Empregos no setor contábil e o "novo" Caged

Ontem o governo federal disponibilizou os dados de abril de emprego formal no país, segundo o Novo Caged. O leitor do blog deve lembrar que todo mês fazíamos uma análise do setor contábil, indicando a evolução ou não do emprego, da remuneração, dos admitidos e demitidos. Era uma análise bastante rica.

Desde janeiro, o governo federal descontinuou o acesso a base do Caged, conforme destacamos aqui. A ideia era juntar todas as informações fornecidas ao governo em uma única base de dados, a partir do eSocial. Entretanto, o resultado disto é que não podemos mais obter (e tratar) as informações disponibilizadas por três motivos. Em primeiro lugar, a migração não foi completa, deixando de lado algumas entidades. Destaco, em especial, as informações do próprio governo; é irônico, pois o governo cria a necessidade de fornecer as informações, mas ele mesmo ainda não está obrigado a fazê-lo. Este problema é grave pois a área pública é grande contratante e o aspecto comparativo seria um problema. Provavelmente os resultados ficariam enviesados. Em segundo lugar, o acesso, que era feito através do banco de dados, não está mais disponível. Ou seja, temos que contentar com as tabelas prontas feitas pelo Ministério da Economia e ponto final. Os dados que usamos no blog eram retirados de um tabela que o próprio blog informava o que desejava. Finalmente, ocorreu uma mudança na classificação usava, segundo a informação do próprio governo. Os dados que coletávamos eram provenientes da Classificação Brasileira de Ocupações. Isto permitia a segregação que fazíamos. Isto mudou.

Por tudo isto, resta esperar os desdobramentos futuros. Enquanto isto, ficamos sem entender o que se passa no mercado de trabalho da área contábil.

Caged

Há muitos meses este blog acompanha o mercado de trabalho dos profissionais de contabilidade. A base dos dados é o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Entretanto, desde dezembro de 2019 o governo optou por não divulgar mais estes dados. A alegação inicial era de que as informações fornecidas pelas empresas estavam duplicadas, sendo necessário reduzir o volume de dados entregues por parte das empresas. Segundo o governo, quatro informações (Caged, Rais, Carteira de Trabalho e livro de registros de empregados) seriam substituídos pelo e-Social.

As informações de janeiro e fevereiro não foram divulgadas em razão da atualização desta nova sistemática. Existia a promessa de que a divulgação seria regularizada. Mas desde janeiro não é possível saber nada sobre o mercado de trabalho no Brasil. E a desculpa não pode ser o Covid.

Um texto de João Saboia, para o Valor (aqui para assinantes), chama a atenção para a falta dos dados do Caged.

Tais informações são de uma riqueza impressionante, sendo divulgadas em diferentes níveis geográficos, setoriais e de tamanho de empresas. (...) Embora a inteção de fazer as mudanças para facilitar a vida das empresas possa ter sido positiva, o resultado não poderia ser pior. 

Nesta crise, os dados de empregos poderiam servir de argumento para manter ou não as atividades econômicas.