Uma das lições básicas da disciplina de custo é que a análise da decisão é feita sob a ótica incremental (ou marginal). Assim, na decisão de continuar ou parar uma obra, a análise deveria ser feita verificando os custos de cada uma das situações. Aqueles valores que não se alteram, não deve ser levado em consideração. Básico.
Mas em alguns casos percebemos como esta lição não foi apreendida (ou esquecem de forma proposital). Em uma reportagem sobre a usina Angra 3, o Estado de S Paulo toma a opinião de várias pessoas, incluindo o presidente da Eletronuclear. Eis o trecho que provoca calafrios:
A decisão de prosseguir com a obra justifica-se, em boa medida, pelo alto custo que teria a decisão de desistir de Angra 3. Guimarães [presidente da Eletronuclear] confirma que para abandonar o projeto a Eletronuclear teria de arcar com uma fatura da ordem de R$ 12 bilhões, somando financiamentos já sacados e contratos firmados com dezenas de fornecedores.
Ora, o financiamento irá existir, independente se a obra irá ou não continuar. Ou seja, é irrelevante para decisão.