informou o Departamento de Justiça.
"Os empregados do Citigroup frequentemente pediam pessoalmente para que as firmas encarregadas de avaliar os empréstimos alterassem sua classificação de rejeitado para aceito", disse o procurador de Justiça do Colorado, John Walsh.
Ao todo, o Departamento de Justiça descobriu 45 acordos de securitização de hipotecas em 2006 e 2007 em que o banco fez afirmações deturpadas sobre a qualidade dos empréstimos garantidores, disse Loretta Lynch, procuradora geral de Brooklyn.
"Nossas equipes concluíram que a má conduta nos acordos do Citigroup devastaram o país e a economia mundial, afetando todos", disse Lynch, lembrando que entre os investidores prejudicados estão fundos de pensão públicos, Estados, municípios, instituições de caridade religiosas e hospitais.
"Acreditamos que esse acordo é do máximo interesse para nossos acionistas, e nos permite seguir em frente e focar no futuro, não no passado", disse o diretor-presidente do Citigroup, Michael Corbat, em um comunicado.
Em uma coletiva com repórteres, o diretor financeiro do Citigroup, John Gerspach, não quis comentar se o banco pediu para ser liberado de qualquer potencial acusação criminal como parte do acordo.
A multa ao Citigroup é a medida mais recente ligada às investigações do Departamento de Justiça sobre o comportamento dos bancos antes da crise financeira e a venda de títulos lastreados em hipotecas residenciais.
O Bank of America  Corp está em negociações para pagar pelo menos US$ 12 bilhões para resolver acusações similares, embora o banco e o governo permaneçam com bilhões de dólares de diferença nas argumentações, de acordo com pessoas a par com as negociações. O banco já pagou U $ 6 bilhões para resolver um processo sobre seus títulos lastreados em hipotecas movido pela Federal Housing Finance Agency, a agência do governo que administra créditos hipotecários. O J.P. Morgan Chase  fechou acordo semelhante por US $ 13 bilhões no ano passado.
Paralelamente, o Citigroup informou que seu lucro do segundo trimestre caiu 96%, já que o banco fez uma provisão de US$ 3,8 bilhões para cobrir despesas ligadas ao acordo. Os resultados foram melhores que as estimativas dos analistas e, no fechamento do pregão ontem, as ações do Citigroup subiram 3,3% para US$ 48,49.
No trimestre, o Citigroup registrou um lucro de US$ 181 milhões, comparado com um lucro de US$ 4,18 bilhões no mesmo período do ano anterior.
O acordo pendente e outros problemas legais têm dado dor de cabeça para o banco. A multa do Citigroup, diferente de um acordo parecido fechado entre o Departamento de Justiça e o J.P. Morgan Chase & Co. em novembro, o libera de processos potenciais ligados aos CDOs, obrigações garantidas por outros títulos e valores, não apenas aos títulos hipotecários. O acordo cobre títulos lastreados em hipotecas residenciais e CDOs emitidos às vésperas da crise financeira, de 2003 a 2008.
O banco "agora resolveu substancialmente todo o legado litigioso de hipotecas residenciais e CDO", disse Corbat.
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Ainda assim, o Citigroup enfrenta uma ampla investigação sobre se a sua subsidiária mexicana Banamex fez o suficiente para impedir operações suspeitas de lavagem de dinheiro ao longo da fronteira entre os EUA e o México. Além disso, o Banamex também está envolvido em uma suposta fraude contábil. Além desses problemas, o Citigroup não passou no teste de estresse do Federal Reserve, o banco central americano, que alertou que o banco precisa melhorar seus sistemas de gestão de risco.
O acordo de US$ 7 bilhões do Citigroup foi fechado depois de uma longa negociação. O banco ofereceu em maio o pagamento de US$ 363 milhões à vista e mais para assistência ao consumidor. O Departamento de Justiça fez uma contraproposta de US$ 12 bilhões, incluindo a assistência ao consumidor. As negociações foram consideradas como um ponto alto tanto para Corbat, que foi nomeado para o cargo em 2012 com a missão de melhorar as relações do Citgroup com o governo, quanto para Holder, que tem enfrentado críticas do Congresso de que o Departamento de Justiça tem sido muito suave em relação aos bancos.

Fonte: aqui

23 maio 2013

Futuro do Capitalismo: Chicago Mercantile Exchange


IN THE competition for most inauspicious introduction to finance, Terrence Duffy, the executive chairman of CME Group, must surely be the winner. Soon after convincing his mother in 1981 to borrow $50,000 so he could buy a seat to trade futures on what was then known as the Chicago Mercantile Exchange, he lost $150,000 because of a misheard order.
The anecdote holds a number of lessons: how quickly money can evaporate in the futures market; how trivial the cause can be; and how important it is to honour an agreement (at least in this area of finance). But the most important lesson became apparent only belatedly: a disastrous trade can be offset by a big bet gone right. In Mr Duffy’s case that was joining an institution which has become one of the finance industry’s brightest stars.
It did so largely unnoticed by the public. Tourists continue to line up outside the historic building of the New York Stock Exchange on Wall Street, hoping to see the inner workings of capitalism—even as the NYSE is becoming increasingly irrelevant.
The magnitude of CME’s success is easy to miss. Its quarterly earnings, reported on May 2nd, were mixed. Profits dipped. The fear that prompts firms to purchase futures (the contracts traded on the CME to protect firms against changes, for instance, in the level of a currency and the price of energy) was less acute. A little more havoc would have been good for business.
Yet CME’s growth in recent years has been nothing short of spectacular (see chart). It now boasts a market valuation of more than $20 billion, nearly twice as much as Intercontinental Exchange (ICE), another rising star in the financial firmament. The NYSE is, meanwhile, now worth less than $10 billion.
When Mr Duffy joined the Chicago Merc, relationships with key companies were considered a financial firm’s most important asset. That was certainly true for J.P. Morgan, Dillon Read and Morgan Stanley, then among the leading banks, and for the NYSE. But the fate of these firms shows that such relationships may not help much: two of the banks were absorbed in semi-distress sales; the NYSE will soon be swallowed by ICE. Morgan Stanley survives, but is in search of a viable strategy.
In contrast, the Chicago Merc’s business was tied to products, not customers. At first, it was eggs and butter, then cattle and pork bellies. The Chicago Board of Trade across town, once the more successful exchange, dominated trades in wheat and corn. The two did not really compete because product-oriented exchanges in particular benefit from strong “network effects”. These mean that more members are better: the more trades exchanges handle, the more liquidity they can provide and the more activity they attract.
The CME managed to benefit from the same virtuous cycle in futures. It was not the first to offer contracts on currencies, but it had the best timing. Leo Melamed, the Chicago Merc’s chairman from 1968 to 1973, had learned firsthand about the value of currency trading from the black markets in Tokyo, where he lived briefly as a refugee from Nazi Germany. When the Bretton Woods system of fixed exchange rates fell apart in 1972, CME was quick to offer currency futures. Contracts tied to the London Interbank Borrowing Rate (LIBOR) and the Standard & Poor’s 500 index followed.
This allowed CME to lead the creation of an entirely new class of securities, explains Michael Gorham of the Stuart School of Business at the Illinois Institute of Technology. Between 1972 and 1982 futures, which once locked in prices only of physical commodities, were increasingly used for financial products. These types of futures have since experienced staggering growth and today makes up more than 80% of the business.
The CME also negotiated the shift to electronic trading better than its competitors. It was not particularly quick to convert, but it did move once it faced a genuine threat from European competitors. Other American exchanges, such as the once larger Chicago Board of Trade (CBOT) and the NYMEX, which then dominated energy trading, were slower to change. They were taken over by CME.
Leading the pack, the CME was able to benefit from powerful network effects, just as it did in its old business of handling trades in cattle and pork bellies. These effects are even stronger in the case of futures tied to copyrighted indices such as the S&P 500 and because of “proprietary clearing”, meaning contracts initiated on one futures market cannot be transferred to another—much as apps written for the iPhone only run on Apple’s devices. In contrast, options and equities can be traded on any exchange. This explains why the NYSE’s share-trading franchise has many rivals and lost much of its value.
Ordinarily, a big market share supported by strong network effects—which help deter competitors—would attract the wrath of trustbusters. But CME has been left alone so far. In fact, it may now benefit from new regulation, passed in reaction to the financial crisis. Clauses in the Dodd-Frank act require more products to be cleared on exchanges, which will push business CME’s way.
CME does face long-term competition: others may innovate around it. But, as in the case of Apple, the CME’s main problem is to develop new markets. It has begun offering niche products tied to areas like a single harvest or debt with an unusual term structure, such as four years rather than five or ten. That may seem trivial, but such iterations add up to something bigger: CME is evolving into an ever more sophisticated institution that plays a key role in many sorts of financing. If tourists want to get a glimpse of the inner workings of capitalism, they now have to make a trip to the lovely city of Chicago.
Fonte: aqui

