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23 fevereiro 2024

Confiança alta nos cientistas

Uma pesquisa global envolvendo mais de 70.000 participantes, em 67 países, revela que as pessoas em todo o mundo geralmente confiam nos cientistas e desejam sua maior participação na formulação de políticas. Apesar da possível polarização causada pela pandemia de COVID-19, os níveis de confiança permanecem altos em diferentes grupos demográficos. 


O estudo, conduzido por pesquisadores de todo o mundo, emprega uma abordagem abrangente para medir a confiança, destacando a integridade, competência, benevolência e abertura dos cientistas. Em média, os participantes atribuíram uma confiança moderadamente alta, com percepções de que os cientistas são competentes e benevolentes, embora a abertura ao feedback tenha recebido uma pontuação mais baixa. 


Os níveis de confiança variaram entre os países, com Egito (4,30), Índia (4,26) e Nigéria (3,98) exibindo mais confiança, enquanto Albânia (3,05), Cazaquistão (3,13) e Bolívia (3,22) mostraram menos confiança. A Rússia, celeiro de grandes cientistas, teve uma nota de 3,23. O Brasil está no patamar superior, com uma média de 3,78. 

A orientação política influenciou a confiança, com visões de esquerda geralmente associadas a uma maior confiança, embora essa correlação tenha variado entre os países. Muitos participantes defendem uma maior participação dos cientistas na formulação de políticas, apesar de reconhecerem os desafios que os cientistas enfrentam nas arenas de políticas públicas. 

O estudo destaca a importância da comunicação eficaz e do treinamento para os cientistas que se envolvem na formulação de políticas. Embora o estudo forneça uma visão geral ampla da confiança nos cientistas, os níveis de confiança podem variar entre os campos científicos. Os pesquisadores pretendem disponibilizar o conjunto de dados global de forma aberta para facilitar estudos adicionais sobre o tema.

24 setembro 2022

Jogo da Verdade


Uma animação, baseado na teoria dos jogos, mostra a importância da confiança no mundo. Leva alguns minutos.

Antecipando o resultado:

What the game is, defines what the players do. Our problem today isn't just that people are losing trust, it's that our environment acts against the evolution of trust.

That may seem cynical or naive -- that we're "merely" products of our environment -- but as game theory reminds us, we are each others' environment. In the short run, the game defines the players. But in the long run, it's us players who define the game.

So, do what you can do, to create the conditions necessary to evolve trust. Build relationships. Find win-wins. Communicate clearly. Maybe then, we can stop firing at each other, get out of our own trenches, cross No Man's Land to come together...

(Dica: Mariana Ferreira, grato)

26 agosto 2020

Lideranças narcisistas e a empresa


Sobre líderes narcisistas, um ponto interessante é o dilema confiança e competência:

A questão é que é mais comum olharmos para a “confiança” do que para a “competência”, diz. “A maioria das organizações não é tão meritocrática ou centrada no talento quanto poderia ser. Os preconceitos, o nepotismo e a política superam as evidências e a ciência”, diz Chamorro-Premuzic. “As pessoas são bastante previsíveis, mas você precisa confiar em dados e ferramentas com base científica, e não na sua intuição”. Atualmente, ele avalia que a maioria das empresas que se diz “people analytics” usa dados e tecnologia para prever resultados positivos, como engajamento. No nível do funcionário, no entanto, há muitos exemplos de como os dados podem prever o absenteísmo, a rotatividade, comportamentos contraproducentes ou antissociais. “A tendência é começar a fazer isso com os líderes com mais frequência. Imagine que um líder corrupto tenha um efeito muito corrosivo e um impacto tóxico na empresa. Culturas tóxicas são o resultado direto de liderança antiética”. 

(Lideranças narcisistas não enxergam sua incompetência.  Por Barbara Bigarelli - 24/08/2020, Valor)

E a contabilidade? - Há muito os pensadores da contabilidade perceberam que o profissional poderia ser um bom contrapeso para empresa, com o seu conservadorismo. Mas a "virtude" da representação fiel (?) e neutra (?) começou a colocar a contabilidade em um nível muito mais próximo da "confiança" dos executivos. Até ser freada, em parte, com a ginástica que o IFRS fez para adequar a "prudência" dentro da representação fiel. Talvez no Brasil isto não seja um problema tão sério, pois as empresas são tipicamente familiares. Mas o problema da confiança persiste. 

Imagem: aqui

06 maio 2020

Humildade

Humildade epistêmica - conhecendo seus limites em uma pandemia
Por Erik Angner
13 de abril de 2020



 "Ignorância", escreveu Charles Darwin em 1871, "gera mais confiança do que conhecimento".

