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Mostrando postagens com marcador Pacioli. Mostrar todas as postagens
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25 janeiro 2022

Proporção, racionalidade e contabilidade


Em uma entrevista, o professor Paulo Quattrone lembra da origem da palavra proporção

A palavra racionalidade vem de proporção. Proporção, em latim, significa duas coisas. Uma é a razão, então a proporção. Para ser racional, você precisa ser equilibrado, precisa ser proporcionado. Dois é conta, porque conta dá a ideia de simetria e equilíbrio (...) Uma coisa interessante também é que nos primeiros tratados contábeis (...) para explicar àqueles que estão lendo esses tratados sobre o que era a contabilidade, um exemplo usado é a metáfora do espelho. 

A entrevista é longa e há mais conteúdo lá, mas lembro que o nome do primeiro livro de contabilidade impresso chamava-se Summa de arithmetica, geometria, Proportioni et proportionalita.

09 janeiro 2022

Contabilidade e sua criação

 O jornal Mírim, que era publicado no Rio de Janeiro, apresentou em 1942, edição 673, p. 20, uma curiosidade sobre a "história" da contabilidade. Eis o trecho:

Vamos lá para alguns comentários: Luca di Borgio era também conhecido como Luca Pacioli. O livro Summa foi impresso em 1494 (e não 1495). O tratado escrito por Luca não era sobre o sistema por partida dobrada, mas sim sobre aritmética. 

25 janeiro 2020

Partidas dobradas em Portugal

O artigo Gonçalves (*) traça um panorama histórico muito interessante, não somente da história da contabilidade, como também da história da própria contabilidade. Vale a pena uma leitura para àqueles que se interessam pelo assunto.

Apesar de citar evidências pontuais de uso das partidas dobradas logo após a publicação do livro de Pacioli, como a presença em Portugal de conhecedores do método e o uso esporádico em uma entidade, o artigo reconhece que a institucionalização do método somente ocorreu de maneira muito tardia, em relação aos outros países da Europa, entre 1755 a 1777. O grande herói foi o controverso Marquês de Pombal.

A institucionalização ocorreu por meio de leis e normas, publicação de livros, deliberações de organizações para-estatais e decisões de empresas privadas. Entretanto, parece que este último foi menor. Eis um trecho:

Tal como Gomes (2007), o presente estudo também mostra ´que o papel desempenhado pelo Governo português foi decisivo no processo de institucionalização das partidas dobradas em Portugal´(Gomes, 2007, p. 229)

(*) Gonçalves M. (2019). Contabilidade por partidas dobradas: história, importância e pedagogia (com especial referência à sua institucionalização em Portugal, 1755–1777). De Computis - Revista Española de Historia de la Contabilidad, 16 (2), 69 - 142. doi: http://dx.doi.org/10.26784/issn.1886-1881.v16i2.355  

10 março 2014

História da Contabilidade: Luca Pacioli e a imprensa brasileira

Temos feito postagens sobre a história da contabilidade usando como fonte de informação a imprensa brasileira. Nesta postagem procuramos apresentar o resultado de uma investigação: a presença de Pacioli na imprensa brasileira.

Sendo o primeiro escritor sobre o método das partidas dobradas, Pacioli é considerado o grande nome da contabilidade universal. Mas Pacioli não foi somente “o” escritor das partidas dobradas, como também especialista em astrologia, matemática, pintura, xadrez etc. Obviamente que a estes “outros” Paciolis também aparecem nos jornais.

Na minha pesquisa também encontrei pessoas com este sobrenome no Brasil, inclusive um “José Pacioli”. A minha pesquisa foi abrangente o suficiente para ter uma ideia de como a imprensa tratou, no passado, a figura no Frei.

Quantidade
Em primeiro lugar, o número de textos sobre Luca Pacioli é bastante reduzido. Considerando o jornal Estado de S Paulo, que está ativo desde 1875, Pacioli foi citado 16 vezes somente, sendo a primeira vez em 1941. Apesar de este número ter dois problemas, é um sinal de que a figura do Frei não é presença frequente na imprensa (1).

A primeira aparição que encontrei foi uma edição do jornal Correio Paulistano que transcreveu um discurso de formatura de uma turma de técnicas e o nome foi citado (2).

