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Mostrando postagens com marcador curva de aprendizagem. Mostrar todas as postagens
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15 julho 2018

Preço de uma Viagem Espacial

New Shepard (...) foi projetada para levar seis passageiros a 100 km da superfície terrestre suborbital. Isso será alto o suficiente para que os passageiros sentam a falta de peso e possam observar a curvatura do planeta através de uma das seis janelas de observação. Depois de alguns minutos de ausência de gravidade, a cápsula do passageiro se soltará do foguete e retornará à terra com a ajuda de paraquedas.

O que torna [voo] único é que ele decola e aterrissa verticalmente, mais como um avião do que outros foguetes que estamos acostumados a ver. O foguete também voa de forma autônoma, isto é, sem piloto.


Segundo o texto, o preço da passagem estimado: entre 200 a 300 mil dólares.Mesmo assim, não atingirá o ponto de equilíbrio; ou seja, será deficitário.

Mas o texto não leva em consideração a curva de aprendizagem, que pode compensar no médio e longo prazo.

Um assunto interessante. Em maio publicamos sobre Space X (e aqui a continuação). Em 2015, uma postagem muito interessante sobre o custo de levar o satélite para o espaço.

23 julho 2014

Como os testes auxiliam a aprendizagem


TESTS have a bad reputation in education circles these days: They take time, the critics say, put students under pressure and, in the case of standardized testing, crowd out other educational priorities. But the truth is that, used properly, testing as part of an educational routine provides an important tool not just to measure learning, but to promote it.

In one study I published with Jeffrey D. Karpicke, a psychologist at Purdue, we assessed how well students remembered material they had read. After an initial reading, students were tested on some passages by being given a blank sheet of paper and asked to recall as much as possible. They recalled about 70 percent of the ideas.

Other passages were not tested but were reread, and thus 100 percent of the ideas were re-exposed. In final tests given either two days or a week later, the passages that had been tested just after reading were remembered much better than those that had been reread.

What’s at work here? When students are tested, they are required to retrieve knowledge from memory. Much educational activity, such as lectures and textbook readings, is aimed at helping students acquire and store knowledge. Various kinds of testing, though, when used appropriately, encourage students to practice the valuable skill of retrieving and using knowledge. The fact of improved retention after a quiz — called the testing effect or the retrieval practice effect — makes the learning stronger and embeds it more securely in memory.

This is vital, because many studies reveal that much of what we learn is quickly forgotten. Thus a central challenge to learning is finding a way to stem forgetting.

The question is how to structure and use tests effectively. One insight that we and other researchers have uncovered is that tests serve students best when they’re integrated into the regular business of learning and the stakes are not make-or-break, as in standardized testing. That means, among other things, testing new learning within the context of regular classes and study routines.

Students in classes with a regimen of regular low- or no-stakes quizzing carry their learning forward through the term, like compounded interest, and they come to embrace the regimen, even if they are skeptical at first. A little studying suffices at exam time — no cramming required.

Moreover, retrieving knowledge from memory is more beneficial when practice sessions are spaced out so that some forgetting occurs before you try to retrieve again. The added effort required to recall the information makes learning stronger. It also helps when retrieval practice is mixed up — whether you’re practicing hitting different kinds of baseball pitches or solving different solid geometry problems in a random sequence, you are better able later to discriminate what kind of pitch or geometry problem you’re facing and find the correct solution.

Surprisingly, researchers have also found that the most common study strategies — like underlining, highlighting and rereading — create illusions of mastery but are largely wasted effort, because they do not involve practice in accessing or applying what the students know.

When my colleagues and I took our research out of the lab and into a Columbia, Ill., middle school class, we found that students earned an average grade of A- on material that had been presented in class once and subsequently quizzed three times, compared with a C+ on material that had been presented in the same way and reviewed three times but not quizzed. The benefit of quizzing remained in a follow-up test eight months later.

Notably, Mary Pat Wenderoth, a biology professor at the University of Washington, has found that this benefit holds for women and underrepresented minorities, two groups that sometimes experience a high washout rate in fields like the sciences.