13 março 2013

Risco das IFRS

No ano passado, um grupo de investidores institucionais enviou uma carta aos funcionários de Bruxelas [sede da Comunidade Europeia], advertindo que as normas de contabilidade da União Europeia são "desestabilizadoras de bancos" e "prejudicam as economias nacionais".

Os funcionários da Comunidade Europeia ficaram suficientemente preocupado com os investidores do Reino Unido, que por causa das regras contábeis da UE, os bancos podem ter exagerado sistematicamente seus ativos e e distribuído lucro inexistente como dividendos e bonificações - que eles disseram que iriam abrir um inquérito. Na semana passada, o conselho que administra as regras [IASB] apresentou a sua proposta. E estas são susceptíveis de perpetuar, não corrigir o problema.

As normas em causa são chamadas as Normas Internacionais de Relato Financeiro [IFRS] e são utilizados em toda a UE e em um número crescente de outros países ao redor do mundo. A falha nas demonstrações é significativa. No caso de apenas um banco britânico, o Royal Bank of Scotland Group Plc, eu e outras pessoas calculamos que as IFRS resultaram na subestimação dos seus prejuízos em 2011 de 19,5 bilhões de libras (...)

Se isto estiver correto, então o resgate de £ 45500000000 (67,7 bilhões dólares) do governo no RBS em 2008 e 2009 foi calculado com base num balanço que provavelmente também era enganoso. O risco de tais números defeituosos é claro: Se o RBS não recuperar este buraco nas suas contas através de lucros genuínos, então o contribuinte do Reino Unido pode ficar com um prejuízo em mais de 20 bilhões libras além do que o governo esperava. Na semana passada, o RBS informou uma perda maior do que o esperado em 2012, de pouco menos de 6 bilhões de libras. (...)

O deputado britânico Steve Baker , que em 2011 apresentou um projeto legislativo para o Parlamento do Reino Unido revogar a normas IFRS, coloca o problema de forma sucinta : "IFRS criar uma espiral de morte. Bancos silenciosamente destroem seu capital sob o pretexto de lucro, então elas precisam de apoio do contribuinte, o processo começa de novo."

Os defensores da IFRS dizem que essas regras promovem a neutralidade e objetividade - afinal, se você estimar as perdas futuras para fins de demonstrações, por que não os lucros futuros também? (...)

O International Accounting Standards Board , que elaborou as regras, não parece aceitar a gravidade do problema. (...) Agora, o IASB propôs uma correção para o problema, reconhecendo que o reconhecimento tardio de perdas esperadas provou "uma fraqueza" durante a crise financeira. No entanto, a sua proposta de solução é adicionar mais micro-regras que definem as situações específicas em que os bancos devem ser autorizados a declarar uma deficiência e perdas de livros. (Gordon Kerr, Bloomberg)

É interessante contrapor este texto com outro da mesma Bloomberg:

Aplicação de normas mais rigorosas de contabilidade para derivativos e ativos fora de balanço[ou IFRS] faria os bancos [dos Estados Unidos] duas vezes maior que eles dizem que são, (...) de acordo com dados compilados pela Bloomberg. (...)

As regras contábeis dos Estados Unidos permitem que os bancos registrar uma parcela menor de seus derivativos do que seus pares europeus e manter a maioria dos títulos vinculados a hipotecas fora de seus livros. Isso pode subestimar o risco das empresas e afetam o quanto de capital elas necessitam.

Usando padrões internacionais de derivativos e securitizações de hipotecas [IFRS], o consolidado do JPMorgan Chase & Co. ( JPM ), Bank of America Corp e Wells Fargo & Co. dobraria em ativos, enquanto o Citigroup Inc. ( C ) iria saltar 60 por cento, no terceiro trimestre, os dados mostram.

14 janeiro 2013

Derivativos

"Charlie {Munger] e eu pensamos como uma só pessoa em relação às operações com derivativos, usadas nos mercados futuros e de opções. Nós as vemos como bombas-relógios, tanto para quem as usa como para o sistema econômico. [...] Em nossa visão, os derivativos são armas financeiras de destruição em massa, trazendo perigos que, embora não sejam latentes, são potencialmente letais."
- Warren Buffet

11 setembro 2012

Conselhos após Aracruz

Desde que o escândalo dos derivativos, envolvendo empresas como Sadia e Aracruz, veio à tona em 2008, os conselhos de administração das empresas brasileiras de capital aberto nunca mais foram os mesmos. A preocupação com a transparência aumentou, a gestão de riscos ficou mais sofisticada e os conselheiros estão mais próximos do que, por definição, deveria ser o seu papel. "É um fato: a governança corporativa no Brasil se divide em antes e depois do episódio dos derivativos", diz Rodrigo Zeidan, professor da Fundação Dom Cabral.

