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09 dezembro 2013

Astrologia no mercado financeiro

O The Telegraph tem um longo texto sobre usar astrologia no mercado financeiro (Financial astrology: can the stars affect stocks?). É uma boa discussão que poderia servir como uma debate numa aula de administração financeira. O The Telegraph conta um pouco da história de Arch Crawford, ex-corretor que descobriu na astrologia um mecanismo de fazer projeções sobre o mercado. Hoje Crawford possui uma lista de assinantes que recebem seus conselhos por uma módica quantia.

Mas será que a astrologia tem fundamento? O jornal inglês cita a tradição de civilizações antigas e um trabalho de Nias e Eysenck para tentar descobrir a verdade e o denominado Efeito Marte: muitas pessoas famosas nasceram quando Marte esta num determinado ponto do céu e este percentual seria muito acima do acaso. Também é citado um artigo de Shawn Carlson que usou 28 astrólogos para tentar fazer projeções e o resultado foi tão bom quanto jogar uma moeda num cara ou coroa. Ou seja, astrologia é superstição.

No texto, uma frase de French, conhecido pesquisador na área de finanças:

Não é que os astrólogos vão dar -lhe algum conselho pior do que os peritos credenciados. Eles estão dando-lhe conselhos igualmente sem valor. 

07 outubro 2013

Confusão

Eis um exemplo sobre a irracionalidade do mercado de capitais:

Às custas do Twitter ("nome de guerra" TWTR) a Tweeter (TWTRQ) viu suas ações passarem de US$ 0,01 para 0,13. A confusão, segundo o Exame se deu porque os investidores confundiram os nomes.

Fonte: Aqui

27 novembro 2012

Armadilhas comportamentais do Black Friday

Eis algumas armadilhas comportamentais do Black Friday (aliás, das compras):


But among the most potent reasons no sane person should participate in Black Friday is this: It is carefully designed to make you behave like an idiot.
The big problem with Black Friday, from a behavioral economist's perspective, is that every incentive a consumer could possibly have to participate — the promise of "doorbuster" deals on big-ticket items like TVs and computers, the opportunity to get all your holiday shopping done at once — is either largely illusory or outweighed by a disincentive on the other side. It's a nationwide experiment in consumer irrationality, dressed up as a cheerful holiday add-on.
As Dan Ariely explains in his book, Predictably Irrational, "We all make the same types of mistakes over and over, because of the basic wiring of our brains."
This applies to shopping on the other 364 days of the year, too. But on Black Friday, our rational decision-making faculties are at their weakest, just as stores are trying their hardest to maximize your mistakes. Here are just a few of the behavioral traps you might fall into this Friday:
This applies to shopping on the other 364 days of the year, too. But on Black Friday, our rational decision-making faculties are at their weakest, just as stores are trying their hardest to maximize your mistakes. Here are just a few of the behavioral traps you might fall into this Friday:
The doorbuster: The doorbuster is a big-ticket item (typically, a TV or other consumer electronics item) that retailers advertise at an extremely low cost. (At Best Buy this year, it's this $179.99 Toshiba TV.) We call these things "loss-leaders," but rarely are the items actually sold at a loss. More often, they're sold at or slightly above cost in order to get you in the store, where you'll buy more stuff that is priced at normal, high-margin levels. 
[...]Implied scarcity: This is when a store attempts to drum up interest in an item by claiming "limited quantity" or "maximum two per customer," which makes us think we're getting something valuable when we may not be. It's a staple of deceptive marketing, and at no time in the calendar year is it in wider use than on Black Friday. (There is also actual scarcity on Black Friday — when stores carry only a 50 or 100 of an advertised doorbuster item — which also introduces a risk that you'll be 51st or 101th in line and waste your time entirety. Both are bad.)
Confirmation bias: As Derek Thompson points out, many shoppers neglect to factor in the non-cash costs of their Black Friday trip — gas, parking, warranties, and rebates. (To say nothing of the vacation time lost to waiting in lines.) Shoppers want to believe they save money by going out on Black Friday, so they use only their per-item savings in calculating the benefits of their trip. But on a net basis, it's often not a very good deal.
Irrational escalation: This behavioral quirk is also known as the "sunk cost fallacy," and it means that people are bad at knowing when to give up on unprofitable endeavors. This happens a lot on Black Friday. If you've already made the initial, bad investment of getting up at 2 a.m., driving to the mall, finding parking, and waiting in line for a store to open, you'll be inclined to buy more than you initially came for. (Since, after all, you're already there, and what's another few hundred dollars?)
Pain anesthetization: One of my favorite pieces of shopping-related research is a 2007 paper called "Neural Predictors of Purchases" [PDF] which used fMRI scans of shoppers' brains to show how deeply irrational the purchasing process is. Researchers found that if a shopper saw a price that was lower than expected, his medial prefrontal cortex (the part of the brain responsible for decision-making) lit up, while higher-than-expected prices caused the insula (the pain-registering part) to go wild. That brain activity had a strong correlation to whether or not the shoppers ended up buying the products or not.
Economists typically think of consumer choice as dispassionate cost-benefit analysis by rational market actors — a bunch of people saying to themselves, "Will having this $179.99 TV now create more pleasure than having the $179.99 in my bank account to do other things in the future?" — but the 2007 study shows that shoppers don't actually behave that way at all. In fact, they're choosing between immediate pleasure and immediate pain.
[...]The problem, of course, is that those methods of short-term anesthetization often carry long-term consequences — like astronomically high interest rates and hidden fees.
Post-purchase rationalization: When we've bought something expensive, we tend to overlook its flaws or defects in order to justify our decision. On Black Friday, the investment is more than just financial — we've emotionally invested in the post-holiday ritual of standing in line with friends or family and enduring cold, dark misery for the shot at cheap electronics. 
[...]Of course, just by telling you to stay home on Black Friday, I may be triggering your reactance bias (the tendency to do the opposite of what someone tells you) and making you want to go bargain-hunting even more. In which case, good luck. You'll need it.



