Quando começamos a aprender qualquer matéria nova, nosso desejo é ter regras imutáveis e simples. Assim, basta decorar as regras e pronto! Somos especialistas naquele conhecimento. Isto também ocorre com as pessoas que começam a aprender contabilidade. Como professores, temos respondido ao longo dos anos perguntas que expressam este desejo. Mas a contabilidade não cabe sempre em regras imutáveis e simples.
Vamos dar um exemplo de uma questão que surge constantemente e que está relacionada com a classificação dos itens nas demonstrações contábeis. No capítulo 2 do volume 1 do livro Curso de Contabilidade Básica, mostramos os grandes grupos das demonstrações contábeis. Mostramos no livro que o ativo está dividido em circulante e não circulante. O lado direito do balanço em passivo circulante, não circulante e patrimônio líquido. O exemplo que iremos trazer aqui diz respeito justamente à classificação do ativo, em circulante e não circulante. É muito comum dúvidas do seguinte tipo: estoques é circulante ou não circulante? E as aplicações financeiras? E assim por diante. Em muitos casos, infelizmente, a resposta é: depende.
Veículos é circulante ou não circulante? Na maioria dos casos, veículos é não circulante. Muitas vezes na nossa pressa respondemos de imediato: não circulante. Mas o correto é: depende também. Veja o caso da Quality Aluguel de Veículos S/A e seu balanço de 31 de dezembro de 2016, consolidado.
Sendo uma empresa de aluguel de veículos, podemos imaginar que o grande ativo será, obviamente, veículos. E que esses veículos, por serem utilizados nos negócios, estariam classificados no não circulante. Mas observe que a conta de maior peso no balanço é “estoques” e não a de imobilizado. Olhando agora o que a empresa publicou na nota explicativa número 6, podemos ver o detalhamento dessa conta:
Os estoques da empresa, que correspondem a 77% do ativo, são veículos. E estes estão classificados no ativo circulante. Assim, como dissemos anteriormente, veículos usualmente são classificados no ativo não circulante. Mas, voltando à nossa pergunta inicial: veículos é circulante ou não circulante? Podemos ver que a resposta correta deve ser depende! Em circunstâncias especiais como a desta empresa, podem ser considerados no circulante.
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21 junho 2017
24 abril 2017
Curso de Contabilidade Básica: Venda do Ativo não Circulante
O ativo de uma empresa é classificado em dois grandes grupos, conforme sua liquidez. Quando o ativo deverá ser convertido em dinheiro até o final do exercício seguinte, o mesmo é classificado no grupo do ativo circulante. Caso isto não ocorra, é considerado como ativo não circulante. Considere o exemplo do estoque. Se existe a pretensão da empresa de vender o estoque até o final do exercício seguinte, o mesmo será considerado como um item do ativo circulante. Por outro lado, se a chance de venda for reduzida, classifica este estoque como um ativo não circulante.
Observe que existe um grau de imprecisão nesta classificação, já que é impossível prever com certeza que um item será convertido em dinheiro até o final do exercício. Aquele estoque que a empresa acreditava vender até o final do exercício pode não ter sido transacionado. Assim como o estoque que existia a previsão de não ser convertido em dinheiro pode ser comercializado. Por isso, a classificação é dada com base na pretensão de venda e não na realização, propriamente dita.
Dessa forma, o que é válido para o estoque também é aplicado a outros itens do ativo. É o caso de terrenos. Se a empresa tiver a pretensão de vender um terreno até o final do exercício seguinte, o ativo é classificado no circulante. Não existindo a intenção de venda, trata-se de um ativo não circulante.
O exemplo apresentado a seguir é da CEB, uma empresa de energia elétrica com atuação no Distrito Federal e entorno. Observe o balanço da empresa:
No dia 31/12/2015 constava do circulante a conta “ativo não circulante mantido para venda” no valor de R$276 milhões. No ano seguinte o valor era de quase R$4 milhões. A empresa pretendia vender diversos terrenos que possuía em Brasília em 2016. Para isto, classificou os valores como circulante, na conta em destaque. No final de 2016 o valor caiu. Pode ter acontecido dois fatos: ou a empresa vendeu parte destes terrenos e por isto não consta mais do seu ativo ou desistiu da venda e novamente considerou estes terrenos como não circulante.
Como os valores são expressivos, a empresa faz um esclarecimento em nota explicativa:
Veja o leitor que ocorreu a segunda hipótese: a empresa não vendeu e passou a considerar os terrenos novamente como não circulantes.
Ao fazer a classificação como “não circulante mantido para venda” a empresa informa ao usuário a intenção de vender seu patrimônio. As razões para isto são as mais diversas. Uma consequência talvez não prevista (ou intencional) é que a classificação adotada no final de 2015 altera a liquidez da empresa.
Observe que existe um grau de imprecisão nesta classificação, já que é impossível prever com certeza que um item será convertido em dinheiro até o final do exercício. Aquele estoque que a empresa acreditava vender até o final do exercício pode não ter sido transacionado. Assim como o estoque que existia a previsão de não ser convertido em dinheiro pode ser comercializado. Por isso, a classificação é dada com base na pretensão de venda e não na realização, propriamente dita.
Dessa forma, o que é válido para o estoque também é aplicado a outros itens do ativo. É o caso de terrenos. Se a empresa tiver a pretensão de vender um terreno até o final do exercício seguinte, o ativo é classificado no circulante. Não existindo a intenção de venda, trata-se de um ativo não circulante.
O exemplo apresentado a seguir é da CEB, uma empresa de energia elétrica com atuação no Distrito Federal e entorno. Observe o balanço da empresa:
No dia 31/12/2015 constava do circulante a conta “ativo não circulante mantido para venda” no valor de R$276 milhões. No ano seguinte o valor era de quase R$4 milhões. A empresa pretendia vender diversos terrenos que possuía em Brasília em 2016. Para isto, classificou os valores como circulante, na conta em destaque. No final de 2016 o valor caiu. Pode ter acontecido dois fatos: ou a empresa vendeu parte destes terrenos e por isto não consta mais do seu ativo ou desistiu da venda e novamente considerou estes terrenos como não circulante.
Como os valores são expressivos, a empresa faz um esclarecimento em nota explicativa:
Veja o leitor que ocorreu a segunda hipótese: a empresa não vendeu e passou a considerar os terrenos novamente como não circulantes.
Ao fazer a classificação como “não circulante mantido para venda” a empresa informa ao usuário a intenção de vender seu patrimônio. As razões para isto são as mais diversas. Uma consequência talvez não prevista (ou intencional) é que a classificação adotada no final de 2015 altera a liquidez da empresa.
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