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Mostrando postagens com marcador DFC. Mostrar todas as postagens
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02 abril 2019

Mistério na DFC


  • A Energisa divulgou uma DFC partindo de um lucro positivo e chegando a um fluxo das atividades operacionais negativo
  • Duas contas destacam: "ganho com combinação de negócios" e "diminuição de fornecedores"
  • A primeira é justificada em notas explicativas; a segunda não, permanecendo um mistério

As demonstrações contábeis da empresa Energisa chama a atenção para um aspecto curioso na sua Demonstração dos Fluxos de Caixa. De um lucro líquido de 1,180 bilhão de reais no consolidado, a empresa teve um caixa negativo das operações de 968 milhões de reais. Qual a explicação para esta mudança. Olhando os itens temos “ganho auferido na combinação de negócios” de menos 1,170 bilhão. Esta valor substancial é decorrente da aquisição, por parte da empresa, das ações da Ceron e da Eletroacre, em razão do leilão da Eletrobras. Isto é o que informa as notas explicativas da empresa.

Mas outra conta de destaque é a diminuição de fornecedores. O valor da DFC é de menos 1,783 bilhão. Geralmente esta conta está associada a variação que ocorre na conta de fornecedores da empresa. Mas isto não justifica. Veja que o valor de fornecedores no final de 2017 era de 1,418 bilhão no curto prazo e 96 milhões no longo prazo; já no final de 2018 este saldo era de 1,653 bilhão e 75 milhões, curto e longo prazo, nesta ordem. Ou seja, a variação ocorrida nos fornecedores não justifica este montante.

De onde veio esta variação? Também é decorrente da mesma operação de aquisição de ação. Na semana passada encaminhamos esta dúvida para o RI da empresa. Não obtivemos resposta. Permanece o mistério.

20 março 2018

DFC em uma empresa de capitalização

A DFC é uma importante fonte de informação sobre o desempenho de uma entidade. Saber se uma entidade está gerando caixa com as operações é uma informação crucial. Um exemplo é o caso da Petrobras, cujo desempenho nos últimos anos é muito melhor explicado pela DFC do que pela demonstração do resultado. (É bem verdade que a culpa não é da demonstração, mas das decisões gerenciais da empresa, que inclui a decisão de fazer a amortização de investimentos ruins em parcelas)

Mas, igual as outras demonstrações, a DFC é construída sob alguns pressupostos. E isto pode colocar toda análise a perder quando não se tem o devido cuidado. Um exemplo recente foi a demonstração da Cia Itau de Capitalização. Veja abaixo a DFC apresentada pela empresa:
Apesar de gerar um lucro de 386 milhões de reais, o caixa gerado nas operações foi somente de 39 milhões de reais. Este valor é muito pequeno, inclusive quando comparamos com o valor do ano passado: 504 milhões. O que aconteceu? A principal linha que poderia explicar é a de “variação nas contas patrimoniais”, “ativos financeiros”, com o sinal negativo de 452 milhões.

O balanço da entidade encontra-se abaixo:

Observe a variação nas aplicações, de 4,06 bilhões para 4,52 bilhões, um valor bastante próximo aos 452 milhões de reais. Nas notas explicativas, a entidade esclarece esta variação: aumento de Letras Financeiras (+470 milhões) e títulos de dívida de empresas (+199 milhões), compensado com algumas reduções.

Assim, a DFC entendeu que a entidade não estava gerando caixa com as operações pelo fato do valor obtido no caixa ter sido aplicado em ativos de média liquidez.

21 março 2017

Curso de Contabilidade Básica: Demonstração do Fluxo ou dos Fluxos?

Quando os pais escolhem o nome do seu filho passarão os próximos meses (ou anos) insistindo que as pessoas usem o nome escolhido. Não é “Paulo”, mas “Paulo Henrique” ou não é “Guto”, mas “Augusto”.

O mesmo ocorre com a denominação contábil estabelecida pelos reguladores. Um dos enganos mais comuns é chamar a DFC de “demonstração do fluxo de caixa”. A norma que regula esta demonstração no Brasil, emitida pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis, recebe a numeração de CPC 03 – é isto mesmo, tem um zero à esquerda na numeração – e o nome de “Demonstração dos Fluxos de Caixa”. Observe que o nome estabelecido na norma está no plural. A razão é simples: a demonstração irá mostrar três fluxos, conforme detalhamos no livro Curso de Contabilidade Básica, no segundo capítulo do primeiro volume: das atividades operacionais, das atividades de financiamento e das atividades de investimento.

