Um dos efeitos da crise refere-se à mudança na composição dos índices de mercado, como o
Ibovespa, no Brasil, ou o SP 500, nos EUA. Alem disto, algumas empresas que eram consideradas de grande porte, em termos do valor de mercado, foram reclassificadas. O próprio conceito de “grande” empresa no mercado esta mudando, diante do novo cenário do mercado de capitais.
Isto gera um efeito sobre os fundos, que possuem limites de investimento em alguns tipos de empresas ou que pretendem “emular” o mercado. O trecho a seguir, do WSJ, comenta este efeitos.
Volatilidade turva conceitos de valor de mercado
Jeff D. Opdyke - 2/12/2008 - The Wall Street Journal Americas - 1
(...)
Como o valor das ações afundou e o valor de mercado escolheu, muitas das empresas de grande valor de mercado agora são de médio ou pequeno valor de mercado. Como diferentes setores recentemente se alternaram na preferência dos investidores, muitas das ações de crescimento se transformaram em ações de valor — papéis baratos em relação aos lucros ou ativos atuais.
Ainda assim, as ações de crescimento — de empresas cujos lucros têm previsão de crescimento a uma taxa mais alta que a média do mercado — hoje são diferentes do que eram poucos meses atrás.
A agência de classificação de risco americana Standard & Poor’s retirou 30 empresas de seu índice de ações S&P 500 este ano com base na redução de seus valores de mercado, 16 das quais saíram da lista depois de 10 de setembro. Em setembro, a S&P diminuiu de US$ 4,5 bilhões para US$ 4 bilhões o valor de mercado mínimo para entrar no índice.
(...) A maioria dos administradores de fundos mútuos, mesmo aqueles que administram ativamente a seleção de ações, até certo ponto usa um índice para decidir o que comprar; o desempenho deles é constantemente avaliado em relação àquele parâmetro. Embora administradores ativos tenham uma certa independência quanto ao que escolher — fundos de empresas com grande valor de mercado podem incluir papéis que tenham caído para a faixa de médio valor de mercado, por exemplo — eles ajustam seus portfólios em resposta a mudanças nos índices, as quais podem afetar retornos.
(...) É difícil categorizar mesmo as empresas mais conhecidas.
A General Motors, a antes poderosa montadora que faz parte da Média Industrial Dow Jones, é considerada uma empresa com ação de médio valor de mercado por alguns árbitros de índices.
AMGM Mirage, a Las Vegas Sands, a Macy’s, a Nordstrom e a Genworth Financial estão entre as empresas consideradas de médio valor de mercado. As ex-gigantes hipotecárias americanas Fannie Mae e Freddie Mac afundaram para a categorias de ações com pequeno valor de mercado.
Enquanto isso, o Hudson City Bancorp, um pouco conhecido banco do Estado de New Jersey que conseguiu evitar produtos arriscados de hipotecas, passou para a categora de grande valor de mercado com valor bursátil de US$ 8,7 bilhões.(...)
Interessante notar que pesquisas passadas em finanças comportamentais já mostraram que a entrada de uma empresa num índice de mercado tende a valorizar a ação acima da media; e que a sua retirada provoca um declínio na cotação. Estas pesquisas foram realizadas em mercados desenvolvidos. No Brasil, orientei uma monografia de graduação que não encontrou nenhuma relação entre as variáveis.