A Wirecard é uma empresa alemã de produtos financeiros. Fundada em 1999, a empresa possui operações em diversos países do mundo. Em 2018, suas receitas chegaram a dois bilhões de euros.
Em janeiro do ano passado, o jornal britânico Financial Times informou que o principal executivo era suspeito de falsificação e lavagem de dinheiro nas operações asiáticas. A empresa afirmou que o jornal foi impreciso, enganoso e difamatório, afirmando que iria processá-lo por manipulação de mercado. O promotor público alemão entrou no caso contra o jornalista Dan McCrum. Meses depois, em outubro, o Financial Times publica o que seriam as planilhas contábeis internas da empresa. Também em 2019, a empresa contrata a KPMG para uma auditoria independente sobre o assunto; a empresa afirmou depois que a auditoria não encontrou nenhum problema.
Já em 2020, o auditor informou que não tinha recebido todas as informações para ter as conclusões adequadas. Com esta declaração, as ações caíram 26% na bolsa. Em junho, a sede da empresa foi revista pela polícia e ontem a empresa informou que faltava 1,9 bilhão de euros em dinheiro. O CEO renunciou em razão do comunicado de dois bancos da Filipinas sobre o dinheiro da Wirecard, depois de sugerir a existência de fraude. Ele foi substituído pelo executivo de compliance da entidade. Há um receio de que a empresa declare insolvência neste final de semana. Há uma crítica severa aos reguladores alemães, que parecem ter protegido a empresa - ao proibir especulação com a ação em 2019 e investigado os repórteres do Financial Times.
Resumindo: em 2018 o valor da empresa era de 28,6 bilhões de euros. Hoje está em 2,6 bilhões.
Contabilidade - Um aspecto importante é que a Wirecard atrasou a publicação das demonstrações anuais de 2019, depois da denúncia. Os auditores, da EY, anunciaram na quinta que faltava o dinheiro em caixa que a empresa tinha afirmado existir anteriormente.
Em uma postagem anterior neste blog falamos da Wirecard como uma exemplo de trabalho ruim da EY, lembram? Parece que vai sobrar para o auditor também. As denúncias do FT foram do início de 2019. Há um ano e meio. E somente na quinta feira é que o auditor alertou que faltava 1,9 bilhão. Em setembro, as demonstrações apontavam um caixa de 2,3 bilhões de euros de caixa líquido. E o auditor não falou nada sobre o assunto.
A Bloomberg lembrou que existe um ditado que afirma que "lucro é opinião, caixa é fato". Mas concentrar no caixa pode deixar de lado alguns sinais. Um deles: qual a razão de um banco da Bavária deixar tanto dinheiro na Filipinas?
Outro aspecto é que a auditoria especial da KPMG tinha levantado algumas dúvidas, mas a empresa limitou a divulgar um resumo - manipulado, óbvio - do trabalho da KPMG.
Mostrando postagens com marcador Caixa. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Caixa. Mostrar todas as postagens
19 junho 2020
25 abril 2020
Caixa
No momento da crise, o volume de caixa é muito importante. Eis um levantamento da posição de liquidez de algumas empresas dos EUA
18 abril 2020
Ex-auditor da EY recebe indenização
A justiça inglesa aceitou uma causa favorável a Amjad Rihan, um ex-funcionário da empresa de auditoria EY. Rihan irá receber 11 milhões de dólares por danos, pois foi demitido da empresa por ter indicado irregularidades em uma empresa chamada Kaloti, em 2013.
O juiz entendeu que a EY ajudou a encobrir problemas que Rihan tinha descoberto ao fazer a auditoria da empresa de metais preciosos Kaloti. A empresa atuava de maneira inadequada e Rihan descobriu, por exemplo, que a Kaloti importou barras de ouro, revestidas de prata, do Marrocos. A empresa atuava no Emirados Árabes, destino de ouro contrabandeado da África.Outra descoberta de Rihan foi que a Kaloti efetuou, somente em 2012, pagamentos no total de 5,2 bilhões de dólares em caixa, um série indício de lavagem de dinheiro.
A EY disse que irá apelar, mas não quis comentar a decisão. Disse que foi uma equipe da empresa que descobriu irregularidades e fez a denúncia.
O juiz entendeu que a EY ajudou a encobrir problemas que Rihan tinha descoberto ao fazer a auditoria da empresa de metais preciosos Kaloti. A empresa atuava de maneira inadequada e Rihan descobriu, por exemplo, que a Kaloti importou barras de ouro, revestidas de prata, do Marrocos. A empresa atuava no Emirados Árabes, destino de ouro contrabandeado da África.Outra descoberta de Rihan foi que a Kaloti efetuou, somente em 2012, pagamentos no total de 5,2 bilhões de dólares em caixa, um série indício de lavagem de dinheiro.
A EY disse que irá apelar, mas não quis comentar a decisão. Disse que foi uma equipe da empresa que descobriu irregularidades e fez a denúncia.
30 outubro 2018
Estudo de Caso: Quando o controle é demais
No capítulo 7 do livro Curso Prático de Contabilidade, de autoria de César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues, apresentamos a importância do controle interno e seus princípios:, como o rodízio de funcionários, a supervisão das operações, o estabelecimento de responsabilidade, a segregação de funções, a verificação independente, os controles físicos, a autorização de transação e os procedimentos documentados. As entidades deveriam aplicar esses princípios na sua gestão, especialmente na gestão do caixa, visto que é por meio dele que se dá a capacidade de pagamento da empresa. Por isso que, no livro, mostramos a relação entre esses princípios e o controle interno do caixa, que inclui a discussão sob a conciliação bancária, o orçamento do caixa, entre outros aspectos.
Entretanto, como tudo que ensinamos, existem as exceções. Em certas situações práticas não podemos ter um excesso de controle, que pode prejudicar o desempenho da organização. É o caso do controle excessivo das despesas de baixo valor. Aplicar os princípios do controle interno para este tipo de despesa é perda de tempo, pois muitas vezes não vale a pena. Para isto, existe o conceito de caixa pequeno, no qual as despesas de baixo valor são realizadas de maneira descentralizada e com um nível de controle menor.
