Translate

Mostrando postagens com marcador Guerra. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Guerra. Mostrar todas as postagens

01 fevereiro 2023

Custo da Guerra

Measuring the economic impact of a war is a daunting task. Common indicators like casualties, infrastructure damages, and gross domestic product effects provide useful benchmarks, but they fail to capture the complex welfare effects of wars. This paper proposes a new method to estimate the welfare impact of conflicts and remedy common data constraints in conflict-affected environments. The method first estimates how agents regard spatial welfare differentials by voting with their feet, using pre-conflict data. Then, it infers a lower-bound estimate for the conflict-driven welfare shock from partially observed post-conflict migration patterns. A case study of the conflict in Eastern Ukraine between 2014 and 2019 shows a large lower-bound welfare loss for Donetsk residents equivalent to between 7.3 and 24.8 percent of life-time income depending on agents’ time preferences. 


Fonte: aqui

04 março 2022

Consequências de sair da Rússia


Enquanto a invasão da Rússia encontra resistência, as medidas dos governos ocidentais de punir o governo de Putin inclui forçar a saída de investimentos do maior país do mundo. O ambiente ainda é confuso e algumas medidas irão variar conforme o governo. Para complicar, a opinião pública está forçando uma posição de algumas empresas no sentido de deixar as operações russas.

Se para Apple sair da Rússia não apresenta um custo significativo, para outras empresas a guerra pode significar um problema substancial nos resultados. A "saída" da Rússia é igual a alienar seus ativos por um valor abaixo do que seria obtido em situação normal ou então simplesmente abandonar os ativos. Em qualquer das situações, isto significa uma redução ao valor recuperável, sendo necessário a estimativa do valor dos ativos e o seu confronto com o valor contábil. Muito provavelmente, o reconhecimento do prejuízo no resultado das empresas.

Muitas empresas estrangeiras possuem joint-ventures, mas existem também casos de ativos como equipamentos e direitos de exploração de minerais. Neste ponto, provavelmente as empresas de mineração e de exploração de petróleo talvez sejam as que terão maiores valores de prejuízos.

A BP, por exemplo, possui participação na Rosneft e optou por sair da empresa. Ao sair do conselho da empresa, a BP deixou de ter influência significativa e por isto pode ter uma perda que pode chegar a 14 bilhões de dólares. A Shell irá deixar ativos de 3 bilhões de dólares. 

Foto: Klauer

Condenam, mas ...


Eis um texto da Accountingweb comentando a atitude dúbia de algumas empresas contábeis com respeito a guerra de Putin contra a Ucrânia. Basicamente condenam a invasão, mas relutam em cortar os laços com rentáveis clientes. Segundo o texto:

PwC, KMPG, Deloitte e EY disseram que só deixarão o país se exigido pelo direito internacional. 

Um exemplo é a PwC, que não comentou se continuará trabalhando para os russos, mesmo após ter denunciado a agressão.  Mas as empresas de consultoria também estão "indecisas"; isto inclui McKinsey - que trabalha para 21 das 30 maiores empresas russas - que recusou fechar seu escritório em Moscou. E a Bain, que não fez nenhuma promessa de sair da Rússia. 

Um comentário interessante: "um problema para as grandes empresas é que suas equipes russas respondem perante diferentes reguladores, dificultando a interrupção dos serviços 'de uma só vez'". 

Foto: Swinnen

17 março 2016

Contabilidade e Guerra

"Na frieza dos números, os contabilistas representavam os judeus como meros números nos relatórios contábeis, deixando de ter valor pessoal, cultural, físico e mental. Além disso, ao serem assassinados, os judeus perdiam seus bens para o Estado e ainda tinha que pagar pelo seu assassinato - taxa de transporte (sendo ambas operações devidamente contabilizadas pelos profissionais de Contabilidade da época" (Contabilidade para guerra, Mirella Mirtes Lins e Souza et alii, Revista Brasileira de Contabilidade, 206, p 40 a 59)

No Brasil a questão da contabilidade para guerra já foi objeto de três postagens neste blog. A fábrica de Pólvora evidenciava sua situação logo após a independência, incluindo seu estoque. A questão do estoque de armamentos era sensível ao governo e um documento de 1718 mostra esta preocupação. Uma postagem específica sobre a Fábrica de Polvora Estrella, que incluía nas demonstrações os escravos que trabalhavam na produção. 

