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Mostrando postagens com marcador CPMF. Mostrar todas as postagens
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14 julho 2016

Aprovado o texto-base da LDO 2017

A Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional aprovou nesta quinta-­feira o texto­base do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017.

A análise de destaques à proposta ficará para agosto, na volta do recesso parlamentar. Em seu parecer, o senador Wellington Fagundes (PR­MT) retirou a possibilidade de previsão de entrada de nova receita com volta da cobrança da CPMF. Uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) foi enviada ainda no governo da presidente afastada Dilma Rousseff. “Conversamos com o Ministério do Planejamento e pedimos a alteração do anexo que continha essa medida. Está extirpada a possibilidade de contar com CPMF no Orçamento do ano que vem”, afirmou o relator.

A LDO para 2017, lembrou, traz mecanismo que prevê que novas receitas só serão agregadas à previsão orçamentária se forem antes aprovadas pelo Congresso.

Para contemplar os parlamentares e facilitar a aprovação da proposta, o relator ampliou as despesas previstas com as chamadas emendas impositivas, cujos recursos o governo não pode bloquear. Houve elevação do valor global das emendas dos atuais 0,6% para 0,8% da Receita Corrente Líquida. Essa diferença está condicionada ao cumprimento do ‘esforço fiscal’ feito pelo governo. Além disso, subiu de uma para duas o número de emendas que cada unidade da federação pode indicar em obras.

Das 2054 emendas apresentadas, Fagundes acatou 155, parcialmente 794 e rejeitou 1096.

O projeto da LDO determina ainda que a lei orçamentária já contenha recursos para o Fundo de Apoio às Exportações (FEX), que busca compensar Estados e municípios por perdas que ocorrem nas isenções fiscais na exportação.

Presidente do Congresso Nacional, o senador Renan Calheiros (PMDB­AL) já convocou para o dia 2 de agosto sessão conjunta de deputados e senadores para votar vetos presidenciais e, se possível, a LDO. Os destaques pendentes, portanto, precisarão ser analisados mais cedo para que a proposta vá a voto na sessão que começará à noite.


Fonte: Aqui

03 janeiro 2015

Contribuição Social para Educação?

Boa parte do ajuste fiscal do segundo governo Dilma ocorrerá via aumento de tributos e inflação. A ideia de volta da CPMF já foi cogitada. Um alíquota de 0,38% seria capaz de aumentar a arrecadação em 80 bilhões. A grande questão é saber se o Congresso vai comprar a ideia do governo.

Prevendo dificuldades para a aprovação da ideia junto aos parlamentares, acredito que o governo defenderá o novo tributo com a justificativa que o dinheiro será usado para financiar a Educação (já que no passado uma das justificativas para a implementação da CPMF foi o financiamento da Saúde)

Por que acho isso? É simples. Vejam o novo lema do governo: "Brasil, Pátria Educadora". Some-se a isso a ideia maluca de 10% do PIB pra Educação. Pronto! O governo tem um argumento "infalível" para a aprovação do novo tributo.

Quem será contra tributo para financiar a Educação? Ninguém! Todo mundo gosta de pagar mais tributos.
 

