Em um texto do mês passado, o site Business Insider procurou dois comediantes contadores (existe essa figura) para esclarecer sobre o GAAP e o julgamento do Trump. Como o leitor bem informado sobre notícias contábeis deve saber, o ex-presidente está sendo julgado por fraude de 250 milhões de dólares por não ter obedecido aos princípios contábeis geralmente aceitos ou GAAP.
O texto pode ser encontrado no link anterior e gostaria de destacar aqui alguns trechos. Nós, do blog, já tínhamos postado que o filho do ex-presidente, quando perguntado sobre o que sabia do assunto, disse, com a profundidade encontrado nos piores alunos de uma universidade, que GAAP era "geralmente aceito".
O problema é que Trump prometeu, aos bancos onde pegou empréstimos, que estava obedecendo ao GAAP.
"O GAAP é como um GPS para contadores", explica Tammara Buckey, uma contadora baseada em Huntsville, Alabama, coach de carreira e comediante.
"Ele nos diz para onde ir e como chegar lá. Embora algumas pessoas ainda acabem em um campo de milho", ela acrescenta. "Ou na prisão." (...)
Enquanto isso, Steve Gianturco, contador e comediante baseado em Long Island, Nova York, auto-intitulado fã de longa data de Trump, pergunta: "Por que alguém está surpreso que ele exagera?"
"Ele é o mesmo cara de sempre", observa Gianturco. "Ele é consistentemente Trump."
Ou seja, pode não ser fidedigno, mas é consistente.
"O GAAP trata de seguir as mesmas regras contábeis repetidamente. E você pensaria que Trump entende, já que ele diz as mesmas coisas repetidamente."
Quem decide o que é um GAAP?
Os princípios contábeis geralmente aceitos são estabelecidos pelos sete membros do Conselho Federal de Normas Contábeis, ou FASB.
"O FASB existe desde os anos 70, então são como seus pais, e o GAAP são as regras que eles criaram", diz Buckey, CEO da empresa de consultoria Raise Your Own Bar, uma empresa de coaching executivo.
E o que os pais dizem?
"Tire o lixo. Não minta, não trapaceie, não roube", explica Buckey. "Arrume seu quarto. Esteja em casa até às 11. Não cometa fraude."
Esse 'Conselho Federal de Normas Contábeis' parece ser um grupo muito animado.
"Eu não os convidaria para uma festa", diz Gianturco.
"Mas se você fizesse, eles provavelmente seriam os únicos participantes que NÃO colocariam algo na ponche." (...)
O GAAP tem 10 princípios-chave, diz Buckey, todas variações, ela concorda, de "não cozinhe os livros". Eles exigem que as demonstrações financeiras oficiais de uma empresa atendam a padrões rigorosos de consistência, precisão e transparência. (...)
Finalmente, o GAAP permite margem de manobra na valoração de ativos, como Trump insiste?
Sim, algum ajuste é permitido. Apenas não um ajuste descuidado.
James [a procuradora que está acusando Trump], por exemplo, diz que Trump triplicou a metragem quadrada de seu apartamento triplex na Trump Tower em demonstrações financeiras de 2015, alegando que valia US$ 327 milhões, três vezes mais do que qualquer apartamento na cidade já havia sido vendido.
Ele também avaliou Mar-a-Lago em até US$ 739 milhões. Na realidade, o clube gerava receitas anuais de menos de US$ 25 milhões e deveria ter sido avaliado em cerca de US$ 75 milhões, alega James.
Sob o GAAP, "espera-se que você seja conservador em suas estimativas", diz Buckey.
"Em situações em que há margem de manobra, espera-se que você erre do lado da cautela, ou seja, do lado que é menos vantajoso para o negócio, não mais vantajoso."