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16 novembro 2024

Dos efeitos inesperados da lei fiscal

Da coluna do Financial Times de Tim Harford:

Quando Ernest Borgnine (foto) fez o teste para o papel principal em Marty, ele sabia que essa poderia ser sua grande chance. Estereotipado como um bandido de pequenos papéis, Borgnine tinha quase 40 anos, estava perdendo cabelo e ganhando peso. *Marty* lhe oferecia a oportunidade de interpretar o protagonista: Marty Piletti, um açougueiro solitário à procura de amor.


Enquanto lia as falas do teste, protestando para a mãe de Piletti: “Eu sou apenas um homem gordo e pequeno. Um homem gordo e feio!”, ele imaginou que estava falando com sua própria mãe ítalo-americana. Ele olhou para o diretor e o roteirista, que estavam chorando. Borgnine havia conseguido o tipo de papel com que sempre sonhara. Era seu passaporte para a fama.

Havia apenas um problema: Marty nunca foi planejado para ser concluído. A autobiografia de Borgnine afirma que ele percebeu que o projeto inteiro foi concebido para ser meio filmado, drenado de recursos para subsidiar outros filmes, e depois arquivado, tudo como estratégia para reduzir as contas de impostos do produtor executivo Burt Lancaster.

É difícil dizer se Borgnine descreveu com precisão a natureza do esquema, mas é evidente que o mundo dos impostos é mais estranho do que imaginamos. *Rebellion, Rascals, and Revenue* — uma história dos impostos escrita por Michael Keen e Joel Slemrod — está cheia de maravilhas. Considere o imposto sobre barbas de Pedro, o Grande, imposto em 1698 com o objetivo estranho, mas plausível, de não arrecadar dinheiro, mas fazer com que os nobres russos se barbeassem. (Os que pagavam o imposto recebiam um medalhão com a imagem de uma barba.)

Ou os impostos sobre solteiros, populares em muitos lugares tanto como forma de incentivar a procriação quanto de espremer dinheiro dos homens solteiros que — presume-se — tinham recursos sobrando. Mas e se um homem não conseguisse encontrar uma esposa? Certamente o fiscal não acrescentaria insulto à injúria ao tributar seu fracasso em encontrar o amor? Isenções foram introduzidas para aqueles que tentaram, mas não conseguiram, conquistar uma esposa. Como resultado, uma nova profissão surgiu na Argentina por volta de 1900: a “rejeitadora de cavalheiros”, que, por uma modesta quantia, assinava uma declaração afirmando que determinado cavalheiro havia lhe proposto casamento, mas ela recusou a oferta. O imposto — e a sua evasão — segue caminhos misteriosos.

(...) Quando Lancaster viu o filme completo, apaixonou-se por ele e o promoveu energicamente. Borgnine conquistou o Oscar de melhor ator. (...)

16 dezembro 2021

Escondendo a informação

 The Economist mostra os efeitos do streaming sobre os filmes. Entre diversos tópicos, a revista britânica lembra que o streaming pode ter uma vantagem:

Os 50 mil atores americanos ganharam uma média de apenas US$22 por hora no ano passado, então a maioria fica feliz em receber o dinheiro adiantado e deixar o estúdio assumir o risco. Outro agente confidencia que clientes famosos preferem o sigilo dos streamers sobre as audiências do que o escrutínio público sobre os fracassos de bilheteria. 

Em outras palavras, para o ator famoso um filme exibido na HBOMax será melhor que um filme no cinema. No cinema é possível ter acesso ao sucesso ou fracasso, enquanto na HBO isto não seria possível. Veja que a lógica é de que a informação não é boa...

01 agosto 2021

Cinema, contabilidade e participação nos lucros


Duas histórias de dois atores de Hollywood mostram questões contábeis. 

A primeira é do ator Gerard Butler (foto) que está processando de Olympus, um filme de 2013, sobre a participação nos lucros. O filme teria arrecadado 170 milhões e o ator teria direito a uma participação nos lucros de 10 milhões. O ator apresentou seus números depois de uma auditoria independente. O processo está na esfera judicial e até o momento o ator não recebeu nada em relação a participação nos lucros. 