Vale a pena ter em mente o insight de Darwin ao lidar com a atual crise de coronavírus. Isso inclui nos, que somos cientistas comportamentais. O excesso de confiança - e a falta de humildade epistêmica de maneira mais ampla - podem causar danos reais.

No meio de uma pandemia, o conhecimento é escasso. Não sabemos quantas pessoas estão infectadas ou quantas serão. Temos muito a aprender sobre como tratar as pessoas doentes - e como ajudar a prevenir a infecção naquelas que não estão. Há um desacordo razoável sobre as melhores políticas a serem adotadas, seja sobre assistência médica, economia ou distribuição de suprimentos. Embora os cientistas do mundo todo estejam trabalhando duro e em conjunto para resolver essas questões, as respostas finais estão a alguns passos de distância.

Outra coisa que é escassa é a percepção de quão pouco sabemos. Mesmo uma rápida olhada na mídia social ou tradicional revelará muitas pessoas que se expressam com muito mais confiança do que deveriam. O estudioso jurídico Richard A. Epstein, da Hoover Institution, afirma incorretamente ter experiência em epidemiologia. Suas previsões foram provadas falsas dentro de uma semana. O genro do presidente Jared Kushner, que supostamente está dirigindo a resposta da Casa Branca, não possui nenhum conhecimento ou treinamento relevante para o domínio - mas não deixa que esse fato o impeça de contradizer e anular as autoridades de saúde dos EUA. Peter Navarro, Consultor comercial da Casa Branca, acredita que seu treinamento em ciências sociais lhe deu todas as ferramentas necessárias para avaliar a ciência médica.

Exemplos menos espetaculares de excesso de confiança são abundantes. Muitos comentaristas falam como se soubessem qual é a melhor abordagem política diante do coronavírus. Ninguém ainda está em posição de saber. Isso não quer dizer que devemos adiar a tomada de decisões até conhecermos todos os fatos: as decisões geralmente precisam ser tomadas com informações imperfeitas. É dizer que não teremos conhecimento sobre o que aconteceu e o que funcionou até o término do surto e medidas temporárias levantadas.

Expressões frequentes de suprema confiança podem parecer estranhas à luz de nossa óbvia e inevitável ignorância sobre uma nova ameaça. A questão do excesso de confiança, no entanto, é que ela afeta a maioria de nós a maior parte do tempo.

Expressões frequentes de suprema confiança podem parecer estranhas à luz de nossa óbvia e inevitável ignorância sobre uma nova ameaça. A questão do excesso de confiança, no entanto, é que ela afeta a maioria de nós a maior parte do tempo. Segundo os psicólogos cognitivos, que estudam o fenômeno sistematicamente há meio século, o excesso de confiança tem sido chamado de "mãe de todos os preconceitos psicológicos". A pesquisa levou a descobertas que são ao mesmo tempo hilariantes e deprimentes. Em um estudo clássico, por exemplo, 93% dos motoristas norte-americanos afirmaram ser mais hábeis do que a mediana - o que não é possível.

"Mas certamente", você pode objetar, "o excesso de confiança é apenas para amadores - os especialistas não se comportariam assim." Infelizmente, ser um especialista em algum domínio não protege contra o excesso de confiança . Algumas pesquisas sugerem que os mais instruídos são mais propensos ao excesso de confiança. Em um famoso estudo de psicólogos clínicos e estudantes de psicologia, os pesquisadores fizeram uma série de perguntas sobre uma pessoa real descrita na literatura psicológica. À medida que os participantes recebiam mais e mais informações sobre o caso, sua confiança em seus julgamentos aumentava - mas a qualidade de seus julgamentos não. E psicólogos com doutorado não tiveram desempenho melhor do que os alunos.

Ser um verdadeiro especialista envolve não apenas conhecer coisas sobre o mundo, mas também conhecer os limites de seu conhecimento e experiência.

Ser um verdadeiro especialista envolve não apenas conhecer coisas sobre o mundo, mas também conhecer os limites de seu conhecimento e experiência. Requer, como dizem os psicólogos, habilidades cognitivas e metacognitivas. A questão não é que os verdadeiros especialistas ocultem suas crenças ou que nunca falem com convicção. Algumas crenças são mais bem sustentadas pelas evidências do que outras, afinal, e não devemos hesitar em dizê-lo. O ponto é que os verdadeiros especialistas se expressam com o grau adequado de confiança - ou seja, com um grau de confiança justificado, dada a evidência.

Compare a arrogância de Epstein, Kushner e Navarro com o estatístico médico Robert Grant, que twittou : “Estudei essas coisas na universidade, fiz análise de dados por décadas, escrevi várias diretrizes do NHS (incluindo uma para uma doença infecciosa) e as ensinei a profissionais de saúde. É por isso que você não me vê fazendo previsões sobre o coronavírus.

