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16 outubro 2020

"Cultura" da interrupção


 

Recentemente ocorreu, nos Estados Unidos, um debate entre os candidatos presidenciais. Chamou a atenção no debate entre os candidatos para vice. De um lado, o candidato Pence, dos Republicados; de outro, a candidata Kamala Harris, dos democratas (foto). Durante o debate, Pence interrompeu Harris o dobro de vezes que Harris interrompeu Pence. Não foi coincidência, segundo as psicologas Laura Vianna e Sapna Cheryan, da Universidade de Washington, em um artigo para Yes Magazine

A interrupção parece ser um comportamento típico dos homens e são importantes para o debate que ocorreu. Ao interromper o outro lado, Pence teve três minutos a mais para falar. Vianna e Cheryan afirmam que entrevistas de emprego para professores em um departamento de universidades mostrou que as mulheres possuem maior probabilidade de serem interrompidas na apresentação dos trabalhos. Por este motivo, as mulheres tiveram menos tempo para concluir sua exposição. 

As culturas de interrupção podem ser difíceis para muitas mulheres por três motivos. Em primeiro lugar, as mulheres têm maior probabilidade de serem interrompidas do que os homens, como vimos no debate de quarta-feira e até mesmo no Supremo Tribunal Federal . Em segundo lugar, as mulheres muitas vezes não são socializadas para interromper intrusivamente os outros, tornando relativamente mais raro que elas se envolvam nesse comportamento. Finalmente, quando as mulheres interrompem e exibem outro comportamento explicitamente dominante, elas são vistas como desagradáveis . Os homens geralmente não enfrentam as mesmas consequências por esse comportamento dominante. 

26 junho 2018

Diferença entre os países

Uma pergunta foi feita para 6.185 estudantes de 35 países:

Qual a contribuição - de 0 a 100% - que o seu país deu para a história?


Antes de prosseguir, pense esta pergunta para o Brasil. Lembre, qual seria a contribuição do Brasil, de 0 a 100%, na história da humanidade? Os pesquisadores não queriam medir o grau de importância de cada país. Ou mensurar o impacto de cada civilização na história da humanidade. Mas a pergunta tinha uma grande sutileza: apesar de ser impossível mensurar isto, a resposta dos estudantes revelam o grau de narcisismo dos habitantes.

O resultado para os estudantes dos Estados Unidos foi de 30%. Ou seja, eles consideram que quase um terço da história mundial teve a contribuição de um país fundado há menos de 500 anos. Conhecendo a autoestima deles, uma resposta já esperada. Mas a surpresa é que eles não foram os estudantes mais narcisistas. Os russos colocaram 61%, o percentual mais elevado. Os canadenses, um povo cordial e pacato, que a grande maioria das pessoas não sabe sequer o nome da sua capital, cravaram 40%. A Malásia - um pais da Ásia, cuja capital é Jacarta, teve uma média de 49%. E os portugueses? São modestos: acham que 38% da história mundial se deve a terrinha.

A soma da percentagem média dos 35 países foi de 1.156%, uma média de 33%. Estes valores foram maiores para os ex-comunistas, os islâmicos e sul da Ásia. A menor média: os protestantes europeus. Aproveitando, se você leu o texto e não percebeu de a capital da Malásia não Jacarta, mas Kuala Lampur, talvez seja um sintoma que talvez este país não seja tão relevante assim. Assim como os demais. E qual foi o seu percentual para o Brasil?

13 julho 2017

Teste do Marshmallow em Camarões

Na década de sessenta, Walter Mischel conduziu uma pesquisa que ficou conhecida como Teste do Marshmallow. Num experimento com crianças, a equipe de Mischel oferecia para cada criança um doce com a promessa de que ganharia outro se resistisse um tempo até a volta do pesquisador. Quinze minutos mais tarde, quando o pesquisador voltava, se a criança não tivesse comido o doce recebia, imediatamente, um segundo. Além de ser um teste que mede a capacidade de controlar nossos desejos, também mensura nossa “taxa de desconto”.

