08 novembro 2024
04 setembro 2024
A Crise Invisível: A Escassez de Contadores e os Desafios para o Futuro da Profissão
Provavelmente, o leitor já ouviu alguém dizer que a palavra "crise" não combina com o trabalho do contador. Ou seja, trata-se de uma profissão que, supostamente, está imune aos altos e baixos do mercado. No passado, este blog fazia um acompanhamento mensal do mercado de trabalho no Brasil e mostrava que, sim, existia crise de emprego na contabilidade. (Deixamos de fazer esse acompanhamento tanto pelo extenso trabalho que demandava quanto pela dificuldade de acesso a uma base de dados segmentada).
Parece que essa realidade também se aplica aos Estados Unidos. Na maior economia do mundo, a crise chegou à profissão contábil, mas não por razões como a substituição do trabalho pela Inteligência Artificial ou algo semelhante. Segundo um relatório da Business Insider (via aqui), há uma escassez de contadores. No período de 2021-22, o número de estudantes graduados foi de 47.067, uma redução de 8% em relação ao período anterior. O problema é que esse foi o sexto ano consecutivo de queda. No caso do mestrado, o número caiu para 18.238, também uma redução. (Veja gráfico)
Mas o diploma não é suficiente. É necessário passar por quatro exames profissionais (CPA), cada um com quatro horas de duração, dentro de um prazo de 18 meses, além de trabalhar por um ano com um CPA licenciado, antes de poder atuar no mercado de trabalho. A queda no número de novos profissionais é agravada pelo envelhecimento da força de trabalho: estima-se que 75% dos empregados na área atingiram a idade de aposentadoria em 2020.
Para tentar amenizar o problema, há uma proposta de reduzir a quantidade de educação necessária para se tornar um CPA e expandir os programas de mestrado. O grande desafio é que a remuneração média dos contadores, de 80 mil dólares, está abaixo da de profissionais equivalentes na área financeira.
A crise na profissão contábil parece ser então decorrente da queda no número de novos profissionais e do desafio de atrair jovens talentos para uma carreira que exige altos níveis de qualificação, mas oferece remunerações inferiores a outras áreas financeiras.
02 setembro 2024
Contabilidade não é mais legal
O texto é de Matt Levine, para Bloomberg:
Bem, eu acho que contabilidade é legal. A contabilidade, assim como o direito tributário ou o grego antigo, possui uma constelação de características agradáveis:
1. É um corpo de conhecimento detalhado e esotérico, então, se você tem uma mente voltada para detalhes e que gosta de curiosidades, pode apreciá-la, e se você se tornar bom nisso, as pessoas ficarão impressionadas com todas as coisas aleatórias que você conhece.
2. Mas não é aleatório. Apesar das complexidades, é um corpo de conhecimento fundamentalmente baseado em princípios: as regras se encaixam de uma maneira em grande parte sensata para alcançar alguns objetivos centrais. Na contabilidade, os objetivos básicos incluem apresentar de forma precisa e útil a posição financeira de uma empresa, refletir com precisão as mudanças nessa posição, etc.
3. É um corpo de conhecimento social: as regras contábeis são feitas por comitês com base em experiências humanas; elas não são fatos dados do mundo natural. Compreender as pessoas ajuda a entender a contabilidade, e vice-versa.
4. Se você entender profundamente os princípios e estudar todas as complexidades, pode encontrar pequenas falhas, pequenos lugares onde as regras reais podem ser usadas para realizar coisas que parecem contradizer os princípios fundamentais. No direito tributário, as falhas tendem a ter a forma de "fazer a renda desaparecer." Na contabilidade, as falhas tendem a ter a forma de "fazer a renda aparecer do nada." Encontrar essas falhas é um esforço intelectual satisfatório e uma maneira de demonstrar a si mesmo que você realmente dominou tanto os princípios quanto os detalhes.
5. Além disso, se você for bom em encontrar essas falhas, pode transformá-las em muito dinheiro. (Isso não funciona com o grego antigo.)
