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06 agosto 2018

Medalha Fields e a Revelação

A cerimônia de premiação da Medalha Fields deste ano foi destaque por um motivo pouco louvável: uma das medalhas foi roubada, na primeira vez que esta premiação é feita no hemisfério sul. A cada quatro anos, os matemáticos com até 40 anos podem ser premiados com a medalha, podendo ser premiados de um a quatro matemáticos. Um dos premiados já era conhecido das pessoas da área, o alemão Peter Scholze - que também era o mais jovem de todos.

Mas dois prêmios interessam a economia e, de certa forma, a contabilidade. Alessio Figallie e Constantinos Daskalakis publicaram artigos em periódicos de economia. O trabalho dos dois origina-se do leilão Myerson, de um artigo de 1981. Em um leilão, usar este tipo de leilão permite que os compradores revelem a sua avaliação. Derivado do trabalho de Myerson, tem-se o princípio da revelação, uma “pancada” que até hoje os contadores não aprenderam a entender e absorver.

Eu diria que esse é o resultado mais importante em economia desde Arrow-Debreu-McKenzie

O mesmo texto citado ressalta dois problemas no texto do Myerson: como vender quando existirá intereção no futuro e como vender em situações de empacotamento? O prêmio é um avanço neste direção.

12 dezembro 2017

Quem comprou Da Vinci?

Há dias a empresa de leilão Christie´s vendeu um quadro que teria sido pintado por Leonardo da Vinci. Apesar da controvérsia da autoria, os compradores apareceram e um deles venceu o leilão pagando o mais alto preço por uma obra de arte.

Agora o vencedor apareceu. Trata-se do princípe Bader bin Abdullah bin Mohammed bin Farhan al-Saud, da Arábia Saudita.Em termos de histórico em leilões, Bauder era um desconhecido. Outro aspecto interessante é que o governo saudita desencadeou uma campanha contra a corrupção e prendeu diversas pessoas, inclusive da aristocracia, congelou contas bancárias e exigiu um resgate.

Tudo leva a crer que a pintura deverá ficar na filial do Louvre, recentemente inaugurado em Adu Dhabi, nos Emiratos Árabes Unidos. Este país é um antigo aliado da Arábia Saudita.

Atualização: Entretanto a notícia acima pode não ser verdadeira. Aparentemente o comprador foi o Emirato:

“Trabalhamos muito de perto com o corretor neste quadro, fizemos a oferta e conseguimos adquiri-lo, graças a Deus, pelo preço que consideramos ser o valor certo”, disse Mohamed Khalifa Al Mubarak.

Esta declarações surgem três dias depois de a embaixada da Arábia Saudita em Washington ter dito que o príncipe Badr Al Saud atuou como intermediário para ajudar o Departamento da Cultura de Abu Dhabi a comprar o quadro no leilão da Christie’s. O New York Times revelou que a pintura foi comprada por um príncipe saudita chamado Badr bin Abdullah bin Mohammed bin Farhan al-Saud, amigo e associado do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman. O Wall Street Journal por sua vez disse que o comprador era um representante do príncipe herdeiro.

30 outubro 2017

Quando a auditoria pública altera o comportamento no governo

Uma pesquisa realizada no Chile deveria ser objeto de leitura obrigatória para os auditores públicos. Logo na quinta frase o texto afirma:

Encontramos que o design da auditoria pode criar incentivos contra os objetivos nacionais públicos da legislação nacional no que diz respeito aos contratos públicos impostos pela auditoria.


A análise é interessante já que foi realizada num país vizinho e identificou o impacto da auditoria no comportamento posterior. Além disto, os autores mostram que quando o governo analisa, de forma mais detalhada, um certo procedimento, como o caso do leilão, termina por desencorajar o uso desse processo no futuro.

Maria Paula Gerardino, Stephan Litschig e Dina Pomeranz. CAN AUDITS BACKFIRE? EVIDENCE FROM PUBLIC PROCUREMENT IN CHILE.

28 setembro 2017

Leilão do Petróleo

O Brasil ofereceu às companhias petrolíferas do mundo a possibilidade de explorar os direitos de perfuração nas suas águas na quarta-feira, e considerou os resultados encorajadores.

O lance, a primeira das nove rodadas, foi considerado um teste de confiança dos investidores nas iniciativas pró-mercado do presidente Michel Temer. Mas também foi uma medida do interesse da indústria em explorar os campos de petróleo em águas profundas, entre os mais caros de explorar, em um momento de preços baixos.