O conceito de humildade epistêmica é útil para descrever a diferença entre esses dois tipos de caráter. A humildade epistêmica é uma virtude intelectual. Está fundamentado na percepção de que nosso conhecimento é sempre provisório e incompleto - e que pode exigir revisão à luz de novas evidências. Grant aprecia a extensão de nossa ignorância nessas condições difíceis; os outros personagens não. A falta de humildade epistêmica é um vício - e pode causar danos maciços tanto em nossas vidas particulares quanto nas políticas públicas.

Calibrar sua confiança pode ser complicado. Como Justin Kruger e David Dunning enfatizaram , nossas habilidades cognitivas e metacognitivas estão interligadas. As pessoas que não possuem as habilidades cognitivas necessárias para executar uma tarefa geralmente também não possuem as habilidades metacognitivas necessárias para avaliar seu desempenho. Pessoas incompetentes estão em dupla desvantagem, uma vez que não são apenas incompetentes, mas provavelmente desconhecem isso. Isso tem implicações imediatas para epidemiologistas amadores. Se você não possui o conjunto de habilidades necessárias para fazer a modelagem epidemiológica avançada, deve presumir que não pode diferenciar bons modelos de maus.

A humildade epistêmica é uma virtude intelectual. Está fundamentado na percepção de que nosso conhecimento é sempre provisório e incompleto - e que pode exigir revisão à luz de novas evidências.

Nunca houve um momento melhor para praticar a virtude da humildade epistêmica. Isso é particularmente verdade para aqueles de nós com algum tipo de conhecimento - talvez como cientistas comportamentais - e que desejam se tornar relevantes e úteis. Nosso conhecimento e experiência são necessários para lidar com os desafios futuros. Mas não estamos fazendo um favor a ninguém quando pretendemos saber mais do que realmente sabemos.

E nunca foi tão importante aprender a separar o joio do trigo - os especialistas que oferecem informações de boa procedência dos charlatães que oferecem pouco, mas desorientação. Estes últimos são tristemente comuns, em parte porque estão em maior demanda na TV e na política. Pode ser difícil dizer quem é quem. Mas prestar atenção à sua confiança oferece uma pista. Pessoas que se expressam com extrema confiança sem ter acesso a informações relevantes e a experiência e o treinamento necessários para processá-las podem ser classificadas com segurança entre os charlatães até novo aviso.

Pessoas que se expressam com extrema confiança sem ter acesso a informações relevantes e a experiência e o treinamento necessários para processá-las podem ser classificadas com segurança entre os charlatães até novo aviso.

Se o conhecimento não protege contra o excesso de confiança, o que faz? De fato, a pesquisa sugere uma coisa simples que todos podem fazer. É para considerar as razões pelas quais você pode estar errado. Se você deseja reduzir o excesso de confiança em si mesmo ou em outras pessoas, basta perguntar: Quais são as razões para pensar que essa afirmação pode estar errada? Sob que condições isso estaria errado? Tais questões são difíceis, porque estamos muito mais acostumados a procurar por razões pelas quais estamos certos . Mas pensar nas maneiras pelas quais podemos falhar ajuda a reduzir o excesso de confiança e promove a humildade epistêmica.

Novamente, é bom e bom ter opiniões e expressá-las em público - mesmo com grande convicção. A questão é que os verdadeiros especialistas, diferentemente dos charlatães, se expressam de uma maneira que reflete suas limitações. Todos nós que queremos ser levados a sério fariam bem em demonstrar a virtude da humildade epistêmica.

Erik Angner
Colunista Fundador
Erik Angner é professor de filosofia prática na Universidade de Estocolmo. Ele estuda história da economia e filosofia da ciência, com formação em economia neoclássica e comportamental. Ele é autor de Um curso de economia comportamental (3ª edição).

Leitura e Recursos Adicionais
Angner, E. (2006). “Economists as Experts: Overconfidence in Theory and Practice.” Journal of Economic Methodology, 13(1), 1–24.
Lichtenstein, S., & Fischhoff, B. (1980). Reasons for confidence. Journal of Experimental Psychology: Human Learning and Memory, 6(2), 107-118.
Moore, D. (2020). Perfectly Confident: How to Calibrate Your Decisions Wisely. New York, NY: HarperCollins.
Porter, T. (2018). The Benefits of Admitting When You Don’t Know. Behavioral Scientist.

04 setembro 2019

A importância do rosto do executivo

Sabemos que parte do nosso julgamento sobre outra pessoa é baseado naquilo que vemos. Isto pode incluir a aparência e tudo aquilo que esta palavra representa: se encontramos alguém com a camisa do time adversário, se alguém aparece desleixado para uma entrevista, se usa uma roupa inadequada para ocasião e um grande número de situações.