Pacioli nas Artes
Pode parecer estranho, mas as citações sobre Pacioli foram mais frequentes nos textos artísticos. Um texto comenta sobre o famoso quadro de Pacioli, pintado por Barbari (3). Num artigo sobre Portinari, Costa afirma que nosso pintor mais conhecido tinha ficado impressionado com as pesquisas pictóricas de A Divina Proporção, de Pacioli (4). Outro texto, sobre Jacques Villon, também aparece a citação do livro ilustrado por DA Vinci (5). Alguns textos chegam a considerar a concepção de Pacioli como aquela a ser questionada, por representar o status quo (6).

Pacioli e a Matemática
A contribuição de Pacioli para matemática também apareceu na imprensa brasileira. Uma coluna mantida pelo grande Malba Tahan (7), o colunista responde quem inventou o “milhão”. Segundo Tahan, a palavra foi empregada pela primeira vez por Pacioli na Suma na folha 18: “mile migliara, chef a recondo el vulgo el miliole” (8). Em outra coluna, Tahan esclarece melhor que a palavra significou, em italiano, certa medida para o ouro, mas Pacioli usou como um número abstrato. E que talvez Pacioli não seja o seu “inventor” (9).
Mais antigo, em 1932, Careta comentava sobre equações do segundo grau e que Pacioli tratou da aritmética comercial e o primeiro a expor as partidas dobradas, “ao modo italiano” (10). Mais recente, PAulos mostra a contribuição para história dos números (11).

Pacioli e a Contabilidade
Um texto de Rodrigues contextualiza a obra de Pacioli dentro da burocracia. Rodrigues afirma corretamente que o livro de Pacioli apresenta uma ampla discussão do débito e crédito, transformando-o em pioneiro da contabilidade de partida dobrada (12). Outro texto bastante elogioso foi publicado em 1963 no Diário da Noite. Gueiros faz um histórico da contabilidade e afirma que Pacioli foi o primeiro contador deste mundo (13). Informa que Goethe considerava as partidas dobradas “uma das melhores descobertas do intelecto” e que Spengler a considerava tão importante “quanto aquela do movimento da rotação da Terra”.
Infelizmente a imprensa insiste na simplificação: em geral considera Pacioli o “inventor das partidas dobras” (14).

A Marca PAcioli
É interessante que temos pouco uso da “marca” Pacioli. Encontrei somente um curso com esta denominação, para desempenho da profissão de contabilista em três meses (15). Finalmente, no início do século XX vendia-se latas da manteiga importada Pacioli (16).

