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28 março 2017

Infraero

Além de passivo a descoberto, o balanço da Infraero se destaca por uma nota do auditoria estranha (ou interessante):

Base para opinião com ressalva

Identificamos o registro de notas fiscais de despesas de serviços e materiais decorrentes de exercícios anteriores em 2016, refletindo assim no resultado do exercício, ferindo o princípio contábil da competência. 

11 fevereiro 2014

Incompetência e Economia

A literatura bem humorada de negócios sempre teve nos incompetentes um grande filão. É bem verdade que as obras não vendem tanto quanto os livros pretensamente sérios, como “O Monge e o Executivo”. Mas o Princípio de Peter foi um grande sucesso na década de sessenta e até hoje é lembrado. Segundo este princípio, todo funcionário será promovido até alcançar seu nível de incompetência.

Mais recentemente surgiu o Princípio de Dilbert , teoria proposta por Scott Adams para seu personagem de quadrinhos. Neste caso, as empresas tendem a promover os funcionários incompetentes para a gestão intermediária para limitar a quantidade de problemas que eles possam provocar.

Ambos os princípios são claros e facilmente entendíveis. Fáceis até demais. Um pesquisador da Austrália decidiu fazer uma análise econômica dos dois princípios para demonstrar que ambos podem efetivamente ocorrer numa empresa que maximiza lucro. Neste tipo de empresa, a racionalidade do comportamento das pessoas seria o mais razoável. O pesquisador mostra que o princípio de Peter ocorre quando os gestores escolhem seus empregados na sua fronteira de competência; já o Princípio de Dilbert os empregados estão abaixo da fronteira de competência. Segundo o modelo, a introdução de novas tecnologias é uma forma de evitar o Princípio de Dilbert.

Leia Mais em FARIA, João Ricardo. An Economic Analysis of the Peter and Dilbert Principles. Working Paper, 2000.

06 maio 2010

A beleza é fundamental

Em 2005, um artigo publicado na revista Science mostrou que as pessoas conseguiam prever os candidatos vencedores nas eleições somente através da fotografia. Esta pesquisa chamou atenção para a importância da beleza em situações como a política. Agora, uma nova pesquisa, realizada por John Graham, Campbell Harvey e Manju Puri, A Corporate Beauty Contest (Concurso de Beleza Corporativo) mostra que os traços faciais são importantes nas empresas. Conduzindo diversos experimentos com fotografias de executivos de diversas empresas, os autores encontraram algumas coisas interessantes.

Os executivos de grandes empresas parecem mais competentes e simpáticos que aqueles de pequenas empresas. Em outro experimento, os autores encontraram que os executivos que parecem mais competentes são recompensados na sua remuneração. Outra descoberta interessante é que os rostos mais "maduros" são aqueles executivos considerados mais "competentes". Além disto, pessoas com "cara de bebê" também causam boa impressão.

Mas na prática, a "competência" facial possui pouca vinculação com a competência efetiva, medida por desempenho financeiro.

14 setembro 2009

Concurso Público e Competência profissional

Os cursos de Ciências Contábeis, Economia e Administração possuem origens e alicerces semelhantes, pois estudam o comportamento das riquezas que se integram ao patrimônio em face das ações humanas. Os Conselhos de cada classe dizem que algumas atribuições são exclusivas, contudo percebe-se que entre essas áreas há interseções de atribuições. Diante dessas circunstâncias torna-se oportuno investigar se os editais de concursos públicos para o provimento de vagas das áreas de contabilidade, economia e administração no Distrito Federal, devido à intersecção de atribuições atendem aos preceitos de exclusividade dos conselhos. Para tanto, utilizou-se as atribuições do Conselho Federal de Contabilidade, do Conselho Federal de Administração e do Conselho Federal de Economia e contemplou a pesquisa e identificação de 18 concursos realizados no Distrito Federal no período de janeiro/2007 a janeiro/2008. Os resultados revelaram que os editais de concursos realizados no Distrito Federal não atendem aos preceitos de exclusividade dos conselhos, uma vez que a maioria dos concursos realizados deveriam ser estendidos para outras áreas, sendo assim os possíveis candidatos e/ou conselho de classe que os representa, sentirem que seus direitos foram violados poderão impetrar recursos.

CONCURSOS PÚBLICOS NO DISTRITO FEDERAL: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE AS INTERSECÇÕES DE ATRIBUIÇÕES ENTRE AS ÁREAS DE CONTABILIDADE, ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA - Idalberto José das Neves Júnior e Alice Nunes Santos (UCB)

A última frase é interessante e talvez apresente uma lógica invertida: a questão dos concursos talvez indique que as áreas apontadas pelos Conselhos não definem muito bem a competência do seu profissional.

É interessante também ler a notícia do CFC de que Perícia contábil é competência do Contador (via blog da Claudia Cruz)

11 janeiro 2007

Duas contabilidades

Da Agência Lusa (10/01):

O próximo parecer do Tribunal de Contas sobre a Conta Geral do Estado já deve incluir um mecanismo que permita ligar a contabilidade pública e a nacional, disse hoje o presidente da entidade que fiscaliza as contas públicas.

(...) Portugal não é o único país a enfrentar este problema de ter duas ópticas para analisar as contas públicas, sendo que uma é o reporte das contas à Comissão Europeia [contabilidade nacional] e outra de fiscalização por parte do Parlamento [contabilidade pública].

Os pareceres do Tribunal de Contas sobre as contas do Estado são feitos numa óptica de contabilidade pública (entrada e saída de dinheiro de caixa), enquanto o reporte dos défices excessivos e os dados do INE são analisados numa óptica de contabilidade nacional (registo dos compromissos assumidos, ignorando quando é feito o pagamento da despesa).


Seria regime de caixa versus competência?

31 dezembro 2006

Contabilidade pública nos Estados dos EUA


Reportagem do The Milwaukee Journal Sentinel (Study sees big deficit; Accounting method differs from state's, de Stacy Forster, 30/12/2006) mostra a dificuldade de adoção do regime de competência na contabilidade pública norte-americana e os problemas de comparação com o regime de caixa.

Segundo o texto, o estado de Wisconsin terminou o último ano com um deficit de $2,15 bilhões pelos princípios de contabilidade, o que significa cerca de 400 dólares por pessoa. Além desse estado, somente Illinois tem adotado esses princípios.

O fato desses dois estados estarem adotando o regime de competência impede uma comparação com os outros estados que utilizam o caixa como base de mensuração. Ao adotar a competência a área pública evidencia os compromissos que são feitos hoje mas que não são pagos de imediato. Numa analogia interessante, para a reportagem, o regime de caixa seria como se ignorassemos o cartão de crédito nas nossas despesas.

No Brasil, nesse momento de transição política, reportagens mostram a situação financeira dos Estados da federação. Pelo regime de caixa. E ignorando a conta do cartão de crédito.