Se existisse um placar da auditoria, quem estaria vencendo? Usando os dados do Fato da Semana, que este blog publica regularmente todo sábado, selecionamos as entidades que foram destaque pelos problemas na sua contabilidade em 2015. Por uma questão de critério, mesmo que o problema contábil tenha ocorrido em exercício anterior, como foi o caso da Petrobrás, está sendo considerado. Não fizemos distinção entre os problemas nacionais ou não, empresas ou outros tipos de entidade. Para evitar inconsistência, tomamos o último auditor, como foi o caso da Petrobras: apesar dos problemas serem originados em 2004, considerou-se somente uma empresa de auditoria, a última, como responsável. Isto é obviamente injusto, mas resolvemos adotar um critério. Também não foi levado em conta o tamanho da falha ou sua relevância: certamente o problema da Moldávia é muito mais grave que da Toshiba.
No final, até agora, tivemos oito casos de escândalos contábeis. Eis a relação:
1º. Lugar – KPMG – 3 pontos: BVA, BNDES e FIFA
2º. Lugar – PwC – 2 pontos: Petrobras e Satyam
3º. Lugar – EY, Deloitte e GT – 1 pontos por Toshiba, CSN e Moldávia, nesta ordem.
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26 julho 2015
04 março 2015
KPMG condenada
Segundo notícia do Valor Econômico, a empresa de auditoria KPMG foi condenada a indenizar um investidor que aplicava seus recursos no Banco BVA. Esta é uma decisão inédita na justiça brasileira, contrária a uma empresa de auditoria.
Tradicionalmente as empresas de auditoria afirmam que não é sua função prever problemas financeiros de uma entidade e sim alertar para falta de conformidade com as normas contábeis. Esta tese é bastante discutível, mas tem apresentado um relativo sucesso nos tribunais internacionais.
Além disto, as autoridades procuram não impor uma pena pesada demais num setor oligopolista, onde a saída de uma grande empresa poderia prejudicar ainda mais a competição. A presença de quatro grandes empresas cria situações inusitadas, como da própria KPMG, que auditava duas empresas em litígio.
Tradicionalmente as empresas de auditoria afirmam que não é sua função prever problemas financeiros de uma entidade e sim alertar para falta de conformidade com as normas contábeis. Esta tese é bastante discutível, mas tem apresentado um relativo sucesso nos tribunais internacionais.
Além disto, as autoridades procuram não impor uma pena pesada demais num setor oligopolista, onde a saída de uma grande empresa poderia prejudicar ainda mais a competição. A presença de quatro grandes empresas cria situações inusitadas, como da própria KPMG, que auditava duas empresas em litígio.
13 dezembro 2014
Arresto de ativos da KPMG
Na quarta-feira o Valor Econômico informou que a justiça de São Paulo manteve o arresto de ativos da KPMG referente a falência do banco BVA.
"Entendeu-se que a KPMG de alguma maneira tem responsabilidade e que, por ora, essa responsabilidade não é afastada. Eles vão ter o direito de se defender no processo", afirmou o promotor Marco Antonio Marcondes Pereira, autor da ação contra a KPMG.(...)
Em julho, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo decretou o arresto dos bens da auditoria e de todos os réus envolvidos no processo. Com a medida, o juiz Daniel Carnio Costa, que assinava a decisão, disse que a intenção era evitar o risco de que o patrimônio dos reús desaparecesse durante o curso da ação, prejudicando o ressarcimento do prejuízo, estimado em R$ 1,8 bilhão.
Isto representa uma visão nova: até então, as auditorias não eram responsáveis pelo que assinavam.
"Entendeu-se que a KPMG de alguma maneira tem responsabilidade e que, por ora, essa responsabilidade não é afastada. Eles vão ter o direito de se defender no processo", afirmou o promotor Marco Antonio Marcondes Pereira, autor da ação contra a KPMG.(...)
Em julho, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo decretou o arresto dos bens da auditoria e de todos os réus envolvidos no processo. Com a medida, o juiz Daniel Carnio Costa, que assinava a decisão, disse que a intenção era evitar o risco de que o patrimônio dos reús desaparecesse durante o curso da ação, prejudicando o ressarcimento do prejuízo, estimado em R$ 1,8 bilhão.
Isto representa uma visão nova: até então, as auditorias não eram responsáveis pelo que assinavam.
07 junho 2014
Fato da Semana
Fato da Semana: BVA.