Ao longo das minhas pesquisas tenho notado que o Ministério da Guerra tinha uma das contabilidades mais desenvolvidas durante o Império.

Voltando ao artigo, o texto é muito interessante. É pena que o CFC não disponibilize o texto, muito bom por sinal, para que todos tenham acesso ao tratamento dado pelos autores.

21 dezembro 2015

Correlação entre mais comércio e menos guerras

Um grupo de pesquisadores liderados por Matthew Jackson, da Universidade Stanford, tentou entender por que a quantidade de guerras no mundo diminuiu tanto nas últimas décadas. A incidência de conflitos entre 1820 e 1949 foi dez vezes maior do que entre 1950 e 2000.

Eles tentaram isolar diversas variáveis. Uma se destacou: o comércio internacional. A conclusões foram publicadas na revista científica americana "Proceedings of the National Academy of Sciences". Não é, claro, a primeira vez que se sugere que o comércio evita guerras, afirma Jackson, mas agora foi feita uma análise estatística dessa questão. Em 1850, os países tinham em média cinco parceiros comerciais relevantes. Hoje, são mais de 30. Além disso, existiam antes poucas alianças comerciais, bilaterais ou multilaterais. Hoje, são dezenas destas e centenas daquelas.


Jackson cruzou os dados históricos e mostrou que a probabilidade de dois países entrarem em guerra decai conforme a sua relação comercial cresce. "Os números mostram forte correlação, embora seja mais complicado estabelecer ou explicar a causalidade", afirma.
Existe duas possíveis explicações para o fenômeno: 

- O aumento do comércio cria grupos de pressão política interessados na preservação do outra nação, porque compram ou vendem para ela. Ou seja, o país passa a perder dinheiro se atacar.
Tal hipótese parte da ideia clássica de que os países optam pela guerra por motivos um tanto racionais: se os custos são baixos e o ganho potencial é grande, quase que inevitavelmente haverá uma agressão. O que se pode fazer para reduzir o conflito é torná-lo mais caro. 

- A existência de alianças comerciais serve como estímulo para que um país pense duas vezes antes de atacar o outro. Ele pode, afinal, acabar cutucando os parceiros do atacado, que têm incentivos para entrar na briga.

MAIS COMÉRCIO

Exportação mundial de mercadorias como porcentagem do PIB

1870191319501973051015202530

Número de parceiros comerciais relevantes por país (%)

185019131950197319932012024681012141618202224
Fonte: “PNAS”

Os dados levam a crer, aponta Jackson, que foram bem-sucedidos os esforços americano para integrar o Japão à economia global no pós-guerra e dos países europeus em criar o bloco que veio a dar na União Europeia.

No Japão, é até surpreendente baixo grau de revanchismo de um país que foi atacado com bombas nucleares. No caso da Europa, Jackson aponta que hoje a principal parceira comercial da França é a Alemanha –e os dois países (se você considerar a Prússia) passaram o século 19 e a primeira metade do século 20 em guerra. 

Por outro lado, o isolamento, físico e comercial, entre Israel e territórios palestinos tenderia a eternizar o conflito. 

Os pesquisadores ressaltam que tais conclusões não se referem somente às grandes guerras. Eles analisaram todos os conflitos entre ao menos dois países com mais de mil mortes desde o século 19.
Ou seja, a conta inclui da guerra do Paraguai à do Pacífico (Bolívia contra Chile, no século 19), da guerra Greco-Turca de 1919 às Malvinas. 

A explicação para a redução dos conflitos armados, portanto, não se limita à posse de armas nucleares. Isso pode ajudar a explicar por que grandes potências passaram a se combater menos, mas não esclarece outros casos. 

"As armas nucleares, na mão de uns poucos, poderiam até estimular os mais fortes a atacar os pequenos mais indefesos", afirma Jackson.