Mais de 30 companhias de petróleo inicialmente manifestaram interesse na licitação para 287 blocos de exploração que detêm até 10 bilhões de barris de reservas comprovadas. Mas no final, apenas 20 empresas de oito países fizeram lances. Dezessete empresas ganharam 37 blocos, incluindo a Exxon Mobil , que ganhou oito blocos, principalmente em parceria com a Petrobras , a empresa nacional de petróleo. A China National Offshore Oil Corporation e Repsol da Espanha também fizeram ofertas vencedoras. O governo levantou cerca de US $ 1,2 bilhão em pagamentos iniciais para direitos de exploração.

(...) Mas o resultado estava longe do potencial que as empresas petrolíferas viram para o Brasil há uma década, quando grandes reservas offshore foram descobertas. O preço do petróleo naquela época havia subido acima de US $ 100 por barril, a turbulência política atingiu o norte da África e o Oriente Médio, e as empresas petrolíferas buscaram novas reservas em países politicamente estáveis.

O Brasil decidiu em 2010 designar a Petrobras como o único operador nos principais campos offshore. A exploração despencou quando as empresas internacionais procuraram em outros lugares produzir. Então veio um frenesi de perfuração em campos de xisto americanos (...) Para tornar o Brasil ainda menos atraente, o México, a Guiana e vários países africanos abriram seus ricos campos de águas profundas para empresas estrangeiras, levando à expectativa de uma nova produção em grande escala na próxima década. E a Petrobras, paralisada por uma série de escândalos de corrupção , está agora endividada.

O leilão segue uma série de reformas iniciadas no ano passado, deixando a Petrobras de ser única operadora e reduzindo os requisitos para o conteúdo brasileiro atribuído em máquinas e construção para exploração e produção.

"O Brasil agora enfrenta concorrência", disse Jorge R. Piñon, ex-presidente da Amoco Oil Latin America. "Essa é uma boa notícia para as companhias de petróleo, porque o Brasil não pode mais exigir ser o operador, e eles precisam ser conscientes de que as companhias de petróleo têm capital limitado com o preço atual do petróleo em cerca de US $ 50".

O leilão não ofereceu as áreas mais cobiçadas, que ainda aguardam leilão. (...)


Fonte: Aqui

Leilão no setor elétrico

O governo federal realizou ontem um leilão de quatro usinas hidroelétricas. Com um lance mínimo em torno de 11 bilhões de reais, os lances vencedores permitiram que o preço de venda fosse de R$12 bilhões, um valor 10% a mais do que o lance mínimo.

Sucesso? - No dia de ontem o presidente da República comentou em rede social o seguinte:

Nós resgatamos definitivamente a confiança do mundo no Brasil. Leilão das usinas da Cemig rendeu R$12,13 bi, acima da expectativa do mercado


Afirmar que o leilão rendeu acima da expectativa do mercado é questionável. Afinal a comparação é feita sobre o lance mínimo, que não possui nenhuma relação com o “mercado”. Somente para lembrar, o preço mínimo é determinado por empresas de consultoria que observam o fluxo de caixa descontado previsto e determinam o valor a partir deste ponto. Mais ainda, num processo de leilão, o comprador mais otimista leva. Assim, tanto o preço mínimo não é mercado, como o leilão tende a trazer com ele a maldição do vencedor ou vitória de Pirro.

Quando analisamos o contexto, talvez as palavras do presidente não sejam descabidas. O setor elétrico brasileiro passou por um terremoto em 2012 quando o ex-mandatário decidiu baixar as tarifas e promoveu uma mudança estrutural. A medida eleitoreira foi muito ruim para o setor (1). Cinco anos depois, talvez possamos dizer que o investidor está voltando e novos participantes estão aparecendo. Mais ainda, existia uma certa incerteza jurídica já que as usinas leiloadas eram da Cemig, que brigou pela “renovação” do contrato. A empresa estatal mineira talvez tenha sido a grande perdedora: apostou que o leilão não iria ocorrer, não participou dos lances, tentou obstruir o processo e perdeu boa parte do parque.

Múltiplo - O leilão apresentou um resultado médio de R$4,175 milhões por megawatt de capacidade instalada. A usina de Jaraguá teve um resultado de R$5,189 milhões por megawatt e foi a mais cara. A de Miranda foi vendida por R$3,431 milhões por megawatt e foi a mais barata em termos de capacidade instalada, mas que teve o maior ágio (2).