Por alguma razão, existem pessoas que mudam o nome para “demonstração do fluxo de caixa” (também é possível encontrar “demonstrativo de fluxo de caixa” ou simplesmente “fluxo de caixa”). É um bom hábito acostumar falar corretamente o nome da DFC. E quando uma grande empresa, com receita e ativos na casa dos bilhões, comete este engano? Não é tão raro assim. No dia 14 de março de 2017 a Metalúrgica Gerdau publicou um extrato das suas demonstrações no jornal. Observe na figura:
Obviamente está incorreto. Nas demonstrações completas disponibilizadas no endereço da empresa este erro não aparece, assim como nas demonstrações do grupo Gerdau.

07 março 2017

Curso de Contabilidade Básica: Os dois modelos da DFC

No capítulo 6 do volume 2 do nosso livro (Curso de Contabilidade Básica, César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues, Atlas), vocês aprendem como elaborar e analisar a Demonstração dos Fluxos de Caixa. Essa demonstração contábil apresenta as informações que movimentaram o grupo do disponível (caixa e equivalentes de caixa) de uma empresa, ou seja, os valores que foram recebidos de clientes, seja em dinheiro ou debitados na sua conta corrente; os pagamentos realizados seja por meio de ordem bancária ou em cheques. Essa demonstração é dividida em três fluxos: 1. o fluxo de caixa gerado (ou consumido) pelas atividades operacionais; 2. pelas atividades de investimento; e 3. Pelas atividades de financiamento.

Lembramos também que ela pode ser elaborada de duas formas. A primeira é partir do lucro líquido da empresa subtrair e somar valores para chegar ao fluxo oriundo das atividades operacionais. Este método é denominado de indireto. A segunda forma é apontar os pagamentos e recebimentos, sem associar com nenhuma conta da demonstração do resultado. Esta forma de DFC recebe a denominação de método direto.

É importante destacar que a diferença entre as duas formas está apenas na maneira de obter o fluxo das atividades operacionais. Nas demais partes da DFC não existe diferença entre os métodos.

Há certa preferência pelo método direto, pois torna-se mais fácil saber quanto uma empresa obteve de caixa com seus clientes, por exemplo. No método indireto isto não é claro. No entanto, na prática, a maioria das empresas preferem evidenciar o método indireto. É como se, na teoria, o método direto fosse o preferido e na prática o método indireto o mais usado.

Recentemente a empresa Unimed Seguros divulgou suas demonstrações contábeis usando o método direto, o que é raro. Reproduzimos a seguir esta demonstração:

Observe que a primeira linha da DFC tem-se “recebimentos de planos de saúde”, seguido de “outros recebimentos operacionais” e uma série de “pagamentos”. O caixa das atividades operacionais da empresa foi negativo em 39 milhões em 2016 e 53 milhões em 2015.

A seguir tem-se a DFC agora pelo método indireto:

Esta demonstração foi apresentada pela empresa na nota explicativa 22. Na realidade, a empresa apresentou somente a “conciliação entre o lucro líquido e o fluxo de caixa”. A demonstração começa com “lucro líquido do exercício”, a última linha da demonstração do resultado. E prossegue com “ajustes” para se chegar ao caixa oriundo das operações, os mesmos 39 milhões e 53 milhões, negativos. O método direto pode fornecer mais informações, mas o indireto explica a razão da empresa ter obtido lucro, mas não gerado caixa nas suas operações.

De qualquer forma, o analista teria uma boa fonte de análise nas demonstrações apresentadas anteriormente. Mas não podemos dizer a mesma coisa para a informação de outro seguradora, a Líder, responsável por cuidar do DPVAT, contribuição que quem possui automóvel é obrigado a pagar. Eis como a empresa apresentou a informação:


O fluxo das atividades operacionais foi, em 2016, 473 mil reais, versus 673 mil em 2015. Mas a empresa juntou os dois métodos numa única tabela. No início tem-se o método direto, com o recebimento de clientes e pagamentos de impostos e movimentação nas aplicações financeiras. Depois a empresa apresenta o caixa de financiamento e a variação no caixa e equivalentes. Na segunda metade da tabela a empresa inicia no lucro líquido para, subtraindo e acrescentando valores, chegar ao mesmo caixa das operações obtido anteriormente. Se o leitor achou confuso, realmente ficou. Até entender que a empresa está apresentando a mesma informação de duas maneiras distintas numa única tabela leva-se um bom tempo.

Outro destaque que também pode ser feito nessa demonstração é que a Líder não gera ou consome fluxo de caixa oriundos de investimentos em nenhum dos dois anos. E que em 2016 suas atividades de financiamento (pagamento de dividendos) consumiram valores de caixa superiores ao caixa das atividades operacionais, levando a uma variação negativa de caixa (consumiu-se mais do que se gerou) e zerando o saldo final de caixa e equivalentes.