Isso parece atraente para você? Provavelmente a maioria de vocês está dizendo "o quê, não," e uma minoria considerável está pensando "sim, isso parece legal, é basicamente o que eu faço no meu trabalho como [estruturador de derivativos][investidor em crédito em dificuldades][engenheiro de software][fundador de fintech][fraudador financeiro], embora eu provavelmente ganhe mais do que os contadores," e alguns de vocês estão pensando "sou contador e isso não soa muito como o meu trabalho diário," e então um de vocês vai me enviar um e-mail dizendo "sou contador em um escritório nacional da Big Four e obrigado por apreciar minha arte."
Mas muitos jovens de 18 anos vão começar a faculdade em breve, e todos eles acham que contabilidade é chata, então há uma grande escassez de contadores.
26 junho 2024
Rir é o melhor remédio
10 elogios divertidos para contadores
1. "Você faz parecer que equilibrar minhas contas é mais fácil do que equilibrar em uma corda bamba!"
2. "Você tem o toque mágico—transformando formulários de impostos em reembolsos!"
3. "Você é melhor do que minha calculadora favorita!"
4. "Se contabilidade fosse um esporte olímpico, você seria medalhista de ouro!"
5. "Você é o maestro da gestão financeira!"
6. "Você transforma meus medos financeiros em fortunas fiscais!"
7. "Se minhas finanças fossem um quebra-cabeça, você seria quem juntaria todas as peças!"
8. "Você é o GPS que me guia pela selva dos impostos!"
9. "Você faz do meu balanço patrimonial uma obra de arte!"
10. "Você transforma minhas declarações de impostos, de monstros assustadores em rostos amigáveis!"
22 setembro 2023
Feliz celebração da contabilidade
Achei curioso ver o currículo da época. A norma estabelecia que o curso teria a duração de quatro anos, começando com análise matemática, estatística geral e aplicada, contabilidade geral, ciência da administração e economia política; seguindo no segundo ano para matemática financeira, ciência das finanças, estatística matemática e demográfica, organização e contabilidade industrial e agrícola e instituição de direito público; o terceiro período vinha com matemática atuarial, organização e contabilidade bancária, finanças das empresas, técnica comercial e instituições de direito civil e comercial; para, por fim, no último ano, trazer organização e contabilidade de seguros, contabilidade pública, revisões e perícia contábil, instituições de direito social, legislação tributária e fiscal e prática de processo civil e comercial.
Em tempo, a gente já fez algumas postagens bem legais sobre o tema, que merecem recapitulação, como por exemplo:
- Um trecho de um texto interessante do Alexandre Alcântara sobre o fato de existirem duas datas que celebram o contador no Brasil: 25 de abril comemora o dia do contabilista (inclui tanto o bacharel quanto o técnico) em homenagem ao senador João Lyra, que em 1926, nesta data, discursou enaltecendo a classe; e 22 de setembro, dia de São Mateus, um dos apóstolos de Jesus que coletava impostos para o governo romano.
- O registro histórico do real dia do contador: aqui; que na verdade foi instituído em 1939, na primeira conferência internacional de contabilidade.
- Algumas tiradas de humor: aqui. Relembrando que: o contador não é vidente, nem inventa impostos ou ganha comissão do governo pelos tributos que os clientes pagam;
- Por fim destaco aqui a publicação do ano passado, em que se comenta sobre uma publicação do Conselho Federal de Contabilidade em que destacaram a criação do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade (CBPS).
02 fevereiro 2023
Não recomendo ser um contador pois ...
Qual trabalho é realmente ruim? A pergunta, feita para leitores de um site, pediu aos leitores informaram, com detalhes, as razões que não recomendam sua profissão para outras pessoas. Contava a honestidade aqui. Entre as várias respostas, eis uma que interessa:
É mentalmente cansativo. As pessoas são [***] sensíveis e esquisitas quando se trata de dinheiro. Tenho de pedir informações bastante padronizadas, o que faz com que alguns clientes fiquem muito defensivos. Não estou a questionar a qualidade do vosso trabalho, calma.