(1) Além disto, como já mostramos aqui no blog, as empresas estatais do setor são destruidoras de valor. Os recursos alocados nestas empresas elétricas possuem um custo de oportunidade elevado.
(2) Considerando a capacidade instalada da Eletrobras de quase 47 mil megawatt, isto poderia gerar quase 200 bilhões de reais pela empresa. Entretanto duas ressalvas importantes: provavelmente nem toda empresa será privatizada; o valor elevado reduz o número de candidato, o que pode abaixar o valor ofertado.

21 setembro 2017

União e Cemig nos Tribunais

Duas decisões nos tribunais sobre a questão da Cemig. Primeiro o presidente do STJ derrubou a liminar que suspendia o leilão das usinas operadas pela Cemig. Uma decisão do Tribunal Regional Federal da 1a. Região impedia a realização do leilão das usinas de Jaguara, São Simão, Miranda e Volta Grande, no dia 27 de setembro.

O TRF1 concedeu liminar em ação popular. Haveria possíveis prejuízos para administração pública sem que houvesse indenização pelos investimentos não amortizados. O lance mínimo de R$11 bilhões não levou em conta a indenização devida à empresa, que seria de R$18 bilhões. (Uma confusão entre lance mínimo e indenização)

Já o Supremo concedeu liminar, suspendendo o acórdão do TCU contra o andamento da conciliação entre a União e a empresa. TCU entendeu que a negociação colocaria em risco o mesmo processo licitatório e que desconhecia os termos da conciliação. Segundo o relator do STF,

o TCU extrapolou sua competência ao suspender o andamento da tentativa de conciliação administrativa de dois litigantes judiciais, ainda que tivesse autoridade para realizar acompanhamento da negociação e apreciar os termos de suas cláusulas. 

21 abril 2015

Vestido de “E o Vento Levou” é arrematado por US$ 137 mil

Um vestido cinza e negro que vestiu Vivien Leigh em seu papel como Escarlate O’Hara no clássico “E o Vento Levou”, de 1939, foi vendido no sábado por US$ 137 mil em um leilão na Califórnia. [...]

Todos os artigos formavam parte de uma coleção privada pertencente a James Tumblin, anteriormente em poder do departamento de cabeleireiro e maquiagem da Universal Studios.

Tumblin começou a colecionar trajes e acessórios que ficavam nos bastidores do cinema na década de 60, iniciando uma coleção de mais de 300 mil peças, segundo a Heritage.

Durante uma visita à companhia Western Costume, Tumblin viu o vestido de Escarlate O’Hara no chão negociou e o comprou por US$ 20, de acordo com Heritage.

[...]

Outras peças que alcançaram grandes cifras no leilão foram um chapéu de palha que também vestiu Leigh, vendido por US$ 52.500, calças e casacos do traje de Clark Gable como Rhett Butler, por US$ 55 mil, e um chapéu negro que vestiu tanto Leigh como Olivia de Havilland como Melanie Wiles, que alcançou US$ 30 mil.


Leia mais (em inglês) aqui.

09 julho 2014

Leilão: Faculdade de Tecnologia e Ciências

Uma das principais redes de ensino do Nordeste, a baiana FTC (Faculdade de Ciências e Tecnologia) terá sua marca leiloada pelo TRT (Tribunal Regional do Trabalho) nesta quarta-feira (9), em Salvador.

O motivo é uma dívida trabalhista de R$ 25 mil, segundo o TRT, referente a um ex-funcionário da faculdade.

A instituição tem unidades em Salvador, Feira de Santana, Itabuna, Jequié e Vitória da Conquista, e conta no total com cerca de 60 mil alunos. Na modalidade de ensino à distância, a FTC tem cerca de 40 mil estudantes espalhados por todo o país.

Conforme divulgou o tribunal, a marca da FTC está avaliada em R$ 2 milhões e, no leilão, terá lance inicial de R$ 600 mil.

[...]


O leilão é uma forma de venda dos bens penhorados no processo com a finalidade do pagamento do crédito do trabalhador, segundo informou o TRT.

Em nota, a faculdade informou que "tomou todas as medidas judiciais cabíveis para a retirada do correspondente lote antes da realização do leilão".

[...]

Ainda segundo Almeida, a empresa "tem até a hora do leilão para realizar o pagamento e assim sustar a venda do bem".

"Vale salientar que antes do leilão é agendada uma nova audiência de tentativa de conciliação com a finalidade de ajustar o pagamento ou acordo entre as partes", disse o servidor público.