A pesquisa de Mischel ganhou um maior destaque quando, anos depois, ele pesquisou o que as crianças estavam fazendo. A surpresa foi descobrir que as crianças que conseguiram resistir ao desejo de comer imediatamente o doce tiveram melhor desempenho nos testes escolares, por exemplo.

Agora o teste foi replicado num país africano. Os resultados foram comparados com os obtidos com crianças da Alemanha. E foram surpreendentes. As crianças da zona rural de Camarões tiveram um desempenho melhor que as européias. No país africano, 70% das crianças resistiram e esperaram; na Alemanha, somente 30%. As crianças alemães mostram mais frustrações e adotaram diversas técnicas de distrações; do país africano, mostraram pouca emoção ou atividade e oito delas dormiram.

Os resultados podem constituir um desafio sobre a forma ideal de educar as crianças. Também indicam talvez a relevância do aspecto cultural: as crianças africanas são criadas num ambiente de respeito aos idosos e relevância do grupo sobre a individualidade da cultura européia.

Uma resumo da pesquisa encontra-se aqui https://digest.bps.org.uk/2017/07/07/rural-cameroonian-pre-schoolers-just-aced-mischels-iconic-marshmallow-test/. Mischel publicou um livro, com tradução para língua portuguesa, sobre o assunto. Existem diferentes versões do Teste no Youtube; as reações das crianças são incríveis. Aqui https://www.youtube.com/watch?v=QX_oy9614HQ um exemplo.

17 agosto 2015

Links

Star Wars está quase tomando conta dos parques da Disney. Veja aqui todas as atrações sendo planejadas.

29 produtos super inteligentes – para crianças – que você precisa ter em sua vida: aqui

Aqui 15 gafes culturais que você deve evitar em Londres e aqui como se comportar no metrô de cinco grandes cidades.

Em defesa de computadores desktop, veja aqui porque o seu próximo computador não deveria caber no seu colo.

A database dos mortos. Quantas pessoas com o seu nome já morreram? Aqui apenas uma Isabel Sales, um Pedro Correia e nenhum César Tibúrcio. Eles também colocam quantas pessoas com o seu primeiro nome nasceram e morreram, qual a média de vida para quem tem o mesmo nome que você ou o mesmo sobrenome.

16 julho 2015

Livro é coisa de rico

Vocês ouviram falar sobre a Lei do Preço Fixo? Com ela, os lançamentos deverão ser vendidos pelo preço de tabela por, no míimo, um ano. Se a livraria quiser fazer promoção está limitada a 10%.

Primeiro leiamos um trecho de uma postagen do blog Amigos do Livro, depois um vídeo do Danilo, do Cabine Literária:
1) Quem é a favor da lei do preço fixo argumenta que onde ela foi instituída estaria ajudando a preservar as pequenas e médias livrarias e a regular o mercado, tornando-o mais justo e saudável. Dizem, ainda, que ela contribui para garantir a diversidade e o plurarismo cultural e que, no final das contas, isso também influiria positivamente nos preços dos livros. 
2) Já quem é contra o preço fixo defende que o que deve prevalecer é a lei do livre mercado. De acordo com esses, as livrarias e os demais pontos de venda (magazines, hipermercados, internet etc.) devem ter a liberdade para dar os descontos que bem entenderem e competirem entre si – é isso que, no final das contas, dizem, beneficia o consumidor.
O trecho é de uma postagem antiga porque este assunto vem sendo discutido desde 2007. Mas o papo voltou com força por causa de alguns debate. Parece ter começado na Flip e ter continuado no Senado no dia 30 de junho. Eu que estou com uma meta de ler cem livros este ano (desafio GoodReads) e ando um tanto afastada da internet, só fiquei sabendo disso hoje. Meros 15 dias de atraso... E levei um &%$# susto! A história está cheia de apoiadores! Aposto que nenhum dele lê! Hunf.