Fonte: aqui

Resumo:

We investigate the role of networks of alliances in preventing (multilateral) interstate wars. We first show that, in the absence of international trade, no network of alliances is peaceful and stable. We then show that international trade induces peaceful and stable networks: Trade increases the density of alliances so that countries are less vulnerable to attack and also reduces countries’ incentives to attack an ally. We present historical data on wars and trade showing that the dramatic drop in interstate wars since 1950 is paralleled by a densification and stabilization of trading relationships and alliances. Based on the model we also examine some specific relationships, finding that countries with high levels of trade with their allies are less likely to be involved in wars with any other countries (including allies and nonallies), and that an increase in trade between two countries correlates with a lower chance that they will go to war with each other.

Matthew O. Jackson and
Stephen Nei Networks of military alliances, wars, and international tradePNAS 2015 112 (50) 15277-15284.

18 dezembro 2014

Redução da horas trabalhadas e a produtividade



DO YOU work too much? Last year we wrote a jolly piece that found an interesting correlation between working hours and output. With higher working hours, labour output per hour fell. Here’s that graph again:
 


That graph, though, is just a correlation: that's not good enough for many economists. But a new paper, by John Pencavel of Stanford University, also shows that reducing working hours can be good for productivity.

Economists have suspected for some time that longer work hours could eat into productivity. John Hicks, a British economist, reckoned that “probably it has never entered the heads of most employers…that hours could be shortened and output maintained.” Hicks reasoned that with longer hours, output per hour would fall. As workers slaved away for longer and longer, they would lose energy, which would make them less productive.

Mr Pencavel looks at an unusual data set: research undertaken by investigators of the British “Health of Munition Workers Committee” (HMWC) during the first world war. Britain was desperate to maximise productivity, given the almost insatiable demand for weapons and ammunition. HMWC had to provide the government with advice regarding the health and efficiency of workers in munitions plants: how could productivity be maximised? As part of its investigations, the Committee commissioned studies within munitions factories into the link between work hours and work performance.

It concluded, after much investigation, that British munitions workers needed shorter hours. Mr Pencavel analyses at the data collected by the committee and sees if their calculations were up-to-scratch.

The researchers collected a huge amount of data (most of it on women, who dominated the munitions industries). It was easy to measure hours worked. It was also pretty straightforward to measure output, since lots of the workers were paid on a piece-rate basis. Mr Pencavel crunches the data and concludes that there was a “non-linear” relationship between working hours and output. Below 49 weekly hours, variations in output are proportional to variations in hours. But when people worked more than about 50 hours, output rose at a decreasing rate. In other words, output per hour started to fall (in the jargon, “the marginal product of hours is a constant until the knot at [about 50] hours after which it declines”). To get an idea, look at the raw data in the graph below:
 
Weekly output and weekly hours: 82 observations on women turning fuze bodies and milling screw threads on fuze bodies


Reducing hours, say, from 55 to 50 hours a week, would have had only small effects on output. The results are even starker when we are talking about very long working hours. Output at 70 hours of work differed little from output at 56 hours. That extra 14 hours was a waste of time.

The crucial point that emerges from Mr Percavel's analysis is that reductions in working hours do not always result in higher output per hour (which is what our initial correlation seemed to suggest). Rather, the initial level of working hours has to be so high. This graph is based on his regression analysis:
 
Marginal product of hours and average product of hours (as suggested by Mr Percavel's analysis)


The HMWC also reckoned that the absence of a rest day (like Sunday) damaged hourly output. Mr Pencavel’s regression analysis confirms it. He estimates that output is slightly higher on the 48-hour working week (with no work on Sunday) than on the seven-day work schedule.

Of course, these results say nothing about output in service-sector professions, where most people in advanced economies are employed today. I would bet, though, that the results are even more pronounced. For work that is largely self-directed, and which requires intellectual engagement, you may achieve more in an hour of hard work than in a day’s worth of procrastination. Mr Pencavel solemnly intones that the “profit-maximising employer will not be indifferent to the length of…working hours over a day or week.” Try telling that to your boss the next time you attempt to leave the office at half past two.
 