A aparência também pode estar expressa na face. Quem gosta de série e assistiu Lie to Me sabe que existem estudos que revelam, a partir das expressões do rosto de uma pessoa, os sentimentos. A série se baseia nas pesquisas de Paul Ekman. Há controvérsias se isto é verdadeiro ou se é possível treinar uma pessoa para ler expressões faciais (via aqui).

Uma pesquisa partiu desta ideia para mostrar que as expressões faciais podem afetar a contabilidade. Inicialmente, os pesquisadores coletaram as imagens dos executivos de várias empresas no Google Image. Depois disto, usaram algumas medidas físicas que expressam se uma pessoa é confiável ou não. Estas medidas já foram usadas no passado e inclui coisas como o arredondamento da face, largura do queixo, distância do nariz para o lábio e a sobrancelha. Parece estranho isto, mas veja que existem pesquisas que associam estas medidas físicas a uma imagem de confiança de cada pessoa. Com isto, fizeram um programa de linguagem de máquina para calcular estas medidas e criaram uma medida de confiança a partir daí.

Para cada empresa, os pesquisadores associaram o custo da auditoria com diversas medidas, inclusive o índice de confiabilidade. A ideia era simples: se eu não confio na pessoa que irei auditar, devo cobrar mais dele. Afinal, esta auditoria deverá dar trabalho.

Juntando isto tudo, a pesquisa descobriu que não existe uma relação entre o índice de confiança do executivo principal, o CEO, e os padrões de confiança gerado nas imagens. Mas um auditor geralmente não lida diretamente com o executivo principal, mas com o CFO. Quando eles consideraram a imagem do CFO e o seu grau de confiança o resultado foi que nas empresas onde os executivos financeiros, o CFO, parecem mais confiáveis, o valor da auditoria é menor. Ou seja, a expressão facial do CFO interfere nos valores cobrados pela empresa de auditoria.

Assim, mesmo uma profissão que é vista como “fria e calculista”, o julgamento pode afetar as decisões tomadas.

Hsieh, T.-S., Kim, J.-B., Wang, R.R., Wang, Z., Seeing is believing?
Executives’ facial trustworthiness, auditor tenure, and audit fees Journal of Accounting and Economics, https://doi.org/10.1016/j.jacceco.2019.101260.

14 julho 2016

A dificuldade das mulheres em provar competência

SÃO PAULO - Ser competente e demonstrar confiança em relação a isso é o suficiente para ser reconhecido no ambiente de trabalho? Um estudo de pesquisadoras de escolas de negócios europeias aponta que sim, mas só no caso de homens. Para ter influência nas empresas — e assim mais chance de promoção —, profissionais mulheres dependem de mais uma variável: se colegas, chefes ou subordinados gostam delas. 

Um motivo frequentemente citado para a pouca presença de mulheres em posições de liderança no mundo corporativo é a falta de confiança das profissionais dentro do ambiente de trabalho. “Em um estudo anterior, eu e minhas colegas descobrimos que mulheres costumam avaliar suas habilidades de forma precisa, enquanto os homens tendem a ser superconfiantes em relação às deles. Dessa forma, pode-­se pensar, as mulheres são menos confiantes, o que atrapalha suas chances de promoção”, escreve Margarita Mayo, uma das autoras do estudo e professora da espanhola IE Business School, em um artigo na “Harvard Business Review”. 

Fonte: Aqui
Junto com Natalia Karelaia, do Insead, e Laura Guillén, do European School of Management and Technology, Margarita desenvolveu um estudo com 236 engenheiros de uma multinacional de tecnologia. Na pesquisa, que será apresentada em uma conferência da Academy of Management em agosto, elas coletaram avaliações de desempenho 360° de engenheiros em dois aspectos: se os profissionais eram competentes e se os colegas, chefes e subordinados gostavam deles. Um ano depois, os mesmos engenheiros foram avaliados com relação ao nível de confiança que aparentavam ter e o nível de influência deles na empresa. 

Os resultados mostram que engenheiros homens que são considerados competentes também são vistos como confiantes e influentes na organização – independentemente de os colegas, chefes ou subordinados gostarem deles. Já as engenheiras mulheres que apresentaram altos níveis de competência só eram vistas como confiantes e influentes quando elas também eram consideradas “afáveis” e seus colegas gostavam delas – por razões não relacionadas à competência profissional. 

Para Margarita, os resultados indicam que encorajar mulheres a se mostrarem mais confiantes no ambiente de trabalho — além de apresentarem competência — não é suficiente para aumentar a influência delas nas organizações. “A competência dos homens se traduz diretamente em uma imagem de confiança, independentemente de os outros gostarem deles ou não. Aos mulheres, por outro lado, só conseguem ser beneficiadas pela competência quando aqueles ao seu redor gostam delas”, escrevem as autoras no estudo.