Eu pergunto mas imagino a resposta (e ao mesmo tempo não quero confirmação): Será que os sebos estão sujeitoss? E os sebos online? Se eu quiser vender um livro que é lançamento na Estante Virtual, vou ter que colocar o preço de tabela!? Vou fazer questão de colocar por R$ 1,99. E é por essas e outras que o nosso Brasil não vai pra frente. Livros caros em um país sem o costume de ler só vai fazer com que haja ainda menos leitura. E com todo mundo alienado... nem vou continuar a frase.

Enfim, concordo com o Danilo (no vídeo abaixo). Ele aponta diversos problemas com essa lei e como estou muito brava vou deixar que ele fale também por mim.



Como eu vou viver sem aqueles descontos tão lindos que ocorrem no Black Friday!? Como???

18 junho 2015

O efeito Gordon Gekko: consequencias da cultura na industria financeira

The Gordon Gekko Effect: The Role of Culture in the Financial Industry
Andrew W. Lo
NBER Working Paper No. 21267
June 2015
JEL No. G01,G28,G3,M14,Z1

ABSTRACT

Culture is a potent force in shaping individual and group behavior, yet it has received scant attention in the context of financial risk management and the recent financial crisis. I present a brief overview of the role of culture according to psychologists, sociologists, and economists, and then present a specific
framework for analyzing culture in the context of financial practices and institutions in which three questions are answered: (1) What is culture?; (2) Does it matter?; and (3) Can it be changed? I illustrate the utility of this framework by applying it to five concrete situations—Long Term Capital Management; AIG Financial Products; Lehman Brothers and Repo 105; Société Générale’s rogue trader; and the
SEC and the Madoff Ponzi scheme—and conclude with a proposal to change culture via “behavioralrisk management.
 

14 novembro 2013

O Valor da Cultura Corporativa

A cultura corporativa refere-se a um conjunto de normas e valores que é compartilhada e defendida pela organização. Pode incluir neste conjunto aspectos relacionados com a integridade e ética da entidade, a colaboração e cooperação das pessoas, a inovação, o respeito, a qualidade, a segurança, a comunicação, entre muitos outros aspectos. Alguns consideram que a cultura corporativa é um monte de palavras jogadas fora. Talvez esta impressão deve-se ao fato de que diversos trabalhos não consideram relacionar a cultura de uma organização com o seu desempenho. Isto leva a crer que afirmar que a organização está preocupada em “prestar contas” não significa que efetivamente o faz.


Um dos grandes problemas destas pesquisas é exatamente mensurar a cultura da organização. Buscar na home-page da organização quais são as normas e valores é fácil. Mas será que realmente expressa o que é a cultura corporativa?

Três pesquisadores conseguiram acesso a uma informação de uma base de dados que tenta mensurar quais são os melhores lugares para se trabalhar. Este tipo de pesquisa é bastante divulgado, mas os resultados individuais geralmente são mantidos em segredo. Para se chegar aos “melhores lugares”, uma entidade promover diversas entrevistas sigilosas com funcionários das maiores empresas do mundo. Estas entrevistas buscam obter informação sobre o ambiente de trabalho. Assim, em lugar de buscar os valores propagados nas páginas das empresas, os autores conseguiram a informação diretamente dos seus funcionários. A cultura corporativa é relatada pelos empregados da organização.

Ao contrário das pesquisas anteriores, esta informação permitiu descobrir que a cultura corporativa realmente praticada influencia no desempenho das organizações. Assim, quando os empregados percebem que os gestores são confiáveis e éticos, o desempenho da entidade é melhor.

Na próxima vez que você ouvir falar da cultura corporativa, pense que pode ser relevante para o desempenho da entidade, desde que você esqueça o que a empresa diz e centre sua atenção no que ela faz. Mesmo que seja na perspectiva dos empregados.

Leia mais em The Value of Corporate Culture. Luigi Guiso, Paola Sapienza, and Luigi Zingales NBER Working Paper No. 19557 October 2013. (Cartoon adaptado daqui)

02 setembro 2013

Lei Rouanet

Por meio da Lei Rouanet, agora questionada por incluir incentivos a desfiles de moda, dinheiro público já é destinado a projetos de reforma de igrejas, pontes, sedes de governo, uma Oktoberfest e até torcida organizada.