Fonte: aqui

07 outubro 2014

Listas: Guerras e Mortes

Conflitos com maior número de mortes (a maioria ocorreu na China)

1. II Guerra Mundial - 1939 a 1945 - de 61 a 85 milhões de mortes
2. Conquistas dos Mongóis - 1206 a 1324 - 40 a 70 milhões
3 . Dinastia Qing conquista a dinastia Ming - 1618 a 1683, com 25 milhões de mortes (desenho acima)
4. Rebelião Taiping - 1850 a 1864 - 20 milhões
5. Segunda guerra Sino-Japonesa - 1937 a 1945 - 20 milhões
6. I Guerra Mundial - 1914 a 1918 - de 17 a 40 milhões
7. Rebelião An Lushan - 755 a 763 - 13 milhões
8. Guerra Civil Chinesa - 1927 a 1950 - 7,5 milhões
9. Conquista de Tamerlane - 1370 a 1405 - 7 a 20 milhões
10. Guerra Civil Russa - 1917 a 1922 - 5 a 9 milhões

Fonte: Aqui

20 setembro 2012

Alan Turing


No princípio era o abstrato
14/09/2012
Valor Econômico
Antonio Carlos Barbosa de Oliveira é engenheiro (USP) e "master of science" (MIT). E-mail: acbolive@mac.com

Estamos acostumados a utilizar diariamente nossos computadores e telefones inteligentes para uma enorme diversidade de tarefas, tais como escrever um texto, calcular uma planilha, pesquisar um fato na internet ou simplesmente jogar um vídeo game. Fazemos isso sem nos darmos conta de que uma única maquina consegue realizar um número ilimitado de funções. Quando queremos utilizar nosso computador para uma nova tarefa, vamos à loja de aplicativos do nosso fabricante favorito e escolhemos um novo programa, que, depois de instalado em nosso computador universal, passa a realizar a nova função. Essa ideia, aparentemente simples e hoje em dia absolutamente clara para qualquer pessoa, foi concebida em 1936 por um dos maiores gênios do século XX, o matemático inglês Alan Turing, de quem se comemora neste ano os cem anos de nascimento. Praticamente desconhecido do grande público, mesmo em seu país, Turing merece reconhecimento amplo, ainda que tardio.

O matemático alemão David Hilbert definiu nos anos 1920 um programa de pesquisa centrado em demonstrar a consistência, a completude e a decidibilidade da matemática. Consistência, na matemática, significa que os axiomas não geram contradições lógicas. Completude significa que qualquer sentença matemática verdadeira pode ser demonstrada a partir dos axiomas. Decidibilidade significa dispor de um processo puramente mecânico que permita saber se uma sentença matemática é falsa ou verdadeira. O programa de Hilbert, como seu projeto passou a ser conhecido, sofreu um primeiro impacto negativo com o matemático austríaco Kurt Gödel, que em 1931 demonstrou a impossibilidade de qualquer sistema lógico formal de certa complexidade ser simultaneamente completo e consistente. Utilizando a própria lógica matemática para demonstrar suas limitações, Gödel constrói a sentença lógica "Esta sentença não pode ser demonstrada". Se admitirmos que a sentença é verdadeira, ela realmente não pode ser deduzida a partir dos axiomas e o sistema lógico é incompleto. Se admitirmos que a sentença é falsa, então ela pode ser deduzida a partir dos axiomas e o sistema é inconsistente, pois permite a dedução de uma sentença falsa. Um sistema lógico que permite a dedução de sentenças falsas permite também a demonstração de qualquer coisa e é absolutamente inútil. Assim, os matemáticos passaram a trabalhar sabendo que existem verdades matemáticas que não podem ser deduzidas ou demonstradas; qualquer sistema axiomático, sendo consistente, será sempre obrigatoriamente incompleto.

A questão da decidibilidade permanece em aberto até que Alan Turing, com 23 anos e recém-nomeado "fellow" na Universidade de Cambridge, resolve atacar o problema. Em 1936, ele conclui o trabalho que dá o golpe de misericórdia no programa de Hilbert, mostrando que é impossível definir um procedimento mecânico que determine a verdade ou a falsidade de toda e qualquer sentença matemática. Para chegar a essa importante descoberta matemática, Turing inventa uma máquina computacional universal, um dispositivo abstrato que posteriormente se realizaria fisicamente nos computadores hoje utilizados.