Como tem sido praxe, a contabilidade do filme sobrecarregou as despesas e isto teria reduzido o valor a ser recebido por Butler. 

O outro caso é de Scarlett Johansen. A atriz fez o papel principal em viúva negra, da Marvel, filial da Disney. A atriz deveria ter um percentual das bilheterias. Mas a Disney mudou a estratégia de lançamento, oferecendo o filme, por US$ 30, para os assinantes do seu canal de assinatura. A atriz alega que esta mudança reduziu a bilheteria do filme nos cinemas e, consequentemente, o valor que deveria ser recebido. Como a atriz também recebe um percentual das compras do filme no canal, este processo talvez seja bem mais difícil que o de Butler. Será necessário provar que a estratégia realmente prejudicou a atriz. Um estudo de contabilidade de custos. 

24 junho 2021

Valor das Propagandas em Filmes

A relação entre propaganda e filme é bem interessante. Veja um texto onde esta relação é explorada:

Um equívoco frequente é que todas as marcas pagam uma fortuna para aparecer na tela prateada. Em alguns casos, isso certamente é verdade: 

  • Harley-Davidson pagou US $ 10 milhões para exibir sua motocicleta elétrica no Vingadores: Era de Ultron (2015). 
  • Heineken desembolsou um estimado US $ 45 milhões por 7 segundos de tempo de tela no filme de James Bond Skyfall (2012). 
  • BMW gastou aproximadamente $ 110m para fornecer carros para GoldenEye (1995), Tomorrow Never Dies (1997) e The World is not Enough (1999). A Aston Martin superou com um $ 140m  para Die another Day (2002). 
  • Mais de 100 marcas (incluindo Gillette, Nokia e Carl's Junior) ofereceram um combinado $ 160m para ser destaque Homem de aço (2013). 

A lógica desses arranjos é simples: os filmes são muito caros. 

Em média, um grande filme de estúdio custos ao redor US $ 65 milhões para produzir, não incluindo marketing e distribuição. O maior pedaço disso é geral custos de produção, que incluem cenografia, adereços e guarda-roupa. 

Para filmes de ação, o orçamento de suporte sozinho pode se estender aos milhões. 

A franquia Velozes e Furiosos, por exemplo destruiu um total de 1.487 carros nos seus 7 primeiros filmes. Mesmo com uma estimativa modesta de US $ 20 mil / carro, isso equivale a US $ 30 milhões nos custos de suporte. (...)

(...) As colocações de filmes valem a pena? 

Dominic Artzrouni é o fundador da Concave Brand Tracking, uma empresa que oferece análises detalhadas sobre o desempenho das colocações de produtos em filmes. 

Artzrouni fornece a marcas como Dell dados sobre o tempo de tela, discernibilidade, visibilidade do logotipo, contexto (localização, associações) e - o mais importante - o valor eles derivam de seus estágios. 

O processo de determinação desse valor é complexo e variado, mas Artzrouni diz que pode ser simplificado em uma fórmula básica : 

(Exposição na tela) x (Visualização) x (Custo dos comerciais de TV) 

Não é uma ciência exata, mas gera uma quantia aproximada em dólares que equivale à colocação de um filme de marca ao valor que derivaria dos comerciais tradicionais de TV. 

A cada ano, ele publica uma lista das marcas que obtiveram o maior valor dos canais de produtos. 

Em 2020, a marca principal - a fabricante britânica de roupas e calçados Lonsdale - gerou uma estimativa US $ 16,5 milhões de seus mais de 16 minutos de tempo de duração The Gentlemen.



06 setembro 2020

Rotten Tomatoes e Desempenho de um filme nas bilheterias

 A site Rotten Tomatoes é conhecido por agregar as críticas - positivas e negativas - dos filmes. Nos Estados Unidos, o site é um grande poder sobre a audiência. De uma maneira geral, um parcela bem expressiva das pessoas que gostam de cinema usam o Rotten para consultar sobre a qualidade dos filmes. Mas isto significa que o Rotten afeta o desempenho financeiro dos filmes? 