Fonte: Aqui

08 maio 2014

Listas: Profissionais e Confiança da população brasileira

1. Bombeiros - 92%
2. Professores - 82%
3. Paramédicos - 81%
4. Pilotos - 80%
5. Farmacêuticos - 76%
6. Enfermeiros - 72%
7. Arquitetos - 72%
8. Médicos - 66%
9. Jornalistas - 66%
10. Engenheiros e técnicos - 64%
11. Soldados - 61%
12. Juízes - 59%
13. Motoristas de táxi - 57%
14. Atores - 57%
15. Condutores de trens e metrô - 56%
16. Especialistas em computação e software - 56%
...

Advogados - 41%
Agentes de seguros - 30%
Prefeitos - 14%
Políticos - 6%

Fonte: Aqui

12 fevereiro 2014

Pessoas Ruins vencem na Vida

Stumbling and Mumbling apresenta a receita para ser bem sucedido, baseado em pesquisas empíricas. Eis as recomendações:

1. Não seja bom. Um trabalho de Guido Heineck encontrou que pessoas menos agradáveis ganham mais.

2. Seja irracionalmente confiante. Pessoas com excesso de confiança parecem demonstrar mais competência que os outros. Eles falam mais alto e tem uma linguagem mais firme, que as pessoas confundem com competência.

3. Seja narcisista. Executivos mais narcisistas recebem mais, embora não desempenhe melhor seu trabalho.

4. Seja psicopata. As pessoas levemente psicopatas estão representadas em excesso nos conselhos das empresas.

Ou seja, o mundo do trabalho é um local de pessoas ruins.

15 março 2013

Confiança do mercado

THE recovery in housing, the stock market and the overall economy has finally gained sustainable momentum — or so it is said.


That opinion seems to be based on several salient facts. Unemployment has been declining, from 10.0 percent in October 2009 to 7.7 percent last month. More spectacularly, the stock market has more than doubled since 2009 and has been especially strong for the last six months, with the Dow Jones industrial average reaching record closing highs last week and the S.& P. 500 flirting with superlatives, too.
And the housing market, seasonally adjusted, has been rising. The S.& P./Case-Shiller 20-city home price index gained 7 percent in 2012.
These vital signs make many people believe that we’ve turned the corner on the economy, that we’ve started a healing process. And their discussions often note one particular sign of systemic recovery: confidence. There is considerable hope that the markets are heralding a major development: that Americans have lost the fears and foreboding that have made the financial crisis of 2008 so enduring in its effects.
Hope is a wonderful thing. But we also need to remember that changes in the stock market, the housing market and the overall economy have relatively little to do with one another over years or decades. (We economists would say that they are only slightly correlated.) Furthermore, all three are subject to sharp turns. The economy is a complicated system, with many moving parts.
So, amid all those complications, there are other possibilities: Could we be approaching another major stock market peak? Will the housing market’s takeoff be short-lived? And could we dip into another recession?
There are certainly risks. Congress is mired in struggles over the budget crisis and thenational debt. The government is questioning the risk to taxpayers in its huge support of housing through Fannie Mae, Freddie Mac, the Federal Housing Administration and the Federal Reserve. Problems in Europe, Asia and the Middle East could easily shift people’s confidence. There have been abrupt and significant changes in confidence in European markets since 2009. Is there any reason to think that the United States is immune to similar swings?
For years, I’ve been troubled by the problem of understanding the social psychology and economic impact of confidence. There hasn’t been much research into the emotional factors and the shifts in worldview that drive major turning points. The much-quoted consumer sentiment and confidence indexes don’t yet seem able to offer insight into what’s behind the changes they quantify. It also isn’t clear which factors of confidence drive the separate parts of the economy.
Along with colleagues, I have been conducting surveys about aspects of stock market confidence. For example, since 1989, with the help of some colleagues at Yale, I have been collecting data on the opinions and ideas of institutional investors and private individuals. These data, and indexes constructed from them, can be found on the Web site of the Yale School of Management.
I have called one of these indexes “valuation confidence.” It is the percentage of respondents who think that the stock market is not overvalued. Using the six-month moving average ended in February, it was running at 72 percent for institutional investors and 62 percent for individuals. That may sound like a ton of confidence, but it isn’t as high as the roughly 80 percent recorded in both categories just before the market peak of 2007.
HOW do the these figures relate to other stock market measures? I rely on the measure of stock market valuation that Prof. John Campbell of Harvard and I developed more than 20 years ago. Called the cyclically adjusted price-earnings ratio, or CAPE, this measure is the real, or inflation-adjusted, Standard & Poor’s 500 index divided by a 10-year average of real S.& P. earnings. The CAPE has been high of late: it stands at 23, compared with a historical average of around 15. This suggests that the market is somewhat overpriced and might show below-average returns in the future. (The use of the 10-year average reduces the impact of short-run, or cyclical, components of earnings.)
For perspective, compare today’s valuation, confidence and CAPE figures to those of other important recent periods in the stock market. In the spring of 2000, a sharp market peak, only 33 percent of institutional investors and 28 percent of individual investors thought that the market was not overvalued. The CAPE reached 46, a record high based on data going back to 1871. (For the period before 1926, we rely on data from Alfred Cowles 3rd & Associates.) Yet most respondents in 2000 thought that the market would go up in the next year, so they hung in for the time being. That suggests that the 1990s boom was indeed a bubble, with investors suspecting that they might have to beat a hasty exit. They ended up trying to do just that, and brought the market down.
But then consider the valuation confidence in October 2007, another major peak, after which the stock market fell by more than 50 percent in real terms. At that peak, the CAPE was at 27 — a little higher than it is now, though not extraordinarily lofty. In 2007, valuation confidence was 82 percent for institutional investors and 74 percent for individual investors, or not far from today’s levels. Investors at the time didn’t think that they were floating on a bubble, and they saw the probability of a stock market crash as unusually low. Yet a plunge soon occurred. The cause appears not to have been so much the bursting of an overextended bubble but the subprime mortgage crisis and a string of financial failures that most investors couldn’t have known about.
Clearly, confidence can change awfully fast, and people can suddenly start worrying about a stock market crash, just as they did after 2007.
Today, the Dodd-Frank Act and other regulatory changes may help prevent another crisis. Even so, regulators can’t do much about some of the questionable thinking that seems to drive changes in confidence.
[...] 