This isn’t just a matter of teaching students to be better test takers. As learners encounter increasingly complex ideas, a regimen of retrieval practice helps them to form more sophisticated mental structures that can be applied later in different circumstances. Think of the jet pilot in the flight simulator, training to handle midair emergencies. Just as it is with the multiplication tables, so it is with complex concepts and skills: effortful, varied practice builds mastery.

We need to change the way we think about testing. It shouldn’t be a white-knuckle finale to a semester’s work, but the means by which students progress from the start of a semester to its finish, locking in learning along the way and redirecting their effort to areas of weakness where more work is needed to achieve proficiency.

Standardized testing is in some respects a quest for more rigor in public education. We can achieve rigor in a different way. We can instruct teachers on the use of low-stakes quizzing in class. We can teach students the benefits of retrieval practice and how to use it in their studying outside class. These steps cost little and cultivate habits of successful learning that will serve students throughout their lives.


Henry L. Roediger III is a professor of psychology at Washington University in St. Louis and a co-author of “Make It Stick: The Science of Successful Learning.”

A version of this op-ed appears in print on July 20, 2014, on page SR12 of the New York edition with the headline: How Tests Make Us Smarter. 

15 julho 2014

Avião e o custo unitário

Um texto da Foreign Policy informa sobre os problemas do avião de combate F35 (aqui também). O avião é o mais caro da história e está apresentando uma série de problemas. Cada unidade deverá ter um preço de venda de 112 milhões de dólares e como só o governo dos EUA pretende comprar 2.443 unidades, o valor total será de 400 bilhões de dólares.

Para garantir que o projeto não seria cortado no orçamento público dos Estados Unidos, a empresa produtora, Lockhead, contratou fornecedores e empresas em quase todos os estados dos EUA. Assim, os representantes não teriam interesse em cortar empregos gerados no projeto. Mas o custo do avião tem aumentado: dos 34 milhões em 2001 para 50 milhões em 2011. Entretanto, o custo de um avião é bastante complexo. Eis o que diz um texto da revista:

É crucial para o Pentágono que cada um desses países mantenha suas compras para evitar que o preço unitário de cada aeronave aumente mais. 

Existe uma redução no custo unitário de um avião diretamente associado a quantidade vendida. Isto decorre não somente da economia de escala como também da curva de aprendizagem.

21 dezembro 2013

Os jatos suecos, a contabilidade pública e a contabilidade de custos

O governo brasileiro anunciou nesta semana a decisão de comprar 36 aeronaves modelo Gripen NG. Com a decisão, o país irá pagar 4,5 bilhões de dólares por um equipamento que ainda não existe. Cada aeronave deverá sair por 125 milhões e deverão ser entregues em 2023.

Estavam na disputa dois outros produtos: um concorrente francês e outro da Boeing. Aparentemente a área técnica do governo tinha recomendado o avião sueco, mas no governo passado um ministro fez lobby para o avião francês, chegando a anunciar esta opção como sendo do próprio governo.

No que diz respeito à área pública, a escolha é coerente com os critérios técnicos. É bem verdade que num determinado momento o governo atual estava inclinado a escolher a Boeing, mas o escândalo de espionagem contou na decisão. Isto é um ponto positivo, onde a análise técnica prevaleceu sobre a avaliação política ou interesses pessoais.

A razão da escolha está vinculada a um conceito básico da contabilidade de custos: a curva de aprendizagem. Em certos setores a curva de aprendizagem é fundamental na mensuração dos custos de um produto. Quando uma empresa produz as primeiras unidades, o valor do custo unitário é elevado. Com o passar do tempo, a empresa “aprende” a melhor forma de produção, com impacto na redução do unitário. Assim, uma empresa que produz cem unidades por mês irá “aprender” mais rápido que uma empresa que fabrica dez unidades.