Neste ano, um incidente internacional mostrou o cuidado que devemos ter com exageros no controle interno. Este incidente envolveu acusações das autoridades holandesas contra a Rússia. Aleksei Morenets era aparentemente um espião russo. No dia 10 de abril de 2018, Morenets pegou um táxi no aeroporto de Sheremetyevo, de Moscou, para Nesvizhskiy Pereulok, onde fica a GRU, o serviço de inteligência militar da Rússia. Morenets pediu o recibo ao taxista para um reembolso futuro por parte do seu empregador. Esta é uma atitude típica de um funcionário de uma organização que sabe que terá o valor do táxi recebido de volta, desde que tenha a comprovação do recibo do desembolso. O taxista preencheu o recibo com as informações.
Três dias depois, o zeloso Morenets estava desembarcando em Haia, na Holanda. Junto com o seu passaporte, a agência de contraespionagem holandesa encontrou o recibo do táxi. O recibo permitiu que os holandeses vinculasse Morenets à GRU. O caso fez o Agente 86 parecer inteligente. Em outubro, quando as autoridades da Holanda acusaram formalmente a Rússia de espionagem, o recibo do táxi foi uma das provas apresentadas com destaque. Afinal, não basta acusar o outro país de espionagem; indicar a presença do recibo pode ter um efeito muito mais didático: A teoria é que “nomear e constranger” tais malfeitores gera uma dissuasão, impedindo-os de viajar ao Ocidente e usar suas redes financeiras, bem como lutar pelos esforços russos de desinformação.
Pede-se:
a) Você consegue sugerir uma medida que a GRU poderia adotar para resolver o problema, sem prejudicar excessivamente o controle interno?
b) No texto, quando mencionamos: “Em certas situações práticas não podemos ter um excesso de controle, que pode prejudicar o desempenho da organização”, essa afirmação se refere a um atributo da informação contábil útil, conforme o CPC 00. Você poderia dizer a que atributo podemos associá-la?
Fonte: The Economist. Ocidente faz espiões russos parecerem trapalhões. O Estado de S Paulo, 5 de out 2018.
Curso Prático de Contabilidade, 2a ed, César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues
Entretanto, como tudo que ensinamos, existem as exceções. Em certas situações práticas não podemos ter um excesso de controle, que pode prejudicar o desempenho da organização. É o caso do controle excessivo das despesas de baixo valor. Aplicar os princípios do controle interno para este tipo de despesa é perda de tempo, pois muitas vezes não vale a pena. Para isto, existe o conceito de caixa pequeno, no qual as despesas de baixo valor são realizadas de maneira descentralizada e com um nível de controle menor.
Neste ano, um incidente internacional mostrou o cuidado que devemos ter com exageros no controle interno. Este incidente envolveu acusações das autoridades holandesas contra a Rússia. Aleksei Morenets era aparentemente um espião russo. No dia 10 de abril de 2018, Morenets pegou um táxi no aeroporto de Sheremetyevo, de Moscou, para Nesvizhskiy Pereulok, onde fica a GRU, o serviço de inteligência militar da Rússia. Morenets pediu o recibo ao taxista para um reembolso futuro por parte do seu empregador. Esta é uma atitude típica de um funcionário de uma organização que sabe que terá o valor do táxi recebido de volta, desde que tenha a comprovação do recibo do desembolso. O taxista preencheu o recibo com as informações.
Três dias depois, o zeloso Morenets estava desembarcando em Haia, na Holanda. Junto com o seu passaporte, a agência de contraespionagem holandesa encontrou o recibo do táxi. O recibo permitiu que os holandeses vinculasse Morenets à GRU. O caso fez o Agente 86 parecer inteligente. Em outubro, quando as autoridades da Holanda acusaram formalmente a Rússia de espionagem, o recibo do táxi foi uma das provas apresentadas com destaque. Afinal, não basta acusar o outro país de espionagem; indicar a presença do recibo pode ter um efeito muito mais didático: A teoria é que “nomear e constranger” tais malfeitores gera uma dissuasão, impedindo-os de viajar ao Ocidente e usar suas redes financeiras, bem como lutar pelos esforços russos de desinformação.
Pede-se:
a) Você consegue sugerir uma medida que a GRU poderia adotar para resolver o problema, sem prejudicar excessivamente o controle interno?
b) No texto, quando mencionamos: “Em certas situações práticas não podemos ter um excesso de controle, que pode prejudicar o desempenho da organização”, essa afirmação se refere a um atributo da informação contábil útil, conforme o CPC 00. Você poderia dizer a que atributo podemos associá-la?
Fonte: The Economist. Ocidente faz espiões russos parecerem trapalhões. O Estado de S Paulo, 5 de out 2018.
Curso Prático de Contabilidade, 2a ed, César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues
18 setembro 2017
Petrobras e a previsão de queima de caixa
No final de 2014 a empresa Moody´s alertava para a queima de caixa na Petrobras. Isto significava que a empresa poderia reduzir seu volume de recursos existentes no caixa para níveis mínimos. E o alerta que isto iria ocorrer depois de 2016, mantendo a situação existente na empresa. A Moody´s baseou sua previsão na impossibilidade da Petrobras cortar seus investimentos.
Entre 2010 a 2013 o valor de caixa e equivalentes da Petrobras esteve em torno de 40 bilhões de reais. Este valor chegou a 68 bilhões no primeiro trimestre de 2014 e caiu para 50 bilhões dois trimestres depois. Até aquele momento, a média do caixa de investimento era de -20 bilhões de reais por trimestre. Já o caixa das operações médio era de 14 bilhões. Ou seja, por trimestre a empresa necessitava de 5 bilhões de reais, em média.
Admitindo que a empresa, a partir de 2014, não captasse mais dinheiro pelo fluxo de financiamento e que o caixa existente, de 44 bilhões no final de 2014, tivesse sido usado para cobrir o investimento, o caixa da empresa duraria um pouco mais de dois anos:
44 / 5 = 8,8 trimestres.