27 dezembro 2014

Volta da CPMF

Editorial do Estadão sobre a volta da CPMF
25/12/2014
Sem dinheiro em caixa suficiente para cumprir as promessas de campanha, governadores eleitos pelo PT vêm articulando - com o discreto apoio do Palácio do Planalto - a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), um aberração tributária altamente prejudicial à atividade econômica que foi cobrada até o fim de 2007.
Criada em 1996, no governo Fernando Henrique Cardoso, como "imposto do cheque" para financiar programas na área de saúde, com vigência por tempo limitado, essa contribuição foi sendo sistematicamente renovada e sua alíquota, inicialmente de 0,20% sobre todas as operações bancárias, chegou a 0,38%, até que o Senado a extinguiu, impondo ao governo Lula sua maior derrota política até aquele momento. Sob a alegação de necessidade de investir na área social - velho argumento dos que defendem essa forma perniciosa de tributação, que não incide sobre um fato econômico que justifique sua cobrança -, petistas prestes a assumir seus mandatos querem encher os cofres públicos sob sua responsabilidade com esse dinheiro extra que pretendem arrancar dos contribuintes.
Às voltas com problemas financeiros bem mais sérios do que os da maioria dos novos governadores, do PT e de outros partidos, o governo Dilma Rousseff torce, de camarote, para que a manobra dê certo. Pior para o País.
A volta da CPMF é a mais nociva das propostas entre as que o governo federal admite estar examinando para aumentar sua arrecadação com o objetivo de reduzir o déficit de suas contas. Neste ano, não conseguirá atingir suas metas fiscais nem com as sucessivas manobras contábeis de que lançou mão. Para cumprir a promessa de austeridade no novo mandato de Dilma, o ministro da Fazenda indicado, Joaquim Levy, terá de cortar subsídios e outras despesas. É muito provável que nem assim alcançará o ajuste esperado, o que resultará em aumento de impostos. Em recente entrevista a uma emissora de televisão, Levy admitiu que "na medida do necessário, podemos considerar ajuste de impostos". Entre os tributos que podem subir estão a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que incide sobre combustíveis, e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de bens de consumo que tiveram a tributação reduzida nos últimos anos.
Isso dá praticamente a certeza de que a carga tributária, já excessivamente alta, voltará a subir. No ano passado, de acordo com estudo da própria Receita Federal, ela alcançou o recorde de 35,95% de tudo o que o País produziu (em 2012, ficara em 35,86% do PIB). Do total arrecadado, a União ficou com 68,92%, os Estados, com 25,29%; e os municípios, com 5,79%.
O fato de o Brasil ter a segunda maior carga tributária entre os países da América Latina (o país da região que mais tributa proporcionalmente é a Argentina, com carga de 37,3% do PIB) mostra que o peso dos impostos é muito alto.
Na divulgação da carga tributária em 2013, o governo listou os 12 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que têm carga tributária maior que a brasileira. Mas são países que, como regra, oferecem a seus cidadãos sistemas de proteção social e infraestrutura econômica muito mais avançados e seguros dos que os disponíveis para os brasileiros. Entre eles estão Dinamarca, França, Itália, Suécia, Finlândia, Áustria, Noruega e Alemanha.
O mais relevante, porém, é que a carga tributária brasileira é maior do que a de 21 países da OCDE, que são os mais desenvolvidos do planeta. Entre as nações que cobram, proporcionalmente, menos impostos que o Brasil estão Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Japão, Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul e México. São países que, com a eventual exceção do México, empregam os impostos arrecadados na prestação de serviços públicos de qualidade para sua população.
O retorno da CPMF tornaria ainda pior um sistema tributário já ruim e oneroso para a população, que sofre com o mau uso dos impostos que o poder público arrecada - isso quando os governantes não o empregam em benefício próprio.

23 janeiro 2014

Contribuição Social para a Saúde

PT e a nova CPMF Marcos Cintra* 
16/01/2014 15:58

 Mesmo sendo um tributo operacionalmente justo e eficiente, a criação da CSS aumenta a carga tributária e permite a continuidade do esfolamento do contribuinte brasileiro. Pesando os argumentos a favor e contra, os parlamentares petistas deveriam abortar a proposta de implantação do novo tributo... Cerca de vinte deputados do PT querem recriar a CPMF para financiar a área da saúde. O novo tributo, agora chamado de CSS (Contribuição Social para a Saúde), teria uma alíquota de 0,15% sobre o débito das movimentações financeiras, o que garantiria uma receita de cerca de R$ 30 bilhões por ano.

 O governo tentou trazer a CPMF de volta em 2011 e não conseguiu. Agora a iniciativa parte de um grupo de parlamentares petistas, cuja estratégia é sedimentar a ideia em 2014 para que o debate ganhe força no Congresso a partir de 2015. Cumpre dizer que a cobrança da CPMF por cerca de onze anos no Brasil teve um lado positivo ao testar a eficácia de um imposto sobre movimentação financeira, que era então totalmente desconhecido. A experiência entre 1997 e 2007 comprovou que esse tipo de imposto é uma forma eficiente de arrecadação, com enorme potencial de geração de receita e de baixo custo.

 É um tributo justo, pois elimina a sonegação, fenômeno concentrador de renda nas camadas mais ricas da população. Cabe lembrar que a CPMF foi repudiada como um tributo a mais a elevar a carga tributária brasileira. Porém, ela seria aceita pela sociedade se fosse instituída como substituta de outros tributos. Levantamento realizado em 2007 pela empresa Cepac-Pesquisa & Comunicação revela que 64% das pessoas a aceitariam se ela substituísse a contribuição ao INSS incidente sobre a folha de pagamento das empresas. Mesmo sendo um tributo operacionalmente justo e eficiente, a criação da CSS aumenta a carga tributária e permite a continuidade do esfolamento do contribuinte brasileiro. 