Outra marca conhecida na Bahia que irá à leilão nesta quarta-feira é a da banda de pagode Padod'Art, avaliada em R$ 200 mil, mesmo valor da dívida trabalhista que a banda possui.

O lance inicial da marca da banda será de R$ 60 mil. O UOL não conseguiu contato com a Pagod'Art para comentar o assunto.


Fonte: Aqui

13 janeiro 2014

Concessões: R$ 80,3 bi em investimentos


As concessões federais realizadas no ano passado devem representar um investimento estimado em R$ 80,3 bilhões — para período de contrato entre 20 e 35 anos —, nas áreas de transporte, energia, petróleo e gás, além de cinco autorizações de terminais de uso privado. A previsão consta de balanço das concessões de 2013 divulgado pela Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae). No ano passado, foram realizadas 18 licitações.

[...]

“Por conta de obrigações contratuais, a maior parte desses investimentos realizar-se-á nos próximos cinco anos”, informa nota divulgada pelo Ministério da Fazenda. O estudo realizado pela Seae inclui as primeiras autorizações de terminais portuários realizadas sob o novo marco regulatório do setor, a nova lei dos portos (Lei 12.815/13).

Do valor total estimado de investimento, a maior parte será feita nas rodovias (R$ 28,7 bilhões), seguida por geração de energia (R$ 26,6 bilhões), linhas de transmissão (R$ 8,7 bilhões), aeroportos (R$ 7 bilhões), petróleo e gás (R$ 6,9 bilhões) e portos (R$ 2,4 bilhões).



No caso de petróleo e gás, conforme o levantamento da Seae, são considerados apenas os investimentos estimados para a consecução do Programa Exploratório Mínimo, que avalia o potencial comercial dos campos licitados. Os investimentos necessários à exploração comercial efetiva dos campos não estão incluídos no levantamento.

[...]

Em 2013 foram cinco leilões de rodovias com deságios em relação à tarifa-teto que variaram de -42,3% (BR-050) a -61,1% (BR-040). Foram concedidos 4.247 quilômetros de rodovias federais, que servem importantes polos econômicos brasileiros como a região centro-oeste, onde se concentra grande parte da produção de grãos do país.

Já no setor de energia foram licitados 7.145 megawatts em capacidade instalada de geração de energia no ambiente regulado, sendo 65,9% de eólica, 16% de hidrelétrica, 6,7% de PCH e 11,3% de biomassa. Dos 243 empreendimentos outorgados, 202 foram de projetos de parques eólicos. Não estão incluídos os projetos voltados exclusivamente para a autoprodução e ao mercado livre. Foram, ainda, licitados 8.134 km de linhas de transmissão.

Fontes: Aqui e Aqui. 

Para ampliar, clique na imagem.

23 novembro 2013

Privatização de aeroportos

A privatização dos aeroportos do Rio e BH foi notícia nos jornais. A Folha tentou explicar a diferença de preço para o aeroporto de Guarulhos, indicando o prazo de pagamento (25 versus 20 anos):

Cinco anos a mais, além de tornar a parcela menor, fazem uma enorme diferença numa concessão porque é no fim do período --com os maiores investimentos já feitos-- que entram muitos recursos e saem poucos.

Em outro site, a mesma justificativa:

Para o presidente da Infraero, Gustavo Vale, a diferença é explicada pelos prazos de concessão. “O prazo de concessão do Galeão é cinco anos maior”, disse à DINHEIRO, após o leilão. A concessão do Galeão será válida por 25 anos, ante os 20 anos de Cumbica. Isso permitiria aos vencedores mais tempo para pagar os investimentos e obter retornos.

Mas isto não justifica, já que o valor do dinheiro no tempo reduz esta diferença substancialmente. Além disto, existe a maldição do vencedor, fato já comprovado nas finanças comportamentais: quem ganha um leilão é o grande perdedor, pois pagou muito acima do razoável.

Um fato interessante foi a reação do mercado para a empresa que perdeu o leilão: o preço das ações aumentou, o que pode ser um sinal de mau negócio para quem ganhou.

