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Mostrando postagens com marcador Reino Unido. Mostrar todas as postagens
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12 junho 2022

Ainda a novela Carillion

Fundada em 1999 e com um crescimento substancial nos anos seguintes, graças as aquisições realizadas, a Carrillion foi liquidada em 2018. A empresa talvez detenha o título de maior liquidação comercial do Reino Unido. Na época da queda era a segunda maior empresa de construção local, com presença na bolsa de valores, mais de 40 mil funcionários e vários contratos com o governo.

Os sinais que a empresa tinha problemas sérios começaram a surgir em 2015, quando o passivo da empresa estava um pouco acima de 2 bilhões de libras esterlinas, conforme registrado no balanço. A realidade, em 2018, mostrava um passivo de 7 bilhões.

Um dos motivos para o fracasso da empresa, cujo nome foi inspirado no instrumento musical, foi aceitar projetos que não eram lucrativos, onde o valor obtido era inferior ao custo da mão de obra. Mas não faltou o uso de instrumentos questionáveis, com o factoring reverso.

E para uma empresa que cresceu usando aquisições, algumas delas eram questionáveis e a expectativa de resultado não foi obtida. E neste ambiente a contabilidade da empresa prestou o serviço de divulgar um quadro incompleto do que estava ocorrendo na Carillion. Uma das aquisições, da Eaga, teve um ágio de 329 milhões de libras; mesmo diante das evidências que o ágio era irreal, os gestores da empresa, com apoio da auditoria, mantiveram o ativo, não reconhecendo a despesa de impairment. Afinal, se o reconhecimento da decisão ruim de adquirir a Eaga aparecesse, parte da remuneração dos gestores estaria comprometida.

No caso da Carillion é possível ver claramente que os profissionais contábeis da empresa não apresentaram uma conduta adequada. Mas há questionamentos também para os auditores. Após o fracasso da empresa, um deputado chegou a dizer para Peter Meehan (foto), da KPMG e responsável pela auditoria: "Eu não contrataria você para fazer uma auditoria do conteúdo da minha geladeira".

O trabalho da Big Four foi tão ruim que a empresa deve receber uma das maiores multas de todos os tempos da entidade responsável pela fiscalização da auditoria no Reino Unido. A multa deveria ser de 20 milhões de libras. Em reais, 122 milhões no câmbio de hoje. Mas a KPMG deve levar uma multa de 14,4 milhões, um valor menor devido à cooperação e admissão de culpa. O valor da multa, que corresponde a 10 vezes o valor obtido pela auditoria de 2016, mas menos de 1% da receita da empresa.

Os auditores já foram condenados por má conduta na criação de documentos falsos. O contador da KPMG, o mesmo Peter Meehan que não deve sequer auditar uma geladeira, deve ser multado em 400 mil libras ou 2,5 milhões de reais, além de uma proibição de não trabalhar na área por um período de 15 anos. Mas está lutando para reduzir a multa para 250 mil e somente 10 anos de suspensão. Outros profissionais da equipe também devem pagar multa.

Mas é importante notar que os problemas da KPMG podem extrapolar a penalidade do regulador. Há uma ação judicial de terceirizados contra a auditoria no valor de 1,3 bilhão; a empresa pode ser processada pelo governo no valor dos dividendos e remuneração pagos pela Carillion.

Fonte: informações da internet e Accounting web

22 março 2021

Proposta do Reino Unido tem chance de dar resultado?

Após ler no Digg um longo comentário, a resposta da pergunta seria Não. 

Recentemente , o Reino Unido apresentou uma proposta de reforma da regulação contábil, com foco nas grandes empresas de auditoria. Mas o texto é crítico

Seria um grande erro para o Reino Unido modelar suas reformas - aquelas que têm tanto ímpeto e necessidade urgente - após a reforma dos auditores dos EUA que falhou tão miseravelmente. Os investidores do Reino Unido merecem mais. Escrevi em 2012, dez anos após a aprovação da Lei Sarbanes-Oxley, que a lei e a fraca aplicação dela não conseguiram restaurar a confiança dos investidores nas firmas de auditoria após o fracasso da Arthur Andersen em mitigar a fraude na Enron. Quase vinte anos depois do meu veredicto é ainda mais severo. A lei Sarbanes-Oxley revelou-se uma mistura negociada de regras que mal foram aplicadas e gradualmente diluídas até um centímetro de sua intenção original, tudo para reduzir custos para empresas e aumentar novas listagens de ações.

Qual a razão desta opinião? 

Isso porque as maiores firmas de auditoria globais capturaram totalmente o governo e o aparato regulatório por meio da porta giratória e têm um objetivo comum de sustentar o mercado de ações e as empresas, independentemente do custo para os trabalhadores e pequenos investidores. Após a crise de 2008, quase nenhum auditor foi multado ou preso por não alertar a sociedade.