15 outubro 2012

Racionalidade, Suicídio e o Homem-bomba

A evidência sobre a racionalidade de suicídio é persuasivo. Por exemplo, no Estado do Oregon, o suicídio é legal. (...)a partir de uma perspectiva econômica este comportamento é racional, porque representa uma clara preferência expressa.

O que isso tem a ver com os homens-bomba? Se for racional cometer suicídio, então é certamente racional atingir um objetivo no processo. Eliminando os inimigos é - a partir da perspectiva da economia - uma meta racional. Além disso, a pesquisa moderna em terroristas suicidas (ver Kix [2010]) mostra que eles apresentam exatamente as mesmas características de isolamento e depressão, que leva em muitos casos, ao suicídio sem a bomba.


Leia mais aqui

04 setembro 2012

Justificativa Racional para um decisão irracional


Quando as pessoas se comportam de maneira “errada” elas buscam
uma forma de justificar seu comportamento com desculpas aparentemente racional. Um político indica um parente para um cargo, justificando que ele é competente; o chefe promove a funcionária bonita pelo fato dela trabalhar melhor; o médico nazista que matou judeus no campo de concentração justifica sua atitude dizendo que seu experimento científico ajudaria a humanidade; o morador que não fala com o vizinho negro, pois ele é corintiano; e você, que compra a Playboy para ler seus artigos.

Este é exatamente o título do artigo de Zoe Chance e Michael
Norton, da Harvard Business School: I read Playboy for the articles. Para isto, Chance e Norton usaram um experimento com duas revistas para verificar se uma decisão é baseada em critérios “questionáveis” que aparentam serem racionais.

Usando duas revistas de esportes, ambas com mesmo número de prêmios de jornalismos e tamanhos aproximados. Mas numa revista existia mais textos sobre esportes que outra. Para um grupo, os pesquisadores fizeram acompanhar para outra revista uma edição especial com mulheres de biquínis. Os
participantes escolheram a segunda opção.

O interessante é que foi solicitado aos participantes apresentarem uma justificativa para escolha. Os participantes não justificaram o óbvio: a presença de mulheres em trajes sumários. Outros critérios foram usados para justificar as escolhas.