20 janeiro 2013

Microeconomistas


ON THE face of it, economics has had a dreadful decade: it offered no prediction of the subprime or euro crises, and only bitter arguments over how to solve them. But alongside these failures, a small group of the world’s top microeconomists are quietly revolutionising the discipline. Working for big technology firms such as Google, Microsoft and eBay, they are changing the way business decisions are made and markets work.
Take, for example, the challenge of keeping costs down. An important input for a company like Yahoo! is internet bandwidth, which is bought at group level and distributed via an internal market. Demand for bandwidth is quite lumpy, with peaks and troughs at different times of the day. This creates a problem: because spikes in demand must be met, firms run with costly spare capacity much of the time.
This was one of the first questions that Preston McAfee, a former California Institute of Technology professor, looked at when he arrived at Yahoo! in 2007. Mr McAfee, who now works for Google, found that uses of bandwidth fall into two categories: urgent (displaying a web page) and delayable (backups and archiving). He showed how a two-part tariff (high prices when demand peaks, low ones otherwise) could shift less time-sensitive tasks to night-time, allowing Yahoo! to use costly bandwidth more efficiently.
The solution—two types of task, two prices—has intuitive appeal. But economists’ ideas on how to design markets can seem puzzling at first. One example is the question of how much detail an online car auctioneer should reveal about the condition of the vehicles on offer. Common sense would suggest some information—a car’s age and mileage—is essential, but that total transparency about other things (precise details on subpar paintwork) might deter buyers, lowering the auctioneer’s commissions. Academic theory suggests otherwise: in some types of auction more information always raises revenues.
To test the idea, Steve Tadelis of the University of California at Berkeley (now also working for eBay) and Florian Zettelmeyer of Northwestern University set up a trial, randomly splitting 8,000 cars into two groups. The first group were auctioned with standard information, including age and mileage. The second had a detailed report on the car’s paintwork. The results were striking: cars in the second group had better chances of a sale and sold for higher prices. This effect was most pronounced for cars in poorer condition: the probability of a sale rose by 23%, with prices up by 5%. The extra information meant that buyers were able to spot the type of car they wanted. Competition for cars rose, even the scruffier ones.
But more information is not always better. Studies show that shoppers overwhelmed by choice may simply walk away. Mr Tadelis tested whether it would be better to tailor eBay’s auctions to users’ experience level. The options for new users were narrowed, by removing sellers who are more difficult to assess (for example those who had less-than-perfect feedback on things like shipping times). When new users had a simpler list of sellers to choose from, the number of successful auctions rose and buyers were more likely to use eBay again. Tailoring the market meant gains for buyers, sellers and eBay.
The desire to use theory to challenge conventional thinking is one reason economists are valuable to firms, says Susan Athey, of Stanford University and Microsoft. When Ms Athey arrived at the software giant in 2007 it faced what was seen as an unavoidable trade-off: online advertising was good for revenues, but too much would deter users. If advertisers gained, users would lose. But economic theory challenges this, showing that if firms are dealing with two groups (advertisers and users, say), making one better off often benefits the other too.
Ms Athey and Microsoft’s computer scientists put that theory to work. One idea was to toughen the algorithm that determines whether an ad is shown. This means ads are displayed fewer times, so advertisers lose out in the short-term. But in the longer run, other forces come into play. More relevant ads improve the user experience, so user numbers rise. And better-targeted ads mean more users click on the advert, even if it is shown less often. Empirical evidence showed that although advertisers would respond only after some time, the eventual gain was worth the wait. Microsoft made the change.
Microeconomists have their sights on problems outside their home turf too. At the moment the policies picked by central banks and finance ministries are based on old news, since things like GDP, inflation and unemployment are measured with long lags. A team at Google headed by its chief economist, Hal Varian, is using search-engine data to provide more timely measures. Search terms like “job”, “benefits” and “solitaire” are closely correlated with unemployment claims (see chart). These types of relationship help construct new indexes that offer a real-time picture of the economy. If policymakers start to use these in a systematic way, their decisions could be based on how the economy looked yesterday, rather than months ago. 

11 janeiro 2012

Em leilão comportado, KPMG ganha conta do BB

O cenário vivido na tarde de ontem no Banco do Brasil foi o mesmo de 29 de outubro de 2010: PwC, KPMG e Ernst & Young disputaram a conta de serviço de auditoria da instituição em um leilão eletrônico. O resultado também foi igual: a KPMG ganhou o certame e seguirá responsável, em 2012, pela checagem das contas da maior instituição financeira do país.

Apesar das semelhanças entre o início e o fim do processo, a disputa foi bem diferente da vista na primeira ocasião, em que a vencedora arrematou o contrato com um lance de apenas R$ 95 mil, com desconto de 99,5% ante o preço original, após uma dura batalha com a Ernst & Young.

A derrubada dos honorários para um nível tão baixo no leilão anterior, que teve uma repercussão negativa muito grande entre os profissionais do setor, parece ter ensinado algo às firmas de auditoria, que dependem da reputação para sustentar seu negócio.