(No gráfico acima, o azul é o caixa das operações, o vermelho é o caixa de investimento e o amarelo corresponde ao caixa de financiamento. O gráfico mostra o período de 2010 ao segundo trimestre de 2017 e está em R$ milhões)
Entretanto, do final de 2014 até o segundo trimestre de 2017 a empresa conseguiu aumentar seu caixa das operações para 22 bilhões (era 14 bilhões). Ao mesmo tempo, o corte nos investimentos foi expressivo: caiu de 20 bilhões para 9,6 bilhões, em média, entre 2015 ao segundo trimestre de 2017. E o pagamento dos financiamentos foi, em média, de 10,3 bilhões (era positivo em 6,3 bilhões antes). Com base nestes dados temos que a soma dos fluxos perfaz um total médio de 2 bilhões de reais sendo agregado ao caixa e equivalentes (estamos desconsiderando a variação cambial). Ou seja, a queima de caixa foi estancada: o saldo do caixa, no final de 2014, era de 44 bilhões; no final do primeiro semestre de 2017 era de 78 bilhões.
Há uma ressalva neste dado: o desempenho do segundo trimestre de 2015 foi crucial para o resultado. Sem este trimestre, a variação do saldo de caixa médio seria negativa em 2,2 bilhões.
(O gráfico acima mostra o saldo de caixa e equivalentes no final do trimestre. Observe que logo após a projeção, o saldo cresceu substancialmente)
Entre 2010 a 2013 o valor de caixa e equivalentes da Petrobras esteve em torno de 40 bilhões de reais. Este valor chegou a 68 bilhões no primeiro trimestre de 2014 e caiu para 50 bilhões dois trimestres depois. Até aquele momento, a média do caixa de investimento era de -20 bilhões de reais por trimestre. Já o caixa das operações médio era de 14 bilhões. Ou seja, por trimestre a empresa necessitava de 5 bilhões de reais, em média.
Admitindo que a empresa, a partir de 2014, não captasse mais dinheiro pelo fluxo de financiamento e que o caixa existente, de 44 bilhões no final de 2014, tivesse sido usado para cobrir o investimento, o caixa da empresa duraria um pouco mais de dois anos:
44 / 5 = 8,8 trimestres.
(No gráfico acima, o azul é o caixa das operações, o vermelho é o caixa de investimento e o amarelo corresponde ao caixa de financiamento. O gráfico mostra o período de 2010 ao segundo trimestre de 2017 e está em R$ milhões)
Entretanto, do final de 2014 até o segundo trimestre de 2017 a empresa conseguiu aumentar seu caixa das operações para 22 bilhões (era 14 bilhões). Ao mesmo tempo, o corte nos investimentos foi expressivo: caiu de 20 bilhões para 9,6 bilhões, em média, entre 2015 ao segundo trimestre de 2017. E o pagamento dos financiamentos foi, em média, de 10,3 bilhões (era positivo em 6,3 bilhões antes). Com base nestes dados temos que a soma dos fluxos perfaz um total médio de 2 bilhões de reais sendo agregado ao caixa e equivalentes (estamos desconsiderando a variação cambial). Ou seja, a queima de caixa foi estancada: o saldo do caixa, no final de 2014, era de 44 bilhões; no final do primeiro semestre de 2017 era de 78 bilhões.
Há uma ressalva neste dado: o desempenho do segundo trimestre de 2015 foi crucial para o resultado. Sem este trimestre, a variação do saldo de caixa médio seria negativa em 2,2 bilhões.
(O gráfico acima mostra o saldo de caixa e equivalentes no final do trimestre. Observe que logo após a projeção, o saldo cresceu substancialmente)
24 agosto 2017
Caixa
A figura apresenta as empresas dos EUA com maior quantidade de caixa.
Também reflete o fato de que a maior parte dos recursos estão no exterior, provavelmente em paraísos fiscais. Na Apple são 246 bilhões de dólares ou 94% do caixa. A internalização dos recursos é um problema, que talvez só seja resolvido com a redução de alíquota para as empresas. (Dados originais: aqui)
Também reflete o fato de que a maior parte dos recursos estão no exterior, provavelmente em paraísos fiscais. Na Apple são 246 bilhões de dólares ou 94% do caixa. A internalização dos recursos é um problema, que talvez só seja resolvido com a redução de alíquota para as empresas. (Dados originais: aqui)
05 abril 2017
Reforço de Capital de Giro
Nas demonstrações contábeis divulgadas pela CPFL encontra-se, no item 4 do Relatório da Administração, a destinação do lucro do exercício. Partindo do lucro líquido base para destinação (lucro líquido mais resultado abrangente realizado mais dividendos prescritos) tem-se um total de 930 milhões de reais para serem distribuídos. A empresa então destina parte para reserva legal, uma grande parcela para reserva estatutária e o dividendo adicional proposto. A tabela a seguir apresenta, de maneira um pouco diferente, as informações que constam das demonstrações da empresa:
O que chamou a atenção foi o reforço do capital de giro. Caso a empresa não tivesse separado 546 milhões de reais, este valor deveria ser distribuído aos acionistas. Isto em algum momento sairia do caixa da empresa. A empresa optou por não distribuir, deixando na reserva estatutária com esta denominação. No ano de 2015 a empresa tinha feito a mesma coisa: destinou parte do lucro para reforço do capital de giro (R$393 milhões) que posteriormente foram usados para aumento de capital, já em 2016. E no exercício anterior o mesmo ocorreu. Estas informações podem ser nitidamente percebidas na Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido da empresa. Assim, na verdade, a reserva estatutária para reforço do capital de giro corresponde a uma transição para a conta Capital Social.
O que chamou a atenção foi o reforço do capital de giro. Caso a empresa não tivesse separado 546 milhões de reais, este valor deveria ser distribuído aos acionistas. Isto em algum momento sairia do caixa da empresa. A empresa optou por não distribuir, deixando na reserva estatutária com esta denominação. No ano de 2015 a empresa tinha feito a mesma coisa: destinou parte do lucro para reforço do capital de giro (R$393 milhões) que posteriormente foram usados para aumento de capital, já em 2016. E no exercício anterior o mesmo ocorreu. Estas informações podem ser nitidamente percebidas na Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido da empresa. Assim, na verdade, a reserva estatutária para reforço do capital de giro corresponde a uma transição para a conta Capital Social.
02 abril 2017
Caixa das Empresas foi atingido pela recessão
No ano de 2016 tivemos uma das maiores recessões da economia brasileira. Um dos efeitos desta recessão foi no caixa das empresas. Num total de 444 empresas, 188 tiveram um aumento na conta de caixa e equivalentes, o que representa 44% do total, segundo dados coletados pelo blog na base de dados da Economática.
