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15 dezembro 2021

Contágio de desonestidade?

Parece que sim. Uma pesquisa (via aqui) mostrou que quando surge notícia de algum escândalo de corrupção, as pessoas ficam mais desonestas:



Los resultados muestran que en los días siguientes a la noticia de un escándalo de corrupción, los clientes que viven en el municipio del escándalo tienen 2,3 puntos porcentuales más de probabilidad de no declarar que los compradores que viven en los otros municipios. Dado que, por término medio, el 14% de los compradores no declaran, esto implica un aumento del 16% en la probabilidad de no declarar.

Em outras palavras:

Las pruebas presentadas anteriormente demuestran que la corrupción no solo genera costes económicos al malgastar los recursos públicos, sino que también tiene efectos negativos mucho más amplios en la sociedad. Entre ellos, la erosión de la confianza en los demás y la reducción del estigma que conlleva el comportamiento antisocial.

11 maio 2020

Socialmente contagioso


O assédio sexual é contagioso. Sabemos disso pelos estudos do movimento #MeToo. O assédio moral é contagioso. Isso foi mostrado experimentalmente. A tendência a se tornar obesa é contagiosa. Isso me surpreendeu. Quando os militares mandavam uma família para um novo posto, se fosse um município com uma taxa de obesidade 1% maior do que onde estavam, os membros adultos da família tinham 5% mais chances de se tornarem obesos no novo posto. É um efeito enorme.

Fumar é contagioso. Sabemos que o problema de beber tem um forte componente de contágio. Os calouros que recebem um colega de quarto que bebia mais no ensino médio têm muito mais  probabilidade de ter déficits significativos de notas no segundo ano, sem nenhuma outra diferença para atribuir isso.

O que surpreenderia a maioria das pessoas - mas não me surpreende de todo porque estou trabalhando nisso há tanto tempo - é que o que os outros gastam molda o que gastamos.


Em entrevista de Robert Franck sobre seu novo livro. Neste ponto, Franck cita o caso dos casamentos. Tenho observado isto: nos últimos anos, cada casamento possui "invenções" que serão copiadas nos próximos. Isto inclui os músicos, o local da cerimônia, a produção, a presença de um fotógrafo exclusivo para registrar os noivos com cada convidado,

É algo que as pessoas fazem porque outras estão fazendo.

29 junho 2017

Popular e a rede de proteção de bancos na Europa

Os detalhes da quebra do Banco Popular parece indicar que o sistema bancário da Europa não possui uma rede de proteção eficaz. Pelo menos é o que permite concluir a partir da informação do site Wolfstreet.

As informações recentes mostram que o Banco Popular estava perdendo cerca de 2 bilhões de euros de depósitos por dia. E eram os investidores institucionais os principais responsáveis, como um fundo de segurança social espanhol, agências governamentais e outras entidades do setor público. Ou seja, o próprio governo contribuiu fortemente para a quebra do banco. E levanta uma suspeita de que o governo usou informação privilegiada para salvar seus recursos, acelerando o processo de quebra, enquanto o pequeno correntista perdeu. Ao mesmo tempo que os investidores institucionais faziam suas retiradas, o Ministro da Economia afirmava que não existia motivo de preocupação.

Mesmo depois que o Santander entrou no negócio, comprando o Popular por 1 euro, mas prometendo colocar algo em torno de 7 bilhões de euros na instituição, o volume de depósitos continuou a reduzir. Os recursos para cobrir os depósitos, na Espanha, estão limitados a 100 mil euros por pessoa. Mas o Fundo de Garantia de Depósitos da Espanha não tinha recursos para cobrir os prejuízos. Este é o ponto crucial que leva a suspeitar da proteção do sistema bancário espanhol: o FSB, um conselho de estabilidade financeira da Europa, não considerava que o Banco Popular seria “grande demais para quebrar”. Na realidade, somente o Santander estaria enquadrado nesta categoria. O Popular seria o sexto banco espanhol em porte e não seria socorrido. Tudo leva a crer que a opção de deixar falir poderia gerar um efeito sobre as demais instituições financeiras espanholas.