Como podemos perceber, não basta apenas que vocês, estudantes e futuros contadores aprendam a fazer essa demonstração da forma correta. É necessário que os usuários também consigam entender e analisá-la bem, para que se cumpra realmente o papel de informar... E uma demonstração contábil confusa, como podemos observar a da Líder aqui apresentada, não ajudaria muito o leitor a tomar decisão ou formar juízo sobre essa segunda empresa. Assim, se você tem interesse de aprender ainda mais sobre o assunto, não deixe de estudar esse capítulo!! ;)

27 novembro 2015

DFC no setor público

A construção da Demonstração dos Fluxos de Caixa no setor público é uma das normas legais que não “pegaram”. Desde que se começou a falar na padronização das normas contábeis do setor público a DFC, como é conhecida, tornou-se um dos objetivos dos reguladores. Entretanto, anos depois das primeiras normas, não se tem notícia de uma unidade da administração pública que elabore e divulgue esta informação. E existem boas razões para que isto aconteça tanto de ordem conceitual quanto de ordem prática.

Uma grande dificuldade de construir esta informação num repartição pública é como definir a entidade. E o conceito de entidade é crucial para a correta elaboração da DFC no setor público. Considere um caso bem simples de uma agência reguladora possui uma folha salarial que é processada e paga pelo órgão da fazenda ou similar. Nesta situação, os valores das despesas de salários devem constar da DFC da agência reguladora ou do órgão da fazenda? Neste caso, para fins de informação para o usuário, talvez fosse interessante considerar a despesa de salário na agência reguladora. Para complicar, alguns funcionários da agência reguladora podem ter sido cedidos para outros órgãos públicos, uma situação bastante comum no setor público. Em alguns casos, a cessão pode gerar uma retribuição, mas em muitos casos não existe nenhuma retribuição pelo empréstimo do funcionário.

Considere uma situação bastante comum de um órgão público cuja origem dos recursos seja os tributos recolhidos pelo governo. Estes recursos são de natureza operacional, de financiamento ou de outra espécie? Se considerarmos sua classificação como operacional e dado que os desembolsos devem estar relacionados com as atividades do órgão, é bem provável que o fluxo de caixa das operações seja zero. Isto naturalmente conduz ao questionamento sobre o grau de utilidade desta informação. Muito provavelmente o orçamento realizado seja muito mais útil que a DFC para a maioria do setor público.

As situações apresentadas anteriormente são casos comuns e servem para exemplificar a dificuldade teórica da DFC no setor público. O próprio conceito de entidade no setor público, apesar de extensamente estudado, ainda é passível de críticas e considerações (1).

Os problemas de ordem prática são os mais diversos possíveis. Enquanto que na contabilidade empresarial é bastante comum a utilização do método direto, sendo possível construir uma DFC razoavelmente precisa tendo por base nas demonstrações contábeis, o mesmo não ocorre na área pública (2). O balanço patrimonial, que é bastante intuitivo nas empresas, é incompreensível para a maioria dos mortais que se aventuram na área pública. O balanço público é composto por arcaísmos expressos nas “contas de compensação”, que possui validade questionável. Além disto, não existe uma ligação tão clara e direta com a demonstração do resultado do exercício, a exemplo que ocorre na contabilidade societária. As notas explicativas, uma importante fonte de informações nas informações de empresas privadas, são algo raro de ser ver na área pública. Em razão das suas características, é muito provável que o método direto seja mais fácil de ser utilizado no setor público.

(1) Um dos estudos mais aprofundados sobre este assunto é a dissertação de mestrado de João Pederiva.
(2) A elaboração da DFC a partir das demonstrações contábeis pode ser encontrada no livro Administração do Capital de Giro, de Alexandre Assaf Neto e César Augusto Tibúrcio Silva.