Na época, auditores de diversas regiões do país divulgaram textos criticando a conduta de KPMG e EY, duas das chamadas “Big Four”, grupo que reúne as quatro grandes auditorias do mundo e conta ainda com Deloitte e PwC.

Do lado dos representantes dos auditores, o que mais se ouviu foram críticas ao modelo do pregão eletrônico usado pelo BB para contratação do serviço. Mas não havia como fugir à realidade de que o sistema não reduz os lances sozinho.

Dessa vez foi tudo diferente. Nenhuma das três auditorias que participaram da disputa reduziu o lance inicial. Com a proposta mais barata, de R$ 6,39 milhões, a KPMG saiu vencedora. A Ernst Young Terco havia proposto cobrar R$ 9,72 milhões e a PwC tinha pedido R$ 13,8 milhões.

Em 2010, a KPMG tinha pedido inicialmente R$ 19,6 milhões, enquanto a PwC colocou lance de R$ 12,5 milhões e a Ernst & Young, de R$ 6,0 milhões.

Embora o preço tenha subido de um ano para o outro, o BB seguirá pagando menos que seus pares pelo serviço. Em 2010, o Bradesco pagou R$ 33,7 milhões para a PwC, antes de trocá-la pela KPMG em 2011. Também em 2010, o Itaú pagou R$ 40,9 milhões à PwC, enquanto o Santander remunerou a Deloitte em R$ 9 milhões.

Fonte: Fernando Torres, Valor Economico

18 maio 2011

Leilão

Postado por Pedro Correia

Uma das mais antigas formas de comercialização, natural evolução do processo de venda direta. Seu berço se situa na China do século 11 a.C., mais precisamente na cidade Hao. Conta a história que às margens do rio Hoang-Ho morava um camponês chamado Li Hai Wei. Ele dedicava-se às tradicionais culturas chinesas do arroz, trigo, sorgo e, ainda, à criação de cabras.

Certa ocasião, fortíssima enchente levou por água abaixo não só suas cabras mas também as plantações e todas as suas economias. Sem ter como sustentar a família, Li Hai não teve outra saída senão colocar à venda suas ferramentas de trabalho. Ao exibi-las no mercado da aldeia mais próxima, dois compradores surgiram ao mesmo tempo. Para acabar com a disputa que se estabeleceu, Li Hai determinou que venderia as ferramentas àquele que fizesse a melhor oferta. Espantou-se ao perceber que os lances se sucediam, e mais: que, ao final, o preço da venda havia sido muito mais alto que o inicial. Observador, concluiu que com esse sistema poderia obter os melhores preços por mercadoria vendida. De agricultor falido, em pouco tempo Li Hai transformou-se num próspero negociante. Historinha exemplar e estimulante aos que pretendem fazer do limão uma limonada.

Fonte:Márcio Cotrim in Diário do Sul

17 março 2011

Maldição do Vencedor

Maldição do Vencedor - Postado por Pedro Correia
A revista Conjuntura Econômica de fevereiro traz uma entrevista especial com o economista Paul Milgrom. Milgrom é conhecido no meio acadêmico por suas contribuições para a área de leilões, contratos e economia industrial. Fora da academia ele tem contribuído em diversas áreas, principalmente em leilões. Em particular, desenhou o leilão ascendente simultâneo (LAS) usado nos EUA e em vários outros países para vender espectro de rádio, e que tem gerado centenas de milhões de dólares de receita para os governos. Além disso, é consenso entre economistas que as contribuições de Paul Milgrom nas áreas de teoria de leilões, teoria dos jogos, organizações e finanças, o fazem merecedor de um Prêmio Nobel.

Segue trecho da entrevista, em que ele comenta sobre "a maldição do vencedor":

O governo brasileiro cederá à Petrobras os direitos de exploração dos blocos de pré-sal adjacentes àqueles que já são de sua propriedade, com o argumento de que ela tem “melhor informação sobre a viabilidade desses blocos”. É uma boa ideia?