13 junho 2012

Contágio

BMG, Bonsucesso e Paraná Banco serão as instituições financeiras mais afetadas pela intervenção do Banco Central no Cruzeiro do Sul, de acordo com relatório da agência de classificação de risco Moody's. Segundo o documento, a intervenção do BC tem efeito negativo para bancos especializados, porque aumenta a aversão ao risco e prejudica o acesso a financiamento e a confiança do investidor no segmento em que atuam.

"Nós acreditamos que esse evento vai reduzir a disponibilidade (de crédito) e aumentar o custo de financiamento de bancos pequenos e médios, que precisam de confiança institucional e mercados interbancários", indica a Moody's. BMG, Bonsucesso e Paraná Banco, assim como instituições financeiras menores, vão ter mais dificuldade de financiar a originação de empréstimos ou de securitizar seus empréstimos a terceiros.

A intervenção no Cruzeiro do Sul deve ter pouco impacto no mercado financeiro brasileiro, visto que o banco detém somente 0,22% de todos os ativos no sistema bancário nacional (...) (Fonte: aqui)


A última frase contradiz o afirmado anteriormente. Há um risco de contágio e a mera participação do Cruzeiro do Sul no sistema financeiro não é uma medida confiável da influência sobre o mercado.

31 janeiro 2012

Mercado e Pesquisa na Internet

As pesquisas feitas na internet podem apresentar uma interessante e útil informação sobre o comportamento do mercado. Se analisarmos o número de vezes que as pessoas pesquisaram a palavra "Facebook" no Brasil, será notado o crescente interesse por este produto.

Recentemente um artigo publicado no prestigioso Journal of Finance mostrou que a quantidade de pesquisa por uma determinada empresa estava relacionada com o interesse dos investidores. E que este aumento de pesquisa pode anteceder o aumento nos preços em duas semanas.

No Estado de São Paulo de ontem (aqui e aqui) foi divulgado que a empresa de blog Tumblr estava impressionada com o interesse do brasileiro pelo produto. Ao se pesquisar o termo no Google Trends é possível perceber que o Brasil é a segunda região com maior frequencia de busca. Cinco, das dez cidades onde mais se pesquisam, são brasileiras e a língua portuguesa é a segunda em preferência.

O gráfico abaixo ilustra o resultado referente a pesquisa da palavra “Euro Crisis”. Observe que o público esteve muito interessado no assunto no final do ano passado, mas em seguida o número de pesquisas reduz.


No mesmo período, o comportamento do título italiano foi o seguinte:



Os dois gráficos apresentam uma visão muito próxima. O mais interessante é onde esta pesquisa está sendo feita. O Google fornece, além da série histórica de pesquisas, os locais de onde partiram esta pesquisa. Para a palavra Euro Crisis o resultado é o seguinte:



Cingapura é o país de onde partiram o maior número de interessados sobre o assunto. Depois Irlanda, um país europeu que sofre as consequências da crise, a Índia, a Holanda e o Reino Unido. A presença da Holanda e Reino Unido entre os primeiros são razoáveis. Mas Cingapura e Índia são realmente estranhos. Qual a razão disto?

Uma possível resposta pode estar nos dois gráficos abaixo. O primeiro é o comportamento da bolsa de Cingapura e o segundo da Índia.




Os dois mercados apresentaram uma queda em dezembro, justamente o período no qual a palavra “Euro Crisis” foi mais pesquisada. Isto talvez seja um sinal de que os investidores destes dois países perceberam a existência de um contágio no mercado em razão da crise do Euro.

No mesmo periodo o mercado dos Estados Unidos agiu de maneira normal. Observe novamente que as pesquisas sobre a crise do Euro colocam os Estados Unidos em nono lugar. Ou seja, sem contágio com a crise do Euro.

Isto mostra que as pesquisas realizadas no Google podem apontar realmente o interesse das pessoas sobre um determinado assunto. Mais, indicam interesses de grupos específicos (um país, por exemplo).

Leia mais em
Google Insights for Search and the contagion effect