Em seguida, outros artigos foram publicados em grandes jornais dos Estados Unidos, como o The New York Times e o The Washington Post. Todos comentando a possível formação de um duopólio da cerveja no mercado americano que poderia se formar caso a AB InBev concretize a compra de mais 50% das ações da Modelo. É um debate válido, diz Trevor Stirling, analista especializado no mercado de bebida da Sanford Bernstein, de Londres. "Mas é claro que a xenofobia acrescentou mais pimenta à discussão", afirma ele.
No artigo da Bloomberg BusinessWeek, ao descrever o brasileiro Carlos Brito, presidente mundial da empresa, o autor diz que ele se veste como o gerente de uma loja local de ferramentas. Ao comentar sua atuação frente à companhia, a revista diz: "Ele arrisca a devoção dos amantes de cerveja americanos ao mexer com a receita da Budweiser em nome da redução de custos."
Em fevereiro, o The Washington Post publicou uma matéria intitulada "Beer merger would worsen existing duopoly by AB InBev, SABMiller" (ou "Fusão das cervejas acentuará duopólio entre AB InBev e SABMiller), na qual chama Brito de "hard-nosed", ou seja, uma pessoa pragmática que não tem paciência com quem não é como ela.
"Sempre haverá quem reclame do fato de a AB InBev ter quase 50% das vendas nos Estados Unidos. Mas agora que a empresa é controlada por estrangeiros, essas pessoas têm se manifestado ainda mais", diz Stirling.
(...) Todas as acusações e provocações endereçadas à AB InBev, segundo outro analista, que preferiu não se identificar, não têm fundamento. "A imprensa acusa a companhia de se importar apenas em cortar custos em detrimento da qualidade da cerveja. Mas a AB InBev faz o mesmo que muitas outras multinacionais americanas fazem. A única diferença é o time brasileiro."
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