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01 junho 2012

O vocábulo inovação nos Relatórios de Administração


Na sua empresa há inovação? Praticamente todas diriam que sim. O termo é usado a torto e a direito por empresas. É um modo de mostrar que estão na vanguarda, seja lá do que for: da tecnologia, da medicina, dos salgadinhos, dos cosméticos. É um tal de exibir diretores de inovação, equipes de inovação, estratégias de inovação. Há até "dia" da inovação.

Não significa, no entanto, que a empresa esteja realmente inovando em alguma coisa. Nada disso: embora o termo remeta a uma transformação monumental, o progresso sendo descrito volta e meia é bem ordinário.

Como outros motes popularíssimos no passado - "sinergia", "otimização" -, a inovação corre o risco de virar um clichê. Se é que já não virou. "A maioria das empresas diz que é inovadora na esperança de levar o investidor a crer que há crescimento onde não há", diz Clayton Christensen, professor da Faculdade de Administração Harvard e autor de "O Dilema da Inovação", de 1997.

Uma busca em informes de resultados anuais e trimestrais apresentados à agência reguladora do mercado aberto nos Estados Unidos, a SEC, revela que empresas citaram alguma variação do termo "inovação" 33.528 vezes no ano passado, alta de 64% em relação a cinco anos antes. Mais de 250 livros com o termo "innovation" no título foram lançados nos últimos três meses - a maioria na seção de administração, segundo pesquisa na Amazon.com.

(...)Hoje consultor de inovação, Berkun aconselha clientes a banir a palavra da empresa. "É uma palavra camaleônica [usada] para ocultar a falta de substância", diz.

Para Berkun, a popularização do termo inovação remonta à década de 90, época da bolha da internet e do lançamento de "Dominando a Dinâmica da Inovação", de James M. Utterback, e do livro de Christensen. O termo seduz empresas estabelecidas por indicar algo ágil e bacana, como seriam uma empresa nova e seus criadores, explica.

Nos Estados Unidos, mais de 250 livros com a palavra "innovation" no título foram lançados nos últimos três meses Nem sempre empresas de tecnologia são as que mais abusam do termo. A Apple e o Google usaram a palavra inovação 22 vezes e 14 vezes, respectivamente, nos mais recentes relatórios anuais. Junto com elas vieram Procter & Gamble (22 vezes), Scotts Miracle-Gro (21) e Campbell Soup (18).

A febre da inovação fez nascer toda uma indústria de consultoria. Empresas do ranking das cem maiores da revista "Fortune" pagam a consultores de inovação entre US$ 300 mil e US$ 1 milhão para a colaboração em um único projeto, o que pode chegar a US$ 1 milhão e US$ 10 milhões ao ano, estima Alex Kandybin, consultor de estratégia de inovação da Booz & Co.

Além disso, quatro de cada dez executivos dizem que sua empresa hoje tem um diretor de inovação, de acordo com um estudo recente do fenômeno divulgado no mês passado pela consultoria Capgemini.

Os resultados, baseados em uma sondagem pela internet de 260 executivos do mundo todo, além de 25 entrevistas mais detalhadas, sugerem que o título pode ser mera "propaganda". A maioria dos executivos admitiu que sua empresa ainda não tem uma estratégia de inovação clara para respaldar o posto(...)

A palavra inovação de nova não tem nada. O primeiro registro do termo - que vem do latim "innovatus" (renovação, mudança) - em um documento impresso da do século 15, diz Robert Leonard, presidente do programa de linguística da Universidade Hofstra, nos EUA. Com a aceleração do ciclo de produtos em empresas, a palavra passou a significar não só fazer algo novo, mas fazê-lo com mais rapidez, diz ele.

Christensen observa que as demais modalidades poderiam muito bem ser chamadas de progresso comum - e normalmente não criam mais empregos nem negócios. Como a inovação de ruptura pode levar de cinco a oito anos para dar frutos, diz ele, muita empresa perde a paciência. Para a empresa é bem mais fácil, acrescenta o autor, apenas dizer que está inovando. "Todo mundo está inovando, pois qualquer mudança virou inovação"(...)

Fonte :Inovação vira clichê no dicionário empresarial - Leslie Kwoh - Valor Econômico - 25/05/2012 - Publicado originalmente no WSJ no dia 23/05/2012.

07 janeiro 2011

A popularidade da contabilidade

O gráfico abaixo mostra o número de vezes que a palavra contabilidade, em inglês, aparece nos livros da biblioteca do Google. É interessante notar que o termo praticamente não era usado até início do século passado. A partir da década de sessenta o termo torna-se mais popular nas obras, sendo uma palavra mais fácil de ser encontrada.


O segundo gráfico mostra a mesma palavra, também nos livros da biblioteca do Google, em espanhol. Observe que o termo era muito mais usado nos livros em 1870 do que nos dias de hoje. E ao contrário do termo em língua inglesa, a partir da década de sessenta tem sido usado cada vez menos.


O Google não disponibiliza a ferramenta para língua portuguesa, infelizmente.