04 fevereiro 2013

Póquer ou Bridge

Pesquisadores italianos analisaram o comportamento dos jogadores de pôquer e de bridge. Usando um jogo, denominado "jogo de confiança" as conclusões foram as seguintes:

Eles descobriram que jogadores de bridge eram significativamente mais propensos a confiar em seu parceiro no "jogo de confiança' do que os jogadores de poker. (...)

Esta diferença não foi porque jogadores de bridge são mais altruístas ou com risco de tolerância; de fato, os pesquisadores mostram que eles são menos. Em vez disso, ele reflete o fato de que jogadores de bridge pensam mais em "nós" do que os jogadores de poker, e eles são mais inclinados a confiar nos outros, na crença de que a confiança vale a pena.

17 outubro 2012

Confiança e Inovação

Algumas pessoas são mais confiantes que outras. O excesso de confiança pode ser ruim quando as pessoas tomam um risco muito acima do que seria o desejável. Estes indivíduos podem levar empresas à falência e são responsáveis pelas bolhas que resultam nas crises do mercado.

Mas pessoas com baixo nível de confiança tendem a evitar riscos. E o processo de inovação depende, basicamente, de riscos que são assumidos nas situações onde os outros seres humanos são descrentes.

De uma maneira geral acreditava-se que os grandes inovadores, como Steve Jobs, fossem excessivamente confiantes. Uma pesquisa publicada no Journal of Finance mostra que esta relação é realmente verdadeira. Três pesquisadores tiveram que ser criativos em mensurar “confiança” e “inovação”. Como para realizar a pesquisa eles usaram presidentes de empresas, a inovação foi medida de maneira indireta pelo número de patentes registradas por sua empresa. Já para medir a confiança foram usadas aproximações: as opções e a cobertura da imprensa.

Durante dez anos, a pesquisa acompanhou os presidentes e constatou que empresas com executivos mais confiantes possuem maior volatilidade; mas, por outro lado, estas empresas são mais inovadoras, obtendo mais patentes.

Em outras palavras, a confiança excessiva ajuda os executivos a explorar as oportunidades de crescimento.

Para ler mais: Are overconfident CEOs better innovators? – David Hirshleifer, Angie Low e Siew Hong Teoh. Journal of Finance, agosto de 2012, p. 1457 a 1498

29 setembro 2011

Excesso de Confiança


Quando um professor aplica uma prova individual ele tenta medir o conhecimento de cada aluno. Entretanto, em algumas situações, um professor pode elaborar uma avaliar com consulta, incluindo ao colega. De uma maneira geral, acreditamos que o resultado da avaliação tende a melhor, premiando o grupo como um todo.

Uma pesquisa recente, realizada em Nottingham, mostrou que isto nem sempre é verdadeiro. Duas telas feitas, uma de Klee e outra de Kandinsky, foram apresentadas para dois grupos de pessoas. O primeiro grupo, as decisões deveriam ser individuais. No segundo grupo, as pessoas podiam discutir antes de tomar a decisão. O grupo que fez a consulta teve resultado pior. Ou seja, a consulta dentro do grupo piora o processo decisório, mesmo que as pessoas tenham considerado interessante a conversa no grupo.