Esta é uma questão bem interessante que uma reportagem do The Ringer, "Has Rotten Tomatoes Ever Truly Mattered?" (Ben Lindbergh e Rob Arthur, 4 de setembro de 2020) mostra. O gráfico abaixo é bem importante para a análise:

De um lado, a margem de lucro de um filme e do outro a nota do Rotten Tomatoes. O gráfico levou em consideração o orçamento do filme e o resultado parece indicar que maiores notas, melhores retornos. Mas veja que os autores do artigo não dizem que existe uma relação de causalidade (nota melhora a bilheteria). Um filme ruim pode ter um desempenho de bilheteria ruim não pela nota, mas pelo fato de ser ruim. Mas parece que a nota exerce um poder maior em alguns tipos de filmes, como comédias ou dramas. Veja o mesmo gráfico, somente para os dramas:
Veja que a curva é mais acentuada. Isto indicaria que dramas com boas notas (acima de 70 ou 80%) conseguem um salto substancial no desempenho financeiro. Isto não ocorre, por exemplo, nos filmes de ação. Enquanto um filme de ação com nota máxima pode ter uma rentabilidade de duas vezes o orçamento, uma comédia isto pode significa quatro vezes. Ou um filme de terror, que pode ter seu desempenho multiplicado por 10 ou 20 vezes. 

Contabilidade?  - Temos uma situação onde o gosto de "críticos" pode afetar o desempenho da empresa. Isto pode ocorrer em qualquer setor. Considere uma empresa que fabrica aspirador de pó; um site especializado em análise de produto pode fazer uma avaliação ruim do produto e isto refletir diretamente nas vendas e lucro da empresa. 


16 agosto 2020

Futuro no Cinema

 

Há muitos filmes que falam do futuro. Eis uma relação (via aqui) de alguns e o ano onde se passa a ação.

E a contabilidade? - fazendo previsões sobre o fluxo de caixa futuro das unidades de negócios. 

31 maio 2020

Yesterday

O filme Yesterday, de 2019, é bem interessante. Narra um músico que se descobre em um mundo que não conhece a música dos Beatles. O filme fez uma boa bilheteria, obtendo 153 milhões de dólares. Sendo um filme com um custo de produção reduzido, estimou-se um lucro de 45 milhões.

Mas as informações do estúdio indicam que o filme teve um prejuízo de 88 milhões. E neste caso, o estúdio carrega nas despesas e subestima as receitas, conforme informa o site Deadline.

(Este site lembra um caso similar, do filme Harry Potter e a Ordem de Fênix, que teve uma bilheteria de 942 milhões e gerou um prejuízo de 167 milhões).

A partir dos números divulgados, o site Deadline faz as seguintes contas:

Prejuízo Líquido apurado = 87,7 milhões
Despesa de distribuição a mais = 22,89 milhões
Crédito fiscal não reconhecido = 15,3 milhões
Receita de vídeo futura = 8 milhões
Receita de Televisão ainda não reconhecida = 68 milhões
Novo Resultado = 26,49 milhões 

Bem diferente do mundo contábil da Universal

03 julho 2019

Títulos de filmes

Nos últimos anos, os filmes de sucesso são cada vez mais "sequências" de outros filmes. Nos Estados Unidos, dos 100 filmes com melhor bilheteria em 2017, 30% eram sequências. Em 2005 este percentual era de 10%.