A palavra "computador", ou "computer" em inglês, era utilizada para descrever pessoas, em geral mulheres, que realizavam cálculos manualmente. Existiam empresas cujo negócio era vender serviços de cálculos matemáticos, utilizando o trabalho de "computers", treinadas para executar manualmente uma sequência de procedimentos que resultaria na solução numérica de um problema matemático.

Para formular adequadamente o "Entscheidungsproblem" (problema da decidibilidade), Turing precisava formalizar a noção de um procedimento puramente mecânico em um calculo matemático, e parte da observação de como os seres humanos, as "computers" da época, faziam cálculos, escrevendo símbolos com lápis e papel. Tentando caracterizar os principais elementos do processo de cálculo, Turing define uma máquina simples, composta por uma fita unidimensional e infinita em que símbolos podem ser lidos ou escritos. Com essa máquina puramente abstrata, que funciona com regras bastante simples, Turing consegue capturar a essência do processo computacional e afirma que existe uma máquina universal capaz de executar qualquer cálculo, a partir de instruções gravadas na própria fita. Não é necessário criar máquinas especificas e individuais para cada problema. Uma única máquina universal, com uma sequência de símbolos em sua fita - hoje, diríamos com um programa ou software -, pode realizar toda e qualquer computação. Especificando a máquina universal, Turing prova que existem funções incomputáveis e que não é possível, como imaginou Hilbert, criar um processo puramente mecânico para determinar se sentenças matemáticas são verdadeiras ou falsas. Turing consegue, simultaneamente, obter um maravilhoso resultado matemático e cria a base teórica para a maior revolução tecnológica do século.

Turing termina de escrever seu importante trabalho e viaja aos Estados Unidos para fazer o doutorado em Princeton. Ao voltar à Inglaterra, em 1938, resolve aplicar seu talento matemático para ajudar o país a enfrentar a ameaça nazista.

A máquina de guerra alemã necessitava de um processo eficiente de comunicação para implementar a estratégia de blitzkrieg com movimentação rápida de tropas e recursos. Resolve, então, adotar um sistema de comunicação por radiotelégrafo, baseado em mensagens cifradas por uma máquina chamada Enigma. A máquina, portátil e alimentada por bateria, consistia em um teclado e um painel de lâmpadas. Quando uma tecla era pressionada, o sinal elétrico passava por uma série de três rotores e um painel de cabos que trocava a letra pressionada por outra letra que aparecia acesa no painel luminoso. Para cada letra, os rotores mudavam de posição, fazendo com que a letra resultante fosse diferente. Teoricamente, para decifrar uma mensagem, seria necessário tentar 10 bilhões de bilhões de combinações diferentes, para determinar a configuração utilizada na criptografia da mensagem e conseguir decifrá-la.

O serviço de inteligência inglês escolheu Bletchley Park, uma casa senhorial construída por um negociante no século XIX, localizada entre Oxford e Cambridge, para instalar um time de matemáticos, linguistas, jogadores de xadrez e outros especialistas, em um ambiente sem nenhuma disciplina militar. Nesse lugar quase acadêmico, muito parecido com os atuais laboratórios de pesquisa multidisciplinares, as maiores inteligências da Inglaterra conseguiram decifrar o código Enigma e outros códigos alemães e japoneses.

Turing teve papel fundamental. No inicio da guerra, a Inglaterra estava totalmente dependente dos comboios de navios para abastecer a ilha. Esses navios eram extremamente vulneráveis aos submarinos alemães, os "U-boats", que recebiam ordens e reportavam suas posições através do radiotelégrafo cifrado pela Enigma.

Para quebrar o código, os ingleses se valeram de uma limitação da máquina e de erros humanos cometidos pelos operadores alemães. Uma característica da Enigma era que uma letra nunca era cifrada como ela mesma, mas sempre como uma letra diferente. Os operadores alemães utilizavam muitas vezes mensagens padronizadas, em que algumas palavras sempre eram repetidas no inicio da mensagem. Alinhando as palavras que provavelmente haviam sido utilizadas com as letras da mensagem cifrada e sabendo que uma letra seria sempre cifrada em uma letra distinta, para cada mensagem interceptada era possível obter um diagrama que reduzia substancialmente o numero de combinações a serem exploradas. Mesmo assim, a análise manual dessas combinações era inviável.

