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21 julho 2014

Curso de Contabilidade Básica: Bula de Remédio

As demonstrações contábeis devem expressar a realidade econômico-financeira de uma empresa. O usuário deveria acreditar nos números que aparecem no balanço patrimonial, demonstração do resultado, mutações do patrimônio líquido e fluxos de caixa. É para isto que estas informações são assinadas por um profissional e pelo gestor da empresa. Além disto, em muitas empresas, contrata-se um auditor para certificar que os números realmente são verdadeiros.

Existe uma parcela das informações que são divulgadas que não estão sujeitas a esta regra. Uma destas informações é a apresentação dos resultados. Não que as informações divulgadas ali sejam falsas; mas é que são mais sujeitas a influencia e otimismo gestor. Por este motivo, talvez esta apresentação devesse ter uma grande advertência: “seu uso deve ser feito com cuidado”.

Recentemente uma empresa escreveu quase isto na apresentação. Trata-se a OSX sobre seus resultados do primeiro trimestre do ano:

(Clique na imagem para ver melhor). Qual a razão da advertência? A OSX faz parte de um dos maiores fracassos empresarial do capitalismo brasileiro. Prometendo fortuna para seus investidores, o empresário Eike Batista conseguiu atrair uma grande quantidade deles para suas empresas. O tempo revelou que existia muita promessa e pouca realidade e os investidores ficaram furiosos. A credibilidade de Batista deixou de existir e os investidores lembraram-se das promessas feitas no passado. A empresa OSX faz parte desta história e está em recuperação judicial. Assim, o “aviso legal”, colocado em letras minúsculas no final da apresentação, é uma maneira de se defender de um eventual confronto judicial, onde seria acusada de semear falsas esperanças. O aviso está dizendo: nesta apresentação o seu uso deve ser feito com cuidado. Como uma bula de um remédio com tarja preta.

21 abril 2014

A soma do prejuízo

Com a divulgação do balanço da OSX, nesta quinta-feira 17, já é possível ter uma dimensão mais precisa da derrocada do empresário Eike Batista, no ano passado. Em 2013, as empresas ainda controladas ou criadas por ele somaram um prejuízo de R$ 23,435 bilhões. O valor é quase dez vezes superior às perdas do ano retrasado: R$ 2,476 bilhões.

A conta considera o prejuízo líquido consolidado atribuído aos controladores de seis empresas listadas em bolsa: a petroleira OGX, atual Óleo e Gás Participações (OGPar); a companhia de serviços navais OSX; a mineradora MMX; todas ainda controladas por Eike. Também entraram na conta as companhias criadas pelo empresário, mas cujo controle já foi vendido: a Eneva (ex-MPX, focada em energia, assumida pela alemã E.ON em controle compartilhado com Eike), a Prumo (ex-LLX, de logística, hoje controlada pela americana AIG), e a CCX (cujos ativos de carvão na Colômbia foram vendidos para a empresa turca Yildirim).

O perfil desse prejuízo também ajuda a contar a história da implosão do Grupo EBX. A OGX respondeu por 74% das perdas, ante 46% no ano retrasado. Os R$ 17,4 bilhões representam o maior prejuízo já sofrido por uma companhia brasileira. Até 2012, a petroleira era vista como a principal empresa de Eike, que a apresentava como uma “mini Petrobras”. Naquele ano, a companhia registrou um prejuízo de R$ 1,139 bilhão. O resultado foi apresentado pela diretoria da OGX como natural, já que a empresa ainda se encontrava em fase de investimentos, e, portanto, os desembolsos superariam as receitas. (...)


Fonte: aqui

14 novembro 2013

Devedores da OSX

Notícia do jornal de ontem:

Encabeçada por bancos, a lista de credores da recuperação judicial da empresa de construção naval OSX, à qual o 'Estado' teve acesso, é formada por 373 instituições. A dívida consolidada soma R$ 4,531 bilhões, 90% concentrada em dez credores.

Entre os maiores devedores, BNDES (555 milhões, que recentemente renovou o contrato) e Caixa Econômica Federal (462,8 milhões, idem). Estes dois somam R$1 bilhão de dívida, ou R$5 por cada brasileiro. Outro aspecto interessante é que a empresa culpa o BNDES, a Caixa e a OGX pelos problemas.

13 novembro 2013

OSX

O documento apresentado pelos advogados da OSX para justificar sua recuperação judicial mostra um quadro nada animador. Em resumo, a empresa não tem mais clientes capazes de gerar receita no curto prazo e pode encerrar o ano com um rombo de mais de R$ 1 bilhão no caixa. Até abril de 2014, o buraco pode crescer para R$ 1,2 bilhão.

(...) O que chama a atenção, ainda, é a rápida deterioração do caixa da OSX. Na mesma página, há dois outros dados. O primeiro é o caixa realizado até 31 de outubro: cerca de R$ 7 milhões positivos. O segundo era o cenário base com que a empresa trabalhava, caso não fosse arrastada pelo turbilhão de problemas causados pela OGX. Nele, o caixa cresceria em ritmo moderado, até R$ 31,8 milhões em abril de 2014. (Fonte: Aqui)


O documento culpa a OGX pelos problemas, que cancelou os contratos. Mas não cita o total das dívidas, que seria fácil de saber numa contabilidade organizada.