É algo comum na tributação: em todo lugar, leis que facultam ao Estado aprovar projetos de desoneração fiscal criam fila de interessados, e a porteira vai se abrindo.

Ao todo, a Rouanet já reduz a arrecadação pública em R$ 1,2 bilhão ao ano. Em comparação, em 2012 todas as universidades federais, juntas, receberam R$ 2 bilhões.

Se o objetivo da lei, de 1991, era mobilizar a iniciativa privada, reduzindo a dependência da cultura às canetadas de Brasília, houve certo fracasso. Veja as quatro empresas que mais a utilizam: Petrobras, Vale, Banco do Brasil e BNDES.

O mercado aparece mais na ponta da captação. As campeãs são fundações vinculadas a grandes empresas -Itaú Cultural e Fundação Roberto Marinho, ligada às Organizações Globo. O terceiro lugar é da Time for Fun. Em 2012, teve autorização para captar R$ 28 milhões para espetáculos como "O Rei Leão" e "A Família Addams", cujos ingressos chegam a R$ 280.

Daí surge uma das maiores críticas à lei: ela seria um "Robin Hood às avessas", tirando dos serviços públicos para bancar eventos caros.

O próprio secretário de Fomento do Ministério da Cultura, Henilton Menezes, em apresentação a empresários gaúchos em maio, criticou isso: "O acesso das classes C, D e E é baixo, [a lei] não estimula o investimento de recursos privados no setor, e a prestação de contas é inadequada".

Pela lei, em geral não há contrapartida das empresas -o incentivo é totalmente deduzido do Imposto de Renda.

Mesmo eventos mais baratos, de nicho, podem ser vistos como elitizados -em 2012, a lei apoiou nada menos que 29 eventos de jazz. E há forte concentração no Sudeste: 81% dos gastos.

CULTURA

Há muito mais, porém, sob o guarda-chuva da Lei Rouanet do que musicais e jazz.

No relatório dos incentivos de 2012, consta que a Fundação Catarinense de Cultura, ligada ao governo do Estado, conseguiu autorização para captar R$ 64 milhões para reformar a ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, com recursos de desoneração fiscal.

Pernambuco e Rio de Janeiro, por sua vez, aprovaram a captação de R$ 20 milhões e R$ 12 milhões para reformar os palácios do Campo das Princesas e das Laranjeiras.

A arquidiocese de Campinas aprovou R$ 7 milhões para reformar sua catedral. Para a de Brasília, foram R$ 25 milhões. Em São Paulo, as igrejas da Santa Ifigênia e de Santo Amaro tiveram juntas aprovação de R$ 9 milhões.

Houve ainda projetos aprovados de obras em igrejas em Curitiba, Goiana (PE), Pelotas (RS) e Porto Alegre, entre outras, em mais de R$ 26 milhões. A Oktoberfest de Igrejinha, no Rio Grande do Sul, pôde captar R$ 653 mil.

Até a Mancha Verde, torcida organizada do Palmeiras, teve R$ 1,2 milhão aprovado para organizar seu Carnaval.


Lei Rouanet banca igreja, ponte, Oktoberfest e festa da Mancha Verde - RICARDO MIOTO - DE SÃO PAULO - Folha de S Paulo

15 junho 2013

Cultura é uma (des)vantagem competitiva?

