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15 março 2019

Tradução e Comércio Internacional


Um dos requisitos para uma transação comercial é que as partes se comuniquem. É muito difícil para um consumidor comprar um produto de uma pessoa que só se expressa em uma linguagem que ele não entende. Assim, a comunicação pode ser uma barreira para as transações comerciais.

Nos últimos anos, no entanto, surgiram diferentes tecnologias que facilitam o entendimento entre duas partes que não conhecem a língua do outro. Uma lembrança óbvia é o Translate, do Google, mas existe muitas alternativas que tornam possível que uma pessoa que só conhece o português possa se comunicar com outra que não sabe nada da língua portuguesa. Esta tecnologia é possível graças ao computador e aos softwares de inteligência artificial que estão cada vez melhores.

Obviamente que podemos esperar que a introdução desta tecnologia deve afetar a vida das pessoas e ter efeitos econômicos. Com um celular eu posso digitar “Eu quero um copo de cerveja” para um dono de um bar na França, que não sabe português, e ele compreender. Assim, o software permitiu a realização desta transação.

Uma pesquisa divulgada no ano passado mostrou que realmente isto ocorre na prática e conseguiu mensurar o efeito do “translate” no comércio internacional. Usando plataformas digitais, os pesquisadores perceberam que a introdução de um sistema de “translate” aumentou significativamente o comércio. Os pesquisadores encontraram inclusive um valor: 17,5%. Eles usaram o eBay e analisaram as transações entre os Estados Unidos e países da América Latina que falavam espanhol.

Para certificar se os achados eram coerentes, os pesquisadores usaram dois testes adicionais. Um deles foi a análise da exportação dos EUA para o Brasil. O resultado persistiu nestes testes adicionais. Os autores verificaram que a presença do sistema de tradução reduzia o custo de pesquisa.

Fonte: Brynjolfsson, Erik et al. Does Machine Translation Affect International Trade? NBER Working Paper 24917, Ago 2018

06 setembro 2018

Comércio Internacional e Obesidade

Na busca por entender quem está provocando a onda de obesidade nos diferentes países do mundo, uma pesquisa disponibilizada agora achou mais um culpado: o comércio internacional. Segundo o artigo “Weight gains from trade in foods: Evidence from Mexico”, o comércio de comida tem uma responsabilidade bastante razoável na obesidade no México. Os autores fizeram um cruzamento entre o comércio de comida para o México e informações sobre a população. Eles encontraram que a exposição a produtos importados dos Estados Unidos explica 4% do aumento de obesidade entre as mulheres mexicanas no período que vai entre 1988 e 2012. Eles encontraram que os locais que receberam mais produtos importados pouco saudáveis tiveram um efeito mais pronunciado na obesidade.

13 março 2014

Listas: Número de Parceiros no comércio mundial

A seguir a relação do número de vezes que o país é o principal parceiro comercial:

1. Estados Unidos = 44 países
2. China = 35
3. Alemanha = 18
4. França = 14
5. África do Sul = 10
6. Rússia = 9
7. Austrália = 6
8. Índia = 6
9. Brasil = 5
Japão = 5
Nova Zelândia = 5
União dos Emiratos Árabes = 5

Fonte: Quartz

14 novembro 2012

Contabilidade e Economia

Eis um exemplo de como a contabilidade pode ser útil na análise do panorama econômico. A partir das informações do balanço da Petrobras, a reporter descobriu que está ocorrendo manipulação nas contas externas:

As importações brasileiras estão subestimadas em cerca de US$ 6 bilhões este ano por causa de compras de petróleo e derivados realizadas pela Petrobrás que ainda não foram contabilizadas na balança comercial. A discrepância ajuda a melhorar o superávit do País, que vem sendo duramente afetado pela crise global.

Se essas importações já tivessem sido computadas, o saldo comercial estaria em US$ 11,4 bilhões, em vez dos US$ 17,4 bilhões apurados de janeiro a outubro. No período, o superávit registra recuo de 31,6% em relação ao ano passado. Sem a "ajuda" do petróleo, essa queda poderia chegar a 55,2%.

Uma comparação entre os dados do balanço da Petrobrás e os registros da balança comercial mostra o tamanho do descompasso. A quantidade de petróleo e derivados importada cresceu 13,5% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre, conforme o balanço da estatal, mas recuou 38,8% segundo a Secretaria de Comércio e Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento. Exclusivamente na gasolina, a diferença é maior: alta de 90% segundo a Petrobrás e queda de 35,8% pela Secex.

(...) A Petrobrás contabiliza a importação quando tira o produto do navio, enquanto a Secex no momento em que a estatal entrega a documentação completa para a Receita. Publicada em 16 de julho, a instrução normativa 1.282 mudou as regras para o desembaraço de petróleo e derivados.

Na prática, o prazo para a Petrobrás entregar os documentos à Receita aumentou em 50 dias.


Petrobrás adia registro de importação e infla saldo comercial do País em US$ 6 bi - 13 de Novembro de 2012 - O Estado de São Paulo - Raquel Landim

23 outubro 2012

Comércio de Rim

O Irã é o único país onde a compra e venda de um rim é legal. O resultado desta política é a existência de "competição" na venda de órgão, segundo o economista premiado com o Nobel em 2012, Al Roth. Esta competição aparece em "propagandas" em árvores e na existência de um eBay do Rim nas ruas de Teerã.

O sistema é controverso, sendo elogiado por alguns e criticado por outros. O preço oficial de um rim é de 7 milhões de rials ou aproximadamente 1150 reais. A maioria dos vendedores possui entre 20 e 30 anos de idade.