As pessoas também não compreendem a importância de pequenas coisas como guardar recibos/faturas. É raro encontrar empresários que estejam organizados e que saibam alguma coisa sobre contabilidade.
Eu ajudei no trabalho de retaguarda de fazer declarações de impostos e surpreende-me que haja pessoas que fazem impostos há mais de 20 anos e, no entanto, ainda temos que pedir a mesma informação todos os anos. Eu sou o tipo de pessoa que depois de 2-3 tentativas, simplesmente [***].
Também é engraçado como há o ditado "se não queres lidar com as pessoas, seja um contabilista"! Grande não. Não só se tem de obter informação das pessoas, como se fala de dinheiro com elas e, como disse antes, é sempre uma questão sensível.
Naturalmente é uma visão pessoal, de uma outra cultura. Mas acho que faz muito sentido.
Foto: Scott Graham
04 janeiro 2023
06 dezembro 2022
Propaganda no setor contábil: Ministério da Economia manda rever o Código de Ética do Contador
O setor contábil, assim como tantas outras áreas, vêm se adaptando aos novos tempos. No entanto, algumas transformações ainda enfrentam barreiras significativas, como é o caso das restrições na publicidade da prestação de serviços contábeis, que impactam de forma negativa o segmento. A partir deste cenário, o Ministério da Economia, por meio da Frente Intensiva de Avaliação Regulatória e Concorrencial (Fiarc), emitiu parecer bandeira vermelha para a Norma Brasileira de Contabilidade (NBC PG nº1/2019), editada pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), por apresentar caráter anticompetitivo.
A decisão favorável recomendando a revisão da NBC foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) na segunda-feira, dia 21 de novembro. Normalmente, as manifestações técnicas da Fiarc apresentam conclusões graduadas em três conceitos, de acordo com o próprio órgão: bandeira vermelha, para atos normativos com caráter anticompetitivos, quando são verificados fortes indícios de presença de abuso regulatório que acarretem distorção concorrencial; bandeira amarela, para aqueles atos normativos com pontos suscetíveis a aperfeiçoamentos; e, por fim, a bandeira verde, quando não são verificados pontos de melhoramento.
Com esse relatório, a Fiarc recomenda ao CFC a reabertura do debate junto ao ecossistema do setor para revisar o Código de Ética do Contador, mais especificamente os artigos 11, 12 e 15 da NBC. Inclusive, indica a participação do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), já que foram verificados indícios da presença de abuso regulatório, o que ocasionaria distorção concorrencial. Segundo a conclusão do documento, há necessidade de se modificar, uma vez mais, o Código de Ética do Contador, ou mesmo suprimir os artigos citados, por acarretarem restrições à publicidade pelo emprego de requisitos de conceituação ambígua, o que prejudicaria a concorrência e traria desincentivos à eficiência econômica.
“Essas restrições promovidas pelos conselhos profissionais, como o CFC, geram distorções concorrenciais, o que reduz a capacidade das empresas do setor de contabilidade de competir por meio da publicidade de seus bens ou serviços. Tal restrição cria barreiras à entrada e prejudica especialmente o desenvolvimento das empresas que propõem modelos de negócios inovadores nesse setor, o que priva o mercado de soluções mais eficientes e de menor custo”, comenta o advogado empresarial Luciano Benetti Timm, professor de direito econômico da FGV-SP. “Além disso, como mencionado pela Fiarc, são dispositivos com conceitos dúbios, que afetam a evolução do setor e desencadeiam sérios impactos à atividade econômica. Quem paga a conta do corporativismo do CFC são os consumidores de serviços contábeis”.
O parecer técnico da Fiarc faz referência aos estudos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre o mercado de serviços brasileiros — conhecido a partir do emprego do Product Market Regulation (PMR), que afere barreiras regulatórias à concorrência, sendo apurado a cada quinquênio. A experiência internacional indica a tendência de flexibilização às restrições à publicidade dentro do segmento contábil de uma maneira global e o Brasil está na contramão deste movimento, já que figura como um dos cinco países mais restritivos em relação aos serviços advocatícios, contábeis e de intermediação imobiliária, de modo a ficar na 44ª posição, dentre 48 países, em 2018.