Quando a pergunta é a se a cultura organizacional é mesmo importante para a empresa, a resposta mais comum é: "Sem dúvida! Veja os nossos valores!". Na maior parte das vezes, porém, os valores que estão amplamente divulgados nos quadros, nas agendas e nos documentos oficiais não espelham a realidade da organização.
Então o que é cultura organizacional? É o jeito de ser e de fazer de uma empresa. Ele é modelado pelos que estão na direção e influenciado pela cultura do país onde a companhia está inserida.
Não tenho dúvida de que a cultura pode ser a maior vantagem competitiva de uma organização, inclusive porque sustenta ou não a execução da sua estratégia. Ela vai muito além da simples divulgação de valores porque está no coração de cada um, na "causa" de todas as pessoas, que se sentem inspiradas (ou não) a oferecer aquela sua "energia extra".
As estratégias de negócio, fonte histórica de vantagem competitiva, são cada vez mais facilmente copiáveis, com raríssimas exceções. Os processos também. A estrutura organizacional mais ainda. O que, de fato, faz a maior diferença? Pessoas, claro. Em alguns momentos, porém, as empresas buscam no mercado indivíduos que têm o que elas querem. Na maioria das vezes, atinge-se o almejado, mas paga-se caro por isso. Embora não exista a intenção de copiar, a busca é por um certo modelo de talento. Já a liderança, não na perspectiva individual, mas na coletiva, e a cultura são duas faces de uma mesma moeda. E aqui eu diria que é impossível copiar- embora seja possível, e não raramente necessário, mudar.
Mas é mesmo possível transformar a cultura de uma organização? A resposta é sim. Só que não se faz isso rapidamente, nem sem dor. E não se trata de sofrimento. Como disse Drummond, "a dor é inevitável, o sofrimento é opcional".
São três as principais situações de mudança de cultura. A primeira é a fusão ou aquisição. Porém, atenção: não significa que em todas as operações de F&A a cultura mude. Em alguns casos, por estratégia, ela é mantida. A segunda situação é a troca do presidente da empresa. Novamente, há casos em que isso não altera significativamente a cultura. Não raro, porém, opta-se por mudar o presidente da empresa porque ele já estabeleceu relações tão fortes com a organização que se torna muito mais difícil orquestrar uma mudança verdadeira. Por último, mas não menos importante, estão as situações de crise. A mais comum é a financeira: nesses momentos, ou se muda, ou se morre. E algumas organizações desaparecem por não conseguirem engendrar uma nova forma de ser e de fazer.
O ponto mais importante de uma situação de crise é aquele em que o momento econômico-financeiro está muito bom, mas o dirigente ou seu time tem a consciência de que a cultura existente não garantirá um futuro tão brilhante como o presente. Aqui, sim, é indispensável a decisão de um comandante, aquele que tem a coragem de, mesmo em momentos de bonança, não se acomodar, enxergar além, ver o que a maioria não vê e, conscientemente, mudar o fluxo natural das coisas.
É assim que se engendram novas formas de pensar, de sentir e de agir, que são promovidas por meio de diálogo, reflexão conjunta, troca de ideias e, consequentemente, envolvimento emocional. E o que torna tudo isso possível é a confiança, pedra angular de um processo de transformação.
Em síntese, a mudança de cultura só é realizável por meio das lideranças, cuja essência, influenciar pessoas, se concretiza através do relacionamento, da interação pessoal, do compartilhamento.
No processo de mudança de cultura é preciso conversar, conversar e conversar, abrir espaço na agenda frenética para compreender mais profundamente o outro.
A criação de um novo mapa mental requer o questionamento contínuo das certezas culturais que conduzem às práticas vigentes. Assim você aumenta a possibilidade de a cultura da sua empresa ser, de fato, uma vantagem competitiva sustentável. Esta ninguém copia.


03 março 2013

Influência do idioma na propensão à poupança


Keith Chen, professor associado da escola de negócios de Yale, testa a hipótese que as diferenças entre os idiomas em relação a construção de estruturas gramaticais para o presente e futuro afetam a taxa de poupança dos falantes de cada língua. Abaixo o resumo da pesquisa que será publicada na American Economic Review:

Languages differ widely in the ways they encode time. I test the hypothesis that languages that grammatically associate the future and the present, foster future-oriented behavior. This prediction arises naturally when well-documented effects of language structure are merged with models of intertemporal choice. Empirically, I find that speakers of such languages: save more, retire with more wealth, smoke less, practice safer sex, and are less obese. This holds both across countries and within countries when comparing demographically similar native households. The evidence does not support the most obvious forms of common causation. I discuss implications for theories of intertemporal choice.