No último dia de 2015 as empresas possuíam 354 bilhões de reais no caixa. No ano seguinte, em 31 de dezembro de 2016, o total era de R$281 bilhões de reais, ou 20% a menos. As empresas com maior quantidade de caixa no final de 2016 eram: Petrobras (69,1 bilhões de reais), Vale (13,9), Ambev (7,9), Oi (7,6), BRF (6,4) e CPFL (6,2). A Petrobras é um caso que afetou a redução no caixa das empresas brasileiras: em um ano a empresa reduziu seu caixa em quase 29 bilhões. Depois da estatal temos: Oi (menos 7,3 bilhões de reais), Pão de Açúcar (5,9), Ambev (5,7) e JBS (5,2). Entre as empresas que aumentaram o caixa o destaque é o BNDES Participações, com mais 2,4 bilhões.
Estes dados devem ser considerados com cautela, no entanto. Tenho percebido que algumas empresas estão alocando seu caixa e equivalente em investimentos de menor liquidez, mas maior rentabilidade.
No último dia de 2015 as empresas possuíam 354 bilhões de reais no caixa. No ano seguinte, em 31 de dezembro de 2016, o total era de R$281 bilhões de reais, ou 20% a menos. As empresas com maior quantidade de caixa no final de 2016 eram: Petrobras (69,1 bilhões de reais), Vale (13,9), Ambev (7,9), Oi (7,6), BRF (6,4) e CPFL (6,2). A Petrobras é um caso que afetou a redução no caixa das empresas brasileiras: em um ano a empresa reduziu seu caixa em quase 29 bilhões. Depois da estatal temos: Oi (menos 7,3 bilhões de reais), Pão de Açúcar (5,9), Ambev (5,7) e JBS (5,2). Entre as empresas que aumentaram o caixa o destaque é o BNDES Participações, com mais 2,4 bilhões.
Estes dados devem ser considerados com cautela, no entanto. Tenho percebido que algumas empresas estão alocando seu caixa e equivalente em investimentos de menor liquidez, mas maior rentabilidade.
29 maio 2016
18 fevereiro 2016
Caixa
O Bank of America Merrill Lynch calcula o índice agregado do saldo de caixa. A posição atual é elevada, indicando um sinal de "compra". É interessante notar que em momentos de recessão (vide no gráfico 2001 e 2008) ter um volume substancial de caixa pode ajudar as corporações nas compras.
20 maio 2015
Curso de Contabilidade Básica: Restrição ao Caixa
Em geral uma empresa com dinheiro no caixa e equivalentes é uma empresa “livre”. Com dinheiro no caixa a empresa geralmente não depende de empréstimos bancários, não precisa fazer aumento de capital, pode fazer investimentos no momento considerado mais adequado e é capaz de entrar numa disputa comercial em vantagem sobre seus concorrentes. Mas nem sempre o caixa significa liberdade. Em algumas situações, o dinheiro disponível em caixa e equivalentes sofre algum tipo de restrição que impede que a empresa possa disponibilizá-lo da forma que achar melhor. Neste caso, este ativo deve estar atrelado a um compromisso de investimento. Esta informação é importante para o usuário e deve ser evidenciada, seja numa conta a parte do balanço patrimonial e/ou em nota explicativa.
Veja o caso da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo, Fehosp. O balanço patrimonial mostra que no final de 2014 do ativo de 4,8 milhões, 2,3 estava em “Aplicações Financeiras” e 0,6 milhão em Caixa e Bancos.
Isto é bom, já que o excesso de caixa pode permitir que a Fehosp possa ter uma maior liberdade. Mas a nota explicativa 4 apresentava o seguinte quadro:
Ou seja, a maior parte do Disponível (Caixa, Bancos e Aplicações Financeiras) possui restrição. Ou seja, não pode ser usado livremente por parte da gestão da empresa. Conforme o tipo de restrição, o analista poderia, inclusive, retirar este valor ao calcular os índices de liquidez.
A nota explicativa esclarece que estes valores são termos assinados com a secretaria da saúde daquele estado, com valores transferidos para Fehosp:
Veja o caso da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo, Fehosp. O balanço patrimonial mostra que no final de 2014 do ativo de 4,8 milhões, 2,3 estava em “Aplicações Financeiras” e 0,6 milhão em Caixa e Bancos.
Isto é bom, já que o excesso de caixa pode permitir que a Fehosp possa ter uma maior liberdade. Mas a nota explicativa 4 apresentava o seguinte quadro:
Ou seja, a maior parte do Disponível (Caixa, Bancos e Aplicações Financeiras) possui restrição. Ou seja, não pode ser usado livremente por parte da gestão da empresa. Conforme o tipo de restrição, o analista poderia, inclusive, retirar este valor ao calcular os índices de liquidez.
A nota explicativa esclarece que estes valores são termos assinados com a secretaria da saúde daquele estado, com valores transferidos para Fehosp:
30 setembro 2014
Caixa, muito caixa
O gráfico mostra que os alemães fazem mais de 80% dos seus pagamentos em dinheiro. Em Why Germans pay cash for almost everything sugere que a preferência pelo dinheiro, em lugar dos pagamentos eletrônicos ou de outro tipo, pode ser decorrente da privacidade ou da necessidade de controle do orçamento doméstico. Mas o Quartz considera que a história inflacionária da Alemanha ajudaria a explicar este comportamento.
Nos anos vinte a Alemanha viveu uma hiperinflação, que resultou na ascensão de Hitler. Durante a ocupação, após a segunda guerra, os preços também aumentaram, conduzindo a reforma de 1948, que criou o marco, antiga moeda alemã. Outro ponto interessante é o fato dos alemães serem avessos ao endividamento. Tão avessos que o país possui uma das taxas mais baixas de propriedade de casa própria.
Duas outras possíveis explicações não apresentadas pelo Quartz. A primeira, o regime comunista da antiga Alemanha Oriental, onde o valor da moeda não significava poder de compra, já que os artigos eram racionados. A segunda, a língua alemã, que propicia a economia.
Ainda sobre o caixa, a The Economist (via aqui) mostra como as empresas japonesas e coreanas estão retendo uma montanha de dinheiro. As japonesas são donas de 2,1 trilhões de dólares ou 44% da economia do Japão. Já as coreanas guardam $440 bilhões ou 34% do PIB. As empresas alemães também são conservadoras e retém 20% da economia em caixa. Já as empresas dos Estados Unidos, mesmo com o medo da tributação dos lucros obtidos no exterior, possuem um caixa de 10% da economia.