Conforme o advogado Luiz Felipe Ramos, especialista em questões de direito concorrencial e antitruste, embora se trate de recomendação, há um posicionamento firme — e público — a respeito do caráter anticompetitivo das normas atuais. “Isso deve ensejar a revisão das normas pelo CFC e induzir a uma maior parcimônia na aplicação de normas que afetem a concorrência”, analisa o sócio da Advocacia Del Chiaro. Ramos aponta também que o parecer técnico destaca a caracterização da contabilidade online como forma de prestação de serviços de contabilidade, ou seja, serviços de gestão financeira, fiscal e contábil, na qual os processos e documentos são tramitados e organizados em uma plataforma automatizada disponibilizada por meio da internet, de modo a dispensar a necessidade de um escritório físico.
“O resultado reforça a importância da profissão contábil, com o número de firmas por todo o Brasil e a quantidade de empregos disponíveis nesta área. Neste sentido, reconhece que o mercado de trabalho para a contabilidade passa por grandes transformações, tendo como alguns dos principais fatores o alinhamento aos padrões internacionais e o grande avanço na utilização de tecnologias”, enfatiza Ramos. “Hoje, as restrições impostas nos artigos 11, 12 e 15 da NBC geram mais ônus do que benefícios aos consumidores, que possuem direito ao acesso à informação. O resultado vem contribuir para a implantação de melhores práticas competitivas no país, sendo condizente com um ambiente livre para escolhas.”
Fonte: aqui
18 outubro 2022
22 motivos para ser um contador
2. Você aprenderá a linguagem do dinheiro.
3. Você pode ser autônomo.
4. Você pode ter sua própria empresa de contabilidade.
5. Existe um excelente potencial de ganho.
6. Você irá adquirir um conjunto fundamental de habilidades que o configurarão para ser uma boa pessoa de negócios. 7. Você será conhecido como a pessoa que ajuda a empresa a tomar melhores decisões.
8. Você não precisa ser brilhante em matemática.
9. Você não precisa de um diploma. => isto não é totalmente válido para o Brasil. Talvez: você consegue um diploma facilmente
10. Você pode trabalhar remotamente em casa ou como um nômade digital.
11. Você poderá conseguir um emprego em outro país, se quiser morar e trabalhar no exterior.
12. Você pode se especializar em uma área específica, se quiser, como impostos ou um setor específico.
13. Sempre haverá trabalho para você, e suas habilidades sempre serão procuradas.
14. É um trabalho em que você ajudará as pessoas e pode ser visto como o especialista.
15. Você será valioso se quiser ser voluntário em instituições de caridade ou empresas sociais.
16. Existem muitas oportunidades de desenvolvimento e promoção.
17. Você pode ter exposição a todos os departamentos do negócio e a todos os níveis de pessoas com quem trabalha.
18. Isso vai fazer você feliz! Em geral, os contadores relatam sentimentos de alta satisfação no trabalho.
19. Você nunca ficará entediado, com as coisas mudando constantemente e com tantas avenidas que poderá seguir.
20. Suas habilidades sociais, como comunicação, atenção aos detalhes, solução de problemas e gerenciamento de tempo, melhorarão.
21. Há um caminho educacional claro para você seguir se quiser continuar suas qualificações.
22. Você pode trabalhar com equipes brilhantes de pessoas ou, se preferir, por conta própria.
23. Você sentirá um senso de propósito no seu trabalho.
23. Você sentirá um verdadeiro senso de propósito em seu trabalho.
Foto: Scott Graham
01 setembro 2022
Trabalho contábil é miserável
Um artigo analisou o trabalho contábil tem sido popularizado como miserável. Anteriormente, neste blog, lembramos de uma cena do Monty Phyton que reflete este estereótipo.
Na prática, realmente o trabalho contábil é sedentário, repetitivo, centrado em regras e rígido. Ou seja, isto corresponde a ideia popular da contabilidade. Mas tudo leva a crer que o trabalho não é "miserável", mas dentro da média de outros trabalhos. Pessoas mais preparadas para tolerar trabalhos com estas características - como o fato de ser repetitivo - pode sair melhor, afirma uma pesquisa.