12 novembro 2013

A vez da OSX

Todos já esperavam: 

A OSX protocolou, finalmente, o pedido de recuperação judicial, segundo a agência de notícias Reuters, que não identificou suas fontes. Na sexta-feira 8, o conselho de administração da OSX aprovou a apresentação do pedido em caráter de urgência.

Segundo a Reuters, a OSX acumula dívidas de mais de US$ 5 bilhões. Em contato com a reportagem de Isto É Dinheiro, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro não confirmou a informação. Porta-vozes da OSX também não foram localizados para confirmá-la.

A OSX foi apanhada pela crise da petroleira de Eike Batista, a OGX, que pediu recuperação judicial há pouco mais de uma semana. Com o caixa encurtando e seu principal cliente com problemas financeiros, a empresa de construção naval de Batista não tinha outra saída a não ser recorrer à recuperação, segundo observadores.


É bom lembrar que a chance de sair de uma recuperação judicial no Brasil é muito reduzida. Dados históricos comprovam isto.

Outro aspecto interessante é que a OSX recentemente renovou o empréstimo que tinha com a Caixa Econômica:

A OSX Construção Naval, controlada por Eike Batista, conseguiu renovar o empréstimo com a Caixa Econômica Federal no valor de R$ 461,4 milhões. A renovação é por 12 meses a partir de vencimento original, ou seja, 19 de outubro de 2013.

Em comunicado ao mercado, enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa também informa que o contrato de garantia desse empréstimo, firmado com o Banco Santander também foi renovado pelo mesmo prazo.

No comunicado, a empresa também informa que empréstimo similar obtido com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) teve o vencimento prorrogado em 15 de outubro de 2013, por 30 dias, e conta com garantia do Banco Votorantim.


Dinheiro público, é claro.

08 novembro 2013

OSX

Às vésperas de um processo de recuperação judicial, a OSX, de Eike Batista, terá que lidar com um pedido de execução de dívida feito por um fornecedor. A empresa Techint decidiu se antecipar ao processo, que garante à OSX proteção contra credores, e protocolou no Tribunal de Justiça do Rio um pedido de execução de título extrajudicial contra a companhia de construção naval do grupo X. A Techint construía uma das plataformas que se tornaram desnecessárias com a frustração das projeções de produção da OGX. O pedido de execução será analisado pela 28ª Vara Cível.

A decisão pela suspensão do contrato, que somava R$ 1 bilhão, foi tomada em julho, depois que a OGX anunciou a revisão de seus planos de produção. As obras estavam sendo feitas em um estaleiro na cidade de Pontal do Paraná. O Tribunal de Justiça do Rio não soube informar qual o valor da dívida cobrada pela Techint. Com três plataformas de petróleo prontas e sem nenhum contrato vigente, a OSX deve entrar com processo de recuperação judicial ainda esta semana, seguindo os passos da OGX, que protocolou pedido na semana passada.


Fonte: Aqui

01 novembro 2013

As empresas X

Primeiro, a notícia que outra empresa do grupo X poderá também solicitar recuperação judicial:

A OSX Brasil informou nesta quinta-feira, 31, que poderá vir a exercer o direito legal à recuperação judicial, "caso a sua administração verifique ser esta a medida mais adequada para a preservação da continuidade de seus negócios e a proteção dos interesses da OSX e dos interesses de seus stakeholders". O comunicado da companhia de construção naval foi divulgado um dia após outra empresa do Grupo EBX, a petroleira OGX, ter entrado com pedido de recuperação judicial, diante de dificuldades financeiras.

O BNDES, que financiou a expansão das empresas, decide não cobrar a dívida:

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, crê numa "solução" para a OSX, empresa de construção naval de Eike Batista, e sinalizou com a possibilidade de uma nova prorrogação de um empréstimo à empresa. O banco estatal já havia prorrogado para novembro um débito de R$ 548 milhões. Indagado sobre um novo adiamento, Coutinho disse: "Quando há uma perspectiva de solução [para evitar a inadimplência da empresa], nós precisamos estar atentos para que essas soluções possam acontecer." Para o presidente do banco estatal, a OSX possui "muito ativos valiosos", que superam o valor de suas dívidas. Desse modo, avalia, "dar tempo para que as soluções [venda da companhia, por exemplo] possam acontecer é uma estratégia sensata".