Turing projetou uma máquina eletromecânica, apelidada de "Bombe", que permitia a análise de combinações em alta velocidade e viabilizava a produção de mensagens decodificadas em escala industrial. Os líderes militares aliados começaram a receber diariamente as mensagens alemãs e as perdas de navios nos comboios caíram substancialmente.



No auge da guerra, mais de 10 mil pessoas trabalhavam na recepção, decodificação e análise de mensagens cifradas. Historiadores modernos acreditam que o trabalho em Bletchley Park reduziu a duração da guerra em pelo menos dois anos. Terminada a guerra, Churchill ordena a destruição de todas as máquinas "Bombe" e proíbe todos os civis e militares em Bletchley Park de comentarem o que fizeram. O segredo foi mantido durante mais de 20 anos. Turing recebeu a condecoração OBE ("Order of the British Empire"), mas ninguém pôde saber por quê. Seu trabalho na quebra do código Enigma permaneceria desconhecido até os anos 1970.

No final da guerra, os americanos anunciam o término da construção do ENIAC, o primeiro computador eletrônico, utilizado para cálculos de trajetórias balísticas. Essa máquina gigantesca precisava ser reconfigurada, mudando-se cabos e chaves elétricas, para cada novo problema a ser resolvido, processo que muitas vezes durava várias semanas. Não era a máquina universal programável que Turing havia imaginado.

Em 1945, o matemático John von Neumann escreve o projeto EDVAC, novo computador baseado na ideia de um programa armazenado internamente na memória. Von Neumann não cita o trabalho de Turing em seu relatório, mas existem várias evidências de que ele conhecia a proposta da máquina universal de Turing e a utilizou em seu projeto.

Os ingleses, temendo ficar atrasados em relação aos americanos no desenvolvimento de computadores, iniciam vários novos projetos. Turing passa a trabalhar no National Physical Laboratory (NPL) e escreve uma proposta para construção do computador programável ACE ("automatic computing engine"). Enquanto o relatório de von Neumann é preliminar e deixa muitos pontos indefinidos, a proposta de Turing é completa e detalhada. Mais de dez anos após inventar a máquina universal, Turing tem a oportunidade de realizar fisicamente seu computador.

Além de ter a ideia da máquina universal e projetar um dos primeiros computadores baseados nessa ideia, Turing também se dedica a indagações filosóficas sobre a natureza da mente e inicia o debate sobre a possibilidade de uma máquina ter inteligência. Seu trabalho mais conhecido nessa área é "Computer machinery and intelligence", publicado em 1950. Pela primeira vez o computador é visto não apenas como uma máquina para calcular números, mas como um processador de símbolos, capaz de apresentar comportamento que talvez possa ser considerado inteligente.

O estilo do ensaio é claramente de provocação aos filósofos. Turing propõe um jogo, envolvendo três participantes, para determinar se um computador é inteligente. Um deles faz perguntas através de um teletipo aos dois outros participantes, um dos quais é um computador programado para imitar um ser humano. Se o computador conseguir se fazer passar por um ser humano, ou seja, se o indagador não conseguir distinguir quem é humano e quem é a máquina, pode-se dizer que se está frente a um computador inteligente. O "Teste de Turing", como esse jogo passou a ser conhecido, até hoje é relevante nas discussões dos filósofos sobre a natureza da mente.

Nos ambientes mais tolerantes de Cambridge e Bletchley Park, a homossexualidade de Turing, sempre assumida e aberta, nunca havia sido um problema. Em Manchester, onde desenvolvia modelos matemáticos do processo biológico de morfogênese, Turing é vitima de um pequeno furto em sua casa. Vai à delegacia local denunciar o furto e menciona seu relacionamento com um jovem. Imediatamente, deixa de ser a vítima de um furto e passa a ser réu, pois a relação homossexual na Inglaterra era considerada crime. Em 1952, é julgado e condenado por "gross indecency" e perde o status de segurança que ainda tinha como consultor do serviço secreto britânico. A pena imposta é a castração química, através da ingestão de hormônios femininos que, entre outros efeitos, faz crescer seios. Em 1954, sua governanta o encontra morto na cama; ao seu lado, uma maçã mordida e um forte cheiro de cianureto no quarto. Turing não deixa nenhuma nota e a policia conclui o inquérito como suicídio por envenenamento.

