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16 julho 2021

Mensuração do impacto econômico da Cannabis no Canadá


No The Walrus, o esforço que os canadenses fizeram para reconhecer o impacto da maconha na economia.  

Além de estabelecer protocolos semânticos, o StatCan enfrentou dois obstáculos centrais na determinação de como contar a maconha: quanto os canadenses usam? E quanto custa? Mas os economistas do StatCan queriam calcular esses números não apenas para o último trimestre de 2018, quando a maconha se tornou legal, mas para todos os anos desde 1961, que está tão atrás quanto as contas nacionais, pelo menos em sua forma atual. O raciocínio era que a maconha representa um aumento de cerca de US $ 6 bilhões por ano na atividade econômica. Sem considerar o ajuste, parece que o Canadá teve um 2018 extraordinariamente ótimo, uma ofensa contábil que os economistas do StatCan não puderam aceitar. 

Outros países não tiveram tais escrúpulos. Em 2014, depois que os países da União Europeia adicionaram drogas ilegais e trabalho sexual em suas contas, além de incorporar outras mudanças impostas pelas novas diretrizes internacionais, seus PIBs aumentaram, escreve Diane Coyle. O Reino Unido saltou cerca de 4%, a Espanha por 2,5%. Os da Finlândia e da Suécia provavelmente ganharam ainda mais, diz ela.

02 outubro 2014

Sexo, Drogas e Cabelos

A entidade que faz o cálculo das contas nacionais está considerando, pela primeira vez, a inclusão dos gastos com drogas ilegais e prostituição. O gráfico apresenta os valores e é possível perceber que os gastos com prostituição são quase do mesmo montante que se gasta com cabeleireiros.


A prostituição adicionou 5,65 bilhões de libras esterlinas na economia ou 22 bilhões de reais. Isto corresponde ao valor que a Telefonica ofereceu para adquirir a GVT.

Mas segundo o The Telegraph este número pode estar subestimado. Na prostituição, por exemplo, não está sendo considerados os trabalhadores masculinos, que representam 42% do total.

24 fevereiro 2014

Déficit em transações correntes

Mais um recorde negativo foi batido nas contas externas, em janeiro, com o déficit de US$ 11,59 bilhões em transações correntes, o cálculo mais amplo das trocas de bens e serviços do Brasil com suas dezenas de parceiros. O déficit de US$ 11,35 bilhões de janeiro do ano passado foi, em toda a série histórica, o número mais parecido com esse. Mas o resultado foi bem recebido no mercado financeiro, por ter sido ligeiramente melhor que as previsões correntes. Divulgado o número, o dólar caiu, como se o Banco Central (BC), responsável pelos cálculos do balanço de pagamentos, houvesse divulgado uma notícia positiva, justificando, portanto, algum otimismo em relação ao setor externo. Esquisitices à parte, os números principais continuam preocupantes para quem se preocupa com os fundamentos da economia e com as perspectivas de crescimento. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, evitou considerações mais comprometedoras. O Brasil, segundo ele, está em posição intermediária. Há economias com cifras piores. É verdade, mas isso de nenhum modo torna a posição brasileira mais confortável.
O déficit acumulado em 12 meses ficou em US$ 81,61 bilhões, soma equivalente a 3,67% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado pelos técnicos do BC. Mais uma vez o investimento estrangeiro direto - US$ 65,44 bilhões acumulados no período - foi insuficiente para cobrir o buraco. Não faltou dinheiro de fonte externa para isso, mas a qualidade da cobertura continuou insatisfatória. Aplicações em papéis são em geral menos estáveis e menos seguras que o investimento direto.
Resultado ligeiramente pior havia ocorrido em outubro, com saldo negativo de US$ 82,22 bilhões (3,68% do PIB). Com pequenas oscilações, o buraco da conta corrente permaneceu acima de US$ 80 bilhões em 12 meses desde agosto do ano passado. Para este ano o BC projeta um déficit de US$ 78 bilhões, mas isso dependerá principalmente da melhora da balança comercial, isto é, de mercadorias. Pela projeção, o superávit nessa conta passará dos US$ 2,56 bilhões do ano passado para US$ 10 bilhões em 2014.
Não há sinal, por enquanto, de avanço nessa direção. A depreciação cambial em 2013 deveria ter barateado os produtos brasileiros e tornado a indústria nacional mais competitiva, mas o efeito foi frustrante. Talvez o câmbio produza resultado mais significativo neste ano, mas isso, por enquanto, é apenas uma esperança manifestada por empresários e analistas. Todos continuam, por enquanto, à espera de outros fatores potencialmente favoráveis ao comércio exterior brasileiro.
Até agora, o câmbio parece ter produzido algum efeito positivo na conta de serviços, com a redução de um de seus principais componentes - os gastos de brasileiros no exterior. Esses gastos somaram US$ 2,12 bilhões em janeiro, pouco abaixo do valor de um ano antes, de US$ 2,30 bilhões. Neste ano, a conta de serviços teve um déficit de US$ 3,36 bilhões, pouco inferior ao de janeiro de 2013, quando chegou a US$ 3,66 bilhões. Foi um ganho muito modesto.
A presidente Dilma Rousseff e seus auxiliares normalmente se mostram pouco ou nada preocupados com o déficit em conta corrente. Quando se menciona o assunto, costumam lembrar as reservas cambiais superiores a US$ 370 bilhões, suficientes para cobrir um ano e meio de importações como as de janeiro deste ano. O volume de reservas é de fato um importante fator de segurança, mas dólares tendem a evaporar-se com espantosa rapidez quando as apostas no mercado se voltam contra um país. Além disso, a qualidade da cobertura do déficit em conta corrente tem-se deteriorado, porque o investimento estrangeiro direto tem sido insuficiente para isso.
A piora do saldo em transações correntes tem sido causada, já há alguns anos, pela redução do superávit na conta de mercadorias. Normalmente deficitário nas contas de serviços e de rendas, o Brasil precisa de um grande saldo positivo no comércio de bens para manter uma razoável segurança no setor externo. Isso depende, agora, principalmente de um melhor desempenho comercial da indústria. Não há indício, por enquanto, dessa melhora.
Fonte: aqui

