Li, ontem de tarde no blog Contabilidade e Métodos Quantitativos que Ronald Coase tinha falecido. Logo depois, também em outros sítios que acompanho.
Coase era um dos mais influentes economistas do século XX. Mas, de maneira contraditória, por dois motivos. Primeiro, apesar de sua principal pesquisa ter sido publicada na década de trinta, somente quase cinquenta anos depois é que foi reconhecida pelo prêmio Nobel de Economia. Segundo, num mundo cada vez mais quantitativo, seu estilo está mais próximo dos clássicos do que dos discípulos de Samuelson, outro importante economista do século XX.
Para se ter uma ideia da sua influencia, o texto Problem of Social Cost, de 1960, possui quase 22 mil citações no Google Scholar; “The Nature of the Firm” tem 24 mil. Um artigo com mais de mil citações já é considerado como um clássico por muitos. Além disto, o trabalho de Coase criou uma linha de pesquisa própria dentro da economia, com herdeiros de peso.
Coase tinha 102 anos e talvez sua principal contribuição tenha sido responder a seguinte pergunta: Por que existem empresas?. Parece pouco, mas devemos lembrar que os herdeiros de Smith não conseguiam entender como as empresas substituíam o mercado nas transações. Ele explicou isto utilizando um conceito corriqueiro nos dias de hoje: o custo de transação.
Outro conceito relevante, extremamente usado nos dias de hoje, refere-se a teoria das externalidades. Nos últimos anos, a atenção de Coase era a China.
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04 setembro 2013
14 dezembro 2012
Teoria do Custo das Transações
Uma exposição da teoria dos custos de transação, descrevendo seu desenvolvimento histórico, pode ser encontrada em Williamson (1996). Ele afirma que a teoria dos custos transacionais era “(...) uma aliança interdisciplinar da lei, da economia e das organizações (...)” (WILLIAMSON, 1996, p. 25). Essa matéria foi iniciada pelo trabalho de Cyert e March (1963) intitulado A Behavioural Theory of The Firm, um trabalho que se tornou um dos pilares da indústria econômica e da teoria de finanças. A visão deles foi uma tentativa de considerar a empresa não como uma unidade econômica impessoal em um mundo de equilíbrio e mercados perfeitos, mas sim como uma organização envolvendo pessoas com diferentes pontos de vista e objetivos. A teoria do custo das transações é baseada no fato de que as empresas se tornaram tão grandes que, em vigor, substituem o mercado na determinação da alocação dos recursos. De fato, as companhias são tão grandes e tão complexas que o movimento dos preços fora da empresa direciona a produção e as transações coordenadas do mercado. Dentro das entidades, tais transações de mercado são eliminadas e a administração gerencia e coordena as transações (Coase, 1937). [Leia mais sobre Coase aqui e aqui]. A organização de uma companhia aparenta determinar barreiras além da qual as empresas podem definir o preço e a produção – a forma pela qual as empresas são organizadas determina o seu controle sobre as transações.
Claramente é do interesse da empresa internalizar as transações tanto quanto possível. A razão principal se dá pela remoção dos riscos e incertezas sobre preços futuros e sobre a qualidade dos produtos – até certo ponto, permite, ainda que as empresas removam o risco de lidar com fornecedores (ao possuir tanto a cervejaria quanto os bares, uma empresa de cerveja retira as dificuldades de negociação entre fornecedores e varejistas). Qualquer maneira de remover os problemas de assimetria informacional é vantajosa para a administração e leva à redução de riscos de negócios para as empresas. Existem custos proibitivos e não triviais em executar transações no mercado e, de tal modo, é mais barato para as empresas fazerem elas mesmas por meio de integração vertical.
A economia tradicional considera todos os agentes econômicos como racionais e o objetivo primário do negócio é a maximização do lucro. Inversamente, a economia dos custos tradicionais se esforça para incorporar o comportamento humano de uma forma mais realista. Nesse paradigma, administradores e outros agentes econômicos praticam a ‘racionalidade limitada’. Simon (1957) definiu a racionalidade limitada como o comportamento que foi intencionalmente racional, porém de forma limitada. A economia dos custos transacionais também toma suposições da existência de ‘oportunismo’. Isso significa que os administradores são oportunistas por natureza. A teoria assume que alguns indivíduos são oportunistas em alguns momentos.
Devido aos problemas do oportunismo e da racionalidade limitada, administradores organizam as transações de acordo com o seu melhor interesse e essa atividade deve ser controlada. Tal comportamento oportunista pode ter consequências diretas nas finanças corporativas já que desencorajaria potenciais investidores.
SOLOMON, J. Corporate Governance and Accountability. 3. ed. Wiley: Reino Unido, 2011.