Nos anos vinte a Alemanha viveu uma hiperinflação, que resultou na ascensão de Hitler. Durante a ocupação, após a segunda guerra, os preços também aumentaram, conduzindo a reforma de 1948, que criou o marco, antiga moeda alemã. Outro ponto interessante é o fato dos alemães serem avessos ao endividamento. Tão avessos que o país possui uma das taxas mais baixas de propriedade de casa própria.
Duas outras possíveis explicações não apresentadas pelo Quartz. A primeira, o regime comunista da antiga Alemanha Oriental, onde o valor da moeda não significava poder de compra, já que os artigos eram racionados. A segunda, a língua alemã, que propicia a economia.
Ainda sobre o caixa, a The Economist (via aqui) mostra como as empresas japonesas e coreanas estão retendo uma montanha de dinheiro. As japonesas são donas de 2,1 trilhões de dólares ou 44% da economia do Japão. Já as coreanas guardam $440 bilhões ou 34% do PIB. As empresas alemães também são conservadoras e retém 20% da economia em caixa. Já as empresas dos Estados Unidos, mesmo com o medo da tributação dos lucros obtidos no exterior, possuem um caixa de 10% da economia.
18 agosto 2014
Lucro, Pasadena, Decisão
Na recente divulgação do resultado da empresa Petrobras informou-se que a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foi a única a registrar lucro no primeiro semestre, de US$130 milhões. Os acusados de terem feito um negócio ruim na compra da refinaria indicaram que irão usar esta informação na defesa junto ao TCU. Isto não se sustenta por três fortes motivos, novamente relacionados à melhor técnica de decisão de investimento, que os gestores insistem em negar.
Em primeiro lugar, a informação refere-se ao lucro. Mas tradicionalmente neste tipo de decisão é utilizado o valor do caixa. Neste caso, deve-se verificar o montante de caixa que a unidade estaria gerando, nunca o lucro. Este é um erro muito grosseiro, que não deveria ser cometido por gestores e ex-gestores “qualificados”. Espera-se que o Tribunal de Contas da União não seja tão inocente em aceitar este argumento.
Em segundo lugar, trata-se de uma informação pontual, de seis meses somente. Isto se torna mais grave quando sabemos que foi a primeira vez que a unidade registrou lucro, desde que a informação foi consolidada em 2012. Como existe o pressuposto do “valor do dinheiro no tempo”, a geração de um resultado positivo somente agora, muitos períodos depois da compra, depõe ainda mais contra a decisão.
Finalmente, e talvez mais importante, a análise do TCU deve focar no momento em que a decisão foi tomada pela empresa. Ou seja, há oito anos, quando a empresa adquiriu metade da refinaria por 360 milhões de dólares e cujo contrato obrigava a compra do restante, que resultado no grande prejuízo para a empresa. Somente ao recuar no tempo é que o TCU poderá determinar a qualidade da decisão. É bem verdade que esta análise deverá ser mais probabilística do que determinista. A tarefa do TCU é inglória já que é muito difícil de comprovar, na prática, que a compra foi realizada com a intenção de provocar prejuízo na empresa. Erros no processo decisório podem ocorrer por várias razões, como acasos, informações incompletas, incompetência dos gestores e até por motivos escusos.
29 maio 2014
A Contabilidade do BVA
Caro Leitor: a notícia a seguir, publicada no Estadão, parece irreal:
O Banco Central apurou indícios de crimes de fraudes contábeis, desvio de recursos, gestão temerária e elisão fiscal no banco BVA durante a gestão do presidente da instituição Ivo Lodo, entre os anos de 2007 e 2012. O Estado teve acesso ao relatório final de inquérito, entregue há um mês à Justiça, que aponta ainda conluio de gestores do fundo de pensão Petros em empréstimos irregulares.
As 8.322 páginas descrevem uma série de operações suspeitas, entre elas desvio de recursos do caixa da instituição. O BC não conseguiu apurar com precisão o que acontecia no caixa do BVA porque, entre outros problemas, não teve tempo hábil para questionar a transportadora de valores que prestava serviços ao banco. Mas relata que no dia da intervenção, 19 de outubro de 2012, o saldo do caixa era de R$ 4,8 bilhões, mas fisicamente só tinha R$ 1,8 bilhão.
Ou seja, o caixa não existia! Ele sumiu...
O desvio de recursos seria feito principalmente por meio de empresas terceirizadas que teriam recebido quase R$ 210 milhões por serviços. Para o BC, há indícios que os serviços não foram prestados. Cerca de 85% dos recursos eram pagos em espécie.
Pagamento em espécie é típico de quem deseja desviar recursos ou praticar outra ilegalidade.
O relatório diz que os responsáveis pelo banco teriam retirado da instituição entre os anos de 2009 e 2012 valores superiores a R$ 224 milhões "utilizando-se de diversos atos fraudulentos, componentes de uma fraude maior, objetivo último do esquema engendrado", diz o relatório. Os valores foram retirados de conta corrente das supostas prestadoras de serviços. "As transferências em dinheiro passavam por um complexo esquema de lançamentos, por meio de uma complexa estrutura contábil previamente inserida nos sistemas informatizados da instituição, violando regras básicas da contabilidade".
Fico imaginando o que seria "regras básicas da contabilidade". Será a ausência do método das partidas dobradas?
O BC entende que esta operação poderia ter dois efeitos: reduzir o lucro do banco e assim pagar menos impostos ou ainda formar "caixa dois" do banco e desviar recursos para a pessoa física dos controladores e de seus diretores. Em cinco anos, os executivos do banco receberam R$ 283 milhões em dividendos e bônus. Deste total, 79%, ou R$ 224 milhões, foram destinados para Ivo Lodo, segundo o BC. Lodo não quis comentar.
Caoa. O BC também vê indícios de crime na venda de bens pertencentes a Ivo Lodo, que já estavam indisponíveis, para o grupo Caoa, que era o maior investidor do banco com mais de R$ 1 bilhão na instituição. O grupo Caoa afirmou, entretanto, que não comprou nenhum bem. Eles foram oferecidos em garantia a um possível aporte de R$ 300 milhões que o grupo faria no banco já próximo à intervenção, mas o negócio nunca se concretizou. O grupo afirma que está tranquilo com qualquer investigação que seja feita em relação ao banco BVA.
