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10 abril 2011

Fractais e Análise gráfica

Por Pedro Correia

"...Em meados de 2005, passei a considerar fortemente a possibilidade de uma ruptura no mercado imobiliário americano, o que poderia gerar uma crise de confiança e afetar as bolsas de valores negativamente. Com receio do que pudesse vir a ocorrer, adicionado ao estigma que muitos me imputam de ser um “pessimista de carteirinha”, procurei estudar teses que pudessem justificar comportamentos de “manada” dos mercados, sobretudo para os momentos de pânico, quando a hipótese de Fama pouco funcionaria. Foi quando descobri a teoria das finanças fractais[1].


De forma resumida, essa teoria contrapõe-se à hipótese de mercado eficiente, ao advogar a tese de que os preços e a experiência passada influem de forma decisiva o comportamento do investidor hoje, exercendo influência também sobre as expectativas futuras. Outro ponto importante a se ressaltar diz respeito ao horizonte temporal do investidor, o que influencia na liquidez. Alguns “operam” com viés de curtíssimo prazo, outros a médio prazo, enquanto os institucionais objetivam mais o longo prazo (cada qual com um interesse distinto). Assim sendo, não teremos necessariamente os preços negociando aos seus valores justos, sem contar que a liquidez, nos momentos de crise sistêmica, “seca”, derrubando os preços de forma dramática.


Sob essa ótica não seria errôneo considerar que a análise gráfica incorpora conceitos dos fractais. Ao tentar antecipar os movimentos de alta ou baixa das cotações, o analista gráfico avalia comportamentos passados (inclusive sob aspectos psicológicos) que tendem a se replicar, através de linhas de tendências, suportes, resistências, que “desenham” figuras geométricas, como triângulos, retângulos, cunhas, ombro-cabeçaombro e tantas mais. Muitos investidores, sobretudo os mais jovens, vêm investindo em cursos de análise técnica para aumentar sua eficiência no mercado..."




[1]Definição do ramo da matemática criado por Mandelbrot :"A geometria fractal é o ramo da matemática que estuda as propriedades e comportamento dos fractais. Descreve muitas situações que não podem ser explicadas facilmente pela geometria clássica". Recentemente foi lançado um livro intitulado:“Finanças e Mercado de Capitais. Mercados fractais: a nova fronteira das finanças.


Aqui mais postagens sobre os fractais e seu criador: o genial Mandelbrot.

29 março 2011

Análise Técnica

O livro The Evolution of Technical Analysis, de Andrew Lo e Jasmina Hasanhodzic (Bloomberg, 2010) é surpreendente. Em primeiro lugar, pela presença de Andrew Lo entre os autores. Lo é um dos mais respeitos financistas da atualidade, com trabalhos em técnicas quantitativas (um dos autores do respeitado livro The Econometrics of financial Markets, em conjunto com Campbell e MacKinley), além da recente teoria dos mercados adaptativos. Em segundo lugar, este pequeno livro de 165 páginas é objetivo e fácil de ler. Em parte pelo fato dos autores não estarem preocupados em demonstrar suas teorias, mas contar uma história. Terceiro, o livro possui oito capítulos, sendo cinco deles voltados para a história da análise técnica. Em lugar de serem voltarem a história para os eventos do mundo capitalista ocidental, os autores analisam a evolução que ocorreu na Ásia. Finalmente, o livro mostra que devemos respeitar a análise técnica. É comum existirem associação entre a análise técnica e crendices (como a astrologia). Os autores mostram um profundo respeito pelas teorias que foram consolidadas por Dow (do índice Dow Jones e do Wall Street Journal). Leitura recomendada para aqueles que são adeptos da análise técnica. E para os defensores da análise fundamentalista, que podem apreciar uma obra elegante sobre um assunto controverso.

Análise Técnica versus Fundamentalista

Em última análise, no entanto, ambas as análises, técnicas e quantitativas, servem a finalidades semelhantes.: ambas tentam prever o futuro com base em modelos do passado. Um delas é estatística, a outra é intuitiva. Considerando que a quantitativa minimiza uma soma dos quadrados dos resíduos para encontrar a melhor reta com base nos dados, a técnica estima que, olhando para os gráficos, em busca de padrões, e inferir os pensamentos e sentimentos dos outros participantes do mercado. Ambas as abordagens têm mérito. Isso não quer dizer que elas são iguais: claramente, métodos quantitativos ganharam, dominando a indústria de investimentos por causa do demonstrável valor agregado. Mas a análise técnica é surpreendentemente resiliente e persistente, e em alguns cantos do setor financeiro – como na negociação de commodities e de moedas - ainda é o modo dominante de análise. Esta situação sugere que a análise técnica pode ter algo a contribuir. Felizmente, uma reconciliação lenta, mas segura está em andamento.
Andrew Lo & Jasmina Hasanhodzic. The Evolution of Technical Analysis,p viii.

07 maio 2009

Rede Neural

"Prima" mais nova e evoluída da análise grafista, a análise neural não considera formas lineares de suporte e máxima do Ibovespa, por exemplo. "É uma forma de ensinar o computador a trabalhar, técnica que tem muitas aplicações além da financeira, como na área de medicina e de engenharia. Basicamente consiste em reconhecer padrões e fazer diagnósticos, por isso pode ser aplicada em séries de eletrocardiogramas e até em aeroportos para identificar bagagens com bomba", explica Eduardo Matsura, consultor de análise técnica da Souza Barros e um dos preconizadores do modelo no País.

"Neurônios artificiais" guiam as aplicações de investidores – 20/4/2009 - Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3 - Maria Luíza Filgueiras