Claramente é do interesse da empresa internalizar as transações tanto quanto possível. A razão principal se dá pela remoção dos riscos e incertezas sobre preços futuros e sobre a qualidade dos produtos – até certo ponto, permite, ainda que as empresas removam o risco de lidar com fornecedores (ao possuir tanto a cervejaria quanto os bares, uma empresa de cerveja retira as dificuldades de negociação entre fornecedores e varejistas). Qualquer maneira de remover os problemas de assimetria informacional é vantajosa para a administração e leva à redução de riscos de negócios para as empresas. Existem custos proibitivos e não triviais em executar transações no mercado e, de tal modo, é mais barato para as empresas fazerem elas mesmas por meio de integração vertical.
A economia tradicional considera todos os agentes econômicos como racionais e o objetivo primário do negócio é a maximização do lucro. Inversamente, a economia dos custos tradicionais se esforça para incorporar o comportamento humano de uma forma mais realista. Nesse paradigma, administradores e outros agentes econômicos praticam a ‘racionalidade limitada’. Simon (1957) definiu a racionalidade limitada como o comportamento que foi intencionalmente racional, porém de forma limitada. A economia dos custos transacionais também toma suposições da existência de ‘oportunismo’. Isso significa que os administradores são oportunistas por natureza. A teoria assume que alguns indivíduos são oportunistas em alguns momentos.
Devido aos problemas do oportunismo e da racionalidade limitada, administradores organizam as transações de acordo com o seu melhor interesse e essa atividade deve ser controlada. Tal comportamento oportunista pode ter consequências diretas nas finanças corporativas já que desencorajaria potenciais investidores.
SOLOMON, J. Corporate Governance and Accountability. 3. ed. Wiley: Reino Unido, 2011.
25 novembro 2012
Como a China tornou-se capitalista?
Os grifos são meus.
Editor's note: Nobel Prize–winning economist Ronald Coase and Professor Ning Wang are the authors of a new book, "How China Became Capitalist." The book outlines China’s 30-year transition from a closed, communist, agrarian economy to a rapidly growing industrial economy. THE AMERICAN Editor-in-Chief Nick Schulz recently asked the authors about the transformation of the Chinese economy, the legacy of the Tiananmen massacre, and why “capitalism with Chinese characteristics is impoverished by the lack of a free market for ideas.”
Nick Schulz: In a famous 1978 communiqué, communist party leaders in China admitted that “one of the serious shortcomings in the structure of economic management is the over-concentration of authority.” What prompted the Chinese leadership to acknowledge this fact and embrace devolving economic authority?
Ronald Coase and Ning Wang: This was not the first time for the Chinese leadership to acknowledge the problem. As early as 1956, even before China’s first Five-Year Plan (1953–1957) ended, Mao realized centralization of power in the Chinese economy had dampened the incentives of local officials as well as those of the state enterprises in cities and communes and production teams in rural areas. Mao pushed decentralization in 1958, but it was quickly absorbed into the “Great Leap Forward,” when more than 30 million Chinese peasants perished in Mao’s great famine. In the eyes of Chinese economic planners, decentralization was the culprit. Afterward, centralization was restored.
By 1978, the Chinese government came back to Mao’s diagnosis, though its prescription went one step further than Mao’s, since it knew that Mao’s did not work. Mao devolved economic authorities only to provincial and sub-provincial local governments. Now, state enterprises were given some autonomy in their operation.
NS: You write that “China became capitalist with marginal revolutions.” What do you mean?
RC & NW: A key empirical finding of our book is that there are actually two Chinese reforms. One was dictated by Beijing. The other resulted from grassroots initiatives. Starving peasants started private farming and township and village enterprises; city residents without a job in the state sector set up the first private businesses in Chinese cities; Shenzhen and other Special Economic Zones were set up as an experiment to co-opt capitalism to save socialism. They all operated outside the protected boundary of socialism.
During the first decade of reform, “marginal revolutions” introduced entrepreneurship and market forces back to the Chinese economy, while the state-led reform was desperately trying to improve the state-owned enterprises and save socialism. In this sense, China became capitalist with marginal revolutions.
NS: You point out that China’s reforms of its state-owned enterprises were a disappointment. What accounted for that?
RC & NW: China’s reforms of state enterprises as the “central link” of the whole reform program lasted for more than two decades, from the very beginning to 2003. Before the mid-1990s, privatization of state enterprises was strictly prohibited, and reform mainly consisted of delegating some economic rights to state enterprises and giving them some incentives. Even though the state enterprises gained more autonomy and better incentive structures, they were never subject to market discipline. For example, poor-performing state enterprises were not allowed to go bankrupt. Not surprisingly, state enterprises were quickly outperformed by private enterprises, which were poorly equipped in terms of financial and human capital but had to face strict market selection.
In the 1990s, increasing competition from the private sector made more and more state enterprises insolvent, adding financial burden to local governments. This led many local authorities to let go of the state enterprises under their jurisdiction. Since the mid-1990s, the Chinese government started to privatize state enterprises, and the number of remaining state enterprises was reduced dramatically.