Na semana passada, essa discussão ganhou mais um elemento - e gerou controvérsias. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) fez um acordo com os acusados no caso de especulação com derivativos cambiais que levou a Aracruz a um rombo de R$ 4,8 bilhões. Entre os 17 envolvidos, 15 aceitaram pagar R$ 800 mil para dar fim ao processo que já se estende por quatro anos. O ex-presidente da companhia, Carlos Augusto Aguiar, pagará R$ 1,2 milhão. Só o diretor financeiro, Isac Zagury, não aderiu ao acordo - mas, segundo fontes, ainda deve tentar um acerto.

Retrocesso. O desfecho surpreendeu quem esperava um encaminhamento mais rigoroso por parte da CVM. Autor de vários livros sobre governança corporativa e consultor de empresas, Herbert Steinberg é categórico ao dizer que o "acordão" é um retrocesso em relação a tudo que se discutiu desde a origem do episódio com os derivativos. "A autarquia perdeu a oportunidade de dizer o que um conselheiro pode e o que não pode fazer", afirma. "A partir de agora, está tudo liberado. Virou festa."

Para Steinberg, os envolvidos tinham de ser submetidos a um julgamento, correndo o risco de pegarem a pena máxima que, nesses casos, é a proibição de exercer cargos administrativos por um certo período. O próprio comitê técnico da CVM recomendou que o caso fosse levado a julgamento para nortear a atuação dos administradores daqui em diante. Mas os diretores da autarquia ignoraram a sugestão. "O acordo não tem um efeito tão didático para o mercado quanto tem o julgamento em si", diz Norma Parente, ex-diretora da CVM e professora de direito societário da PUC-Rio. "Trata-se de um caso em que os administradores faltaram com os deveres de diligência, entre eles o de vigiar e monitorar as ações dos executivos." (...)

Os conselhos pós-Aracruz - 10 de Setembro de 2012 - O Estado de São Paulo - NAIANA OSCAR

01 junho 2012

JP Morgan

Em fevereiro deste ano anunciou-se no mercado que o JP Morgan Chase tinha sofrido um grande prejuízo com operações de swaps de crédito. Um trader da instituição, conhecido como “baleia de Londres” apostou neste mercado. As primeiras notícias foram desmentidas; no entanto, o prejuízo deve ter ultrapassado a 2 bilhões de dólares, conforme notícia de maio de 2012.

O problema levantou dúvidas sobre os sistemas de controle interno do banco e trouxe investigação do FED, da SEC e do FBI. Aqui você poderá encontrar um resumo do que ocorreu.

Para contabilidade, além dos problemas de controle interno do JP Morgan, a questão interessa de perto em razão da contabilidade dos instrumentos financeiros a valor justo. Lokey lembra que existem três níveis de mensuração a valor justo: nível 1, onde a medida é realizada tendo em vista os preços do mercado; nível 2, onde usa o preço do mercado de instrumentos semelhantes; e nível 3, onde a própria entidade constrói o modelo de avaliação. Conforme afirma Lokey é claro que o nível 1 é mais confiável que os resultados questionáveis do nível 3.

Onde entra o JP Morgan neste caso? Em primeiro lugar, o JP Morgan possui uma grande parcela de instrumentos financeiros avaliados pelo nível 3: 84% do total versus 39% do Citigroup, por exemplo. Pesquisas acadêmicas já mostraram que os bancos maiores usam o nível 3 para “gerenciar resultado” (vide aqui, via Lokey).

O blog Grumpy Old Accountants considera que o caso do JP Morgan é mais uma prova de que o GAAP (sigla para princípios contábeis geralmente aceitos) está se transformando em CRAP (cleverly rigged accounting ploys, algo como manobras contábeis habilmente manipuladas). Os autores lembram outro aspecto relevante para área contábil do caso do JP: a tentativa da entidade de encobrir o rombo, vendendo títulos no valor de 25 bilhões. Estes ativos irão gerar um resultado positivo para a entidade, já que se classificam como disponíveis para venda. Entretanto, o JP Morgan estaria antecipando o resultado com estas operações, o que irá afetar o resultado futuro. Outro aspecto é a falta de simetria na contabilidade do GAAP dos EUA:

Specifically, FASB No. 133 requires a company to record both the derivative and the hedged item at fair value. However, for some reason, the FASB does NOT require this “symmetric accounting” for portfolio hedging. The result? Changes in the value of the derivative hedge are run through the income statement, while fair value changes associated with the hedged asset potentially can bypass the income statement, going directly to balance sheet equity (i.e., via accumulated other comprehensive income or loss).

Isto, naturalmente, acaba gerando críticas para a falta de transparência contábil. Outra consequência é sobre o debate referente a ética contábil. O caso ainda está no seu início e alguns desdobramentos podem ocorrer nos próximos dias.

17 fevereiro 2012

Governo quer monitorar derivativos


O governo criou grupo técnico para avaliar medidas que aumentam o monitoramento do mercado de derivativos no país. A equipe, composta por representantes do Ministério da Fazenda, do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), tem o objetivo de “monitorar a evolução das exposições financeiras das empresas e instituições participantes” nesses tipos de operação, segundo portaria interministerial publicada ontem no Diário Oficial da União.

O secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Dyogo Oliveira, disse o grupo de trabalho vai “estudar e propor medidas que visam o crescimento” do mercado de derivativos. Esses tipos de operações “são fundamentais para o funcionamento do mercado financeiro, mas eles têm que funcionar com segurança e transparência”, completou.

A ideia, portanto, é concentrar os dados que os integrantes do grupo, outros órgãos do governo e entes privados, como a BM&FBovespa, detêm. “Nós entendemos que há uma dispersão dessa informação. Os órgãos precisam se coordenar e trocar informações rotineiramente”, explicou.

Na comparação com Estados Unidos e Europa, o Brasil tem maior nível de exigência de informações sobre o mercado derivativo. Atualmente, a coleta de dados “já é bastante satisfatória”, disse. Além disso, ele explicou que a decisão “é coerente com o que há em discussão internacionalmente, mas não é derivado de nenhuma determinação”.

A decisão de criar o grupo “não está associada a nenhum comportamento dos agentes do mercado”, reforçou. “Não sei se há outros membros do governo que consideram que há uma ação especulativa hoje no mercado financeiro”, disse.