Estes dois aspectos (o preço e a idade) mostra que a maioria das pessoas que vendem seus rins são pobres.  O resultado do sistema iraniano é que não existe lista de esperada na doação desde 1999, como ocorre em outros países, inclusive no Brasil.

04 julho 2012

Despreparo Comercial

Editorial, O Estado de S.Paulo, 27 de maio de 2012

Um levantamento do Fórum Econômico Mundial situa o Brasil em 84.º lugar em uma lista de 132 países classificados de acordo com sua capacitação comercial. Houve um avanço de três posições em relação à pesquisa anterior, de 2010, realizada com 125 países. Mas a melhora é quase insignificante, quando se considera a distância entre o Brasil e dezenas de competidores desenvolvidos e em desenvolvimento.

Vários dos principais obstáculos à competitividade das empresas brasileiras nem são mencionados no estudo. Há referencias a tarifas, por exemplo, mas não aparece, na pesquisa, uma comparação direta entre o sistema tributário brasileiro, complexo, pesado e incompatível com as necessidades de integração nos mercados globais, e os de outros países participantes do comércio internacional. Se esse e outros componentes importantes do custo Brasil fossem considerados, a classificação brasileira provavelmente seria ainda pior.

O relatório pode surpreender por causa da classificação nem sempre boa de algumas das maiores potencias econômicas e comerciais. Não há, no entanto, relação necessária entre a capacitação para o comércio e o tamanho da economia. Os Estados Unidos, maior potência do mundo, ocupam o 23.º posto.

Cingapura, Hong Kong, Dinamarca, Suécia e Nova Zelândia surgem nos cinco primeiros lugares. O Canadá só aparece em 9.º e o Reino Unido, em 11.º. Em 13.º está outra grande potência, a Alemanha, seguida imediatamente pelo pequeno Chile, em excelente posição no quadro geral. O latino-americano seguinte é o Uruguai, 40.º colocado. O preparo para o comércio é determinado por atributos independentes do tamanho, como a qualidade da política econômica, a burocracia, o ambiente regulatório e a infraestrutura.

A classificação do Chile, em 14.º lugar, à frente de várias das maiores e mais desenvolvidas economias e muito longe da maior parte dos latino-americanos, ressalta a importância de um governo leve, pouco intervencionista, comprometido com a integração internacional e bastante eficiente para manter um importante fundo soberano, conhecido por seus investimentos em vários países da região. A posição da Argentina, em 96.º lugar, ressalta o peso do intervencionismo e de uma burocracia montada para emperrar o comércio tanto à custa dos parceiros, como o Brasil, quanto dos empresários nacionais, protegidos por barreiras, mas com enormes dificuldades de acesso aos mercados externos.

O Brasil vai mal na maior parte dos requisitos considerados na pesquisa. A classificação geral de 84.º lugar é dada pela média das classificações de vários atributos. Quando se trata de disponibilidade e uso de tecnologias de informação e comunicação, por exemplo, a economia brasileira aparece em 53.º lugar. Um dos componentes desse item é o uso da internet para atividades de negócios e nesse aspecto a posição é a de número 28. Mas a situação é desastrosa, quando se trata de várias condições dependentes de forma direta da intervenção governamental.

O País aparece em 104.º lugar no item "acesso aos mercados interno e externo", porque as tarifas são muito altas pelos padrões internacionais (114.º posto). As barreiras já eram muito altas e algumas ainda foram elevadas no ano passado. O cenário também é muito ruim quando se examinam a eficiência da administração aduaneira (99.º lugar) e os procedimentos de importação e exportação (101.º posto).

Em outros estudos comparativos, elaborados com objetivos mais amplos, o Brasil também aparece em classificação muito ruim, principalmente por causa da qualidade da administração pública. O setor empresarial privado normalmente recebe uma avaliação bem mais favorável do que o governamental. Pode haver deficiências nas empresas, mas o poder de competição da indústria e da agropecuária é geralmente razoável - e em alguns casos muito bom - quando se consideram as atividades apenas no interior das unidades produtivas. Esse contraste aparece apenas parcialmente nesse estudo sobre capacitação nacional para o comércio, mas, ainda assim, é bastante sensível.

Acesse o relatório do World Economic Forum na íntegra

29 junho 2008

Custo em lojas virtuais

O Mercado Livre informa, por meio de sua assessoria de imprensa, que os preços dos produtos que anuncia podem estar menores porque podem ser seminovos ou porque o usuário que já tem um home theater, por exemplo, ganha outro de presente e, em vez de trocar por outro produto, decide vender por meio do site. (...)

Além do custo do espaço físico ou da locação dele, o site informa que, no comércio virtual, os custos com a contratação de pessoal, os estoques e a logística são inferiores e, por essa razão os produtos podem ser oferecidos por preços menores.

"As grandes redes varejistas empregam milhares de pessoas que atuam em suas lojas físicas. Quantas pessoas são necessárias para atuar numa loja virtual? Na web, você não sabe se aquela empresa é grande ou pequena, mas, sim, se é séria e cumpre com o prometido."

"No Mercado Livre, existem milhares de microempresas com um funcionário: o próprio dono. É ele que, muitas vezes, cuida de tudo: compra do produto, publicação do anúncio, negociação, venda e entrega. Com o crescimento dos negócios, esses microempresários acabam trazendo para a operação seus familiares e amigos."

Lojas virtuais dizem que têm custos menores
Folha de São Paulo - 29/06/2008