Em geral, os matemáticos fazem suas grandes contribuições antes dos 30 anos. No caso de Turing, sua grande descoberta sobre números computáveis foi feita antes dessa idade, mas sem dúvida, quando foi condenado, ele ainda estava cheio de ideias e poderia ter produzido muito, se não tivesse morrido. Também se pode imaginar que, caso tivesse sido incriminado antes por sua homossexualidade, a Inglaterra teria ficado sem sua criatividade e engenhosidade para decifrar os códigos alemães e poderia ter perdido a guerra.

Quando ligo o computador e vejo uma maçã mordida na tela, não posso deixar de pensar nesse gênio terrivelmente injustiçado. A Apple nega que seu logotipo seja uma referência ao suicídio de Turing.

11 junho 2011

Afeganistão

Por Pedro Correia

De acordo com o Banco Mundial, 97% do PIB do Afeganistão esta relacionado a gastos militares e doações:

"Misspent foreign aid can result in corruption, alter markets and undercut the ability of the Kabul government to control its resources, said the report, which was posted Tuesday night on the Senate committee’s website. The World Bank found that a whopping 97 percent of the gross domestic product in Afghanistan is linked to spending by the international military and donor community."

Fonte: aqui

05 maio 2011

Quanto custou para os EUA a guerra contra o terrorismo?

Quanto custou para os EUA a guerra contra o terrorismo? – Por Isabel Sales

De acordo com o Congressional Research Service, desde os atentados de 11 de setembro os Estados Unidos gastaram cerca de US$ 1,3 trilhões com o programa “War on Terror”.

Embora a captura de Osama esteja fortemente ligada aos atentados de 2001, não é possível estimar exatamente quanto desse valor foi aprovado com o foco no terrorista. Todavia, foi feita uma estimativa do quanto foi gasto com inteligência (que incluiu vigilância de aviões teleguiados, escutas telefônicas tradicionais e mundiais com base em palavras-chave) para encontrá-lo no Paquistão, levando à invasão que causou a sua morte. Resultado: provavelmente apenas alguns milhões de dólares. Isso porque os avanços tecnológicos reduziram os custos. Esse valor é inferior ao quanto se gasta em um dia de combate no Iraque ou no Afeganistão.

Fontes: Aqui e Aqui.

22 março 2011

Custo do míssil

Um míssil Tomahawk custa um pouco mais de U$ 736 mil. Como os Estados Unidos dispararam 110 mísseis ontem, isto significa US $ 81 milhões.

17 fevereiro 2009

Guerra e Balanços

Se você quiser saber realmente como salvar a economia da armadilha da dívida, observe um dos maiores programas públicos de empregos, também conhecido como Segunda Guerra Mundial, que pôs fim à Grande Depressão. A guerra não apenas gerou empregos para todos, mas também levou a um rápido aumento de renda e inflação significativa, tudo isso sem que o setor privado precisasse se endividar. Em 1945, a dívida do governo havia subido vertiginosamente, mas o quociente da dívida do setor privado em relação ao PIB era apenas a metade do que era em 1940. E isto ajudou a preparar terreno para o grande boom do pós-guerra.

O legado de uma época de ilusões - Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 13 - Paul Krugman - The New York Times


Vide também no Marginal Revolution sobre esta afirmação de que a guerra limpou os balanços.

04 outubro 2008

Atlas do mundo real

A seguir um Atlas que representa a proporção de cada país do mundo:

1. Consumo de Álcool


2. Destino de Turistas



3. HIV



4. Imigrantes




5. Morte com Guerras de 1945 a 2002



6. Poder nuclear




7. Preço da residência ajustado pelo poder de compra



8. Riqueza per capita em 1900



9. Riqueza per capita em 2015



10. Ferrovias

04 setembro 2008

O custo da guerra 2


Um comparativo gráfico do custo das diferentes guerras dos Estados Unidos. A guerra do Iraque está próxima ao esforço na guerra do Vietnam, mas ainda longe da II Guerra Mundial. Fonte, aqui