As medidas tomadas no ano passado, segundo Oliveira, como elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em operações de derivativos cambiais, resultaram em uma redução “substancial” das exposições. Ele afirmou ainda que a intenção do governo em criar um grupo de trabalho para estudar o mercado de derivativos não é aumentar a regulação do setor. “Agência reguladora não é necessário”, afirmou.

Em consequência da crise de 2008, empresas como Sadia, Aracruz e Votorantim registraram perdas por causa de operações com derivativos cambiais. Sem citar nome dos envolvidos, Oliveira considerou: “houve um grupo de empresas que estavam expostas aos derivativos tóxicos, mas não causou nenhum problema grave à economia brasileira”.

Questionado sobre a possibilidade de criação de uma bolsa de derivativos agrícolas, o secretário-executivo adjunto disse que não tem conhecimento da proposta e, portanto, limitou-se a comentar que a ideia pode estar em debate em outras partes do governo. No início do mês, o Valor informou que a preocupação com o desempenho das exportações de commodities e com a volatilidade de preços fez o governo acelerar estudos para a criação de uma bolsa de negociação de contratos futuros dessas mercadorias.

No mercado, a iniciativa foi vista com cautela, em razão da amplitude da portaria. Para um executivo, a medida pode representar desde uma intenção do governo de estimular esse mercado até a de ampliar os mecanismos de controle, a exemplo da cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em derivativos cambiais.

Durante entrevista para comentar os resultados de 2011, o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, elogiou a portaria, e defendeu também a adoção de políticas públicas para estimular o mercado de derivativos agrícolas no Brasil. Embora esteja entre os maiores produtores de vários insumos como açúcar e soja, a negociação de contratos ligados a commodities no mercado financeiro é concentrada no exterior.

Para Edemir, não é simples transferir a liquidez de centros de negociações já estabelecidos. “No caso da soja, estamos falando de um mercado com mais de 300 anos nas bolsas americanas”, afirmou. Além do incentivo do governo, o presidente da bolsa defendeu a maior participação dos bancos nesse mercado. (colaborou Vinícius Pinheiro)

Fonte: Thiago Resende e Lucas Marchesini, Valor Economico

27 dezembro 2011

Divergências na mensuração de risco

Há alguns dias atrás, comentamos sobre este assunto:

Agências de Rating

Mensuração de credit rating


O agravamento da crise da dívida na zona do euro ampliou as divergências entre as principais medidas de risco usadas pelos investidores. As taxas do CDS (sigla para credit default swap) – derivativo que funciona como espécie de seguro contra calote de um determinado emissor de dívida – de vários países, em especial dos europeus, operam descoladas das avaliações de crédito feitas pelas agências de classificação de risco.

Em tese, os dois indicadores deveriam andar juntos, uma vez que ambos medem a possibilidade de o emissor de um título de dívida não honrar seus compromissos. Com a crise, porém, o CDS passou a refletir uma ameaça maior de calote do que os ratings. Países como o Brasil, que possui avaliação “BBB”, são considerados menos arriscados no mercado de CDS do que a França, com classificação “AAA”, a mais alta na escala das agências.




Não há resposta definitiva sobre qual medida é a mais correta. “O rating é fruto da opinião de um grupo de analistas, enquanto o CDS é como se fosse uma avaliação de todo o mercado sobre o risco de um emissor”, compara o economista Raphael Martello, da Tendências Consultoria.

Enquanto os ratings são atribuídos de acordo com uma escala de letras conforme a capacidade de pagamento, o CDS varia seguindo o preço que os investidores estão dispostos a pagar para se proteger de um possível calote.

Ambos os modelos possuem vantagens e desvantagens. Não é de hoje que as agências de rating enfrentam a desconfiança do mercado, mas ela se aprofundou desde 2008, em consequência dos problemas com os títulos de hipotecas “subprime” – vários dos quais contavam com rating triplo A. O CDS, contudo, é visto como extremamente suscetível às oscilações de curto prazo, que nem sempre refletem os fundamentos econômicos.

“O CDS é muito mais volátil, enquanto o rating é uma opinião de longo prazo. Por isso, quanto mais volátil é o mercado, maior o descolamento entre o que mostra o CDS e o rating”, diz Rafael Guedes, diretor executivo da agência Fitch Ratings. Ele afirma que o rating e o CDS tendem a convergir, mas que mudanças no rating só acontecem quando muda o cenário-base da agência.

O crescimento das negociações com CDS nos últimos anos tornou o instrumento a principal referência para a avaliação de risco no mercado. Com isso, outros indicadores praticamente caíram em desuso. É o caso do EMBI – sigla para Emerging Markets Bond Index – calculado pelo J.P.Morgan com base no prêmio de uma cesta de títulos soberanos em relação aos papéis do Tesouro americano. Embora o EMBI, que já foi considerado sinônimo de risco país no passado, também sofra influência da ameaça de calote, no CDS essa medida é diretamente negociada pelos investidores, segundo Martello, da Tendências.

Na visão de Mauro Leos, analista de risco soberano da América Latina da agência Moody’s, o CDS é um instrumento importante para investidores que trabalham com curtos intervalos de tempo, como fundos de hedge. Já quem é mais inclinado para o longo prazo, como seguradoras e fundos de pensão, o indicado são as notas de agências de classificação, com maior estabilidade em relação ao CDS.

Leos usa o caso da Grécia como exemplo da maior volatilidade dos CDS. Ele conta que, antes da crise soberana, o CDS do país equivalia a um rating “AAA” ou “AA”, quando o rating que agência dava ao país era “A”. Com a crise, o CDS caiu, em um curto período de tempo, para equivaler a uma classificação “B”. Ao mesmo tempo, o CDS grego derrubou o de outros países sem relação direta com a crise, como Brasil e México. “[O CDS] É uma medida de sentimento de mercado, que tende a ser mais exagerada quando as coisas vão bem e quando elas vão mal”, diz Leos.

Fonte: Felipe Marques e Vinícius Pinheiro, Valor Economico

15 dezembro 2011

Agências de rating




A tabela abaixo foi retirada da carta aos invetidores da Hayman Capital Management. Na segunda coluna, econtram-se as notas dada por uma das 3 agências de rating, Moody's, para o risco de calote de cada país.É bom ressaltar, que apesar das notas dadas variarem muito pouco entre as agências, diferentes critérios são utilizados na mensuração de credit rating.Por exemplo, a S&P calcula a probabilidade de default (calote), enquanto a Moody's calcula a expectativa (possibilidade)de perda para o investidor. A terceira coluna, mostra a precificação do risco de calote de acordo com os credit default swaps(CDS), que são derivativos que conectam bancos do mundo inteiro.Esses instrumentos financeiros protegem os credores no caso dos países não pagarem a dívida soberana. A última coluna mostra a diferença entre ,as notas da 2ª e 3ª coluna, de acordo com as escalas utilizadas pelas agências de classificação de risco. Desse modo, por exemplo, o mercado prefica o risco de default da Espanha equivalente a de um país com rating 7 graus menor (ex: El Salvador).