Today, the central government controls less than 120 state-owned enterprises, but many of them are state monopolies, still not subject to market discipline. As a special interest group, the remaining state enterprises pose a serious challenge to market order.
[...]Universities and even libraries in China were shut down during the Cultural Revolution (1966–1976). Under Deng’s leadership, Chinese universities were reopened in 1977. College students were desperate for new knowledge and new sources of knowledge. It did not take long for them to figure out that the United States had the best to offer.
NS: The Student Movement and the collapse of the Soviet Union led to deep antipathy on the part of China’s communist leaders toward markets. Are you surprised that the Tiananmen massacre did not ultimately lead to a full-scale rejection and reversal of economic reforms?
RC & NW: China’s economic reform was under heavy political and ideological attack from 1989 to 1991. Many market reforms were reversed. The private sector was chastened as the root source of China’s political and economic problems.
Nonetheless, China kept its commitment to opening itself to the West. Even the most conservative Chinese leaders realized that China could not afford a return to isolation, and that China had too much to learn from the West. On November 28, 1990, at the 10th anniversary of the Special Economic Zone, Shenzhen was hailed as “a vanguard in conducting reform and opening up to the outside world.”
Moreover, the first decade of reform had generated many economic gains and improved the lives of so many Chinese that a full-scale rejection of reform would jeopardize further the legitimacy of the government. As long as pragmatism prevailed and the Chinese government continued to “seek truth from facts,” China’s reform and opening up had a great chance to survive.
NS: You write, “The most extraordinary feature of Chinese economic reform is perhaps that the Chinese Communist Party has survived, and indeed thrived, over the three decades of market transformation.” What accounts for this survival and thriving?
RC & NW: After Mao’s death, the Chinese Communist Party quickly distanced itself from a radical revolutionary party committed to fighting capitalism and spreading communism. With the return of Deng Xiaoping in 1978, the new party leadership returned to pragmatism and jettisoned radical ideology. As the fledging private sector outperformed the state sector and the marginal revolutions outshined the state-led reform, the party gradually embraced the market economy.
Even though the Chinese Communist Party still monopolizes political power, it is no longer an ideology-driven political party. Indeed, it is communist only in name. It welcomes global capitalism and claims its legitimacy on peace and prosperity. Its political philosophy is no different from the “Mandate of Heaven.” It is this de-politicization of the party, its continuous adaptation, and self-transformation that has allowed the party to grow with the Chinese market economy.
Today, the Chinese government faces enormous challenges, including corruption from within and the increasing demand for political participation from without. As we have argued in the book, an open market for ideas offers a gradual and viable path for China to further reform its political system.
NS: You note that “capitalism with Chinese characteristics is impoverished by the lack of a free market for ideas.” What hope is there of that changing?
RC & NW: We are cautiously optimistic that China in the coming decades will embrace the market for ideas, just like it embraced the market for goods three decades ago. Our optimism mainly rests on the following three considerations. First, in the early 1980s Steve Cheung predicted that China would go capitalist because the potential economic gains were simply so overwhelming. Today, a similar but stronger argument can be made for China’s move toward a market for ideas. Second, the market for ideas is politically neutral. A market for ideas can work in many different political systems. As long as the Chinese government continues to commit itself to pragmatism, upholding practice as the criterion of testing truth, it will come to realize that an open market for ideas is indispensable for the Chinese people to realize their potential. Third, a free market for ideas has long been respected in China as a political ideal, as captured by the Chinese aphorism, “let a hundred flowers bloom, and a hundred schools of thought contend.” Only an open market for ideas can turn that dream into reality.
NS: You are critical of much modern economics, saying it has been transformed “from a moral science of man creating wealth to a cold logic of choice and resource allocation.” How did this happen? Where did economics go wrong?
RC & NW: Adam Smith, the founding father of modern economics, took economics as a study of “the nature and causes of the wealth of nations.” As late as 1920, Alfred Marshall in the eighth edition of Principles of Economics kept economics as “both a study of wealth and a branch of the study of man.” Barely a dozen years later, Lionel Robbins in hisEssay on the Nature and Significance of Economic Science (1932) reoriented economics as “the science which studies human behavior as a relationship between ends and scarce means which have alternative uses.” Unfortunately, the viewpoint of Robbins has won the day.
The fundamental shift from Smith and Marshall to Robbins is to rid economics of its substance — the working of the social institutions that bind together the economic system. Afterward, economics has turned into a discipline without a subject matter, advocating itself as a study of human choices. This shift has been assisted by what Hayek (1952) criticized as the growing trend of scientism in the study of society, which took mathematical formalism as the only secure route to truth in the pursuit of knowledge. As economists become more and more interested in formalism and related technical sophistication, it becomes secondary whether the substantive questions that they choose to perfect their methods or to illustrate their theoretical models bear any resemblance to the real world economy. By and large, most of our colleagues are not bothered by the fact that what they profess is mainly “blackboard economics.”
