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Mostrando postagens com marcador Shell. Mostrar todas as postagens
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22 dezembro 2020

Petróleo e baixa contábil

Recentemente, duas das mais tradicionais empresas de petróleo anunciaram baixa contábil. A Exxon anunciou que irá reduzir o valor dos ativos entre 17 a 20 bilhões de dólares. Isto deverá incluir os ativos adquiridos em 2010 de uma produtora de xisto, a XTO Energy. Em 2010 a decisão de comprar uma produtora de xisto parecia acertada, com o preço do petróleo em alta e a possibilidade de ter acesso a uma fonte de energia alternativa. A redução no preço do petróleo, em razão de uma guerra de preços e da demanda reduzida, motivou a amortização da empresa. Apesar do prejuízo registrado recentemente, a empresa manteve o pagamento de dividendos. Além disto, a Exxon mantem a aposta no petróleo e na recuperação dos preços.  

A Shell também seguiu a Exxon e anunciou ontem uma redução no ativo, entre 3,5 a 4,5 bilhões. A empresa também anunciou que outros efeitos contábeis serão reportados em 2021. Em outubro, a empresa já tinha realizado uma baixa de 1 bilhão, depois de outra baixa de quase 17 bilhões, no segundo trimestre. 

A Aramco, a produtora estatal da Arábia Saudita, também está sob pressão. Depois de realizar uma grande oferta inicial de ações, a estratégia da empresa parece que enfrenta uma série de problemas. Para colocar suas ações no mercado com sucesso, o governo saudita concedeu facilidades aos súditos, mas evitou um fracasso da oferta, concentrando o lançamento no mercado acionário do país. Apesar de ter atingindo um valor de mercado de 2 bilhões, parte da estratégia incluía uma farta distribuição de dividendos. E para garantir esta distribuição, a empresa está tomando empréstimo. A guerra de preço decretada pela Aramco no primeiro trimestre provocou efeito não somente nos concorrentes: mesmo obtendo lucro, pois o custo de produção é reduzido, a Aramco não está conseguindo dinheiro suficiente para novos investimentos e pagamento de dividendos. 

29 novembro 2020

Licença Social para Funcionar


Um texto sobre a Shell traz um termo bem interessante:

“Licença social para funcionar” é uma das forças vitais das marcas. Supostamente [o termo foi] cunhado pelo CEO canadense de mineração James Cooney em 1997 após um desastre; o conceito é basicamente o quanto o público está disposto a abraçar (ou pelo menos tolerar) como uma indústria opera.

A gigante do petróleo [Shell] decidiu pesquisar seus 551.000 seguidores no Twitter sobre o que eles estavam dispostos a fazer para reduzir a poluição do carbono como parte de um estranho debate de energia. A estrutura da pesquisa girou em torno de escolhas pessoais, o que há muito é uma tática de desvio da indústria do petróleo para evitar o escrutínio de seu modelo operacional. (Curiosidade: a pegada de carbono pessoal foi uma ideia popularizada pela BP)

No caso da Shell, sua pesquisa fez florescer milhares de reações iradas. (...) este foi um sinal claro do desaparecimento da licença social da indústria do petróleo.

Aqui estão alguns fatos sobre a Shell. Os próprios cientistas da empresa alertaram sobre seu papel em impulsionar a crise climática que data pelo menos dos anos 1980 , e ainda assim ela avançou a todo vapor desempenhando esse papel. Suas ações desde 1988 são responsáveis ​​por 2% de todas as emissões globais. É a segunda maior fonte de emissões de propriedade de investidores no mundo naquela época, atrás apenas da Exxon. A Shell também é o sétimo maior contribuinte para a acidificação dos oceanos  desde 1880 . Esta é uma empresa que nunca mereceu a licença social para operar, mas à medida que os impactos da crise climática se tornam mais claros, ela se torna ainda mais restrita.

No seguimento de sua enquete condenada, a Shell tuitou: “Mudar o sistema de energia exige que todos façam sua parte. ... De nossa parte, dissemos na semana passada que a Shell remodelará seu portfólio de ativos e produtos para atender às necessidades de energia mais limpa de seus clientes nas próximas décadas ”.

Como você deve ter adivinhado, um relatório publicado no início deste ano pela Oil Change International descobriu que a Shell, juntamente com todas as grandes empresas de petróleo que propuseram um plano climático, está falhando. No caso da Shell, seus esforços foram considerados “grosseiramente insuficientes” em oito das 10 categorias incluídas na análise. (Era simplesmente “insuficiente” nas outras duas categorias.) As únicas empresas que estão fazendo menos são a Chevron e a Exxon.

30 julho 2020

Impairment na Shell

A empresa de petróleo Shell registrou um prejuízo. A razão foi o teste de recuperabilidade.