Será que o mercado ainda se importa com as agências de classificação de risco?



Não. Vide o recente rebaixamento da nota dos EUA.


14 dezembro 2011

Sadia

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) condenou hoje dez dos onze acusados de uso de informação privilegiada em operações com ações da Sadia em 2008, com aplicação de multas somando quase R$ 5 milhões. As transações precederam a divulgação do fato relevante em que a companhia admitia perdas milionárias em arriscadas apostas com derivativos cambiais, em 2008.


Foram acusadas 11 pessoas, alguns ex-administradores da Sadia e pessoas ligadas a eles, muitos moradores da cidade de Concórdia, em Santa Catarina. Eles foram investigados de operarem no mercado de posse de informação privilegiada, um crime contra o mercado de capitais. A suspeita era que estas pessoas sabiam do rombo que estava por vir e foram ao mercado para se beneficiar da informação.


A maioria das multas aplicadas equivale a duas vezes o prejuízo que os investidores conseguiram evitar com as operações.

(Continue lendo aqui)

10 dezembro 2011

IOF sobre derivativos cambiais

A Receita Federal editará nos próximos dias uma instrução normativa definindo qual será a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que incidirá sobre os contratos de derivativos cambiais.

Todo o arcabouço legal que dá ao Conselho Monetário Nacional (CMN) legitimidade para taxar os investidores que mantiverem posição vendida além do que têm em posição comprada de derivativos cambiais foi publicado hoje no Diário Oficial da União (DOU).

A partir de hoje [9/12/2011], o CMN poderá “estabelecer, para fins da política monetária e cambial, condições específicas para negociação de contratos derivativos”. De acordo com o texto da Lei 12.543, publicada hoje, a alíquota do IOF poderá ir a 25%, que é o limite constitucional do imposto.

Os exportadores que fazem contratos como operação de hedge poderão descontar o IOF recolhido.

Em julho, o governo anunciou a intenção de taxar em 1% a variação na exposição vendida em derivativos cambiais. A lei aprovada a partir da MP 539, porém, não há nenhuma menção sobre a alíquota que será cobrada.


Fonte: Valor

22 novembro 2011

Revisão da IFRS 9




A nova regra de instrumentos financeiros do IFRS vai mudar apenas dois anos depois de ser editada e antes mesmo de virar obrigatória, o que está previsto para 1º de janeiro de 2015.

O Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês) votou de forma unânime, na semana passada, a favor de uma revisão no pronunciamento IFRS 9, que trata de classificação e mensuração dos instrumentos financeiros.

Apesar do consenso, quem tiver a oportunidade de assistir o vídeo da reunião, disponível na página do órgão na internet, vai notar que existe um certo desconforto com a decisão. A ordem é para que a revisão seja “limitada” e rápida.

A questão é que alguns países já estão adotando o IFRS 9 de forma antecipada e não pega bem, além de criar custos, rever uma regra depois de tão pouco tempo e tendo em conta toda discussão feita antes de sua edição.

Há dois motivos para a decisão, sendo que um parece ser mais fácil de entender – e de explicar – para os membros da diretoria do Iasb. O órgão está discutindo neste momento um pronunciamento para o setor de seguros e chegou à conclusão de que haveria um descasamento na forma de mensuração dos ativos e passivos das seguradoras se o IFRS 9 fosse mantido. Uma mudança poderia resolver o caso.

Mas outro ponto que está por trás da revisão é a intenção de aproximar o pronunciamento da regra que os EUA pretendem criar sobre o tema. Sem uma revisão da forma como o IFRS 9 está escrito hoje e diante do entendimento dos americanos sobre a questão, a chance de se chegar a uma convergência nas regras de instrumentos financeiros é praticamente nula.

Apesar de verem como positivo o alinhamento com os EUA, alguns membros do Iasb sugerem que isso não deve ser feito a qualquer preço. Eles rejeitam fazer mudanças que levem a regra nova a parecer com a atual, considerada mais complexa e que já deu problemas no passado. E também não querem adiar ainda mais a data obrigatória do novo pronunciamento – o que pode ocorrer se eles tiverem que refazer o trabalho todo ou esperar uma decisão americana.

“Vejo que vocês temem que a gente caia num processo sem fim, de rediscutir toda a norma. Mas deixamos bem claro que isso não deve acontecer. Precisamos ter a certeza de que somos os mestres da nossa própria agenda e do nosso ritmo de trabalho”, disse o presidente do Iasb, Hans Hoogervorst, ao fim da sessão.

Fonte: Fernando Torres, Valor Economico

02 novembro 2011

Deloitte e sócio fecham acordo para arquivar acusação



As acusações resultantes da investigação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no caso Aracruz, que geraram perdas de R$ 4,2 bilhões à companhia por conta de exposição a derivativos cambiais de alto risco em 2008, alcançaram a auditoria da empresa na época, a Deloitte Touche Tohmatsu, e seu sócio responsável pela empresa, José Carlos Monteiro. Ontem, a autarquia informou que fechou um termo de compromisso com ambos, no valor total de R$ 1 milhão.

Eles foram acusados porque as notas explicativas do balanço de 30 de junho de 2008 da Aracruz não evidenciaram os riscos específicos de “ganhos limitados e perdas ilimitadas” dos instrumentos financeiros detidos pela companhia, denominados “sell target forward”. Além disso, as notas não continham o valor de mercado das operações.

No relatório do Comitê de Termo de Compromissos, consta ainda que a nota da empresa divulgou incorretamente que os valores nocionais atualizados dos contratos somavam R$ 573 milhões, quando a exposição chegava a US$ 2,4 bilhões.

Com tudo isso, a Deloitte e Monteiro teriam deixado de seguir regras da CVM para o tema, além de recomendações do Instituto Brasileiro de Auditores Independentes (Ibracon). Na visão do regulador, caberia uma ressalva sobre as informações da Aracruz de junho de 2008.

Procurados, Deloitte e Monteiro não comentaram o assunto.

Com a assinatura do termo de compromisso, é extinta a discussão sobre culpa ou inocência dos acusados, já que o caso é arquivado e não vai a julgamento.

Durante o processo na CVM, a Deloitte havia apresentado argumentos de defesa alegando, entre outros pontos, que o entendimento das operações detidas pela Aracruz foi emitido com base nas circunstâncias econômicas existentes à época. A variação cambial que disparou as perdas da Aracruz – bem como as da Sadia e outras empresas que fizeram apostas semelhantes – teve início com a quebra do banco americano Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008, justamente o término da temporada dos balanços do segundo trimestre.

