A Copa do Mundo terminou ontem e deixou, para os Europeus, uma frustração de não vencer um país da América do Sul. Mas há uma herança que a imprensa tem comentado de forma tímida: o escândalo de corrupção do Catar no parlamento europeu.
A polêmica envolve o pagamento dos estados de Marrocos e do Catar para políticos e funcionários públicos em troca de influência no Parlamento Europeu. O governo do Catar nega as alegações, mas os governos da Bélgica, Itália e Grécia confiscaram 1,5 milhão de euros, além de aparelhos eletrônicos, e acusaram algumas pessoas envolvidas. Entre estas pessoas, a vice-presidente do parlamento, a deputada grega Eva Kaili (foto), cujo pai foi preso. Suas contas, e dos familiares, estão congeladas.
Uma entidade sem fins lucrativos, de nome Fight Impunity, criada para lutar contra a impunidade por violações dos direitos humanos e crimes contra humanidade, também estaria envolvida.
O governo do Catar negou e acusou o Emirados Árabes Unidos de promover o escândalo, mas há um depoimento de um dos envolvidos que o dinheiro recebido teria como fonte funcionários do país sede da Copa, com a finalidade de influenciar decisões do Parlamento Europeu.
Após das primeiras notícias, o presidente do Parlamento, Roberta Metsola, de Malta, suspendeu os poderes de Kaili. Uma das suspeitas é um acordo de tráfego aéreo que permitiu que a Qatar Airways tivesse acesso ilimitado ao mercado europeu. Este acordo está provisoriamente suspenso. O acordo foi muito criticado pelas empresas aéreas europeias. Há também questões relacionadas com liberação de vistos de viagem para o Catar, que Kaili participou ativamente.
Há suspeitas que o diplomata-chefe da Comunidade Europeia, Josep Borrell, também estaria envolvido. Outro político, Margaritis Schinas, também grego, representou a Comunidade na cerimônia de abertura da Copa e elogiou a melhoria nas condições de trabalho no Catar. Por enquanto seu nome não é suspeito.
O Marrocos também estaria envolvido, através dos serviços de inteligência do país, que subornaram deputados europeus. A questão de interesse do país africano seria o Saara Ocidental, invadido e ocupado em 1975.
A atuação de lobistas em Bruxelas foram destaque nas notícias do Catargate.