Petros. O BC aponta ainda quatro gestores do fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás como autores de possíveis crimes de gestão fraudulenta em empréstimos de R$ 100 milhões para a empresa Providax, que foi criada para ser holding da Vidax, um call center em dificuldades financeiras. A Vidax chegou a pertencer a diretores do BVA.
Parece um esquema de outra instituição financeira que também teve problemas.
O Petros teria concedido diretamente crédito para a Providax, o que é vedado por lei. Mas o BC diz que o mais grave é o fato de ter apurado que não há evidências de que a dívida seria paga e os empréstimos foram concedidos sem análise da capacidade financeira da empresa. "As operações ocorreram em circunstâncias que caracterizam uma simulação", diz o relatório do BC. O Petros não quis comentar, com o argumento que não teve acesso ao documento do Banco Central.
Ufa. Será que alguém será preso?
O Banco Central apurou indícios de crimes de fraudes contábeis, desvio de recursos, gestão temerária e elisão fiscal no banco BVA durante a gestão do presidente da instituição Ivo Lodo, entre os anos de 2007 e 2012. O Estado teve acesso ao relatório final de inquérito, entregue há um mês à Justiça, que aponta ainda conluio de gestores do fundo de pensão Petros em empréstimos irregulares.
As 8.322 páginas descrevem uma série de operações suspeitas, entre elas desvio de recursos do caixa da instituição. O BC não conseguiu apurar com precisão o que acontecia no caixa do BVA porque, entre outros problemas, não teve tempo hábil para questionar a transportadora de valores que prestava serviços ao banco. Mas relata que no dia da intervenção, 19 de outubro de 2012, o saldo do caixa era de R$ 4,8 bilhões, mas fisicamente só tinha R$ 1,8 bilhão.
Ou seja, o caixa não existia! Ele sumiu...
O desvio de recursos seria feito principalmente por meio de empresas terceirizadas que teriam recebido quase R$ 210 milhões por serviços. Para o BC, há indícios que os serviços não foram prestados. Cerca de 85% dos recursos eram pagos em espécie.
Pagamento em espécie é típico de quem deseja desviar recursos ou praticar outra ilegalidade.
O relatório diz que os responsáveis pelo banco teriam retirado da instituição entre os anos de 2009 e 2012 valores superiores a R$ 224 milhões "utilizando-se de diversos atos fraudulentos, componentes de uma fraude maior, objetivo último do esquema engendrado", diz o relatório. Os valores foram retirados de conta corrente das supostas prestadoras de serviços. "As transferências em dinheiro passavam por um complexo esquema de lançamentos, por meio de uma complexa estrutura contábil previamente inserida nos sistemas informatizados da instituição, violando regras básicas da contabilidade".
Fico imaginando o que seria "regras básicas da contabilidade". Será a ausência do método das partidas dobradas?
O BC entende que esta operação poderia ter dois efeitos: reduzir o lucro do banco e assim pagar menos impostos ou ainda formar "caixa dois" do banco e desviar recursos para a pessoa física dos controladores e de seus diretores. Em cinco anos, os executivos do banco receberam R$ 283 milhões em dividendos e bônus. Deste total, 79%, ou R$ 224 milhões, foram destinados para Ivo Lodo, segundo o BC. Lodo não quis comentar.
Caoa. O BC também vê indícios de crime na venda de bens pertencentes a Ivo Lodo, que já estavam indisponíveis, para o grupo Caoa, que era o maior investidor do banco com mais de R$ 1 bilhão na instituição. O grupo Caoa afirmou, entretanto, que não comprou nenhum bem. Eles foram oferecidos em garantia a um possível aporte de R$ 300 milhões que o grupo faria no banco já próximo à intervenção, mas o negócio nunca se concretizou. O grupo afirma que está tranquilo com qualquer investigação que seja feita em relação ao banco BVA.
Petros. O BC aponta ainda quatro gestores do fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás como autores de possíveis crimes de gestão fraudulenta em empréstimos de R$ 100 milhões para a empresa Providax, que foi criada para ser holding da Vidax, um call center em dificuldades financeiras. A Vidax chegou a pertencer a diretores do BVA.
Parece um esquema de outra instituição financeira que também teve problemas.
O Petros teria concedido diretamente crédito para a Providax, o que é vedado por lei. Mas o BC diz que o mais grave é o fato de ter apurado que não há evidências de que a dívida seria paga e os empréstimos foram concedidos sem análise da capacidade financeira da empresa. "As operações ocorreram em circunstâncias que caracterizam uma simulação", diz o relatório do BC. O Petros não quis comentar, com o argumento que não teve acesso ao documento do Banco Central.
Ufa. Será que alguém será preso?
02 abril 2014
Caixa, muito caixa
Entre as empresas com maior volume, Apple, Microsoft, Google e Verizon. Ter muito caixa pode ser interessante para uma empresa quando deseja não depender dos empréstimos (e de suas exigências), melhora os índices financeiros, mas atrai investidores ativistas, que tentam forçar a empresa a fazer aquisições arriscadas ou distribuir dividendos.
Mas parte do grande volume de recursos decorre da escolha destas empresas em manter seus recursos líquidos em países com carga tributária reduzida. A mesma Bloomberg informa que o volume de dinheiro das empresas dos EUA fora do país é de 1,95 trilhão, um aumento de quase 12% em relação ao ano passado.
Menos Caixa, menos crime
Uma pesquisa conduzida por uma equipe de economistas e criminologistas
mostrou existir uma relação entre dinheiro e crime. Partindo da ideia de que a
quantidade de dinheiro em circulação nas ruas é um convite para os criminosos,
os pesquisadores procuraram relacionar as duas variáveis. A oportunidade surgiu
quando o estado do Missouri adotou um programa de pagamento através de transferência
eletrônica através de cartões de débito. A adoção desta forma de pagamento
provocou um impacto negativo na taxa de crimes como roubos e assaltos em 9,8%.
O programa também afetou o número de prisões, mas não teve efeito sobre os estupros.