Pesando os argumentos a favor e contra, os parlamentares petistas deveriam abortar a proposta de implantação do novo tributo. Em primeiro lugar, a CSS deve ser rejeitada porque ela não substitui nenhum dos atuais impostos, que são escorchantes, injustos, distorcivos e ineficientes. Será apenas mais um tributo que irá contribuir para aumentar o arrocho tributário sobre o setor produtivo e a classe média. Além disso, vale lembrar que quando a CPMF foi extinta o governo compensou essa perda aumentando a alíquota do IOF, cuja arrecadação saltou de R$ 5 bilhões em 2007 para R$ 20 bilhões no ano seguinte. 

Outro ponto é que o governo precisa fazer uma ampla e radical reforma tributária, e qualquer remendo, por mais necessário que seja, apenas dará mais fôlego para a manutenção da atual estrutura disfuncional. É preciso coragem para desmontar o atual modelo. Dar-lhe continuidade, através de um tributo que será meramente um arremedo para arrecadar mais, serve para manter o sofrimento do contribuinte. Por fim, manter o atual sistema apoiado em mais um tributo agravará distorções sociais que uma reforma tributária deveria corrigir. Uma das forças concentradoras de renda no Brasil encontra-se na estrutura de impostos, regressiva e vulnerável à evasão. Os ricos encontram brechas para sonegar impostos e a classe média é penalizada de forma compensatória pagando mais tributos sobre os salários e sobre o consumo. 

O bom senso indica que a CSS deve ser rejeitada. Louvável seria se esses deputados se articulassem por uma reforma tributária que recriasse a CPMF para substituir tributos como, por exemplo, o INSS patronal, a Cofins e o ICMS. Seria um ato em sintonia com as necessidades do país. 

* Marcos Cintra - É doutor em Economia pela Universidade Harvard (EUA), professor titular e vice-presidente da Fundação Getulio Vargas. - 

16 novembro 2008

Nem tudo que reluz se funde

Quem levasse ouro até uma Casa de Fundição tinha que declarar seu nome, o nome do proprietário do metal (se não fosse o próprio) e onde residia. O escrivão anotava estas informações em um livro e acrescentava o número de ordem do registro, a data, o peso do ouro apresentado e sua qualidade (expressa em quilates). No fim do dia, o tesoureiro registrava em um segundo conjunto de livros a movimentação diária do ouro naquela Casa de Fundição e o rendimento do quinto [imposto sobre o outro]. Terminado um livro, era feito o recenseamento do total apresentado.

Os registro da Casa de Fundição do Serro Frio dão conta de que, no dia 15 de julho de 1767, a cigana Joana Soares chegou lá com 4 onças de ouro (113,4 gramas). Por elas, pagou o quinto de 6 oitavas e 28,8 grãos, isto é: 22,9504 gramas. Fazendo as contas, conclui-se que o imposto pago por Joana Ultrapassou os 20% do total registrado. Teria sido erro de cálculo? Não. Na verdade, a cigana possuía 114,752 gramas, e não os 113,4 gramas que aparecem no registro. A diferença eram impurezas, que lhe foram descontadas no momento de se fundir a barra com a qual saiu de lá.

Esta diferença entre o ouro em pó impuro e o ouro em barra puro chamava-se "quebra". A julgar pleos registros dos quintos, a qualidade do ouro em pó em circulação em Minas Gerais melhorou bastante a partir da instalação das casas de fundição. No Serro, por exemplo, de 1753 a 1755, as quebras ficaram em torno de 3,375%. Uma década depois, de 1766 a 1767, haviam diminuído para 0,764% do total de ouro em pó apresentado. (...)

As casas de fundição também deviam ter livros com os nomes das pessoas que fossem comerciar em Minas, para comparar o valor do ouro fundido por eles com os livros dos postos fiscais (registros), que documentavam todos e tudo o que passava nas vias de acesso da capitania. O objetivo era ver se os bens apresentados e declarados pelos comerciantes correspondiam ao valor das fazendas [tecido] e gêneros que importavam. Com esta medida, Minas antecipou em dois séculos e meio a função fiscal da extinta CPMF: quem sonegasse seu ouro caía na malha fina!


Trecho da excelente Revista da Biblioteca Nacional, que em novembro dedica várias reportagens a questão do ouro em Minas Gerais. O trecho acima é muito interessante. Podemos usá-lo em custos (quebra!), contabilidade fiscal (quinto) e legislação (função dos livros de registros).



Fonte: Aqui