Antes de alcançarem um acordo no valor de R$ 1 milhão, a Deloitte havia proposto, em 2010, o pagamento de R$ 200 mil pela firma de auditoria e mais R$ 100 mil pelo sócio. A sugestão, contudo, foi recusada pelo Comitê de Termo de Compromisso da autarquia.

A auditoria chegou a sugerir a ampliação dos valores para R$ 300 mil e R$ 150 mil, respectivamente. Mais uma vez, a proposta não foi aceita.

O comitê da autarquia, ao avaliar o contexto das infrações, a gravidade das condutas e o histórico de ocorrências da empresa de auditoria (termo de compromisso do processo da Parmalat de 2005), recomendou que as propostas para o acordo deveriam ser aprimoradas e sugeriu a obrigação de R$ 1,7 milhão pela Deloitte e de R$ 800 mil pelo sócio.

No relatório, o comitê em questão também destaca que o colegiado deveria avaliar se o encerramento do caso por meio de um termo de compromisso seria oportuno, dada a possibilidade de emissão de parecer norteador ao mercado com o julgamento.

Tal discussão ocorreu em novembro de 2010. O termo foi alcançado somente em 13 de setembro passado e divulgado ontem ao mercado.
Fonte: Graziella Valenti e Juliana Ennes, Valor Economico

27 outubro 2011

Derivativos de condições climáticas

A Bombardier Inc., sedida em Montreal e fabricante de moto-esqui, veículo para viagem sobre o gelo, sempre tentou controlar os riscos. Entretanto, os lucros desse tipo de veículo dependem de um risco que, notoriamente, é difícil de controlar: as condições climáticas. Os primeiros sinais de inverno rigoroso e com neve conduzem a uma venda rápida, enquanto temperaturas mais quentes formça a Bombardier a reduzir os preços para desovar o excesso de estoque.

Já que a Bombardier não pode mudar as condições climáticas, fez o melhor que pôde para administrar seus risco relativos a essas condições. Por exemplo, recentemente, a empresa ofereceu um desconto de 1000 dólares para os compradores de moto-esqui, em 16 cidades do meio oeste, se a quantidade de neve naquele inverno fosse menor que a metade da média da queda de neve durate os 3 anos anteriores. O desconto teve um efeito forte e positivo sobre as vendas - naquelas 16 cidades, a Bombardier experimentou um aumento de 38% acima das vendas de suas motos-esqui Ski-Doo no ano anterior.

Além disso, a Bombardier deu outro importante passo para restringir seus riscos - ela comprou opções de quantidade de neve da Enron Corporation, importante forncedor de gás natural. Para cada moto-esqui vendidade, a empresa pagou à Enron entre 45 e 400 dólares, dependedo da cidade na qual os veículos foram comprados. Por sua vez a Enron reembolsou totalmente a Bombardier todas as vezes que teve de dar ao clinte um desconto de 1000 dólares.

Essas opções de quantidade de neve são apenas um exemplo de derivativos de condições climáticas, um mercado pequeno que a Enron ajudou a desenvolver, mas que está crescendo rapidamente. Até pouco tempo,os derivativos de condições atmosféricas eram negociados negociados exclusivamente no mercado de balcão, e os participantes eram principalmente as empresas de eletricidade e de gás cujos lucros sofreriam se houvesse um vrão ou inverno mais brando que o esperado. Só recentemente, no entanto, a Bolsa de Mercantil de Chicago estabeleceu os primeiro contratos futuros embasados em condições climáticas. Esses contratos foram lastreados na temperatura média mensal de quatro cidades dos EUA: Atlanta, Chicago, Cincinatti e Nova York..

De modo semelhant a todos os contratos futuros, cada contrato de condições climáticas tem um comprador e um vendendor. Um lado aposta que as temperaturas mensais serão mais altas que as esperadas, enquanto o outro lado aposta que as condições atmosféricas serão relativamente mais severas. Por exemplo, um fabricante de sorvete sediado em Atlanta pode comprar um contrato de derivativo de condições climáticas totalmente rentável se as temperaturas do verão em Atlanta forem mais baixas que o esperado. Ao fazer isso, os lucros de sua posição do derivativo de condições atmosféricas servem para compensar o declínio ns vendas de sorvete por causa das temperaturas mais baixas.

A resposta inicial da Bolsa Mercantil de Chicago foi indiferente.Porém, os executivos dessa Bolsa estimama que 20% da economia dos EUA é sensível às condições atmosféricas e esperam negociar esses contratos, ao longo do tempo, aumentar mais o conhecimento que as empresas têm sobre eles.


Fonte: Mark Golden e Ed Silliere, Wheather Derivatives Are Becoming a Popular Hedge, The Wall Street Journal, pp.B9A,2 fev. 1999.

15 outubro 2011

Derivativos mordem?





Leia este trecho de uma reportagem do Valor Econômico de 14/10/2011:




As operações que envolvem os contratos derivativos costumam fascinar muitos investidores, já que podem resultar em ganhos fenomenais num curto período. Mas o investidor deve ter em mente que risco e retorno andam de mãos dadas quando o assunto é investimento. Assim como é possível obter ganhos astronômicos, o aplicador também pode ter perdas nas mesmas proporções, alerta Ricardo Torres, professor de finanças da BBS Business School. “Não existe mágica; a possibilidade de ganhos é enorme, mas esse é também um mercado muito difícil, além de bastante arriscado.”
A venda a descoberto, por exemplo, é uma operação perigosa até mesmo para os profissionais de mercado. “São poucos os que conhecem realmente o mercado de derivativos e sabem atuar nele”, afirma Torres, especializado nesse segmento após chefiar mesas de operações na França e Inglaterra. “Se isso é difícil para os profissionais de mercado, imagine só para a pessoa física? Poucos conseguem quantificar os riscos dessas operações.”

Mesmo com as limitações impostas pelas corretoras aos investidores a fim de restringir as perdas, Torres avalia que os riscos são muito grandes, já que o aplicador pode perder metade do patrimônio num piscar de olhos. “O problema é que, até o investidor se assustar com o prejuízo e parar, ele vai tentar recuperar as perdas”, afirma.


Dá impressão que o público, inclusive especializado em finanças, acredita que os derivativos mordem. Veja a interessante história contada por Cássio Casseb publicado na revista Citipress, nº48, de 1º de outubro de 1996 e comentada por Araújo Neto:

Segundo ele se chegasse a Terra um marciano e nos oferesse uma máquina que trouxesse desenvolvimento incrível, facilitasse nossa vida, criasse emprego, aproximasse as pessoas, entre várias maravilhas, ficaríamos maravilhados. Só haveria um problema: o combustível dessa maravilhosa máquina seria 100.000 humanos por ano. Aceitaríamos?