A base da proposta foi um relatório feito por Brydon, ex-presidente da Bolsa de Londres, que recomendava

incluindo a proposta de uma nova definição do objetivo de uma auditoria corporativa . Ele também enfatizou por que se deve esperar que os auditores ajam como “cães de caça” que detectam fraudes corporativas. 

O texto é crítico com a possibilidade da proposta gerar resultado. O relatório final é longo, irá a consulta pública até julho e deve gerar muitos e-mails. 


01 outubro 2019

Mesmo com o Brexit, Reino Unido continuará adotando IFRS

Em uma reunião de contadores ocorrida em Londres (via site da Deloitte), uma comissão de representantes do governo do Reino Unido afirmou que após a saída do país da Comunidade Europeia, continuará adotando as normas internacionais de contabilidade, as IFRS.

Haverá algumas mudanças. As normas serão conhecidas como "padrões internacionais de contabilidade adotados no Reino Unido". A adoção não será feita via Comissão Europeia, obviamente. Mas através do próprio governo. Haverá uma entidade que irá fazer esta tarefa, assim como o FRC, atual entidade da área contábil, será substituído pelo Auditing, Reporting and Governance Authority (ARGA).

21 setembro 2018

Partido Trabalhista britânico defende desmembrar as Big Four

O Partido Trabalhista do Reino Unido, através de John McDonnell, afirmou ao Financial Times (em português, no site do Valor Econômico) que as quatro maiores empresas de auditoria podem ser desmembradas em um governo trabalhista. Estas empresas são responsáveis pelo parecer das maiores empresas britânicas e tiveram alguns trabalhos questionados após escândalos contábeis: BT, Tesco e Carillion são alguns exemplos.

O monopólio poderia estar prejudicando a qualidade do trabalho e criando conflitos de interesses. Outra alternativa ao desmembramento é limitar o número de empresas, aumentando a competição do setor. Ou proibir a consultoria como serviço adicional.

16 abril 2018

Regulador britânico e as empresas de auditoria

Depois de uma série de problemas contábeis envolvendo a auditoria de algumas empresas (Carillion é um exemplo), o regulador britânico FRC decidiu fazer um forte intervenção nas grandes empresas que atuam no mercado sob sua supervisão.

As empresas de auditoria PwC, KPMG, EY, Deloitte, Grant Thornton e BDO são responsáveis pela auditoria das maiores empresas do Reino Unido. E poderão ser objeto de intervenção do FRC. A entidade reguladora irá monitorar o trabalho das grandes empresas de auditoria visando restaurar a confiança do público no trabalho dos auditores:

The firms that approve the accounts of the UK's biggest companies will face greater scrutiny in future when they appoint their top people.

Mais ainda, segundo este sítio (e baseado no Financial Times), o FRC está decidido a quebrar o oligopólio das Big Four.

04 outubro 2013

IFRS no Reino Unido

A entidade emissora das normas contábeis, o Iasb, possui sede em Londres, Reino Unido. O antigo presidente do Iasb era súdito da Rainha. O Reino Unido ter apoiado a criação do Iasb e sua adoção pela comunidade europeia. Apesar disto tudo, o Reino Unido tem sido apresentado uma grande resistência as normas de contabilidade. O principal motivo para a oposição de alguns setores: os efeitos das normas sobre as entidades.

Uma das polêmicas refere-se a legalidade das normas. Segundo alguns críticos, as normas do Iasb não se enquadram dentro do direito britânico.

O Financial Reporting Council (FRC), o principal regulador da contabilidade no Reino Unido, publicou um parecer jurídico defendendo a adoção. Mas isto não satifez os críticos que consideram que as normas internacionais de contabilidade não seriam prudentes o suficiente. Ou seja, a adoção do valor justo fez com que as entidades fossem agressivas e fizessem distribuição de dividendos de maneira agressiva. E no caso dos bancos, emprestassem mais dinheiro do que deveriam.

O questionamento da legalidade das normas e sua defesa pelo FRC não significa que este regulador está satisfeito com as IFRS - como as normas internacionais do Iasb são conhecidas. O FRC quer que o Iasb reconheça a necessidade da prudência na estrutura conceitual.

O Financial Times (UK looks to counter IFRS rules critics, Adam Jones, 3 de outubro de 2013) tentou uma resposta do Iasb e não obteve. Mas pela proposta de estrutura conceitual - que este blog está analisando detalhadamente - não existiria espaço para a inclusão da prudência. Ao final Jones esclarece:

O sistema IFRS também é usado para empresas listadas em outros países, incluindo Brasil, Canadá e Coréia do Sul .