07 março 2014
Apple
O diretor financeiro da Apple, Peter Oppenheimer, vai se aposentar e passar o bastão para Luca Maestri em setembro, encarregando o executivo nascido na Itália de um caixa acumulado do tamanho da economia do Vietnã e da difícil tarefa de atender às expectativas de Wall Street. Maestri, de 50 anos, nascido em Roma, vai assumir num momento em que a Apple está numa encruzilhada. Investidores continuam a pedir que a empresa dê melhor uso a seu capital acumulado, de 160 bilhões de dólares, do que simplesmente deixá-lo no exterior enquanto rivais como Google e Facebook desembolsam dezenas de bilhões de dólares na aquisição de companhias de tecnologia de ponta, como Nest e WhatsApp. Administrar as expectativas exageradas dos investidores pode se tornar mais difícil à medida que a Apple –diante de um crescimento menor da receita e de competidores mais agressivos– mergulha mais fortemente em mercados de maior crescimento, mas margens menores, como a China, dominada por fabricantes de produtos de preços mais baixos, como Huawei e Xiaomi.
O título do texto fala num caixa de 160 bilhões de dólares. Bem, parte deste "caixa" é muito mais investimento de longo prazo, que os analistas insistem em classificar como caixa. O segundo aspecto, é que devido ao planejamento tributário, parte do caixa não está totalmente disponível: existe um custo tributário de "levar" o caixa para sede, antes de fazer distribuição ou investimento em ativos de longa maturação.
O título do texto fala num caixa de 160 bilhões de dólares. Bem, parte deste "caixa" é muito mais investimento de longo prazo, que os analistas insistem em classificar como caixa. O segundo aspecto, é que devido ao planejamento tributário, parte do caixa não está totalmente disponível: existe um custo tributário de "levar" o caixa para sede, antes de fazer distribuição ou investimento em ativos de longa maturação.
25 fevereiro 2014
BNDES e Caixa financiam MST
Eduardo Bresciani - O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - A Caixa Econômica Federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fecharam contratos sem licitação de R$ 200 mil e R$ 350 mil, respectivamente, com entidade ligada ao Movimento dos Sem Terra para evento realizado no 6.º Congresso Nacional do MST. O evento, há duas semanas, terminou em conflito com a Polícia Militar na Praça dos Três Poderes que deixou 32 feridos, sendo 30 policiais. Houve, ainda, uma tentativa de invasão do Supremo Tribunal Federal.
A Associação Brasil Popular (Abrapo) recebeu os recursos para a Mostra Nacional de Cultura Camponesa, atividade que serviu de centro de gravidade para os integrantes do congresso do MST. As entidades têm relação próxima, tanto que a conta corrente da Abrapo no Banco do Brasil aparece no site do MST como destino de depósito para quem deseja assinar publicações do movimento social, como o jornal Sem Terra.
O contrato de patrocínio da Caixa, no valor de R$ 200 mil, está publicado no Diário Oficial da União de 3 de fevereiro de 2014. Foi firmado pela Gerência de Marketing de Brasília por meio de contratação direta, sem licitação. A oficialização do acordo do BNDES com a mesma entidade foi publicada três dias depois. O montante é de até R$ 350 mil. A contratação também ocorreu sem exigência de licitação e foi assinada pela chefia de gabinete da presidência do banco de fomento.
A Mostra Nacional de Cultura Camponesa, objeto dos patrocínios, ocorreu na área externa do ginásio Nilson Nelson, em Brasília. O congresso teve suas plenárias na área interna. Os dois eventos tiveram divulgação conjunta e o objetivo da mostra era mostrar os diferentes produtos cultivados pelos trabalhadores rurais em assentamentos dentro de um discurso do MST da valorização da reforma agrária.
Marcha. O congresso foi realizado de 10 a 14 de fevereiro e reuniu 15 mil pessoas. No dia 12, uma marcha organizada pelo movimento saiu do ginásio e percorreu cerca de cinco quilômetros até a Esplanada dos Ministérios. O objetivo declarado era a entrega de uma carta ao secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, com compromissos não cumpridos pela presidente Dilma Rousseff na área da reforma agrária.
BRASÍLIA - A Caixa Econômica Federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fecharam contratos sem licitação de R$ 200 mil e R$ 350 mil, respectivamente, com entidade ligada ao Movimento dos Sem Terra para evento realizado no 6.º Congresso Nacional do MST. O evento, há duas semanas, terminou em conflito com a Polícia Militar na Praça dos Três Poderes que deixou 32 feridos, sendo 30 policiais. Houve, ainda, uma tentativa de invasão do Supremo Tribunal Federal.
A Associação Brasil Popular (Abrapo) recebeu os recursos para a Mostra Nacional de Cultura Camponesa, atividade que serviu de centro de gravidade para os integrantes do congresso do MST. As entidades têm relação próxima, tanto que a conta corrente da Abrapo no Banco do Brasil aparece no site do MST como destino de depósito para quem deseja assinar publicações do movimento social, como o jornal Sem Terra.
O contrato de patrocínio da Caixa, no valor de R$ 200 mil, está publicado no Diário Oficial da União de 3 de fevereiro de 2014. Foi firmado pela Gerência de Marketing de Brasília por meio de contratação direta, sem licitação. A oficialização do acordo do BNDES com a mesma entidade foi publicada três dias depois. O montante é de até R$ 350 mil. A contratação também ocorreu sem exigência de licitação e foi assinada pela chefia de gabinete da presidência do banco de fomento.
A Mostra Nacional de Cultura Camponesa, objeto dos patrocínios, ocorreu na área externa do ginásio Nilson Nelson, em Brasília. O congresso teve suas plenárias na área interna. Os dois eventos tiveram divulgação conjunta e o objetivo da mostra era mostrar os diferentes produtos cultivados pelos trabalhadores rurais em assentamentos dentro de um discurso do MST da valorização da reforma agrária.
Marcha. O congresso foi realizado de 10 a 14 de fevereiro e reuniu 15 mil pessoas. No dia 12, uma marcha organizada pelo movimento saiu do ginásio e percorreu cerca de cinco quilômetros até a Esplanada dos Ministérios. O objetivo declarado era a entrega de uma carta ao secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, com compromissos não cumpridos pela presidente Dilma Rousseff na área da reforma agrária.
10 fevereiro 2014
O que o governo faz com o dinheiro do FGTS?
