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06 setembro 2020

Rotten Tomatoes e Desempenho de um filme nas bilheterias

 A site Rotten Tomatoes é conhecido por agregar as críticas - positivas e negativas - dos filmes. Nos Estados Unidos, o site é um grande poder sobre a audiência. De uma maneira geral, um parcela bem expressiva das pessoas que gostam de cinema usam o Rotten para consultar sobre a qualidade dos filmes. Mas isto significa que o Rotten afeta o desempenho financeiro dos filmes? 

Esta é uma questão bem interessante que uma reportagem do The Ringer, "Has Rotten Tomatoes Ever Truly Mattered?" (Ben Lindbergh e Rob Arthur, 4 de setembro de 2020) mostra. O gráfico abaixo é bem importante para a análise:

De um lado, a margem de lucro de um filme e do outro a nota do Rotten Tomatoes. O gráfico levou em consideração o orçamento do filme e o resultado parece indicar que maiores notas, melhores retornos. Mas veja que os autores do artigo não dizem que existe uma relação de causalidade (nota melhora a bilheteria). Um filme ruim pode ter um desempenho de bilheteria ruim não pela nota, mas pelo fato de ser ruim. Mas parece que a nota exerce um poder maior em alguns tipos de filmes, como comédias ou dramas. Veja o mesmo gráfico, somente para os dramas:
Veja que a curva é mais acentuada. Isto indicaria que dramas com boas notas (acima de 70 ou 80%) conseguem um salto substancial no desempenho financeiro. Isto não ocorre, por exemplo, nos filmes de ação. Enquanto um filme de ação com nota máxima pode ter uma rentabilidade de duas vezes o orçamento, uma comédia isto pode significa quatro vezes. Ou um filme de terror, que pode ter seu desempenho multiplicado por 10 ou 20 vezes. 

Contabilidade?  - Temos uma situação onde o gosto de "críticos" pode afetar o desempenho da empresa. Isto pode ocorrer em qualquer setor. Considere uma empresa que fabrica aspirador de pó; um site especializado em análise de produto pode fazer uma avaliação ruim do produto e isto refletir diretamente nas vendas e lucro da empresa. 


22 setembro 2008

Razões para o IFRS ser uma péssima idéia

Baseado em algumas críticas a adoção da IFRS (inclusive a posição de Charles Niemeier) e inspirado em David Letterman, aqui existe uma lista de dez razões para que a adoção da IFRS pelos Estados Unidos é uma idéia horrível. Inicialmente, a SOX representou um custo elevado para empresas. E um grande ganho para as empresas de auditoria. A adoção da IFRS também terá os mesmos problemas. Quais os benefícios? A redução do custo de capital num país que possui um dos menores custos do mundo?

Outro aspecto interessante, a IFRS não é compatível com o estilo de governança dos Estados Unidos, assim como existem problemas de adaptação das regras comerciais ao estilo de regras do IFRS.

18 setembro 2008

Crítica ao IFRS

O respeitado autor de contabilidade Shyam Sunder (SEC mandate invites monopoly, Financial Times) faz uma crítica a adoção do IFRS pelos Estados Unidos. Sunder questiona a razão de existir um monopólio na determinação de regras contábeis.

Além disto, as normas do IFRS possuem os seguintes problemas:

a) por ser baseado em princípios, mas sem uma força na execução, permite espaço para diversidade e redução na comparabilidade
b) a SEC identifica como razão para optar pelo IFRS em decorrência de “elevada qualidade”. Entretanto, a SEC não esclarece o que significa isto
c) Ficará mais difícil a existencia de tratamentos alternativos e a experimentação contábil. [Isto não seria um freio para as inovações?]
d) A substancia econômica dos negócios depende de questões jurídicas, comerciais, de mercado, de governança e de gestão ambiental. Imaginar que as normas internacionais irão permitir maior comparabilidade é um sonho. Sunder lembra que alguns países adotaram o IFRS mas usam suas interpretações próprias.
e) Ao contrário das medidas físicas, o comportamento das empresas mudam com as alterações nas normas contábeis. Neste caso, a contabilidade assemelha-se mais a metáfora das línguas do que das medidas físicas. E o esperando é um exemplo de fracasso na adoção de um padrão internacional.

Uma análise lúcida sobre o assunto.

Sunder é autor do excelente livro Theory of Accounting and Control

IASB nos Estados Unidos

David Albrecht (em Does it pass the smell test?) pergunta sobre a adoção das normas internacionais nos Estados Unidos:

Por que agora? Por que tão rápido?


Mais adiante ele compara o Iasb com o Fasb:

Primeiro, o IFRS foi criado para tornar mais fácil as empresas obterem mais capital além das suas fronteiras. IFRS não tem por finalidade ajudar os investidores a decidirem, ele tem por itenção ajudar as empresas a obter capital. Segundo, o IFRS permite que empresas usem o julgamento para relatar os resultados de suas operações. Investidores não estão seguros em saber que todas empresas seguem o IFRS da mesma maneira. Terceiro, muito menos dinheiro foi investido na criação do IFRS. Existe um adágio que lembra “voce tem o que você pagou”.


Esta terceira questão é interessante e importante. Alguém já fez um comparativo entre o orçamento do Iasb e o orçamento do Fasb? (Se sim, peço encaminhar os dados paro blog).

David usa uma comparação feita por Robert E. Jensen, crítico do Iasb:

Muitas das nações, especialmente na Europa, que adoptaram o IFRS não têm fortes mercados de capital em razão da sua tradição histórica de mobilização de capital social por meio de bancos, em vez de os investidores individuais de compra e venda de ações ordinárias. A protecção dos investidores não teve a mesma prioridade para essas nações, tal como ocorre nos E.U. (...) A questão de fundo é que as IFRS é um conjunto mais fraco do (...) que as atuais normas de contabilidade do FASB, nos Estados Unidos.


A seguir lembra a razão da pressão das empresas de auditoria pela adoção da IFRS: dinheiro. Existe hoje uma pressão destas empresas para substituir Charlie Niemeier do PCAOB em razão da sua oposição ao Iasb.

No Brasil não tivemos esta discussão. Será vantagem nossa?