07 setembro 2015

Fluxo de Caixa da Petrobras

Na divulgação dos resultados da Petrobras um aspecto passou desapercebido: o comportamento do fluxos de caixa da empresa. A figura a seguir resume este comportamento através de quatro gráficos:
O primeiro gráfico mostra e evolução dos três tipos de fluxos da empresa: operacional, investimento e financiamento. É muito evidente a estabilidade do fluxo das atividades operacionais da empresa ao longo do tempo. Em termos médios, este valor ficou, de 2008 até 2105 em torno de 14 milhões. No seu pior momento, a empresa gerou somente 9 bilhões de caixa das atividades operacionais, no segundo trimestre de 2009. Depois de gerar 9,4 bilhões no primeiro trimestre de 2014, a empresa atingiu a mais de 20 bilhões no terceiro. Isto mostra uma solidez na área operacional. É sempre bom lembrar que o fluxo das atividades operacionais é a principal medida da Demonstração dos Fluxos de Caixa. O primeiro gráfico também permite notar que nos últimos anos o fluxo de investimento foi negativo, indicando um esforço de expansão. Com uma importante exceção: da última informação, que corresponde exatamente ao aspecto despercebido citado anteriormente. No caso da empresa, o fluxo positivo é resultante da contenção dos investimentos, em especial da conta de Títulos e Valores Mobiliários. Para concluir, o fluxo de financiamento mostra que a empresa “soluços” de financiamentos, com picos em alguns períodos específicos do tempo, como em 2010 ou 2014.

Ao longo do tempo a empresa tem adotado uma política de gastar nos investimentos aquilo que foi gerado nas operações. O gráfico FCI+FCO mostra que a soma destes dois fluxos sempre esteve próxima de zero com duas exceções relevantes: em 2010 e no último período divulgado, quando a empresa paralisou seus investimentos e continuou gerando caixa das operações. A média desta soma no período foi de 3,9 bilhões negativos, sendo que esta diferença foi coberta com o saldo de caixa e as captações (os “soluços”).

O gráfico FCO+FCI ajuda a explicar o gráfico superior direito. Neste gráfico temos a variação do caixa, ou seja, a diferença entre o caixa inicial e o final, e o fluxo de caixa de financiamento. As grandes variações no caixa da empresa ocorrem juntamente com os “soluços” de financiamento. Tanto é assim que a correlação entre este dois números é próxima de 0,4, positiva.

O gráfico embaixo na direita mostra a relação entre o fluxo das operações e o lucro líquido. Salta aos olhos a última informação, quando a empresa divulgou um lucro de 0,5 bilhão para um fluxo de 23 bilhões. A relação LL/FCO mostra a capacidade da empresa em transformar o lucro em caixa; no gráfico usamos a relação inversa, para destacar melhor o que ocorreu no último período com a empresa.

Para fazer estes gráficos usamos o balanço interativo, disponível no endereço da empresa. Isto torna fácil a elaboração das informações apresentadas aqui, mas a ferramenta precisa ser usada com cuidado, já que os dados não coincidem com os publicados pela empresa. Em alguns casos é pior: apresenta erros facilmente detectados. Por exemplo: caixa negativo ou caixa inicial diferente do caixa final do período anterior.

29 abril 2015

DFC

O Fasb está discutindo uma série de alterações nas informações financeiras para entidades sem fins lucrativos. Entre as alterações temos uma DFC mais fácil de ser entendida, o que envolveria o uso do método direto. Segundo o vice-presidente do Fasb isto poderia ser uma prévia para as empresas com ações negociadas na bolsa de valores, conforme destacou o Compliance Week.

02 outubro 2014

DFC repensada

O FASB está repensando, desde abril de 2014, em alguns aspectos da demonstração dos fluxos de caixa. Um dos pontos que está em discussão é o item “caixa restrito” onde existe uma grande divergência de tratamento. Algumas empresas classificam este item como operacional, outras como investimento e assim por diante. Entretanto, algumas pesquisas (via aqui) mostram que estes são itens de pouca relevância. 

01 julho 2014

Curso de Contabilidade Básica: Saldo Inicial, Saldo Final

No dia 31 de dezembro, as 23:59h, o contador apura o valor existente na conta caixa da empresa. Este montante será o montante constante do balanço patrimonial ao final do exercício social. No primeiro dia do exercício social, no seu primeiro minuto, o contador não precisa fazer a contagem para saber quanto tem no caixa. O caixa no início do exercício social é o caixa existente no final do período. Com o passar do tempo isto parece óbvio demais.

Esta regra também é válida para a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC). No final desta demonstração é informado o saldo inicial e o saldo final. A regra é que o saldo final do período anterior é igual ao saldo inicial do período atual. Às vezes encontramos situações esdrúxulas, nas quais esta regra não é observada. Também em grandes empresas.

Veja o caso da Petrobras uma empresa que deve possuir centenas de funcionários fazendo sua contabilidade. Para ajudar os investidores, a empresa preparou uma planilha Excel com as principais informações contábeis. Eis o que o leitor poderá encontrar nesta planilha:
 A figura acima foi obtida no dia 30 de junho e mostra as principais contas da DFC. Uma figura com destaque encontra-se a seguir:
O saldo inicial da conta “caixa e equivalentes” do primeiro trimestre de 2014 é de 37 bilhões de reais. Este também é o saldo final em 31 de dezembro de 2013. Mas o saldo inicial do quarto trimestre é de 39 bilhões, positivo, e a planilha informa que o saldo final do trimestre anterior, que deveria ser estes mesmos 39 bilhões é, na verdade, 39 bilhões negativo. O saldo inicial do caixa do terceiro trimestre também não corresponde ao saldo final do segundo trimestre, conforme destacado na figura. (Na verdade existem outros exercícios nos quais esta regra básica não é observada. E é interessante ressaltar que algumas fórmulas de checagem poderiam prever estes desencontros).