24 janeiro 2010

Pior Evidenciação

O Footnoted é um dos endereços contábeis mais interessantes da internet. Diariamente publica notas explicativas esdrúxulas. No final do ano procedeu-se a escolha da pior Footnote de 2009 (And the worst footnote of 2009 was... . A empresa vencedora foi a Chesapeake Energy, que evidenciou o gasto de 12,1 milhões de dólares na compra de uma coleção de mapas antigos do Chairman e CEO Aubrey McClendon. Num dos trechos informa que um avaliador que ajudou Aubrey a adquirir a coleção num período de seis anos afirmou que o valor de reposição excedia o preço de aquisição. A nota também informava que a coleção seria exposta e que no futuro qualquer aquisição de mapas históricos seria realizado pela empresa.

23 março 2009

Importância do Texto na Contabilidade - 2

CAPITAL ABERTO: Release tem de ser claro e acessível, diz Codim
5/3/2009
Gazeta Mercantil News

SÃO PAULO, 5 de março de 2009 - O conteúdo de um release deve ser explicativo e de linguagem acessível para qualquer público, seja acionista, investidor e público em geral", afirmou Helio Garcia, subcoordenador do comitê do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI) e um dos relatores do pronunciamento de Orientação n° 6 sobre Releases, anunciado pelo Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado (Codim), esta manhã.

"A divulgação de um release deve ser feita à comunidade financeira, às agências de notícias e à imprensa em geral", confirmou Alexande Oliveira, membro do comitê pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), e também relator do evento que focou a importância da ferramenta no auxílio de divulgação de informações.
O documento contém 16 itens que propõem as melhores práticas para que as companhias abertas preparem seus releases. "Vale ressaltar que os releases não devem substituir os procedimentos de publicação e arquivamento de informações na forma exigida pela legislação", ressaltou Oliveira.

Dentre os pontos contidos no documento e mencionados por ambos os relatores estão as informações merecedoras de divulgação imediata através de releases - resultados financeiros, fusões, aquisições, guidance, parcerias, prêmios, desdobramento de ações e mudanças importantes na direção da companhia, entre outras. "Ou seja, todo fato relevante e notícia tida como importante dentro da empresa", disse Garcia.
Ainda de acordo com os executivos, a abrangência e simultaneidade das divulgações são fundamentais para que todos os grupos financeiros estejam dentro de uma equidade. "Além disso, os desdobramentos das informações também devem ser divulgadas", afirmou Oliveira.

Um assunto bastante frisado pelos executivos foi a divulgação de informações desfavoráveis. "Esse tipo de informação também deve ser divulgada ao mercado com a mesma presteza e franqueza que as informações consideradas", completou Garcia.
(Vanessa Correia - InvestNews)

Importância do Texto na Contabilidade 1

(...) Uma pesquisa entre os membros do Chartered Institute of Management Accountants (CIMA) revelou que 93% acreditam que a complexidade das demonstrações aumentou nos últimos cinco anos. (...)

Demonstrações contábeis devem ir além de números prescritos pela legislação. (...) Embora seja muito difícil provar seu impacto positivo no rating da empresa diretamente, a PricewaterhouseCoopers (PwC) produziu uma evidencia interessante do seu efeito muitos anos atrás. Dois grupos de analistas tiveram acesso a níveis diferentes de informação sobre a mesma empresa. O primeiro grupo, que recebeu somente números, mas não narrativas, recebeu uma menor avaliação que o segundo grupo, que foi dado relatórios de narrativas contextuais.

(…) Minha paixão é a narrativa. Este estilo apresenta uma oportunidade vital para administração explicar sua estratégia para os investidores, discutindo o ambiente e informando como eles implementam sua estratégia. (...)

O ambiente em que nós operados é tão dinâmico que como a informação é apresentada pode ser muito diferente de dois anos atrás.


Corporate reports in narrative style give better impression
Charles Tilley - chief executive of the CIMA e autor de Complexity, Relevance and Clarity of Corporate Reporting; Views of CIMA FTSE350 Directors - 3 March 2009 - The Times – 1 – 52


Tenho realizado em conjunto com meus orientandos uma série de pesquisa na área de narrativa contábil. Isto inclui tanto o Relatório de Administração quanto as Notas Explicativas. Algumas destas pesquisas resultaram em dissertações de mestrado. Neste momento estou trabalhando em duas pesquisas sobre o assunto.

05 janeiro 2009

Pior de 2008

O blog Footnote publica, diariamente, trechos de notas explicativas (ou de outros textos narrativos) de empresas de capital aberto dos Estados Unidos. É uma proposta interessante e em várias situações o blog foi escolhido como sendo um dos melhores na área financeira.

No final do ano, foi feita a eleição da “pior” nota explicativa. E o vencedor foi a empresa A. Schulman. Basicamente a empresa comenta que durante o ano de 2008 a empresa manteve um arrendamento de um avião para transporte dos executivos. A nota informa que a aeronave é usada somente para fins de negócios. Mas o fim do contrato de arrendamento tornou poibitivo o acesso a um campo de pesca no Canadá. Este campo era usado somente para “propósitos de business entertainment” e foi colocado à venda em 2008.