[...]
03 agosto 2012
Teorema de Coase
Ronald Coase propôs, há anos, um teorema sobre os custos de
transação. Sua ideia foi realmente genial e tem profundas aplicações práticas.
Através do conceito de custo da transação podemos entender a razão da
existência de empresas no capitalismo moderno: é mais barato reunir uma linha
de produção sob um mesmo teto do que cada trabalhador fabricar seus produtos de
maneira individualizada, como ocorria no início do capitalismo com os artesões.
Um exemplo interessante (via aqui) envolveu o fabricante do uísque Jack Daniels e Patrick Wensink. Wensink fez um
livro denominado Broken Piano for President.
A fotografia mostra a capa do livro e
também o desenho que geralmente acompanha uma garrafa do uísque Jack Daniels.
O procedimento normal de uma empresa é entrar com uma ação
na justiça, com pedido de indenização e a exigência da mudança da capa.
Entretanto o custo de transação falou mais alto. O tempo até a ação ser julgada
e os custos do processo de judicial fazem parte deste custo de transação. A
empresa preferiu outra estratégia: escreveu uma carta para o autor, muito gentil, onde destaca as semelhanças e solicita que numa
reimpressão a capa seja alterada. Mais ainda: caso o autor concorde em alterar
já a capa, a empresa ajudaria no custo de fazê-lo.
A opção da empresa segue bem o teorema de Coase: o custo de
transação de uma ação judicial é tão elevado que é preferível uma abordagem
direta com o autor.
01 fevereiro 2011
Por que existem empresas?
Uma análise da história econômica mostra que o predomínio das empresas é algo recente. Quando Pacioli ensinou as partidas dobradas existiam ainda poucas empresas da forma como conhecemos hoje.
No século passado tentou-se uma alternativa, através do planejamento central, realizado pelos burocratas. O fracasso do império russo mostrou a dificuldade de encontrar uma opção para que possamos viver num mundo sem "Google, Vale ou Bradesco". As pessoas consomem os produtos das empresas e uma grande parcela trabalha para elas.
A pergunta desta postagem é muito importante para a teoria econômica e também para a contabilidade. A principal resposta foi dada em 1932, por um jovem economista de 21 anos (e que celebrou cem anos em 29 de dezembro de 2010): Ronald Coase. A palestra que Coase pronunciou naquele ano não teve muita repercussão. Posteriormente ele escreveu um artigo, também sem grande impacto. Somente em 1991 Coase foi reconhecido com o prêmio Nobel de Economia.
A resposta de Coase para a pergunta é muito simples e pode parecer um tanto quanto óbvia:
Para ler mais:
Why do firms exist? The Economist, 16 dec 2010.
No século passado tentou-se uma alternativa, através do planejamento central, realizado pelos burocratas. O fracasso do império russo mostrou a dificuldade de encontrar uma opção para que possamos viver num mundo sem "Google, Vale ou Bradesco". As pessoas consomem os produtos das empresas e uma grande parcela trabalha para elas.
A pergunta desta postagem é muito importante para a teoria econômica e também para a contabilidade. A principal resposta foi dada em 1932, por um jovem economista de 21 anos (e que celebrou cem anos em 29 de dezembro de 2010): Ronald Coase. A palestra que Coase pronunciou naquele ano não teve muita repercussão. Posteriormente ele escreveu um artigo, também sem grande impacto. Somente em 1991 Coase foi reconhecido com o prêmio Nobel de Economia.
A resposta de Coase para a pergunta é muito simples e pode parecer um tanto quanto óbvia:
Os custos de realizar certas transações no mercado podem ser altos. Estes custos, denominados custos de transação, podem ser reduzidos por meio de um contrato de longo prazo realizado pela empresa.
Para ler mais:
Why do firms exist? The Economist, 16 dec 2010.
20 agosto 2008
Links
1. Vídeo legal: construindo uma réplica da Casa Branca com cartas
2. Para que o filho seja um campeão olímpico é necessário “paitrocinio”
3. Um manifesto contra o monopólio intelectual
4. O efeito da internet sobre a pesquisa
5. Aplicação do Teorema de Coase na NY University Law School e suas conseqüências (dinheiro e sexo)
6. Nunca acredite em previsão dos economistas
2. Para que o filho seja um campeão olímpico é necessário “paitrocinio”
3. Um manifesto contra o monopólio intelectual
4. O efeito da internet sobre a pesquisa
5. Aplicação do Teorema de Coase na NY University Law School e suas conseqüências (dinheiro e sexo)
6. Nunca acredite em previsão dos economistas
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