São Paulo - Nos últimos anos, instituições como o BNDESPar, braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, e fundos de pensão de estatais, como Petros e Previ, estiveram entre os principais instrumentos à mão do governo para intervir na economia.
De uns tempos para cá, o arsenal foi reforçado por outro integrante: o Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS). Com 28 bilhões de reais em carteira no fim de 2013, na prática, esse fundo se tornou uma espécie de míni BNDES, reforçando os investimentos em companhias nas quais o banco já aplica dinheiro.
“É uma fonte fácil de recursos e repete a prática de ajudar empresas amigas do governo, que poderiam se financiar sozinhas”, diz Ruy Quintans, professor de macroeconomia e finanças na escola de negócios Ibmec do Rio de Janeiro. “E faz isso sem dar satisfação aos donos do dinheiro, os trabalhadores.”
O fundo FI-FGTS foi criado em 2007 para diversificar as aplicações do bolo de dinheiro formado com o que as empresas recolhem em nome dos empregados. Tradicionalmente, o capital era direcionado a custear projetos de habitação e saneamento. Com o FI-FGTS, o dinheiro dos trabalhadores passou a chegar a áreas tão distintas como aeroportos, construção naval e produção de celulose.
Quase 74% dos recursos estão alocados em títulos de dívida e em ações de empresas, boa parte delas de capital fechado. É o caso da Odebrecht Transport, subsidiária do grupo Odebrecht e vencedora, no fim do ano, dos leilões de concessão do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, e da BR-163, em Mato Grosso.
Pouco antes do Natal, a empresa recebeu 1,4 bilhão de reais em investimentos públicos. Desse total, 1 bilhão veio do BNDESPar em troca de 10,6% da companhia. O restante, 429 milhões de reais, foi aplicado pelo FI-FGTS, que fez um aumento de capital para manter sua fatia no negócio — em 2010, o fundo já havia comprado 30% da Odebrecht Transport por 1,9 bilhão de reais.
Não é o único exemplo em comum nas carteiras do BNDES e do FI-FGTS. Ambos investiram em empresas como a Sete Brasil, fabricante de sondas para exploração de petróleo, e na produtora de celulose Eldorado, construída pelo grupo JBS em Mato Grosso do Sul.
Além disso, o FI-FGTS é fonte de captação do próprio BNDES — 19% do patrimônio do fundo, ou o equivalente a 5,2 bilhões de reais, está aplicado em títulos de dívida do banco.
Como são tomadas essas decisões de investimento? Uma das críticas ao fundo, administrado pela Caixa Econômica Federal, é a falta de transparência. As aquisições do FI-FGTS são propostas pela Caixa a um comitê de investimentos formado por 12 membros, encarregados de aprovar os projetos contemplados.
Sua composição é mais política do que técnica. Metade dos integrantes — um representante da Caixa e cinco de diferentes ministérios — é indicada pelo governo. Três são apontados por entidades patronais, como a Confederação Nacional da Indústria. Os restantes representam centrais sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores.
Uma vez aprovado o investimento, um relatório é enviado para o Conselho Curador do FGTS, presidido pelo ministro do Trabalho. “Na prática, os conselheiros apenas chancelam as decisões do comitê”, diz um conselheiro que prefere não se identificar.
Segundo a Caixa, todas as operações são baseadas em laudos técnicos internos e em estudos feitos por auditorias independentes. Mas essas informações não são públicas. Ficam restritas ao comitê de investimentos, cujas atas das reuniões também são secretas.
A Caixa não informa sequer o nome das auditorias responsáveis pelas avaliações. O que se sabe é que o retorno dos investimentos não tem sido grande coisa: rendeu 7,2% em 2012, ano em que o CDI, taxa de referência do mercado, deu 8,4%.
[...]
A concentração dos investimentos em poucas empresas é outro ponto questionado. Metade dos recursos aplicados em participações acionárias foi direcionada para duas subsidiárias da Odebrecht, que, juntas, receberam 3,3 bilhões de reais — além da Transport, o FI-FGTS é sócio da Odebrecht Ambiental, de saneamento.
A concentração dos investimentos em poucas empresas é outro ponto questionado. Metade dos recursos aplicados em participações acionárias foi direcionada para duas subsidiárias da Odebrecht, que, juntas, receberam 3,3 bilhões de reais — além da Transport, o FI-FGTS é sócio da Odebrecht Ambiental, de saneamento.
No fim de 2013, o fundo pagou 315 milhões de reais por 5% do capital desta empresa, aumentando para 30% sua fatia no negócio. O valor pago indica que a Odebrecht Ambiental foi avaliada em 6,3 bilhões de reais, o equivalente a 23 vezes o lucro operacional de 273 milhões de reais registrado em 2012.
Segundo analistas ouvidos por EXAME, a avaliação foge aos padrões do setor. Para comparar, o valor em bolsa da Sabesp, maior empresa de saneamento do país, é seis vezes sua geração de caixa. Os gestores do fundo alegam que a valorização se deve às boas perspectivas da Odebrecht Ambiental.
“Não se pode comparar uma companhia consolidada, como a Sabesp, com outra cujos projetos são bastante promissores”, diz Marcos Vasconcelos, vice-presidente de Ativos de Terceiros da Caixa, responsável pela gestão do FI-FGTS. A Odebrecht diz que o Grupo Espírito Santo adquiriu 0,5% da companhia usando o critério de avaliação do FI-FGTS.
As decisões nebulosas tornam duvidosa a validade do míni BNDES. “Não faz sentido um fundo fazer a mesma coisa que o BNDES já faz”, diz o conselheiro Nese. Para José Luiz Fernandes, membro do comitê de investimentos do FI-FGTS indicado pela Confederação Nacional de Serviços, deveria pelo menos haver transparência.
“É preciso dar mais participação à sociedade e explicar o que fazemos”, diz Fernandes. Por ora, a Caixa mantém o sigilo, alegando que as operações são fiscalizadas por órgãos como a Controladoria-Geral da União.
Ocorre que os recursos do FGTS não pertencem ao banco nem ao governo. São oriundos do patrimônio dos trabalhadores e recolhidos mensalmente por seus empregadores — dois grupos que, até o momento, não decidem como seu dinheiro é aplicado.
Fonte: aqui
Fonte: aqui
Assinar:
Postagens (Atom)