E as agências de ratings somente agora perceberam que o papel da OGX não vale muita coisa:

A agência de classificação de risco Fitch rebaixou os ratings da dívida da OGX, de Eike Batista, em moeda estrangeira e em moeda local de "C" para "D", último nível, refletindo o pedido de recuperação judicial feito pela companhia nesta quarta-feira (30). A Fitch informou ainda que manteve o rating da notas de US$ 2,6 bilhões e US$ 1,1 bilhão da OGX em "C/RR5", o que indica que é muito provável que a OGX perca alguma da suas concessões de exploração após o pedido de recuperação judicial. Segundo a Fitch, o futuro do rating da OGX vai depender da habilidade da empresa de manter ativos e cumprir com obrigações da dívida

E os investidores serão os mais prejudicados:

Investidores da OGX devem ser os maiores prejudicados em função da profunda crise pela qual passa a petroleira controlada por Eike Batista. Mesmo que a recuperação judicial não seja aprovada, os acionistas automaticamente irão para a última linha de pagamento. Supostamente vão receber o saldo somente após o pagamento da longa lista de credores, que viria na sequência do acerto com funcionários e a prévia quitação de impostos. Vale lembrar que, mesmo hoje, antes de um possível processo de recuperação, os ativos já estão extremamente desvalorizados. E é justamente da liquidação dos ativos que viria o dinheiro para a quitação da dívida. Ao pequeno investidor, que não tinha participação nas decisões da OGX e tampouco o patrimônio semelhante ao de Eike, resta apenas esperar, porém sem criar grandes expectativas, é preciso dizer.

26 junho 2013

OSX

Dois textos, em dois jornais diferentes, sobre a OSX.

O Estado de S Paulo (Caixa da OGX só suporta mais um ano, diz banco, Irany Tereza e Mariana Durão,
25/06/2013) destaca:
A OGX dispõe atualmente de recursos que sustentam a operação da empresa por, no máximo um ano, segundo relatório do banco HSBC, distribuído a clientes. "A posição de caixa e o consumo trimestral de caixa de US$ 500 milhões são uma preocupação: a atual posição de caixa de US$ 1,1 bilhão sustenta apenas mais três trimestres ou quatro", diz o relatório, que considera imprescindível o aporte de US$ 1 bilhão na empresa, prometido por Eike Batista. (...)

"A OGX vive uma crise de fluxo de caixa. Mas, tem projetos interessantes, ativos a vender. Acredito que, em algum momento, deva mudar de dono", diz o economista Edmar Almeida, do Grupo de Economia de Energia da UFRJ. Para ele, a intensa crise financeira da companhia não corresponde exatamente à sua situação. "Produção de petróleo é um negócio de alto risco. O problema é o enorme descompasso entre a expectativa vendida pela empresa e o que está sendo entregue."

Já o Valor Econômico (OSX não paga fornecedores desde abril - Cláudia Schüffner e Marta Nogueira- 25/06/2013) afirma:

O Valor apurou que centenas de donos de caminhões que transportavam brita por 460 km diariamente de uma pedreira em Muriaé até o porto do Açu estão sem receber de empresa terceirizada de Campos, que também não foi paga. Os valores são variados. "Infelizmente tivemos prejuízo, ligamos, e nos responderam que não existe data para o pagamento porque a OSX não paga", disse Armando Teixeira, de Manhuaçu, que tem R$ 18 mil a receber.

"Ninguém fala nada, não tem proposta de renegociação, de parcelamento, nada", reclama Jacimar Macedo, de Muriaé, que não recebe os R$ 15 mil que lhe são devidos desde abril. O rol de fornecedores com problemas de recebimento não para por aí. A informação é de que também existem dívidas não pagas com empresas que operam as pedreiras em Minas e até postos de combustível.

24 junho 2013

Dívida da OSX

Dos R$ 2 bilhões de dívidas de curto prazo do estaleiro OSX, quase R$ 900 milhões são com bancos públicos, conforme balanço publicado pela empresa no primeiro trimestre deste ano.

O documento informa que a OSX tem uma dívida de R$ 491,5 milhões com o BNDES vencendo no dia 15 de agosto. Outro débito, de R$ 400 milhões com a Caixa Econômica Federal, vence no dia 19 de outubro.

(...) Os recursos dos bancos públicos serviram como um "empréstimo-ponte" para a implantação do estaleiro da empresa em São João da Barra, no litoral norte do Rio de Janeiro.

Anteontem, venceu outra dívida da OSX, no total de R$ 515,5 milhões com o banco Itaú BBA-Nassau. As dúvidas sobre a capacidade da empresa de honrar esse pagamento vêm provocando tensão no mercado.

Segundo a empresa, a dívida foi parcialmente paga e reescalonada. O Itaú BBA não quis comentar o assunto.

Outro credor da OSX é o Arab Banking Corporation. Segundo o balanço do primeiro trimestre, um empréstimo de R$ 106,8 milhões feito pela instituição para a OSX venceu no mês passado.

A OSX também contou com outra ajuda do setor público, mas dessa vez na forma de um empréstimo de longo prazo. O Fundo da Marinha Mercante, liberado pelo Ministério dos Transportes e financiado com impostos, aprovou R$ 4,2 bilhões de financiamento para a empresa.

O estaleiro OSX é a empresa mais problemática da EBX, mas está longe de ser a única em dificuldades.(...)

Folha de S. Paulo