13 dezembro 2012

Exportações fictícias


As exportações de três plataformas de petróleo estão ajudando a dar fôlego extra para a balança comercial. As operações representaram vendas externas de quase US$ 1,5 bilhão, mas, na prática, são apenas contábeis, porque as plataformas nunca deixaram o Brasil.
As plataformas de petróleo são adquiridas de fornecedores brasileiros pela subsidiária da Petrobrás na Holanda e depois internalizadas novamente no País como se estivessem sendo "alugadas" através do regime aduaneiro especial Repetro.
As operações são legais e obedecem a uma instrução normativa da Receita Federal. No jargão técnico, são exportações "fictas", que ocorrem apenas contabilmente. O objetivo é economizar no pagamento de impostos.
O Repetro permite que as petroleiras importem determinados bens livres de tributos por um determinado período de tempo. Ao utilizar o Repetro em vez de adquirir diretamente no Brasil, a Petrobrás economiza o pagamento de PIS, Cofins e IPI sobre as plataformas.
De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, foram exportadas plataformas nos meses de fevereiro, (US$ 405 milhões), outubro (US$ 382 milhões) e novembro (US$ 670 milhões). O valor total envolvido é de US$ 1,456 bilhão.
Não é a primeira vez que isso ocorre. No ano passado, também foram exportadas três plataformas de petróleo, que somaram US$ 1,043 bilhão. Em 2008, outras três entraram nas estatísticas por US$ 1,485 bilhão. Em 2009 e em 2010, não houve exportações desse tipo.
Por meio de nota, a Petrobrás diz que a exportação de plataformas para sua subsidiária na Holanda é "procedimento de rotina e uma condição para a aplicação do Repetro". A estatal diz que os valores "estão de acordo com os praticados pelo mercado".
O problema é que essas operações inflam o saldo da balança. As plataformas de petróleo são registradas como exportações, mas, como voltam ao País como "admissão temporária de bens", não aparecem nas estatísticas de importação.
Até a terceira semana de novembro, o País registrou superávit de US$ 17,31 bilhões, queda de 35,2% em relação ao mesmo período em 2011. Sem as plataformas de petróleo, esse valor cairia para US$ 15,85 bilhões. Se também for descontado o atraso no registro de importações de petróleo, o superávit ficaria em apenas US$ 9,85 bilhões.

08 novembro 2012

Gasto Público


Este texto  trata do gasto público brasileiro em comparação com 189 países. A autoria é do economista e consultor legislativo do senado Marcos José Mendes:


O presente artigo mostra  que, em comparação internacional, o gasto público 
brasileiro é elevado.


[...]O consumo final  do governo (G) representa os serviços individuais e coletivos 
prestados de forma gratuita (ou parcialmente gratuita) pelas três esferas de governo. Ele 
é medido pela remuneração dos servidores públicos, mais o consumo final  de bens e 
serviços pelo governo (por exemplo, o pagamento a um hospital privado que presta 
serviços ao SUS, o giz para sala de aula ou os canapés de uma recepção oficial), e pela 
depreciação do capital fixo do governo.

É importante observar que esse conceito não inclui as despesas de transferências 
(juros, aposentadorias e pensões, seguro-desemprego, bolsa-família).  Logo, ficam 
afastados dois argumentos usuais: os de que nosso governo gasta muito porque paga 
muito juro, ou de que gasta muito porque investe em política social (o “grosso” da 
política social, que é a previdência e assistência, está fora da conta de “G”). Veremos 
que, mesmo desconsiderando esses itens, o Brasil tem gasto elevado para o padrão 
internacional. 

Também não estão incluídas as empresas estatais (de economia mista ou 100% 
públicas). Somente as empresas dependentes de verbas dos tesouros federal, estadual e 
municipal são consideradas.

A variável  “G” restringe-se ao gasto corrente, não incluindo o investimento 
público. É, portanto,  grosso modo,  a despesa corrente de manutenção da máquina 
pública (salários mais consumo final de bens e serviços). 

A medida aqui utilizada é  o consumo do governo como proporção da absorção 
interna. A absorção interna é a soma de “G” com o consumo das famílias (C) e o 
investimento (I). Quanto maior a proporção G/(C+I+G), maior a preferência do país por 
consumo do governo em relação às opções de consumo privado ou investimento.


O Brasil fica em 61º lugar, em uma lista de 189 países, com um consumo do 
governo equivalendo a 19% da absorção interna; um pouco acima da média (17,9%) e 
da mediana (16,2%). A princípio, nada muito fora do padrão.
Porém, quando analisamos quais são os 60 países que estão  à  nossa frente, 
percebemos que há algo de errado com o Brasil. 

[..]

Somente dois países, entre os 61 com maior relação G/C+I+G, não se enquadram 
em nenhuma das características acima: Brasil e Suécia! E bem sabemos que não somos 
nenhuma Suécia, no que diz respeito à qualidade dos serviços públicos.  Ademais, a 
Suécia vem empreendendo, nos últimos anos, grande esforço para reduzir o tamanho de 
seu governo.

A tabela  a seguir mostra a situação do Brasil  e a de países com os quais 
normalmente nos comparamos. Os demais BRICs, que nos superam, estão encaixados em algumas características descritas acima. A diferença do Brasil para a média do grupo 
mostrado na tabela é de 4,7 pontos percentuais.