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23 novembro 2020

Contabilidade da Cannabis


A contabilidade pode ser aplicada a qualquer negócio: empresa comercial, uma indústria, o governo, um bordel, aos negócios particulares e em negócios esdrúxulos. Daniel Hood escreve um artigo sobre a dificuldade de ser contador de uma empresa de cannabis nos Estados Unidos. Já discutimos isto aqui, com o caso do Canadá.

A contabilidade para empresa de cannabis é um nicho de mercado interessante. Nos Estados Unidos, alguns estados liberaram a produção e comercialização - sob determinadas restrições - do produto. Durante a pandemia, tudo leva a crer que cresceu o consumo do produto. O consumo do produto parece que resistiu à recessão, embora o abastecimento do mercado ilegal parece ter se aproveitado mais. 

Entretanto, há alguns problemas. Hood lembra que o setor possui um grande problema no acesso aos canais bancários normais: as instituições financeiras estão sob regulamentação do governo federal, que ainda não "legalizou" o negócio. Assim, as transações são basicamente em moeda corrente. E isto traz alguns problemas: roubo, extravio, dificuldade de pagamento de folha e a própria contabilidade. 

Consultoria profissional sobre como administrar um negócio somente em dinheiro é, portanto, crítico para as empresas de cannabis

E auditoria. E uma legislação confusa, onde a ausência de leis federais cria uma série de problemas para as empresas. Em alguns estados, as leis são de responsabilidade dos municípios. E cada localidade tem suas regras. Os softwares específicos possuem bugs e não existe pessoal especializado. 

25 janeiro 2018

Alucinações auditadas na Contabilidade

O título desta postagem parece coisa de jornal sensacionalista. Confesso que fiquei na dúvida se deveria ser um “rir é o melhor remédio” (uma postagem diária que fazemos no blog). Mas a notícia é séria.

A Bloomberg informou que no Canadá a adoção das normas de contabilidade internacional, as IFRS, estão trazendo números, para as empresas produtoras de maconha, estranhos. Em alguns casos, margens brutas de mais de 100%. São 84 empresas produtoras listadas com um valor de mercado perto dos 30 bilhões de dólares.

Em 2011 o Canadá passou a adotar as normas internacionais de contabilidade. Por estas normas deve-se utilizar o valor justo para os chamados ativos biológicos. Isto exige que as empresas estimem o valor das mercadorias plantas quando ainda estão crescendo, mas não produzindo.

Isso é parecido com contar suas galinhas antes de serem incubadas, deixando as empresas abertas para grandes amortizações e investidores tentando entender financeiramente [os números].

Segundo Al Rosen, um crítico mordaz das IFRS, é uma “alucionação auditada”. Ele declarou para a Bloomberg que "as demonstrações financeiras da maconha não têm absolutamente nada a ver com a realidade".

Ocorrendo uma valorização estimada no valor justo das plantas de cannabis com o seu crescimento, o resultado afeta o lucro bruto.

A Canopy Growth Corp. , a maior empresa de cannabis do mundo, com um valor de mercado de mais de C $ 7 bilhões, registrou uma margem bruta de 164% com a IFRS no terceiro trimestre (...) A diferença pode ser dramática. A margem bruta das IFRS da Canopy foi de 186% no terceiro trimestre de 2016, mas 60% após a remoção das métricas de valor justo, de acordo com Rosen.

Segundo a Bloomberg, citando um regulador canadense, parece que o IFRS Discussion Group pretende discutir o assunto da “cannabis accounting” (este foi o termo usado) em uma próxima reunião. Um dos problemas da “cannabis accounting” é a questão da estimativa do valor justo, já que o mercado legal do produto não está estabilizado. Além disto, a norma exige várias estimativas, como custos de crescimento, colheita e venda; rendimentos projetados da planta; e o preço pelo qual a droga será vendida, entre outros aspectos.

Em razão das regras, é possível que uma empresa tenha receita, mesmo não tendo vendido uma única grama do produto.