A empresa ainda foi forçada a fazer uma rebaixa recorde do valor dos seus ativos de petróleo e gás através de uma taxa de redução no valor recuperável de 16,8 mil milhões de dólares depois de rever as suas previsões para os preços globais do petróleo após a pandemia da Covid-19. A depreciação inclui a participação do grupo num campo de petróleo offshore na Nigéria, de propriedade da parceria da empresa italiana de petróleo Eni, que está a ser alvo de um processo judicial, em Itália.

A Shell espera que os preços globais do petróleo permaneçam bem abaixo dos níveis médios de 2019 nos próximos três anos. A petrolífera previa que os preços do petróleo chegassem a 35 dólares por barril em 2020, subindo para 40 dólares em 2021, 50 dólares em 2022 e 60 dólares em 2023. O preço médio do petróleo no ano passado foi de 64,36 dólares por barril.

27 junho 2013

Relatórios Ambientais

A Conferência Global sobre Sustentabilidade e Relatórios Corporativos, organizada pelo Global Reporting Initiative, realizada em Amsterdam entre os dias 22 a 27 de maio, definiu a quarta geração de diretrizes para os relatórios de sustentabilidade a serem adotados pelas empresas. O objetivo é aumentar o número de empresas relatando informações ambientais, sociais e de governança (da sigla em inglês ESG - Environment, Social & Governance) e, com isso, elevar o nível da relevância das informações. As medidas preconizam o engajamento dos públicos estratégicos, como governos e organizações não governamentais (ONGs) e o aprimoramento dos indicadores relativos à emissão dos gases de efeito estufa do Carbon Disclosure Project (CDP) e sobre a cadeia de suprimentos e de anticorrupção.

"Hoje o que se vê é um grande número de empresas, cujos quadros de funcionários que trabalham com sustentabilidade dominam esse tema. Porém, se esbarra em muitas outras que acham que o assunto pode virar um indicador negativo e transformam o relatório em peça de marketing", declara Glaucia Terreo, diretora no Ponto Focal GRI no Brasil. Para ela, o foco dos relatórios sobre sustentabilidade depende muito dos principais executivos das empresas, que nem sempre estão envolvidos com essas questões. Esses dirigentes de empresas, segundo Glaucia, costumam estar tão preocupados com os negócios do dia a dia que acabam relegando a sustentabilidade a uma questão cosmética. Muita coisa precisar evoluir a partir do avanço intelectual na forma de fazer cálculos e medir as coisas. Não se trata simplesmente de publicar um relatório.

Cerca de 250 empresas produzem relatórios no Brasil. A maioria está na curva de aprendizado, de acordo com o Global Reporting Initiative, mas uma parte já enxerga o documento como ferramenta dos negócios. Dessa elite fazem parte cerca de 30 companhias listadas na bolsa que causam impactos ambientais, têm interação com o mercado internacional e CEOs que encaram o relatório de sustentabilidade como uma peça importante para a tomada de decisões. O retorno é importante para a reputação e a credibilidade da organização, para administrar a relação com a comunidade e stakeholders (principais interessados), com o negócio e para melhorar a própria gestão, porque um relatório ajuda a perceber as relações transversais dentro da companhia. "Maior transparência torna a empresa mais atraente para o investidor. Há impacto na atividade, mas a possibilidade de acidente e escândalo é menor", afirma Glaucia Terreo, do GRI.

O engajamento do público estratégico é importante para avaliar o impacto da atividade desenvolvida pela empresa. "A ideia é que a sociedade seja a auditoria do relatório. O que falta ao Brasil é essa maior interação entre as empresas e os stakeholders", afirma. Algumas empresas têm chamado especialistas, muitas vezes antagônicos, para participar da discussão. As empresas que são mais maduras vão pegar os diagnósticos apontados para completar o engajamento, assumindo o problema e estabelecendo metas de melhoria", diz a diretora do GRI.

"Nos últimos dez anos, o esforço de elaboração dos relatórios de sustentabilidade teve um crescimento expressivo no Brasil, principalmente pelas empresas listadas em bolsa. Mas a qualidade ainda está aquém da quantidade", afirma Clarissa Lins, diretora-executiva da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS). As diretrizes do Global Reporting Initiative, segundo ela, tiveram papel fundamental, mas as empresas se perderam na aplicação. A expectativa é que o processo de amadurecimento leve as organizações a produzir relatórios focados no que realmente interessa.

