Durante a crise financeira de 2008, o
Lehman Brothers decretou concordata. A razão da solicitação foram os prejuízos causados pela crise do subprimes e representou a maior falência da história dos Estados Unidos. No dia 16 de setembro de 2008, o banco Barclays anunciou um acordo de aquisição.
Agora, dois anos depois, o fantasma do Lehman Brothers volta a assombrar Wall Street. Mais especificamente, a empresa de auditoria Ernst & Young. Até então, a questão contábil tinha sido deixada em segundo plano. Mas as manchetes dos últimos dias na imprensa econômica internacional mostram que os problemas do banco podem afetar a E&Y.
Segunda E&Y, em notícia publicada ontem no Wall Street Journal (
Ernst & Young: We Didn’t Topple Lehman Brothers, Shira Ovide, 21 dez 2010) não existe base legal para um processo contra os auditores, já que as demonstrações contábeis estavam conforme os princípios contábeis geralmente aceitos. Ou seja, a falência da Lehman Brothers não foi causada pela contabilidade.
Entretanto, o vice-presidente sênior do Lehman, Matthew Lee, afirmou que alertou a E&Y para a tentativa de mascarar os riscos na contabilidade. Em junho de 2008 ele foi demitido do Lehman. Em maio, Lee tinha escrito uma correspondência para executivos do banco alertando para o risco excessivo (Lehman Brothers Whistleblower Matthew Lee Again in Spotlight, Shira Ovide, 20 dez 2010,
Wall Street Journal)
Uma das acusações contra a E&Y é de negligência (
Ernst & Young: Highlights from the Lehman Investigation, 21 dez 2010, Shira Ovide, WSJ).
A acusação parte do procurador-geral
Andrew Cuomo, governador eleito do estado de Nova Iorque. Segundo a acusação, a E&Y sabia da fragilidade do Lehman sete anos antes dos problemas e ajudou a escondê-los. Além disto, a E&Y teve um papel importante no desenvolvimento do Repo 105, uma operação para encobrir o risco do banco (Cuomo checks Ernst & Young Off the hit list,
GoingConcern). Cuomo quer que a empresa de auditoria devolva pelo menos 150 milhões de dólares recebidos desde 2001. (
Aqui você poderá encontrar um documento de 32 páginas assinado por Cuomo sobre o assunto).
O
Financial Times (Cuomo’s coruscating complaint,
21 dez 2010, John Mc Dermont) lembrou que as principais alegações contra a E&Y já são conhecidas desde o relatório de Valukas, de março de 2010. Apesar disto, o NY Times (Peter Lattman, 21 dez 2010.
Aqui um vídeo onde Lattman explica o escândalo) lembra que é a primeira ação legal sobre o caso. O mesmo texto lembra que pelo menos um auditor da E&Y ficou preocupado com os problemas do Lehman: Bharat Jain, que em 2006 ficou preocupado com o risco de reputação.