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04 abril 2025

Fundação IFRS: maior e com boa saúde financeira

A Fundação IFRS divulgou suas demonstrações contábeis anuais. O relato mostra uma entidade do terceiro setor que está cada vez maior, mas que ainda preserva uma boa saúde financeira. Como já havia ocorrido no ano passado, o documento piorou em termos de layout, com letras reduzidas, muitas vezes sobrepostas a fundos coloridos ou a fotos. Péssimo para quem deseja ler o texto, ao contrário das versões de 2020 e 2021, por exemplo.

Mas eis alguns números interessantes:

Desde a criação do ISSB, a Fundação mais que dobrou de tamanho em número de funcionários. Se há um aumento no escopo do trabalho da entidade, mais funcionários podem ser uma má notícia para a contabilidade: mais produção de documentos, alguns sem tanta relevância. Ao final de 2024, eram 369 funcionários, bem mais que os 156 de 2020. A decisão de repartir o ISSB por seis cidades do mundo — todas no primeiro mundo — também contribui para essa expansão. 

As receitas também cresceram. Antes, estavam na casa dos 30 milhões de libras; agora, estão próximas dos 70 milhões. O tema da sustentabilidade parece ter um atrativo substancial para os doadores. Uma consequência indireta é que o peso da contribuição das grandes empresas de auditoria (Big Four) diminui, o que é positivo.

Deixei para o final as doações realizadas pelo Brasil. Basicamente, os doadores são o Itaú, a Petrobras, o Ibracon e a B3. Mas, em 2024, houve uma redução significativa do dinheiro brasileiro — e a explicação é o Itaú. Desta vez, a instituição financeira não fez o cheque para a entidade. No passado, o ex-diretor Broedel fazia parte da burocracia da Fundação. Com sua saída do Itaú, pouco amistosa, nem mesmo a Fundação foi poupada. 

Mas fica a pergunta: por que a B3, o CFC ou outra grande empresa nacional não contribuem com a entidade do terceiro setor? Falta de credibilidade? Amarras burocráticas? Efeito carona? 




16 outubro 2024

Carona nos gastos públicos

Que o efeito carona nos gastos públicos existe, já era conhecido. Um caso típico é quando uma pessoa se beneficia dos serviços ofertados pelo governo enquanto outra paga os impostos. Um artigo recente mostra esse efeito entre nações. Existe o "free-riding" (carona) nos gastos de defesa entre os países da OTAN? Eis o resumo:


As preocupações com o "free riding" na OTAN são amplamente difundidas. Uma abordagem intuitiva para analisar o "free riding" é tratá-lo como um padrão sistemático de interdependência espacial entre os aliados: como os gastos com defesa de um membro da OTAN reagem a mudanças nos gastos militares de outros aliados? Embora trabalhos recentes tenham encontrado evidências estatisticamente significativas de "free riding" (interdependência espacial negativa nos resultados), esses estudos apresentam limitações importantes. Primeiro, essa pesquisa não leva em consideração de forma adequada a dependência temporal. Segundo, ela não quantifica o efeito de interesse. Considerar diretamente a dependência temporal oferece uma perspectiva significativamente distinta sobre as dinâmicas dentro da aliança, demonstrando que o efeito espaciotemporal do "free riding" é, de fato, mais substancial do que seu efeito de curto prazo, desafiando as inferências dos modelos espaciais estáticos. Discutimos as implicações práticas e teóricas relevantes.

A spatiotemporal analysis of NATO member states' defense spending: How much do allies actually free ride? Ringailė Kuokštytė & Vytautas Kuokštis - Political Science Research and Methods, forthcoming, via aqui