Esse é um exemplo clássico da “maldição do vencedor”, e também ilustra uma situação na qual o leiloeiro se sai melhor quando distingue participantes fortes e fracos. A “maldição do vencedor” funciona assim: se um participante– digamos a Petrobras – está mais informado que os outros e se um participante menos informado vence o leilão, então o vencedor está “amaldiçoado”. A razão é simples: caso os direitos valessem muito a Petrobras teria dando lances agressivos para adquiri-los. Uma maneira simples de lidar com a “maldição do vencedor” é excluir o participante forte, bem informado. Se essa é uma boa ideia depende de uma análise específica. Por exemplo: é necessário avaliar a possibilidade de que a Petrobras distorça o resultado de qualquer maneira, vendendo ou trocando sua informação superior com outro participante. Outra questão é o número de participantes. E, dependendo dos fatos, pode haver outras maneiras menos custosas de mitigar a “maldição do vencedor” do que excluir a Petrobras.
Entrevista completa em português: aqui.
Entrevista completa em inglês: aqui

19 dezembro 2010

Concorrência pública

As disputas por contratos com o governo são fonte inesgotável de escândalos, seja pelo direcionamento de concorrências, seja por superfaturamentos que causam imensuráveis prejuízos aos cofres públicos. Há dez anos, o governo criou o pregão eletrônico, modalidade desenvolvida para dar celeridade às compras realizadas pela aministração pública e diminuir a incidência de fraudes. (...) Quem oferece o menor preço vence a concorrência. Somente entre janeiro e outubro deste ano, mais de 16 bilhões de reais foram negociados nos pregões eletrônicos. Ao contrário do que se pensava, o sistema não é imune a manipulação.

Hackers desenvolveram um programa de computador que cria lances automáticos e garante a vitória do usuário em qualquer leilão. Embora sua origem seja obscura, o uso desses robôs digitais não é proibido por lei. A Viganet, que comercializa um deles, orgulha-se de sua infabilidade. “O usuário do produto pode cobrir qualquer oferta sem chamar atenção”, explica Pedro Ramos, gerente de negócios da empresa. Enquanto um operador humana leva mais de cinco segundos para registrar um lance, o programa o faz em 140 milésimos de segundo – ou menos. No leilão reverso, o vencedor é quem tiver oferecido o menor preço ao fim de trinta minutos de disputa. O programa pode facilmente vencer qualquer operador humano na reta final, garantindo que o último e mais baixo lance seja sempre o seu.

A tecnlogia não necessariamente lesa os cofres públicos. A questão que preocupa é de outra ordem. O uso de programa assegura a vitória antecipada de um dos contendores. Isso fere o princípio da isonomia na concorrência pública. (...)


Matrix Federal - Veja, 22 de dezembro de 2010

11 março 2010

12 fevereiro 2010

Maldição do Ganhador

A maldição do ganhador é conceito interessante e já foi inclusive tema de livro de Richard Thaler, um dos mais renomados cientistas da área financeira e influente pensador na área de finanças comportamentais. Para entender o conceito, faço uma longa citação do livro de Tim Harford:

Um exemplo conhecido é a “maldição do ganhador”. A maldição decorre de uma característica dos leilões: você só ganha quando os outros interessados acham que você está fazendo um lance muito alto. Posso invocar a maldição e produzir comportamentos desordenados oferecendo em leilão um pote de moedas. Se eu pedir a várias pessoas que estimem o valor total das moedas no pote, provavelmente terei uma resposta bastante precisa. Apesar disso, se eu fizer um leilão do valor das moedas no pote, oferecendo emitir ao vencedor um cheque no valor que for, é quase certo que farei um bom negócio, porque pelo menos um interessado será muito otimista. É a “maldição do ganhador” em ação.

Isso ocorre não porque o leilão produza algum tipo de comportamento psicológico excêntrico, mas sim porque, enquanto a pesquisa com as pessoas nos dá uma estimativa média do valor das moedas, o leilão não produz essa média. Ao contrário, o leilão seleciona automaticamente o maior lance; quanto mais extravagante, melhor. A pesquisa revela aquilo que James Surowiecki, colunista do New Yorker, chama de “sabedoria das multidões”. O leilão, por sua vez, revela o maior dos tolos

HARFORD, Tim. A lógica da vida. Rio de Janeiro, Record, 2009, p. 71-72

A questão da maldição do ganhador é interessante no setor público brasileiro por duas razões principais. A primeira diz respeito ao processo de privatização e a segunda a sistema de compras.

Vamos começar com a privatização. O governo ao promover a privatização das suas empresas está redirecionando seus esforços para áreas que ele entende serem mais relevantes. Assim, em lugar de concentrar na produção de minério, o governo aloca recursos em escolas, por exemplo. Uma das maiores críticas ao processo de privatização promovido na década de noventa do século passado é que as empresas foram vendidas por um preço baixo. A leitura do texto de Tim Harford dá a entender que esta crítica não procede, pois sendo um processo de leilão, o vencedor foi o maior dos tolos.