Eis o resumo:
Popular culture portrays accounting as a miserable job. Accounting research evaluating the boring “beancounter stereotype” argues that it is wrong and costly because it reduces the appeal of accounting to high quality students and exacts a psychological toll on accountants who are thus stereotyped. In this study, we empirically test the basic question: is accounting a miserable job? We use data from a variety of sources that enable us to measure workplace misery and model it as a function of work tasks and personal characteristics of workers across occupations. We find that accounting work is particularly sedentary, rigid, repetitive, constrained, and rules-centric; characteristics that are consistent with the accounting stereotype and that prior work outside of accounting has shown are associated with workplace misery. However, we find that accounting is not a miserable job. In univariate and multivariate tests, we find that accounting has misery values that are either near the average or are better than average for comparison jobs. This apparent paradox could be a positive consequence of accounting stereotypes, which may facilitate the matching of potentially miserable work with people who are most prepared to tolerate it. Indeed, we present longitudinal evidence suggesting that accounting attracts people with personalities suited to repetitive and rules-centric work and who have psychosocial histories that make them robust to stress. Workplace misery is costly to workers, employers, and society and accounting stereotypes have value if they facilitate informed career selection.
(Fato interessante: a citação inicial é de John Cleese, do Monthy Phyton:)
04 julho 2022
Contabilidade é um profissão de relatório?
A pergunta surge após a leitura do texto de Robin Hanson:
Neste post, quero explorar uma quarta história complementar, destinada a aplicar-se ao subconjunto de profissões que chamo de “profissões de relatório”, em que os trabalhadores produzem relatórios destinados a persuadir o público. Por exemplo, os investidores contam com auditorias de contadores para julgar a saúde financeira das empresas. Engenheiros e planejadores criam projetos e planos sugerindo aos possíveis patrocinadores para que as coisas possam ser feitas ou construídas com métodos específicos e dentro de determinados orçamentos de tempo e custo. Os diagnósticos dos médicos convencem as seguradoras a cobrir os tratamentos para doenças reivindicadas. E as notas que os professores atribuem aos alunos podem convencer os empregadores a contratá-los. Além disso, esses relatórios não são incidentais; induzi-los é frequentemente a principal razão pela qual os clientes contratam esses profissionais.
Em todos esses casos, o ideal são os públicos persuadidos por relatórios que eles acreditam ter sido produzidos de acordo com normas profissionais, com trabalhadores resistindo às pressões de chefes ou clientes para fornecer relatórios mais favoráveis. Ou seja, o público precisa acreditar que o contador não obedecerá a um chefe que os instrua a dizer que sua empresa falida está cheia de dinheiro e a acreditar que um professor não dará um A + a um aluno ruim, mas financeiramente generoso. Mas essa é realmente uma situação não trivial para produzir. Por que exatamente um contador não obedeceria a um chefe que tentava fazer sua empresa parecer o melhor possível? E por que um professor não daria a um aluno uma nota tão alta quanto ele ou ela pode pagar?
Manter esses contadores, professores, etc. na linha, ajuda se eles se identificarem com os altos ideais de sua profissão. Mas pode ajudar ainda mais a mostrar uma ameaça credível de que algum outro profissional do gênero possa revisar rapidamente seu relatório e declará-lo violar normas profissionais, levando à expulsão da profissão. E para tornar esse cenário crível, ajuda se essa profissão se coordena para treinar seus membros de capacidade semelhante da mesma forma, a usar procedimentos de geração de relatórios relativamente padrão, estáveis, mecânicos e sem contexto. Sem esses procedimentos, é difícil ver como uma revisão rápida pode mostrar violações. Além disso, ajuda se existem maneiras de induzir profissionais independentes a verificar relatórios suspeitos e depois punir os infratores encontrados.
Ou seja, os profissionais do relatório precisam coordenar para criar e aplicar uma “marca” distinta de suporte a relatórios. Sem essa coordenação, seu produto é inútil. É por isso que eles pressionam para organizar e obter poderes regulatórios e por que o resto de nós concede seus pedidos.