Isto é estranho já que para grandes grupos o processo decisório parece melhorar (vide o livro A Sabedoria das Multidões).

Uma possível explicação para o resultado é que este tipo de decisão não é possível provar, de antemão, que um dos componentes do grupo conhece realmente a distinção entre os dois pintores. Ou seja, a resposta não é “demonstrável”. Nestas situações, os membros do grupo são influenciados pelo excesso de confiança daqueles que se julgam especialistas. É como o jogo de conhecimento, onde é possível perguntar aos universitários. Se o universitário diz que “tem certeza” da resposta, o inocente tende a ser conduzido pelo excesso de confiança do especialista (neste caso, o universitário).

(Foto: aqui)

23 setembro 2011

Confiança

Quem já foi vítima de uma ilusão de ótica sabe que os olhos podem nos enganar. Mas nosso cérebro nos engana de outras formas, e a mais bem estudada é o fenômeno do excesso de autoconfiança. Se perguntarmos a mil estudantes se eles se consideram líderes mais capazes do que a média do grupo, 70% afirmarão ser melhores que a média. Entre professores, 94% dirão ser melhores que a média de seus colegas. Entre médicos, 80% vão se achar mais competentes e o mesmo ocorre entre investidores, políticos e motoristas de carro. Como é matematicamente impossível mais da metade de uma população ser melhor que a média, esses resultados demonstram que os seres humanos expressam um excesso de autoconfiança sempre que se comparam a seus pares. A única amostra de seres humanos na qual a autoavaliação se comporta como o esperado (aproximadamente 50% se acham piores que a média e 50% melhores que a média) é a composta por indivíduos com diagnóstico clínico de depressão.


Esse excesso de autoconfiança independe da idade, da cultura, do nível educacional ou da posse de bens materiais. Todos os estudos indicam que essa forma de autoengano é uma propriedade intrínseca e hereditária do cérebro humano. Mas se ela é uma característica do ser humano, como teria surgido e sobrevivido à seleção natural? Ninguém duvida que o excesso de autoconfiança provoca avaliações equivocadas e uma propensão exagerada a correr riscos. Portanto - raciocinavam os geneticistas - se ela é prejudicial, pessoas com excesso de autoconfiança deveriam ter menos chance de sobreviver e, ao longo de milhões de anos, a seleção natural deveria ter selecionado indivíduos com uma capacidade crescente de autoavaliação. Mas por que isso não ocorreu? Agora, um grupo de cientistas propôs uma explicação para a manutenção do excesso de autoconfiança nas populações humanas.


Imagine duas pessoas que desejam um mesmo objeto. Se ambas tentam agarrar o objeto, acabam brigando. Nesse caso, ambas pagam um preço por terem brigado (se machucam, por exemplo) e a mais forte fica com o objeto.


Se nenhuma tenta capturar o objeto, nenhuma paga o preço da briga, mas tampouco fica com o objeto. Mas, se as duas pessoas puderem estimar corretamente a capacidade de briga do concorrente, a melhor estratégia é o mais fraco abdicar da briga e o mais forte ficar com o objeto (neste caso, a vantagem do mais fraco é não ter o custo de brigar).


Imagine agora que o custo da briga diminui a capacidade reprodutiva do indivíduo, mas a posse do objeto aumenta sua capacidade reprodutiva. Usando este modelo, os cientistas simularam populações de indivíduos que competiam pelos objetos e se reproduziam dependendo do balanço entre o "custo reprodutivo" provocado pela briga e o "lucro reprodutivo" resultante da posse do objeto. Essas simulações foram repetidas milhares de vezes ao longo de centenas de gerações, variando a distribuição dos níveis de autoconfiança na população original, o custo reprodutivo da briga e a vantagem reprodutiva conferida pela posse do objeto.


Os resultados demonstram que sempre que o custo da briga é baixo em relação à vantagem conferida pelo objeto, os indivíduos com um excesso moderado de autoconfiança acabam predominando na população. Também ficou claro que os indivíduos com uma avaliação precisa de sua capacidade de briga somente têm vantagens sobre os excessivamente autoconfiantes em muito poucos cenários, geralmente quando o custo da briga é significativamente maior que a vantagem conferida pela posse do objeto. Ou seja, possuir um excesso de autoconfiança e consequentemente disputar algumas brigas nas quais a derrota advém da má avaliação do adversário parece ser a estratégia que garante uma melhor capacidade reprodutiva.


Esses resultados não somente propõem uma explicação para a origem de nosso excesso de autoconfiança, mas explicam sua manutenção nas populações atuais. Se realmente somos excessivamente autoconfiantes e inerentemente propensos a tomar riscos isto talvez ajude a explicar a instabilidade nos mercados financeiros, guerras e outros fenômenos que resultam de nossa incapacidade de avaliar com precisão nossos pares. Outra consequência dessa descoberta é que modelos econômicos que se baseiam na premissa de que as decisões humanas são racionais e derivadas da capacidade humana de avaliar objetivamente a realidade não se aplicam ao Homo sapiens que habita o planeta Terra.


