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09 janeiro 2017

Custo de entrada

Um texto do The Economist (via aqui) comenta sobre a redução do custo de entrada num mercado:

O que permite a uma startup mirar tão alto é o fato de as tecnologias digitais estarem reduzindo consideravelmente o custo de entrada em segmentos industriais até pouco tempo atrás dominados por gigantes corporativos. O fenômeno é particularmente significativo no tocante ao dispendioso e prolongado processo desenvolvimento de produtos. Entre os primeiros esboços e construção de protótipos em argila e, em seguida, a produção de componentes e a realização de testes, as montadoras de automóveis costumavam levar cinco anos ou mais para pôr um modelo novo no mercado. A coisa era igualmente demorada para as fabricantes de motocicletas.

Hoje em dia, com a ajuda de softwares de projeto 3D, técnicas de engenharia e sistemas de simulação, algumas montadoras dão conta do recado em apenas dois anos. O produto, tanto no caso de um carro, como de uma motocicleta ou até mesmo de um avião, ganha existência no mundo digital, onde pode ser esculpido e longamente testado antes de ganhar a concretude de um objeto real. Também é possível simular métodos de produção.


O texto analisa o caso da Vanguard, uma fabricante de motocicletas:

É essa a abordagem da Vanguard, que foi criada em 2013 pelo ex-consultor de empresas François-Xavier Terny e pelo projetista de motocicletas Edward Jacobs. Contando atualmente com apenas alguns poucos funcionários e sem dispor do volume de recursos das grandes fabricantes, a startup utilizou o software Solidworks, da francesa Dassault Systèmes, para projetar uma motocicleta digital antes de transformá-la numa máquina de verdade. Sistemas como esse vêm se beneficiando de preços cada vez baixos e performance crescente de poder computacional. “Em termos de ferramentas de projeto e engenharia, estamos no mesmo nível que as grandes do setor, coisa que teria sido impossível há dez anos”, diz Terny.

Os projetos digitais também franqueiam um acesso mais ágil e descomplicado aos fornecedores globais, permitindo que eles ofereçam seus melhores preços para as peças de que a fabricante precisa. Os arquivos do projeto podem ser enviados por e-mail para uma vasta rede de firmas de engenharia que oferecem serviços online.


O elevado custo de entrada funcionava como uma "barreira" para os concorrentes. A barreira pode ser legal (como é o caso do serviço de táxi) ou do volume de investimento exigido, como é o caso da empresa de motocicletas. Se isto ocorre neste setor, área similares também devem sofrer o mesmo impacto, como é o caso da produção de automóveis.

21 janeiro 2013

Boeing 1

A Boeing está enfrentando problemas com o programa 787 Dreamliner. Mas, como lembra Vipal Monga (em Boeing Accounting Method Could Smooth Out Dreamliner Problems, WSJ, 18 de jan de 2013) isto talvez não apareça nas demonstrações da empresa por conta da forma de contabilização, denominada Program Accounting System. Esta forma de contabilizar permite que a empresa distribua os custos de fazer um avião ao longo do ciclo de vida.

Em geral, os primeiros aviões possuem um custo unitário muito elevado. Isto ocorre em razão do custo de aprendizagem - que é elevado na indústria de aviação - assim como o elevado custo pré-operacional. Assim, a empresa pode distribuir os custos envolvendo os problemas com a aeronave por décadas. Para o usuário externo, é muito difícil encontrar estes efeitos já que a empresa faz uma estimativa do custo total de produção, do número de aeronaves que irá produzir e a distribuição disto ao longo do tempo. E estas informações não são claras.