A empresa vencedora é proveniente de um país onde a força aérea é reduzida. Isto faz com que o processo de aprendizagem seja mais lento. Ao compartilhar a produção com um país como o Brasil, a Suécia poderá alcançar um custo unitário mais rápido. Assim, para a Saab, a empresa vencedora, será vantagem compartilhar os riscos da fabricação do modelo, sendo importante aceitar as condições impostas no processo de escolha. E estas condições incluem a transferência de tecnologia, algo que os outros dois concorrentes não estavam dispostos a ceder. 

21 janeiro 2013

Boeing 1

A Boeing está enfrentando problemas com o programa 787 Dreamliner. Mas, como lembra Vipal Monga (em Boeing Accounting Method Could Smooth Out Dreamliner Problems, WSJ, 18 de jan de 2013) isto talvez não apareça nas demonstrações da empresa por conta da forma de contabilização, denominada Program Accounting System. Esta forma de contabilizar permite que a empresa distribua os custos de fazer um avião ao longo do ciclo de vida.

Em geral, os primeiros aviões possuem um custo unitário muito elevado. Isto ocorre em razão do custo de aprendizagem - que é elevado na indústria de aviação - assim como o elevado custo pré-operacional. Assim, a empresa pode distribuir os custos envolvendo os problemas com a aeronave por décadas. Para o usuário externo, é muito difícil encontrar estes efeitos já que a empresa faz uma estimativa do custo total de produção, do número de aeronaves que irá produzir e a distribuição disto ao longo do tempo. E estas informações não são claras.

08 dezembro 2011

Rafaele

O caça Rafale (fotografia) é um dos jatos que está concorrendo na licitação das Forças Armadas. No final do governo Lula, o lobby para compra do caça foi tão intenso que a decisão favorável a aeronave francesa foi anunciada pelo presidente. Entretanto, a pressão do ministro da justiça, Sr. Jobim, não foi suficiente para que o governo realmente fizesse a escolha final pelo produto francês.

Durante o atual governo a decisão foi postergada e não se tem notícia sobre quando será concretizada. Contra o caça francês quatro problemas: (1) é um das opções mais caras; (2) a experiência anterior com a França não foi muito positiva em termos de repassar tecnologia; (3) o produto não tinha muito teste prático; (4) existiam produtos melhores.

A questão do teste prático acredito que foi resolvida com os bombardeios na Líbia. As promessas de transferência de tecnologia, um dos principais obstáculos, ainda gera desconfiança.

Agora um notícia de que a produção deste caça poderá ser interrompida caso as compras não se concretizem. Isto ocorre em razão do fato de que o Rafale é usado somente pelas forças armadas franceses. Desde um estudo clássico do início da década de setenta, publicado no Journal of Finance, já se sabe que o preço final de um avião depende muito da economia de escala e da curva de aprendizagem. A inexistência de compradores estrangeiros faz com que não exista nem economia de escala nem aprendizagem na produção, fazendo com que o custo unitário do produto seja muito elevado.

12 dezembro 2007

Avaliação de Bancos

O processo de avaliar um banco é bastante complicado. Tanto é assim, que temos poucas obras que tratam do assunto de forma abrangente e adequada. Um artigo, de Gayle Delong e Robert Deyoung, Learning by observing: information spillovers in the Execution and Valuation of Commercial Bank M&As, publicado no prestigioso Journal of Finance de fevereiro de 2007, p. 181-216, trata marginalmente deste assunto.
Usando dados dos Estados Unidos, onde o número de instituições financeiras é significativo e a quantidade de operações de aquisições e fusões é suficientemente grande para desenvolver um trabalho nesta área, os autores procuram verificar as dificuldades de avaliar um banco nas últimas duas décadas.
Uma das razões é razoavelmente óbvia: o número de instituições é relativamente pequeno e as operações de aquisição e fusão são reduzidas, o que impede fazer uma constatação mais objetiva da avaliação. Ao mesmo tempo, alguns estudos acadêmicos têm apontado que estas operações não criam valor ou melhoram o desempenho de longo prazo.
Os autores fazem uma distinção entre "aprender observando" e "aprender fazendo" para demonstrar que os processos de avaliação destas instituições melhoraram no tempo. Neste caso, os bancos aprenderam ao observar as operações prévias de outras instituições no período analisado (1987 a 1999).