A experiência ensina que uma boa peça não precisa ser um calhamaço interminável e pode incorporar recursos de mídia, principalmente na versão online, que ajudam o interessado a se aprofundar no trabalho. A Shell internacional, por exemplo, definiu um limite de 60 páginas para seus relatórios. Um documento que traga depoimento de atores ou cria um link para estudo acadêmico pode criar um relato mais crível e equilibrado ao mostrar que a empresa está preparada para os desafios. "Hoje ainda persiste a cultura de que o que é ruim não é para ser dito. Quem destaca só impactos positivos acaba gerando desconfiança. Relatório não é peça de propaganda", afirma Clarissa Lins, da FBDS.

Relatórios que revelam competência são importantes não apenas para melhorar a imagem das companhias. Eles podem representar também uma conquista de uma fatia maior do mercado, além de aumentar a fidelização do consumidor. Esses documentos, quando bem preparados, também produzem impactos na melhoria de gestão e processos. Como muitas agências de fomento costumam premia a melhor gestão ambiental, também são importantes para garantir crédito facilitado.

"Muitas empresas estacionaram no nível das melhores práticas, outras querem aprender o que há de melhor. O foco na relevância e na cadeia de valor, além de uma definição melhor do papel da liderança, são importantes na concepção de um relatório corporativo. Outro movimento é o do relatório integrado, que aproxima as áreas financeiras e de sustentabilidade das empresas. A agenda nem sempre é fácil. É um desafio que as algumas companhias já começam a encarar com maior maturidade", acrescenta Clarissa.


Relatórios ambientais já chegaram à quarta geração - Paulo Vasconcellos - Valor Econômico - 26/06/2013

12 abril 2007

Shell paga pelo escândalo

Em 2004 a Shell teve uma série de problemas com a contabilidade das reservas de petróleo. Agora a empresa chega a um acordo com investidores.

Shell oferece US$ 352,6 milhões a acionistas de fora dos EUA em acordo sobre escândalo de 2004

SÃO PAULO - A companhia petrolífera Royal Dutch Shell anunciou hoje uma proposta de acordo com seus acionistas de fora dos EUA para resolver os problemas causados por um escândalo na contabilidade de suas reservas, que estourou em janeiro de 2004. A proposta da empresa prevê a distribuição de US$ 352,6 milhões, mais custos administrativos, para os investidores elegíveis ao acordo. Segundo a Shell, podem participar acionistas que não sejam naturais dos EUA e tenham comprado ações fora do país. Entre os que poderão se beneficiar do acordo estão investidores institucionais como a ABP e a PGGM, além da Vereniging van Effectenbezitters (VEB), uma associação de investidores individuais holandesas, assim como outras organizações similares, além da Shell Reserves Compensation Foundation, uma associação que representa todos os acionistas cobertos pelo acordo proposto.Apesar do pagamento, a Shell se recusou a admitir qualquer culpa no caso das reservas.

Em janeiro de 2004 a companhia realizou uma revisão em suas estimativas de reservas, o bem mais precioso de uma empresa de petróleo, derrubando suas ações em mais de 10% no mercado. A essa revisão, se seguiram mais quatro, ao fim das quais a Shell havia cortado sua estimativa de reservas em um terço.A empresa afirma que o acordo depende ainda da aprovação pela Corte de Apelações de Amsterdã.Para os investidores norte-americanos, a Shell afirma que pretende realizar uma oferta semelhante, pendente de aprovação das cortes de Justiça dos EUA.Pelo acordo proposto aos investidores não norte-americanos, a Shell pretende distribuir US$ 340,1 milhões aos investidores que tinham em carteira ou que compraram ações da companhia fora dos EUA entre 8 de abril de 1999 e 18 de março de 2004. Outros US$ 12,5 milhões serão divididos igualmente entre todos os acionistas que enviem pedidos de compensação válidos, além de US$ 6,25 milhões que serão divididos pela VEB e por outras organizações semelhantes para que possam prestar assistência a investidores individuais na preparação dos pedidos de compensação.Em nota publicada hoje em seu website, no qual informa sobre a proposta, a Shell ainda afirma que vai pedir à Securities and Exchange Comission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) que distribua os US$ 120 milhões que pagou em multas em 2004 para os acionistas norte-americanos.O escândalo das reservas da Shell já vem custando caro à empresa há anos. Em 2005, ela pagou US$ 90 milhões a funcionários acionistas que moveram uma ação contra a empresa por conta disso. Em janeiro do ano passado, investidores apresentaram uma ação conjunta contra a companhia na Corte do Distrito de Nova Jersey. Na ocasião a empresa disse que "se defenderia vigorosamente", mas, no segundo semestre, fechou um acordo com esses investidores pelo qual pagou US$ 500 milhões.Ainda assim, o lucro da companhia em 2006 bateu novo recorde, indo a US$ 25,4 bilhões, US$ 100 milhões a mais que no ano anterior.(José Sergio Osse | Valor Online)