Duas lições importantes deste caso. Em primeiro lugar, desconfie da informação entregue pela empresa. (O valor correto é de 39.350 e 51.250, em milhões de reais) Em segundo, percebemos que mesmo as maiores empresas podem cometer erros na sua contabilidade.


11 junho 2014

Curso de Contabilidade Básica: Observando o fluxo de caixa ao longo do tempo

A Demonstração dos Fluxos de Caixa está classificada em três grandes grupos: o caixa oriundo das atividades operacionais mostra se a empresa está conseguindo obter recursos com os seus ativos; o caixa de financiamento apresenta a relação com aqueles que fornecem os recursos financeiros para a empresa; e o caixa de investimento mostra as aplicações em máquinas, equipamentos, terrenos etc. No longo prazo, o caixa das atividades operacionais deve ser positivo e os dois outros grupos podem apresentar variação conforme as decisões tomadas pelos gestores da empresa.

Vamos mostrar o exemplo da Multiplus. Esta empresa apresenta uma receita de quase dois bilhões de reais vendendo pontos de programa de fidelidade. A figura a seguir apresenta os valos da DFC de 2010 até o primeiro trimestre de 2014.

A linha azul mostra o Fluxo de Caixa das Operações. Durante todo o período o seu valor foi positivo, exceto no primeiro trimestre de 2010, no terceiro trimestre de 2011 (um valor reduzido) e no primeiro trimestre de 2013. O fluxo de caixa de investimento, a linha vermelha, é muito próximo do eixo horizontal, indicando que seus valores são reduzidos. A empresa funciona com menos de duzentos funcionários e seu ativo imobilizado é de 9 milhões somente. Já o fluxo de financiamentos também variou pouco no período com duas importantes exceções: o primeiro trimestre de 2010 e o segundo trimestre de 2011. Vamos olhar para o que ocorreu nestas duas datas. No primeiro trimestre de 2010 a empresa teve aumento de capital em razão da oferta de ações na bolsa de valores. O valor deste aumento foi de quase 700 milhões. Na mesma data, a empresa reduziu os “adiantamentos a fornecedores” em 600 milhões e isto explica o comportamento do fluxo das operações. No segundo trimestre de 2011 a empresa reduziu o seu capital em quase 600 milhões. Esta é uma operação pouco comum de ocorrer e teve efeitos sobre o fluxo de financiamento, com o pagamento a acionistas.

Só para finalizar, no primeiro trimestre de 2013 o fluxo das operações foi negativo em razão da redução dos “adiantamentos a fornecedores”.


17 abril 2014

Curso de Contabilidade Básica: DFC

Afinal, qual o nome da DFC? As demonstrações contábeis da Eletrobrás, divulgadas ontem, mostram o seguinte:
Temos a resposta? Não. A Eletrobrás não colocou o nome correto desta demonstração. A DFC significa, segundo o CPC, no seu pronunciamento 03, Demonstração dos Fluxos de Caixa. Ou seja, no plural. Um erro básico, mas que muitos cometem. Coloquei no Google "cpc demonstração dos fluxos de caixa" e veja os primeiros resultados:

 Dos quatro primeiros resultados, dois estão incorretos, sendo um deles do próprio CPC ! (Se clicar neste resultado o link estará incorreto. Mas o Google registrou o erro do CPC).

Curso de Contabilidade Básica - Editora Atlas - César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues (prelo)

09 agosto 2009

Método Direto

Através do Discussion Paper (DP) No. 1630-100, Preliminary Views on Financial Statement Presentation, o Fasb e o Iasb estão planejando defender o maior uso do método direto para determinação do fluxo de caixa das atividades operacionais.

Atualmente os métodos diretos e indiretos podem ser usados, embora as entidades defendam o direto. Mas as empresas na prática - algumas alegando razões de custo da informação - optam pelo indireto.

O método indireto parte do lucro para chegar ao fluxo, sem mostra claramente quanto a empresa recebeu dos seus clientes e quanto efetuou de pagamento de despesas.

Entretanto, o método indireto permite que seja possível visualizar a diferença entre o caixa gerado e o lucro obtido num exercício.