Mais informações: THE EVOLUTION , OF OVERCONFIDENCE. NATURE VOL. 477 PAG. 317 2011. A origem do excesso de autoconfiança - Fernando Reinach - Estado de S Paulo, A 26, 22 set 2011. Foto: aqui

15 dezembro 2010

Excesso de Confiança

Mais de 90% das decisões e reações feitas atrás do volante dependem de boa visão. Enquanto muitas pessoas acham que dias claros e ensolarados são ótimos para dirigir, a verdade é que o brilho cegante do sol, da neve e dos outros veículos é um fator que contribui muito com o número de acidentes de carro fatais. Além disso, pesquisa recente encomendada pela Essilor of America, Inc., líder mundial em lentes para óculos, revelou o fato perturbador de que 20% das pessoas que usam óculos às vezes dirigem sem os óculos de grau e usam óculos escuros sem grau, deixando a direção diurna perigosa sem necessidade.


Uma em cinco pessoas que usam óculos dirigem sem, informa pesquisa - PR Newswire

Isto recebe o nome de excesso de confiança, em finanças comportamentais.

04 setembro 2010

Confiança


Um artigo recente de Thaler para o NY Times (The Overconfidence Problem in Forecasting, 21 de agosto de 2010) discute a questão do excesso de confiança.

A maioria de nós pensa que estamos "melhor do que a média" na maioria das coisas.Nós também somos "descalibrados", significando que o nosso sentimento de probabilidade de eventos não está alinhado com a realidade. Quando dizemos que temos a certeza sobre um determinado fato, por exemplo, pode muito bem ser correto apenas a metade do tempo. (...)

Alguns economistas questionam se tais resultados experimentais são relevantes em mercados competitivos. Eles sugerem que os alunos, que muitas vezes servem como cobaias em tais testes, são confiantes, mas que os gestores do topo de grandes empresas são bem calibrados. Um estudo recente, no entanto, revela que esta visão é ela mesma confiante demais.


Num estudo de Itzhak Ben-David, John R. Graham e R. Campbell Harvey mostrou que a confiança excessiva também ocorre nos CFO quando se trata de prever o comportamento do índice SP 500. E são mal calibrados.

Muitos destes executivos não percebem que lhes falta capacidade de previsão.


Os efeitos são relevantes para as empresas:

Por exemplo, num artigo de 1986, o economista Richard Roll da Universidade da Califórnia, Los Angeles, sugere que excesso de confiança, ou o que ele chamou de arrogância, poderia explicar por que as empresas pagam grandes prêmios para assumir outros negócios. (...)

PROFESSOR ROLL recentemente escreveu outro artigo sobre este tema com três colaboradores franceses. Neste caso, eles investigaram uma forma particular de hubris - narcisismo - usando um indicador simples e discreto (...) o número de vezes que uma pessoa usa o pronome de primeira pessoa na comunicação. Eles descobriram que o CEO mais narcisista fazem aquisições mais agressivas a preços mais elevados (...)

22 julho 2008

Confiança

Algumas das constatações sobre comportamento estão sendo relacionadas com o corpo humano responsável por sua ação. A confiança em estranho está vinculada a presença da oxitocina, conforme estudo publicado na Scientific American Brasil:
Nos últimos anos, pesquisadores começaram a entender como o cérebro dos humanos decide quando confiar em alguém. E eu e meus colegas demonstramos que a oxitocina, uma simples molécula ancestral produzida no cérebro, desempenha um papel fundamental nesse processo. As descobertas abrem novos caminhos para descobrir as causas e os tratamentos de doenças marcadas por disfunções na interação social. (...)
- O desenvolvimento da confiança é essencial para uma apropriada interação social. Portanto, como as pessoas passam a confiar em um novo conhecido ou num parceiro de negócios em potencial?

- Usando uma tarefa experimental chamada o jogo da confiança, pesquisadores descobriram que a oxitocina, um hormônio e um neuroquímico, aumenta a propensão a confiar num estranho quando este não exibe sinais de ameaça.

- Uma maior compreensão das funções e interações da oxitocina com outras substâncias químicas vitais do cérebro poderia levar a um maior discernimento sobre muitos distúrbios caracterizados pela dificuldade de interação social, como o autismo.
A neurobiologia da confiança – Paul J Zak, Scientific American, julho de 2008, p. 64-69

Aqui um gráfico onde o brasileiro aparece como sendo o povo que menos confia. Para os autores do estudo, a desconfiança pode ser uma barreira para o desenvolvimento econômico.