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20 dezembro 2017

Resenha: Projeto Desfazer

O livro de Michael Lewis narra a história de dois grandes cientistas, Amos Tversky e Daniel Kahneman. Estes dois judeus se conheceram em Israel, onde eram professores universitários. Entre o final da década de sessenta e durante a década de setenta elas desenvolveram uma profunda amizade e parceria. Ambos serviram no exército do seu país, Amos na linha de frente e Daniel como psicologo. O primeiro era considerado o “gênio” da dupla e o lado otimista; Danny era retraído, um pessimista. Certa vez um psicologo da Universidade de Michigan criou um teste de inteligência: quanto antes você perceber que Amos é mais inteligente que você, mais inteligente você é.

Nos primeiros trabalhos, as pesquisas eram feitas de forma conjunta. A tal ponto que para decidir qual o nome apareceria primeiro num determinado artigo, a decisão foi tomada em um cara ou coroa. No artigo seguinte a ordem foi alterada. Ambos buscaram estudar como o comportamento das pessoas não era racional. Usando exemplos simples, pesquisaram entre estudantes e pessoas com muitos anos de estudos e perceberam que os erros que cometiam eram comuns. Mas isto era contrário a ideia existente na época que o ser humano usava sua mente para tomar a decisão correta e mais racional. Posteriormente expandiram suas ideias para outras áreas, incluindo a medicina e a economia. Incluindo Richard Thaler, que conhece ambos no final da década de 70.

Nos anos oitenta o trabalho de ambos começou a ser aceito e analisado com atenção por diversos especialistas. A mudança de ambos para a América do Norte de certa forma separou a dupla; enquanto Amos começava a receber os louros pelas pesquisas, Danny obteve guarida no Canadá, numa universidade de menor préstigio. Mas o efeito começa a aparecer nas decisões dos pilotos de um avião, no exército, na medicina, na economia e assim por diante.

Anos depois da ruptura, Amos descobre um câncer que seria fatal. Mesmo com o distanciamento, Danny foi a segundo a ser comunicado, o que mostra que a ligação entre os cientistas ainda existia.

Vale a pena? - Para quem deseja saber a história das economia comportamental (ou finanças comportamentais) é um livro imperdível. Para entender o assunto, outras obras são mais interessantes na explicação. Mas Michael Lewis, autor de Moneyball e outras obras de sucesso, consegue prender o leitor, buscando apresentar as principais ideias de maneira simples e didática.

13 dezembro 2017

Rir é o melhor remédio

Uma história interessante que aparece no livro Projeto Desfazer, sobre a parceria entre Amos e Danny

“Você nunca vai acreditar no que aconteceu”, disse Danny, incrédulo. “Aquele pessoal do The New York Times fez uma burrada e pôs meu livro [Rápido e devagar] na lista de best-sellers!”

Semanas mais tarde, ele voltou a encontrar esse amigo.

“É inacreditável o que está acontecendo”, disse Danny. “Como o pessoal do The New York Times cometeu a burrada de pôr meu livro na lista de best-sellers, tiveram de manter ali!”


E agora uma de Amos:

Ele [Amos] escutara um economista americano falar sobre como fulano era idiota e sicrano era um tolo, então disse: “Todos os seus modelos econômicos partem da premissa de que as pessoas são inteligentes e racionais, e, no entanto, todos que o senhor conhece são idiotas.”

Outra:

Certa vez, depois de Amos fazer uma palestra, um estatístico inglês se aproximou e comentou: “Eu normalmente não gosto de judeus, mas gostei de você.” Amos respondeu: “Eu normalmente gosto de ingleses, mas não gostei de você.”

07 fevereiro 2013

Estamos sempre à espera de conexões causais

Até recentemente, a nossa percepção de risco e a maneira como tomamos decisões eram consideradas mais da alçada da estatística. A psicologia cognitiva, porém, com sua ênfase em processos mentais, aproximou as noções de percepção e julgamento do campo da resolução de problemas, obtendo com isso resultados surpreendentes. No livro Judgment under uncertainty: heuristics and biases (1974), o israelense-americano Daniel Kahneman reviu, em parceria com Amos Tversky, diversas teorias sobre como tomamos decisões em momentos de incerteza. Eles concluíram que a difundida tese de que as pessoas se decidem com base em estatísticas e probabilidade não era verdadeira na prática. As pessoas fundamentam suas decisões em “regras gerais”, exemplos específicos ou pequenas amostras. Por consequência, os julgamentos podem ser muitas vezes equivocados, pois se baseiam em informações que ocorrem à mente com probabilidades reais.

Kahneman e Tversky perceberam que esse método de resolver problemas com base em experiência tinha um padrão t: tendemos a superestimar a probabilidade de coisas que tem pouca chance de acontecer (como um acidente de avião) e a subestimar a probabilidade do que tem muita chance de ocorrer (como bater o carro quando se dirige alcoolizado).

Esses achados fomentaram a teoria da perspectiva de Kahneman e Tversky, divulgada em 1979, e levaram à criação de um campo de estudo associado à psicologia: a economia comportamental.

Fonte: O Livro da Psicologia - as grandes ideias de todos os tempos.