Para os pesquisadores, os resultados encontrados por Chance e Norton são um alerta para não acreditarem nas justificativas apresentadas pelos entrevistados. Mesmo que não exista uma intenção clara de enganar na
resposta, o ser humano parece tentar buscar justificativas “racionais” para defender suas escolhas irracionais.

27 setembro 2011

Indicadores econômicos bizarros


Eis uma listagem de indicadores bizarros:

1. Anúncio de exercício e desemprego – Em momento de elevada taxa de desemprego muda os anúncios do exercito. Para evitar que muitas pessoas alistem, os anúncios mostram vídeos com exercícios pesados para afugentar recrutas

2. Prostituição – em épocas de prosperidade existem menos prostitutas e os preços são maiores.

3. Cueca – homens compram menos em tempos difíceis, para economizar. (Anunciado por Alan Greenspan)

4. Garçonetes bonitas – a situação econômica está ruim quando mulheres bonitas aceitam empregos de garçonetes, em lugar de empregos mais atraentes (modelo ou eventos corporativos)

5. Consumo de cerveja – o consumo de cerveja em casa aumenta em épocas de recessão em razão da economia. Isto reflete no número de empregados em bares, que caem mais que em outros setores.

6. Cabelo da japonesa – Os cabelos das mulheres japonesas são cortados mais curtos em períodos de recessão. Isto economiza o dinheiro do salão.

7. Tamanho da saia das mulheres – quanto mais curta a saia melhor para o mercado financeiro. Este índice foi descoberto em 1920, por George Taylor.

8. Índice da pipoca – em períodos de crise, as pessoas fogem para o cinema para ver filmes de aventura e ficção.

9. Desconto no automóvel – em períodos de recessão aumentam os descontos na venda de automóveis.

10. Índice de Pesquisa do Google – o aumento de pesquisa com palavras como desemprego geralmente significa que ele aumentou

11. Brinde em refeição – em períodos de margem reduzida, os restaurantes reduzem os brindes para as crianças, incluindo o número de lápis de cor para colorir.

12. Índice do feijão – período de recessão aumenta o consumo de enlatados. Os consumidores trocam alimentação fora por comer em casa.

13. Índice de Batom – em épocas difíceis, o consumo de batom mais caro aumenta. É uma compensação pela redução no consumo de bolsas e sapatos caros.

14. Gravatas – o consumo de gravatas aumenta na recessão como uma forma dos homens dizerem que estão trabalhando muito. E as gravatas são mais finas.

15. Retorno da ligação do pedreiro – quando a economia está indo bem, é muito difícil receber de volta a ligação do pedreiro. Quando existe muito desemprego, o pedreiro retorna sua ligação muito rápida.

Adaptado daqui

16 março 2010

Correlação espúria

A correlação espúria diz respeito a existência de um vínculo estatístico entre duas variáveis, mas onde não existe nenhuma explicação lógica para tal fenômeno. Em termos mais técnicos, o coeficiente de correlação – medida que mensura a relação existente entre duas variáveis – é elevado, muito embora não seja possível estabelecer uma relação de causa e efeito.

Existem muitos exemplos de correlações espúrias. Entretanto, algumas delas talvez não sejam efetivamente espúrias. Uma delas associa o comportamento do mercado de ações com o tamanho da saias das mulheres. Esta correlação, destaque no livro de Malkiel sobre a irracionalidade dos mercados, é uma das mais clássicas existentes. Entretanto, seria efetivamente espúria? Um ex-aluno apresentou em sala de aula uma explicação interessante para esta relação: as aplicações em ações são investimentos tipicamente de risco, indicando uma confiança na economia. Além disto, a ação é tipicamente um investimento liberal, que nos costumes é refletido por saias menores.

Outra relação interessante refere-se ao consumo de cuecas e crescimento da economia. Existe o consumo de roupas íntimas como aproximação para o comportamento da economia foi proposto pelo ex-presidente do Banco Central dos EUA, Alan Greenspan. Em situações de crise, os homens evitam renovar seu guarda-roupa de cuecas, já que é uma roupa que não "aparece" para o público.