"É claro que não. E não toparíamos porque a questão nos foi colocada frontalmente. Mas a verdade é que todos nós estamos topando, pois esta invenção se chama automóvel, que melhora nossas vidas, mas mata 100.000 pessoas por ano..."

Podemos culpar um carro por matar pessoas? É claro que não: podemos culpar os motoristas, ou até mesmo os fabricantes, que colocaram uma peça que não funcionou como deveria. Entretanto nunca o carro.

Por incrível que pareça, ocorre o mesmo com os derivativos. Se uma pessoa sem habilitação para dirigir, e que efetivamente não saiba, pegar um carro e sair pelas ruas de São Paulo inevitavelmente causará estragos. Este é o caso dos derivativos: se uma pessoas que não está habilitada para usar estes instrumentos é dada a liberdade de operar, algo ruim poderá ocorrer.

Entretanto, a habilitação não basta para evitar perdas mostruosas; se bastasse não teríamos guardas nas ruas. O controle e acompanhamento é fundamental paraq ue o instrumento não se torne uma arma. Este é o objetivo da gestão de risco.

Imagem:aqui

13 setembro 2011

Basileia 3 e Globalização

Dorotea, uma empresária de trinta e poucos anos que trabalha por conta própria com cerâmica, nas longínquas florestas do Peru, sabe tudo sobre a crise financeira mundial. Ela pode não estar familiarizada com as tecnicalidades do desaparecimento do Lehman Brothers, em 2008, nem com a consequente enxurrada de regulamentações destinadas a reparar o quebrado sistema bancário. Mas ela sabe que é uma pessoa de sorte. Se estivesse hoje tentando obter o empréstimo de 1.200 soles para um novo forno que obteve alguns anos atrás, ficaria frustrada.

A exemplo, virtualmente, de todos os bancos mundiais, sua instituição de microcrédito, o Mibanco, teve de reduzir os riscos a que estava exposto, e não está mais concedendo financiamento a empresários empobrecidos como Dorotea. “Ainda estamos emprestando”, diz seu gerente local. “Mas procuramos riscos menores – tomadores não tão pobres e não tão micro.”

Três anos depois de mergulharmos nas profundezas do pior colapso financeiro das últimas oito décadas, está mais claro do que nunca que a crise que muitos julgavam encerrada dois anos atrás continua em vigor – e, de certa forma, principalmente nos EUA e em toda a zona do euro, está se intensificando. As empresas e os políticos dizem que o crédito ou não está disponível ou está caro demais. Os bancos reclamam que os lucros estão sendo tão fortemente comprimidos que os investidores estão desertando deles. As autoridades reguladoras, ilhadas no meio, estão entregues às suas próprias dúvidas sobre se sua reação natural à crise – a formulação de novas e rígidas normas – está mesmo erigindo um sistema mais sólido, como o pretendido, ou se está exacerbando os problemas de uma frágil economia mundial.

Numa visão retrospectiva, está claro que a estrutura do setor nos anos anteriores a 2007 constituía um desastre anunciado. As instituições tinham se distorcido na busca de lucros arrasadores. Elas mantiveram pouco capital próprio para se proteger – e o capital que elas efetivamente tinham era, em muitos casos, amplificado em até 50 vezes com instrumentos de endividamento. Amplos lucros eram acumulados através de tomadas de empréstimo barato, muitas vezes de curto prazo, contratados sob o pressuposto de que os riscos inerentes de produtos que iam desde contratos de crédito imobiliário até derivativos complexos eram desprezíveis.

Hoje, esses elementos constitutivos da lucratividade – que geraram retornos sobre o capital de até 25 ou 30%, correspondente a cinco vezes a taxa normal de muitas empresas industriais de primeira linha – não existem mais. Muitos bancos detêm atualmente o triplo do capital que possuíam antes, e até seis vezes o financiamento líquido. Os múltiplos de alavancagem mais comuns se reduziram a 20. Os riscos foram reavaliados. E os lucros despencaram. Segundo o indicador preferido dos próprios bancos, o retorno sobre o patrimônio, que historicamente tem um desempenho ilusoriamente maximizado ao relacionar os retornos apenas com aquelas parcas reservas de segurança de capital, o máximo a que podem aspirar agora corresponde à metade da faixa do pré-crise.

O Citigroup, uma das grandes vítimas americanas, encolheu seus ativos – empréstimos, contratos de crédito imobiliário e de outro tipo de crédito – drasticamente. “O mundo mudou”, diz Alberto Verme, coprincipal executivo de suas divisões europeias. “Os bancos estão voltando ao básico – à captação de depósitos, ao repasse desses depósitos sob a forma de concessão de empréstimos e à administração do que é cada vez mais importante para os clientes – gerenciamento de caixa, financiamento de comércio exterior, câmbio.”

Os órgãos reguladores, por sua vez, baixaram uma grande quantidade de normas sobre o volume de capital próprio e de liquidez das instituições. Embora a maioria faça parte dos novos padrões do comitê da Basileia, o órgão regulador mundial, a serem introduzidos, progressivamente, até 2019, os analistas e investidores pressionam pelo cumprimento antecipado. Sua máxima para os últimos anos é simples: quanto maior o índice de capitalização – especificamente o patrimônio líquido em relação aos ativos ponderados pelo grau de risco -, melhor.

“Está bastante claro que o sistema bancário de hoje é mais seguro do que era alguns anos atrás”, diz Bob Penn, um dos sócios do escritório mundial de advocacia Allen & Overy. “Será que isso decorre de medidas regulatórias ou da simples reação do mercado à crise?”

Seja como for, a crise encontrou novo fôlego. Os custos diretos, arcados pelos governos três anos atrás, de salvar bancos quebrados, associados aos custos indiretos do desaquecimento da economia que acompanharam o colapso do setor e ao efeito bumerangue do excesso de tomada de empréstimos, se revelaram sob a forma de cargas de endividamento soberano insustentáveis da Europa aos EUA. Isso está se refletindo, novamente, no ainda frágil sistema bancário, num momento em que partes das carteiras tradicionalmente seguras das instituições de investimentos em bônus governamentais despencaram de valor.

“Nesse processo de reestruturação das demonstrações financeiras, as incertezas deste momento dizem respeito à habitação e aos governos”, diz Richard Brown, economista-chefe do FDIC, o órgão garantidor dos depósitos bancários e fiscalizador do setor nos EUA. Alguns acreditam que a raiz do problema foi a insuficiência das reformas. “As mudanças que foram lançadas e planejadas não tornarão [o sistema] seguro o suficiente”, diz o professor Anat Admati, da Universidade Stanford.