21 outubro 2012

Quantos livros você leu em 2012?

“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”
Nelson Mandela

“Um país se faz com homens e livros”.
Monteiro Lobato

“A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas por incrível que pareça, a quase totalidade, não sente esta sede.”
Carlos Drummond de Andrade

“Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história.”
Bill Gates

“Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem.”
Mario Quintana

“Eu, por exemplo, gosto do cheiro dos livros. Gosto de interromper a leitura num trecho especialmente bonito e encostá-lo contra o peito, fechado, enquanto penso no que foi lido. Depois reabro e continuo a viagem. (…) Gosto do barulho das paginas sendo folheadas. Gosto das marcas de velhice que o livro vai ganhando: (…) a lombada descascando, o volume ficando meio ondulado com o manuseio. Tem gente que diz que uma casa sem cortinas é uma casa nua. Eu penso o mesmo de uma casa sem livros.”
Martha Medeiros

Foto: Aqui

16 agosto 2012

Dicas para o fim de semana


A cultura está com uma promoção em que a cada 48h são ofertados 50 livros com 50% de desconto e frete grátis – até o dia 19/8. (Lembrem-se: fazemos parte do programa Espalhe Cultura).

Já comentei aqui que adoro o C. S. Lewis e não pude deixar de dar a dica (em promoção por mais 30 horas):
Crônicas de Nárnia – Versão Normal (R$ 49,50) ou Ilustrada (R$ 56,05).
A Abolição do Homem (R$ 15,40).

"Quando o homem disse Isto é sublime, ele parecia fazer um comentário sobre a cachoeira... Na verdade... ele não estava falando da cachoeira, mas dos seus próprios sentimentos. O que ele realmente disse foi Eu tenho um sentimento que minha mente associa à palavra 'Sublime'... Essa confusão está sempre presente na nossa linguagem. Aparentamos dizer algo muito importante sobre alguma coisa, e na verdade estamos apenas dizendo algo sobre nossos próprios sentimentos". [A Aboliçào do Homem, C. S. Lewis]

02 fevereiro 2012

Frase: leitura

"Em toda a minha vida, eu nunca conheci alguém rico que não lesse o tempo todo... nenhum, zero!" Warren Buffett

Twittado por Ricardo Amorim @Ricamconsult

14 junho 2011

Cultura contribui para governos mais eficientes

Por Pedro Correia

Excelente entrevista com o professor do IBMEC-MG ,Cláudio Shikida, sobre as influências dos valores da sociedade para a eficiência do governo:

"Na área econômica, necessariamente não preciso responder apenas a perguntas sobre inflação, moeda e taxa de câmbio.” É assim que Cláudio Shikida, pesquisador e professor do Ibmec-MG, começa a entrevista, deixando claro seu apreço pela economia aplicada. Em seu mais recente estudo sobre o assunto, “Why some states fail: the role of culture” (Por que alguns Estados falham: o papel da cultura, em tradução livre), desenvolvido com os economistas Ari Francisco Araújo Jr. e Pedro Sant'Anna, constata-se que a cultura de uma sociedade contribui para governos mais eficientes. Valores como respeito, tolerância, confiança e obediência foram usados como variáveis na pesquisa para analisar os impactos de instituições formais (governos e seus tipos) e informais (costumes) na economia. "Essa cultura que pesquisamos tem impacto muito positivo sobre o crescimento econômico. Uma sociedade com mais tolerância e respeito ao trabalho alheio é sinal de um Estado saudável, que não é obeso", resume.

O estudo analisou dados de 40 países e foi publicado recentemente na Cato Journal, uma das referências acadêmicas nas áreas de economia e política. Para Shikida, a posição do Brasil não é confortável. “Ainda estamos longe de ser um Estado eficiente. O governo come muito dinheiro e cospe pouco serviço público de qualidade.”

Continua aqui.