Mas isto só é verdadeiro quando o processo garante um número razoável de participantes ou pelo menos a possibilidade de que este número seja elevado. Em geral, quando o número de participantes é elevado, aumenta a chance de aparecer um grande tolo. Entretanto, existe aqui um trade-off, pois o governo precisa, de certa forma, garantir que o vencedor tenha realmente condições de absorver a empresa privatizada, o que por si conduz a regras de restringem o aumento no número de participantes.

O sistema de compras possui também um tipo de leilão, sendo o objetivo obter o menor preço. Novamente aqui temos uma grande vantagem, que é reduzir os gastos públicos. Entretanto, o sistema precisa garantir que as empresas que participem possuam um grau mínimo de qualidade; além disto, o risco não pode ser grande, pois isto conduziria a repetição do processo de leilão. Em alguns casos, as empresas que participam terminam por desistir do processo, trazendo prejuízos para a área pública.

23 junho 2009

Licitação

Governo quer impedir que empresas façam acordos prévios em licitações
Valor Econômico - 23/6/2009

O Ministério da Justiça pretende cobrar das empresas uma declaração de que as propostas que elas fazem em licitações são independentes. O objetivo é evitar acertos prévios entre companhias que disputam as mesmas licitações. O assunto preocupa o governo tanto com relação às grandes licitações, como a usina hidrelétrica de Belo Monte, quanto nas pequenas. (...)

A ideia é que essa garantia seja dada por escrito por cada empresa participante de concorrências públicas. Assim, antes de participar das licitações, as empresas se comprometeriam formalmente a não trocar nenhuma informação com seus concorrentes. Elas assinariam uma "declaração de propósito independente", explicou Ana Paula Martinez, diretora do Departamento Proteção e Defesa Econômica da SDE. "É um atestado de que a empresa não fez contatos com concorrentes, antes de participar da licitação." Se, depois da assinatura, um dirigente da empresa for pego trocando e-mails com concorrentes, ele poderá ser processado por informação falsa.

Segundo Ana Paula, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) recomenda que os órgãos públicos exijam essa declaração em suas licitações. Ela explicou que a ideia foi implementada em larga escala nos Estados Unidos, onde praticamente todas as empresas que disputam concorrências públicas são chamadas para assinar um documento desse tipo. Isso facilitou as condenações por cartel em licitações naquele país porque, uma vez assinada a declaração, basta haver qualquer tipo de contato entre concorrentes para condená-los. Não é necessário, como atualmente, que o governo descubra um acordo detalhado para a fixação de preços numa concorrência. Para que essa descoberta ocorra, o governo conta normalmente com a delação de uma das partes envolvidas. São casos raros, pois dificilmente um participante de cartel vai romper o acordo.

Agora, o Ministério da Justiça está levando a recomendação da OCDE aos pregoeiros no Brasil para que eles também passem a cobrar esse documento das empresas. "É um jeito de criar transparência", disse Ana Paula. Segundo ela, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) deverá ser a primeira a adotar a ideia em suas licitações. A SDE vai levar a proposta a outras agências federais e a órgãos públicos de governos locais recomendando a adoção.

A Secretaria iniciou um cronograma de viagens às cinco regiões do país para treinar os pregoeiros locais sobre como evitar contatos entre concorrentes em licitações e convencê-los a aderir à exigência da declaração às empresas. Ontem, técnicos antitruste do Ministério da Justiça estiveram no Recife, onde entregaram a representantes de diversos órgãos públicos locais um guia no qual relataram as formas mais utilizadas pelas empresas para fazer acertos prévios em licitações. O documento se chama "Diretrizes para Combater o Conluio entre Concorrentes em Contratações Públicas".


A avaliação geral do Ministério da Justiça é que, em muitos casos, os governos locais tratam as licitações com um alto grau de ingenuidade. Numa licitação da Secretaria de Portos de Natal, por exemplo, cada empresa que retirava a proposta numa licitação tinha de deixar o nome e o telefone de contato de um representante numa lista. Essa lista era pública. Com isto, bastava consultar a lista para que uma empresa obtivesse, dentro da Secretaria de Portos, os contatos dos concorrentes. Isso facilita contatos prévios em licitações.

A Secretaria dos Portos foi contatada pela SDE e resolveu aderir à exigência de declaração das empresas. A expectativa do Ministério da Justiça é que centenas de órgãos públicos sigam essa nova exigência e, com ela, a SDE terá uma nova "arma" para investigar os acertos prévios feitos em licitações.