Em outros casos, existe uma explicação bastante razoável para uma pretensa correlação espúria. Existe uma relação entre capa de revista e desempenho de uma empresa. Na realidade, esta relação foi constatada inicialmente nos esportes. Observou-se que os atletas que eram capas nas revistas esportivas tinham um desempenho pior após ser destaque. Quando comento sobre este assunto em sala de aula, digo aos meus alunos que isto se refere ao índice Obina, uma justa homenagem ao artilheiro do Clube Atlético Mineiro. Quando Obina faz quadro gols numa partida torna-se destaque na imprensa esportiva. Mas nos jogos seguintes, o desempenho de Obina volta ao seu normal. Isto é que os estatísticos chamam de "reversão à média". Do mesmo modo, quando uma empresa é destaque na capa de uma revista, provavelmente isto ocorre em razão do desempenho passado. Neste caso, é hora de vender da ação daquela empresa.

Em geral, as correlações espúrias não são consideradas de forma séria pelos pesquisadores. É o caso, por exemplo, da relação entre o preço do ouro e a quantidade de jóias existentes no pescoço de Mr. T. Outros casos mostram que estas correlações podem ser representações de superstições, como as irracionalidades associadas aos números: na China, por exemplo, o número oito é sinal de sorte. Assim, uma empresa que consiga fazer uma associação com este número deverá ter um bom desempenho pela própria crença dos investidores de que o número está associado a uma boa superstição.

07 agosto 2009

Superstição


Pesquisa de psicologia documenta que pessoas são mais propensas a adotarem práticas supersticiosas quando operam em ambientes dominado por incertezas, high stakes e percepção de perda de controle sobre o resultado. Baseado nestas considerações, nós sugerimos que o mercado acionário representa o campo ideal para a superstição e então testamos se o comportamento supersticioso afeta as decisões de investimento. Nossa análise empírica foca em algumas crenças relacionadas com eclipses, fenômenos que são tipicamente interpretados como mau presságio pelo superticiosos, tanto na sociedade asiática quanto ocidental, e nós empregados um conjunto de dados que contem 362 desses eventos no período de 1928-2008. Usando quatro índices do mercado de capitais dos EUA, nos descobrimos uma forte evidência que suporta nossa hipótese de superstição (isto é eclipses) está associado com um retorno abaixo da média das ações, que é consistente com a redução da pressão compradora dos supersticiosos. Segundo, o tamanho do efeito da superstição é estimado para aumentar no tempo em que o mercado é mais incerto e quando o eclipse tem maior cobertura da imprensa e atenção do público. Terceiro, o desempenho negativo do mercado durante o evento é seguido de um efeito reverso de magnitude similar (10 pontos bases por dia) nos dias subseqüentes. Quarto, eclipses são acompanhadas por uma redução no volume de negociação. Quando nós estendemos nossa análise para uma amostra de países asiáticos, nós encontrados resultados análogos. Os padrões que nós encontramos são inconsistentes com a Efficient Market Theory.


Gabriele Lepori via Do superstition and eclipses matter for the stock market? (Marginal Revolution)

02 junho 2009

Espírito Animal

Uma crítica ao livro de Akerlof e Shiller:

(...) Já para Akerlof e Shiller, os espíritos animais são cinco: confiança e seus multiplicadores; senso de justiça; corrupção e má-fé; ilusão monetária; histórias. A leitura do livro, no entanto, deixa uma sensação de falta, como se os autores tivessem apenas tangenciado a essência do nosso funcionamento mental, sem se aprofundar em sua dinâmica. Não podemos condená-los, pois não são especialistas nisso. São economistas e já cumprem missão fundamental alertando para setores pouco conhecidos dos agentes econômicos, como sua mente e, em particular, as muitas mentes em ação coletiva. Este já é um grande mérito do livro: abordar fenômenos macroeconômicos do ponto de vista psicológico.


Os investimentos e o critério único em nossas decisões
27 Maio 2009 - Vera Rita de Mello Ferreira - Valor Econômico

Acho que o livro é mais do que isto.