Uma informação interessante do artigo diz respeito a "curva de aprendizagem". Citando um trabalho de Ghemawat, de 1985, os autores afirmam que em 80% das empresas o fato de dobrar sua experiência (isto é, aumentar em 100% a produção acumulada no tempo) faz com que o custo unitário reduza em 20%.

04 janeiro 2007

TV finas e a redução do preço


O texto a seguir foi publicado no The Wall Street Journal. É um interessante estudo de caso que mistura marketing, curva de aprendizagem, economia de escala e custo. Para os professores usarem em sala de aula e debaterem esses conceitos.




Fabricantes de TVs finas tentam conter redução do preço
Evan Ramstad, The Wall Street Journal
3 January 2007
The Wall Street Journal Americas

SEUL — Agora que as televisões finas são um grande sucesso de vendas, as fabricantes de eletrônicos de consumo estão se perguntando como rechaçar as forças que podem transformá-las em commodities de baixa margem de lucro.

As vendas mundiais de TVs finas — que têm tela de cristal líquido ou plasma, em vez do tradicional tubo de imagem — dobraram em 2006 para cerca de 50 milhões de unidades, de acordo com estimativas preliminares. Isso representa mais de um quarto do mercado total. Analistas esperam que as vendas superem 70 milhões de unidades este ano. O produto apresenta a combinação mágica de altos volumes e margens de lucro com um preço final ainda alto: um modelo de 26 polegadas custa em média US$ 750 nos Estados Unidos, três vezes o preço de uma TV convencional de tubo do mesmo tamanho.

Mas a popularidade provocou uma guerra de preços. O preço das TVs finas caiu quase 40% em 2006, bem mais do que as fabricantes esperavam. As empresas de eletrônicos enfrentam agora a delicada tarefa de equilibrar custos de investimento, aumentos da produção e reduções de despesas para sustentar o crescimento da receita e do lucro.

Nos últimos 18 meses, as fabricantes se debateram para atender à demanda, construindo novas linhas de montagem ou mudando linhas de produção nas fábricas antigas. No terceiro trimestre de 2006, os modelos de plasma ou LCD passaram a ser a maioria dos televisores vendidos nos EUA, o maior mercado do mundo. A Europa alcançou este marco no segundo trimestre, e o Japão, em meados de 2005.

As TVs planas também viraram a principal força a moldar os destinos das maiores fabricantes de eletrônicos do mundo. A Matsushita Electric Industrial Co., dona da marca Panasonic, a Samsung Electronics Co. e a Sharp Corp., que entraram cedo — e com tudo — na onda das TVs finas, viram suas vendas e lucros subir. Aquelas que deixaram para depois — como a Sanyo Electric Co. e a TCL Corp. — cederam participação de mercado e lucratividade. O lucro da Sony Corp. recuperou-se nos últimos 12 meses depois que ela reformulou sua divisão de TVs em torno dos modelos finos.

A Samsung agora lidera o mundo em termos de produção de TVs de sua própria marca, com seu volume saltando 33% para 20 milhões de unidades em 2006. Ela provavelmente tirou da Sony a liderança mundial em receita com TVs no ano passado, embora os números finais só devam estar disponíveis daqui a várias semanas. A Samsung espera que sua receita com televisores em 2006 fique em torno de US$ 11 bilhões, ante US$ 6,5 bilhões um ano antes.

"Em alguns trimestres no passado, fomos número 1 em volume de produção, mas não podíamos nos considerar o verdadeiro líder porque não liderávamos em receita", diz Choi Gee Sung, presidente da divisão de eletrônicos da Samsung. "Agora, acho que podemos dizer isso."

Já há sinais de que os fabricantes estão buscando impedir que o produto passe pela rápida comoditização que afetou os aparelhos de DVD e outros eletrônicos. Um foi o fim, no ano passado, da construção desorganizada de fábricas para componentes de TVs finas.