07 julho 2008

Conceito de Justo

Em Sway, Ori Bratman e Rom Bratman relatam um caso interessante e contrário a “sabedoria das massas”. No programa francês de Who Wants to Be a Millionaire um concorrente ficou na dúvida sobre a seguinte pergunta: quem gira em torno da terra? (a) Lua; (b) sol; (c) Marte; (d) Vênus.

O concorrente consultou a platéia que respondeu, de forma quase igualitária, lua e sol. Ignorância dos franceses? Não segundo Ori e Rom. A platéia achou injusto ajudar uma pessoa que não sabe a resposta de uma pergunta tão óbvia.

Os Bratmans relatam também que na Rússia a produção do programa notou que a platéia quase sempre dá a resposta errada. A explicação seria a visão russa de que riqueza está associada a falta de justiça (ser rico é decorrente de uma situação injusta). “Por que ajudar uma pessoa a ser rica?”, perguntariam os russos. Ou seja, a percepção de justiça é diferente.

Isso possui uma implicação contábil interessante na medida em que se tenta implantar o conceito de valor justo. Mas justo, conforme o livro Sway, é influenciado pela cultura.

O livro também relembra o estudo de 2000 de Henrich. Nesse estudo, o autor propôs aos estudantes da UCLA o seguinte jogo: dividir 2,3 dias de trabalho igualmente. Uma oferta posterior que não fosse 50/50 foi rejeitada por ser “injusta”. Henrich fez a mesma experiência com os Machiguenga, índios do Peru com pouco contato com a civilização. E os índios aceitaram a oferta diferente de 50/50. Em outras palavras, o percepção de “justo” muda conforme a cultura.

05 setembro 2007

Onde devem ficar os tesouros de uma nação

Existe uma demanda de algumas nações (Egito, Grécia, por exemplo) pela devolução das riquezas culturais que foram levadas pelos países colonizadores nos últimos séculos. Assim, uma grande parte do acervo cultural da Grécia está em museus franceses e ingleses. Naturalmente que os britânicos e franceses não concordam com este pedido e recusam a devolver algumas das obras de arte que estão nos seus museus e que foram saqueadas dos locais históricos de outros países.

O recente desastre na Grécia, onde um grande incêndio colocou em risco tesouros históricos da cidade de Olimpia, onde nasceram os jogos olímpicos, traz a discussão sobre este fato.

Funcionaria aqui a máxima de finanças de "diversificação reduz risco"? Segundo Mary Beard, do Britain Times Literary Supplement (via WSJ blog), a dispersão dos tesouros antigos possui esta vantagem.

A posição de Bear inclui também tesouros ingleses, que deveriam ser enviados para outros países.

30 janeiro 2007

Dinheiro público para cultura

do Estado de 30/01/2007:

Quanto vale o show?

Jotabê Medeiros

(...)Agora, além de não vender discos o bastante para se sustentar, a MPB também faz shows subvencionados pelo governo, ou discos e DVDs. São muitos exemplos. Autora do disco mais vendido de 2005, Perfil (Sony-BMG), a cantora Ana Carolina ainda assim precisou pedir ajuda das leis de incentivo para ir para a estrada no ano passado. Para fazer sua turnê por Rio e São Paulo, Ana Carolina requisitou R$ 843 mil à Lei Rouanet, e conseguiu captar R$ 700 mil. Os ingressos para o seu show custavam em média R$ 120.(...)

Uma das pré-condições para o investimento do Estado em espetáculos culturais é o critério de democratização do acesso - os ingressos deveriam ser mais baratos. Os exemplos mostram que não é o que acontece. O show de Maria Bethânia custava entre R$ 70 e R$ 140 no Tom Brasil. A Foreign Sound, de Caetano, também no Tom Brasil, tinha ingressos que iam de R$ 40 a R$ 100.

Carlinhos Brown, que protestou no carnaval do ano passado, na frente do camarote do ministro da Cultura, o Expresso 2222, reclamando do 'apartheid escroto' que separa o povo da folia, pediu o apoio da Lei Rouanet (R$ 768 mil) para seu Camarote Andante. Não é preciso pagar para acompanhar o trio elétrico de Brown.