(Grifo meu). Parece que a resposta é um sim. Foto: Bernd Klutsch
03 fevereiro 2022
Crime precisa ter um bom contador?
Usando dados da máfia italiana, a resposta é SIM. Eis o abstract:
We investigate if organized crime groups (OCG) are able to hire good accountants. We use data about criminal records to identify Italian accountants with connections to OCG. While the work accountants do for the OCG ecosystem is not observable, we can determine if OCG hire “good” accountants by assessing the overall quality of their work as external monitors of legal businesses. We find that firms serviced by accountants with OCG connections have higher quality audited financial statements compared to a control group of firms serviced by accountants with no OCG connections. The findings provide evidence OCG are able to hire good accountants, despite the downside risk of OCG associations. Results are robust to controls for self-selection, for other determinants of auditor expertise, direct connections of directors and shareholders to OCG, and corporate governance mechanisms that might influence auditor choice and audit quality.
01 janeiro 2022
Poeta da Fortuna Alheia
De tanto ler sobre o assunto, passamos sem perceber por textos interessantes. Mas nem sempre. Lendo no Correio de Juazeiro, ed. 14 de 1949, de 17 de abril, p. 5, encontrei em um texto de Esc. Geraldo Barbosa, intitulado Contabilidade-Fatôr Social (grafia da época) o seguinte:
Estendendo a vastidão do seus dominios a Contabilidade vai atingir até a Psicologia, além de outras matérias importantes como é a Técnica Comercial e que todas as Escolas Superiôres dos Estados Unidos mantêm cadeiras. (grafia da época)
Veja que antecipa o estudo da psicologia e de outros assuntos na contabilidade. Mas o que achei interessante, e dá origem a postagem, foi o seguinte trecho, onde o autor lamenta os salários do profissional:
"é de lamentar a condição do "poéta da fortuna alheia", no dizer de Galeão Coutinho. Mal remunerado, o guarda-livros, contadôr ou contabilista, ganhando o suficiente para "vegetar"
Chama a atenção o termo. Realmente, muitas vezes somos "poeta da fortuna alheia".
P.S. Primeira postagem de 2022. Que seja a primeira de centenas.
01 novembro 2021
Contadores: Adaptação, não substituição
Quaisquer que sejam seus medos, o avanço perpétuo da tecnologia não substituirá os contadores - mas exigirá que eles mudem significativamente, de acordo com Jason Marx, presidente e CEO da Wolters Kluwer Tax & Accounting.
"Os contadores precisam pensar muito mais em adaptação do que em substituição", disse Marx aos participantes na conferência anual de usuários da empresa, realizada esta semana em Austin, Texas. “A tecnologia melhora a eficiência, removendo etapas manuais e reduzindo o erro humano. Ele impulsiona o processamento direto, em vez de substituir os contadores, e os libera para se concentrarem no trabalho mais estratégico que exige criatividade, colaboração e imaginação."
Isso, claro, só é verdade se eles tirarem proveito das ferramentas em questão: Marx contrastou uma pesquisa de Robert Half de 2019, na qual os contadores relataram esmagadoramente estar preocupados com o potencial de tecnologia, com um estudo de Wolters Kluwer, de 2021, que mostrou que apenas 7% das pequenas empresas — e apenas 2% surpreendentes das grandes empresas — acreditam que eles estão maximizando o uso da tecnologia.
Ele acredita que os profissionais tributários e contábeis estão mais do que prontos para o desafio. "Você faz parte de uma profissão que provou sua coragem, determinação e resiliência repetidamente", disse ele aos participantes da conferência. “Você serviu como heróis calmos nos bastidores para manter as empresas funcionando durante tempos muito, muito difíceis. Você está equilibrando as implicações de novas regulamentações tributárias, acelerando as tendências do mercado para tecnologia e mobilidade, uma verdadeira guerra por talentos e demandas urgentes de clientes o tempo todo."