Uma consequência disto: os títulos usam cada vez mais pontuação: virgula, dois pontos, exclamação e outros sinais. Exemplos:

John Wick 3: Parabellum
Mamma Mia! Here We Go Again
Shazam!
Spider-Man: Far from Home
Avengers: Endgame
Once Upon a Time ... in Hollywood

09 fevereiro 2019

Allen Processa Amazon

  • O cineasta Woody Allen assinou um contrato de produção de filmes com a Amazon
  • Em razão da rejeição ao seu nome em Hollywood, diversos atores estão evitando Allen
  • A Amazon não fez a distribuição do último filme e recusa a produzir outros quatro
  • Allen entrou com um pedido de US$68 milhões de indenização

A Forbes informa que o diretor de cinema Woody Allen entrou com processo contra a Amazon Studios. O cineasta solicita 68 milhões de dólares de indenização em razão da empresa não ter feito a distribuição do seu último filme, "A Rainy Day in New York", além da decisão de abortar a produção e distribuição de quatro outros filmes. O processo é de quebra de contrato; a Amazon recuou no acordo com Allen depois da reação de diversas pessoas, incluindo atores famosos, com respeito a uma acusação de que teria molestado um filha adotiva. 

Apesar do caso ser de conhecimento público na época da assinatura do contrato, o caso voltou a ser discutido em ração das denúncias de assédio em Hollywood.

03 julho 2018

24 junho 2018

Ator falido

A revista Rolling Stones informa que o ator Johnny Deep está falido (ou quase). O ator, conhecido pelo papel de Jack Sparrow, teve ter, ao longo de sua carreira, arrecadado 650 milhões de dólares. E achou um culpado na figura dos antigos empresários, que por sua vez estão processando o ator.

Os problemas do ator incluem uso de drogas e péssimos hábitos de consumo, que inclui um pagamento de 5 milhões de dólares para que as cinzas de Hunter S. Thompson saísse de um canhão.

(via aqui)

05 março 2018

Oscar ou Nunca Desista

Na festa do Oscar, ontem, um acontecimento interessante: Roger Deakins, considerado um dos melhores na sua especialidade, na sua 14a. chance, conseguiu vencer o prêmio de melhor fotografia.

Deakins já tinha sido indicado por

(1) Um Sonho de Liberdade
(2) Fargo
(3) Kundun
(4) E aí, meu irmão, cadê vocÊ?
(5) O homem que não estava lá
(6) O Assassinato de Jesse James
(7) Onde os fracos não tem vez
(8) O Leitor
(9) Bravura Indômita
(10) 007 Skyfall
(11) Os suspeitos
(12) Invencível
(13) Sicário
(14) Blade Runner

27 fevereiro 2018

Weinstein Company

A Weinstein Company foi fundada em 2005 e tinha como dono Bob Weinstein, irmão do mais conhecido Harvey. Mas desde o segundo semestre de 2017, Harvey tem sido acusado de uma série de crimes sexuais, que inclui assédio com várias mulheres. Até então, a Weinstein Co era uma empresa “respeitável”, responsável pela produção de filmes como Django, O Discurso do Rei, Bastardos Inglórios, entre outros.

Com o escândalo, o procurador-geral apresentou uma ação judicial contra a empresa. A acusação é que a empresa, incluindo o irmão Bob, não tomaram medidas preventivas contra o assunto, apesar de existirem provas há anos. Os gestores da entidade perceberam que a solução para evitar o desemprego e preservar ativos seria a sua venda. Entretanto, o efeito do escândalo foi maior e afetou a própria venda planejada.

Agora, anuncia-se a falência ordenada da empresa, como “unica opção viável para maximizar o valor restante da empresa”.

24 janeiro 2018

Oscar vai para ...

O Oscar de 2017 teve como destaque uma empresa de auditoria. Para quem não lembra, no momento da entrega do prêmio de melhor filme, ocorreu uma confusão envolvendo o funcionário da empresa responsável pelo "ritual do envelope", a PwC.

Agora foram anunciados os candidatos ao prêmio e o fato ocorrido no ano passado é lembrado. Apesar do problema ocorrido, a organização não considerou isto grave o suficiente para trocar a auditoria. A PwC adotou "novas" regras para evitar o problema e o erro humano. A Academia de Cinema, responsável pela premiação, parece que considerou o problema como um "simples erro humano"

"Ainda assim, foi um grande erro humano, e foi um erro humano muito público"