A título de exemplo, os mais recentes alvos da pressão vendedora dos mercados são os bancos franceses, que, com o apoio da autoridade reguladora nacional, resistiram em seguir a investida de Suíça, Suécia e Reino Unido para aumentar os níveis de capitalização para novos patamares recorde. Ao mesmo tempo, o BNP Paribas, o Société Générale e o Crédit Agricole têm exposições extraordinariamente altas à Grécia.

As autoridades de política monetária estão enfrentando dificuldades em corrigir os fundamentos errôneos das economias da zona do euro sem consumir o capital das reservas de segurança dos bancos. Mas, enquanto isso, a oferta de financiamento líquido de curto prazo a muitas instituições do continente está se esgotando, em uma reedição do nervosismo que aniquilou instituições como o Northern Rock do Reino Unido e o Lehman dos EUA em 2007-08.

“Os problemas fundamentais da zona do euro estão apenas piorando com o passar do tempo”, diz Ulf Riese, diretor financeiro do Handelsbanken da Suécia, cujo modelo de negócios de baixo risco o tornou um raro refúgio seguro dentre seus pares europeus. “A liquidez, para muitos bancos, está ficando de mais curto prazo ou dependente de medidas do governo.”

O prazo de sexta-feira para os detentores do setor privado de bônus soberanos da Grécia aderirem a um acordo voluntário de prorrogação do vencimento em até 10 anos poderá desencadear uma nova rodada de pressão vendedora em toda a zona do euro. Os dirigentes dos bancos preveem que a adesão ficará aquém da meta de 90%, o que poderá pôr em perigo a próxima tranche do dinheiro do pacote de salvamento à Grécia se os políticos sentirem que o ônus não está sendo compartilhado de forma justa.

A fragilidade dos mercados aparentemente levou alguns defensores de reformas, normalmente de linha dura, a questionarem a adequação de adotar um enfoque pouco flexível. Andrew Haldane, diretor-executivo de estabilidade financeira do Bank of England, o BC do Reino Unido, elogiou no mês passado a condução da regulamentação dos bancos na década de 1930 dada pelo presidente dos EUA Franklin Roosevelt – especificamente a de afrouxamento das normas durante a Crise de 1929, na tentativa, bem-sucedida, de intensificar a concessão de crédito.

Os dirigentes dos bancos, não é de admirar, concordam. Eles destacam, por exemplo, que o papel tradicional das instituições de crédito de fazer a mediação entre os mercados de capitais e os tomadores corporativos pode não ser mais viável economicamente, agora que tantos foram rebaixados pelas agências de classificação de crédito. “Hoje em dia, muitos bancos têm um custo mais alto de financiamento do que as empresas, e isso dificulta muito sua tarefa de conceder crédito a uma empresa”, diz Riese.

Alguns proponentes de reformas acreditam que as autoridades reguladoras precisam manter a pressão – pela limitação, por exemplo, à capacidade dos bancos de pagar dividendos aos acionistas enquanto não tiverem aumentado mais os níveis de capitalização por meio de retenção dos lucros.

Mas a maior questão existencial continua sendo a de caráter básico, sobre a capacidade de concessão de crédito. E apenas quando a fraca demanda da economia por crédito finalmente se fortalecer, pondo à prova a capacidade dos bancos de conceder crédito com suas novas restrições de capitalização e liquidez, é que o mundo realmente saberá se o futuro do setor bancário se sustenta. (tradução de Rachel Warszawski)

Fonte: Patrick Jenkins, Brooke Masters e Tom Braithwaite Financial Times, Valor Economico

07 setembro 2011

Mercados eficientes também são instáveis

Por Pedro Correia



O artigo intitulado : Efficiency and Stability in Complex Financial , examina como a estabilidade do mercado evolui à medida que o mercado se aproxima do ideal de eficiência forte. Ou seja,os agentes econômicos são totalmente racionais, não há problemas com informação assimétrica etc.No entanto, mesmo neste cenário, os autores consideram que o equilíbrio se torna mais instável quando o mercado se aproxima da eficiência forte. Assim, mercados eficientes também são instáveis. Além disso, o estudo faz uma conclusão bastante intrigante e contrária ao pensamento econômico padrão:

[The results suggest} that information efficiency might be a necessary condition for bubble phenomena - induced by the behavior of non-informed traders.

Um outro estudo aborda a mesma questão de uma forma diferente.Os autores analisaram de forma explícita, como a proliferação de instrumentos financeiros (derivativos) fornece mais meios para a diversificação e compartilhamento de riscos e leva o mercado a um estado de eficiência. Assim, esse estado é o que os físicos chamam de "estado crítico", que caracterizado por a susceptibilidade de pequenas a extremas perturbações.Assim, qualquer pequeno "ruído" desperta flutuações enormes. Novamente, os trilhos da eficiência têm como rastro a instabilidade.Conforme afirmam os autores:

This suggests that the hypothesis of Arbitrage Pricing Theory (the notion that arbitrage works to keep market in an efficient state) may not be compatible with a stable market dynamics.



Em suma, os dois papers mostram que a eficiência traz consigo a instabilidade.



19 agosto 2011

Erro em informações sobre derivativos

A estratégia da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de checar as informações que as empresas divulgam nos balanços sobre uso de instrumentos derivativos começa a dar resultados.

Já se tinha conhecimento de que a Saraiva havia feito uma divulgação incorreta sobre o uso desses instrumentos, e agora o órgão regulador informou que o mesmo problema ocorreu também nos demonstrativos financeiros da Celulose Irani.

Nos dois casos, as companhias disseram nas notas explicativas dos informes referentes ao primeiro trimestre de 2010 que não usavam nenhum tipo de derivativo. Ao cruzar a informação com os registros de operações feitos na Cetip, a CVM identificou que as empresas usavam instrumentos ligados à taxa de câmbio.

Os volumes eram baixos. O valor nocional – equivalente a exposição cambial – era de R$ 1,6 milhão no caso da Saraiva e de R$ 4 milhões na Celulose Irani.

Mesmo assim, a CVM entendeu que foram cometidas irregularidades, já que as empresas afirmaram expressamente, nas notas explicativas, que não usavam esse tipo de contrato. Segundo a autarquia, o cruzamento dessas informações se intensificou após os episódios de grandes perdas com derivativos na crise financeira de 2008.

Conforme comunicado de sexta-feira da CVM, o diretor financeiro e de relações com investidores da Celulose Irani, Odivan Carlos Cargnin, vai pagar R$ 90 mil à autarquia para pôr fim ao processo pelo erro de informação. Em maio, o diretor financeiro da Saraiva aceitou pagar R$ 100 mil para acabar com a investigação.

A Deloitte, que audita as duas companhias, foi julgada e inocentada no caso da Saraiva, devido ao baixo valor dos contratos.

Fonte: Fernando Torres, Valor Economico