Para ajudá-los a entender e enfrentar todos esses desafios, ele explicou cinco grandes tendências de mercado que estão moldando a contabilidade e que precisam ter em mente à medida que avançam.
1. A mudança para a nuvem - "A pandemia serviu como catalisador para estabelecer o valor e a flexibilidade do software em nuvem", disse Marx. "Isso trouxe fatores como alta disponibilidade, custos mais baixos para recuperação de desastres, continuidade de negócios, gerenciamento remoto da força de trabalho e agilidade dos negócios", e a mudança só está se acelerando.
2. A mudança para o trabalho remoto - Embora esse movimento esteja gerando uma necessidade de colaboração e eficiência mais rigorosas na experiência do cliente, seu impacto está realmente sendo sentido internamente. "A experiência da equipe se tornou muito mais relevante, com os crescentes impactos da guerra para os principais talentos, que certamente foram agravados pela pandemia", explicou Marx.
3. Os crescentes requisitos para troca e relatórios de dados em tempo real - "Isso está sendo impulsionado pela captura automatizada de dados de origem por relatórios regulatórios que exigem dados consistentes e pela crescente importância das APIs que permitem às empresas tratar plataformas como nosso próprio CCH Axcess como um hub central", segundo Marx.
4. Tecnologia emergente que permite um trabalho de maior valor - Ao reduzir a entrada manual de dados e melhorar a precisão, ferramentas tecnológicas emergentes e avançadas - e pelo menos 90% das empresas esperam que essas ferramentas os ajudem a obter melhores resultados na próxima temporada de impostos, de acordo com uma pesquisa de 2021 da Wolters Kluwer citada por Marx. “Quarenta por cento de todas as empresas disseram que eram inovadoras ou adotantes iniciais de tecnologia e 54% das grandes empresas, e todas elas relataram níveis mais altos de confiança e melhores resultados do que as empresas que se rotulam como mais lentas para adotar."
5. Mudança legislativa e regulatória - O volume, a velocidade e a intensidade das mudanças legislativas e regulamentares estão ficando esmagadores. “Não há dúvida de que o ritmo da regulamentação mudou nos últimos anos - bem, você sabe disso; você vive isso. É praticamente ininterrupto, e não vemos isso mudando ", disse Marx. “Muitos de vocês se perguntam se algum dia veremos um retorno a uma temporada normal de impostos, mas planejar a temporada de impostos está se tornando mais complicado por mudanças tardias no preenchimento de prazos e formulários."
Fonte: aqui
16 junho 2021
Rir é o melhor remédio
26 março 2021
Rir é o melhor remédio
"Dia após dia, o seu contador pode ganhar ou perder mais dinheiro do que qualquer pessoa em sua vida, com a possível exceção de seus filhos."
- Harvey Mackay via aqui21 novembro 2020
Trabalho em extinção
Regularmente aparece alguém fazendo previsões sobre as profissões em risco de serem extintas. Agora, mais uma lista da GlassDoor (?), publicada na Epoca Negócios:
Já sabemos que a pandemia afetou profundamente a forma que o mercado de trabalho está organizado. Mas, para algumas profissões, esses impactos podem ser ainda mais devastadores. É isso que mostra o relatório Workplace Trends 2021, publicado pela consultoria GlassDoor.
A empresa, especializada em recrutamento e seleção, analisou as informações disponibilizadas por empresas em milhões de vagas de emprego publicadas em sua plataforma. Com base nesses dados, foi possível identificar três tendências que irão tomar conta do mercado nos próximos anos. Além disso, a consultoria também elencou as 20 profissões que mais foram impactadas pela crise sanitária.
Os escritórios nunca mais serão os mesmos
A primeira tendência identificada pela Glassdoor foi a mudança na estrutura de trabalho nos escritórios tradicionais. A pandemia deu força ao movimento de transição das infraestruturas físicas para o home office. Durante o periodo, 4 em cada 10 trabalhadores norte-americanos desempenharam suas atividades remotamente. Ao mesmo tempo que isso traz vantagens, também pode apresentar problemas para as operações das empresas.