Referências
(1) Este número deve ser visto com dois cuidados. Em primeiro lugar, o nome de Pacioli é citado com variações (Paccioli, Pacciolli, Paciolli, Paciolo etc) e isto pode indicar que está subestimado. Em segundo lugar, pode não se referir exatamente ao nosso Frei ou pode estar relacionado com outras atividades.
(2) Correio Paulistano, ed. 19592, 22 de janeiro de 1918, p. 4.
(3) Jornal do Brasil, ed. 270, 5 de janeiro de 1991, p. 42. O texto inclusive afirma que Giorgio Vasari acusou Pacioli de ter “roubado” as pesquisas de Pierro Della Francesca sobre figuras tridimensionais.
(4) COSTA, Maria Ignez Correa. Portinari. Jornal do Brasil, 29 de junho de 1968, ed. 69, p. 21. Uma curiosidade: encontrei uma divulgação da venda da obra (importada) no Diário de Notícias, 28 de setembro de 1947, ed. 7647, p. 27. Isto é comprovado por um depoimento do filho de Portinari que afirmou que “Papai adorava matemática e não largava o livro Da Divina Proporção, de Luca Pacciolli, contemporâneo de Leonardo da Vinci, inventor da contabilidade e da medida da boa proporção” em SILVA, Beatriz Coelho. Portinari, um homem de letras. O Estado de S Paulo, ed. 39779, 15 de setembro de 2002, p. 142.
(5) Jornal do Brasil. 23 de maio de 1959, ed 118, p. 35.
(6) MALDONADO, Tomas. Arte de “n” dimensões. Jornal do Brasil, 20 de maio de 1957, ed. 115, p. 37. Veja também FRANÇA, José Augusto. A arte abstrata como Pedagogia. Jornal do Brasil, 31 de março de 1957, ed 75, p. 18. FRANÇA, José Augusto. Piero Della Francesca. O Estado de S Paulo, ed. 25172, 26 de maio de 1957, p. 6. Ou comentário sobre o livro The Geometry of Art and Life, de Matila Ghyka em Letras e Artes, 25 de agosto de 1946, ed. 13, p. 12. Ou critica a uma separata da Revista do Arquivo Municipal de São Paulo em Letras e Artes, 18 de agosto de 1946, ed. 12, p. 10.
(7) Se o leitor não conhecer, corra e leia O Homem que Calculava. Foi o grande divulgador da matemática no Brasil.
(8) TAHAN, Malba. Matemática divertida e Curiosa. Diário do Paraná, 5 de maio de 1956, ed 328, p. 3. Esta coluna foi publicada em outros jornais dos Diários Associados, como o Diário da Noite.
(9) TAHAN, Malba. Matemática divertida e Curiosa. Diário do Paraná, 1 de maio de 1956, ed 325, p. 12.
(10) As Noções da Antiga Matematica. Careta, 26 de novembro de 1932, ed 1275, p. 34.
(11) PAULOS, John Allen. Uma História Universal dos Números. O Estado de S Paulo, ed. 34191, 16 de agosto de 1986, p. 89.
(12) RODRIGUES, José Honório. A Burocracia é uma máquina armada para produzir palavras e papelório. E um subproduto: a memória nacional. Jornal do Brasil, ed. 210, 4 de novembro de 1979, p. 52. Rodrigues não comete o erro comum de considerar PAcioli o inventor da contabilidade ou outra bobagem do gênero.
(13) GUEIROS, José Alberto. A história do Balanço no Mundo. Diário da Noite, 27 de junho de 1963, ed. 11791, p. 21.
(14) os exemplos são inúmeros. Vide KUNTZ, Rolf. A contabilidade moral de Lula. O Estado de S Paulo, ed. 41176, 13 de julho de 2006, p. 19. BARROS, Alexandre. Deixem o Portellinha estudar em paz. O Estado de S Paulo, ed 41784, 12 de março de 2008, p. 2. O mesmo Barros insiste no erro em BARROS, Alexandre. E os pobres, ministro, como ficam? O Estado de S Paulo, ed. 42403, 21 de novembro de 2009, p. 2. Até o ex-ministro Roberto Campos cometia esta falha: CAMPO, Roberto. Da utilidade de Fra Luca Pacioli. O Estado de S Paulo, ed. 28300, p. 4, 18 de julho de 1967.
(15) Diário de Notícias, 13 de novembro de 1966, ed 13493, p. 47. O curso não deve ter avançado muito, pois prometia formar profissionais em três meses.
(16) Vide, por exemplo, Gazeta de Notícias, 19 de setembro de 1904, ed 262, p. 5.

08 outubro 2012

Frase

I think they were probably lovers.

(Jane Gleeson -White, autor de Double Entry: How the Merchants of Venice Created Modern Finance, sobre Pacioli e Da Vinci: Acredito que eles provavelmente eram amantes)

10 novembro 2011

Accountant Day

Hoje é o International Accountant Day. Enquanto no Brasil comemoramos a regulamentação da profissão, em diversos países o dia 10 de novembro comemora a publicação, em 1494, de um livro chamado Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalita, em Veneza, Itália. Apesar de não ter sido o primeiro livro sobre o assunto, o Summa foi o primeiro que foi impresso sobre o método das partidas dobradas. Num dos capítulos do livro, Particularis de computis et scripturis, o autor trata da descrição do método de Veneza ou método das partidas dobradas.

Na publicação existe uma descrição do uso de diário e razão e adverte que uma pessoa não deve dormir até que o total dos débitos seja igual ao total dos créditos. Inclui também algumas das contas mais conhecidas, inclusive estoques e valores a receber, o balancete de verificação, ética e contabilidade de custo.

Bom dia para todos os leitores