De acordo com a consultoria, equipes que funcionem em sistemas híbridos, onde alguns funcionários ainda trabalham presencialmente, apresentam melhores resultados.
Apesar do corte de custos e maior flexibilidade, o home office tende a minar a espontaneidade e produtividades de algumas equipes. Entre os principais motivos para isso está a dificuldade que o modelo apresenta na hora da criação de vínculos profissionais, essenciais para a criação de uma sinergia entre os colaboradores.
A expectativa é que, em 2021, o mercado experimente uma onda de inovação em modelos híbridos de trabalho. Com as empresas testando cada vez mais modelos para encontrar aquele que melhor atende suas necessidades. A diversidade irá ganhar cada vez mais importância Os colaboradores querem mais do que apenas promessas de mais diversidade dentro das empresas. Eles querem ação.
Movimentos como o Black Lives Matter lançaram uma nova luz à questões relativas a desigualdade racial em 2020, e os negócios estão sendo cada vez mais pressionados a apresentarem resultados tangíveis. Essa é uma tendência que tende a ganhar força com o decorrer da retomada econômica nas principais economias do mundo.
Mais do que demandas internas, o grande público também está mais atento à essas questões. Relatórios de resultados que indiquem uma evolução no assunto, com a adoção de políticas corporativas e incentivos, tendem a ser bem vistos pela comunidade.
A forma que encaramos nossos salários irá mudar
Com a popularização do home office, novas oportunidades são apresentadas para os profissionais. Uma delas é a de se mudar para outra cidade enquanto mantém o mesmo emprego.
Isso é especialmente atrativo para trabalhadores do setor de tecnologia, que agora encaram a possibilidade de fugir dos metros quadrados caros dos grandes polos de inovação, como São Francisco e Nova York.
Isso cria um movimento de mudança no que diz respeito ao valor das remunerações. A possibilidade de economizar mais também abre espaço para que os salários abaixem, mas o movimento contrário também pode acontecer. Conforme o mercado fica cada vez mais competitivo, a remuneração pode ser um fator decisório para que as empresas consigam reter talentos.
O relatório também chama a atenção para as confraternizações e eventos. Apesar deles terem sido suspensos durante a pandemia, a expectativa dos colaboradores é que retornem com o fim da crise sanitária.
Até mesmo as melhores culturas corporativas precisarão se adaptar
Com o trabalho menos centralizado nos escritórios, as culturas corporativas precisarão mudar para conseguir estimular e engajar pessoas.
Tudo deve começar no design de suas sedes. As empresas precisam pensar em como os colaboradores vão se relacionar com esses ambientes, garantindo que sejam locais de conforto e produtividade.
Aqueles que trabalham remotamente também podem sentir dificuldade em criar vínculos com a empresa. É normal que a sensação de que está trabalhando “separado de sua equipe” apareça. De acordo com a Glassdoor, empresas que querem prosperar em 2021 precisam encarar os sentimentos de seus colaboradores como business intelligence.
Alguns setores não se recuperarão
O choque econômico que a pandemia trouxe será sentido por muito tempo. Muitos empregos que foram perdidos não retornarão tão cedo. O relatório da GlassDoor mostra impactos devastadores, principalmente em trabalho que não exigem muita capacitação do profissionais, aqueles do setor de educação, funções administrativas e de vendas. De acordo com a consultoria, essas são áreas que não devem se recuperar tão cedo. E, mesmo após a recuperação econômica, ainda irão ser mercados menores do que eram antes da pandemia.
Confira os 20 empregos mais afetados. 1. Audiologista 2. Coordenador de eventos 3. Demonstrador de produtos 4. Oculista 5. Chefe de cozinha 6. Executivo assistente 7. Consultora de beleza 8. Vallet 9. Estilista 10. Coach 11. Embaixador de marca 12. Tosador de animais 13. Fisioterapeuta 14. Estagiário 15. Professor 16. Gerente de Recursos Humanos 17. Analista de Contas a Pagar 18. Recepcionista 19. Instrutor 20. Gerente de Vendas 21. Contador 22. Executivo de contas
Imagem: aqui