Assunto antigo, mas esta semana novos fatos foram anunciados. A questão
salarial do presidente parece uma notícia de pouco valor. Mas a acusação que a KPMG omitiu fatos relevantes e mantinha uma relação promiscua com a instituição financeira é algo sério e
importante. O mais relevante é que a acusação partiu do Banco Central.
Qual a Relevância
disto? As empresas de auditoria
viveram um mundo ideal. Os erros cometidos não eram apurados ou quando eram resultaram
em nenhuma punição. Isto parece estar mudando em diversos países, inclusive no
Brasil. Para as empresas de auditoria é necessária uma adaptação. Para os
reguladores é hora de agir.
Positivo ou negativo? Irá
aperfeiçoar a qualidade das informações contábeis? Se sim, é positivo. Se
terminar em pizza, negativo.
Desdobramentos: Problemas
como este serão notícias nos próximos meses, já que diversos outros escândalos
financeiros ocorreram nos últimos anos. Como os processos demoram no Brasil,
aguardem mais notícias nos próximos dias.
Outros fatos: ao
contrário da semana anterior, esta semana foi “norma”.
05 junho 2014
Ainda sobre o BVA
Cinco meses antes da intervenção do Banco Central no banco BVA, o salário do então presidente da instituição, Ivo Lodo, aumentou de R$ 50 mil para R$ 1 milhão por mês. Isso aconteceu em maio de 2012. Em outubro, quando o BC entrou no BVA, encontrou um buraco de R$ 1,6 bilhão nas contas da instituição. Segundo relatório do BC, o aumento do salário fixo do executivo contrariou "frontalmente" a situação financeira da instituição, que era "bastante crítica".
Fonte: aqui
O executivo negou e afirmou que atendeu uma norma que obrigava as instituições financeiras a definir um teto salarial. E que durante o período que esteve na frente do banco, as retiradas foram em torno de 40 mil mensais.
Fonte: aqui
O executivo negou e afirmou que atendeu uma norma que obrigava as instituições financeiras a definir um teto salarial. E que durante o período que esteve na frente do banco, as retiradas foram em torno de 40 mil mensais.
02 junho 2014
KPMG e BVA
Os problemas do Banco BVA chegaram na sua auditoria. É o que aponta uma reportagem do Estado de S Paulo, de Josette Goulart:
O relatório da comissão de inquérito do Banco Central sobre o banco BVA acusa a KPMG Auditores de ter induzido depositantes, investidores e a autoridade monetária a erro. Isso porque a auditoria omitiu, segundo o BC, fatos relevantes de seus relatórios e ainda manteve por vários anos sua opinião de que as demonstrações financeiras traduziam a real situação financeira e econômica do banco, quando este já dava sinais de sérios problemas e indícios de irregularidades.
O banco teve sua liquidação decretada em meados do ano passado e deixou um passivo de R$ 6 bilhões. O relatório final do BC, revelado ontem pelo Estado, considerou que o prejuízo foi de R$ 1,6 bilhão, seguindo os cálculos feitos em fevereiro de 2013 pelo então interventor da instituição, Eduardo Félix Bianchini. O liquidante Valder Carvalho apontou em outubro do ano passado que R$ 4 bilhões do passivo não teriam como ser liquidados com os ativos encontrados. Mas estima que é possível recuperar até 40% desse valor por meio de cobrança judicial ou acordos.
Relação promíscua. O relatório aponta irregularidades, indícios de fraude, gestão fraudulenta e desvio de recursos no BVA. No capítulo que trata da responsabilidade da auditoria externa, a comissão de inquérito diz que pode ter contribuído para a conduta imprópria da KPMG "a relação promíscua constatada entre auditores e banco auditado", pelo fato de o BVA ter contratado um ex-auditor. O BVA contratou em abril de 2008 o ex-funcionário da KPMG, Edison Gandolfi, como superintendente de contabilidade. Ele chegou a diretor. O executivo havia deixado a KPMG meses antes. As regras para garantir uma auditoria independente, entretanto, preveem um período mínimo de dois anos para que um auditor possa ser contratado pela empresa auditada.
Mas o BC vai além: "Isso sem considerar a possibilidade da ocorrência de condutas criminosas a serem apuradas pelos órgãos competentes para a investigação criminal".
A KPMG não quis se manifestar, argumentando que não teve acesso ao relatório do BC. Segundo o documento, porém, um processo administrativo foi instaurado em outubro por causa da constatação de várias omissões da auditoria.
Segundo o BC, o BVA concedia empréstimos sem respeitar os princípios de seletividade, garantia e liquidez. Na inspeção realizada pelo órgão constatou-se a necessidade de provisionamentos para esses créditos de má qualidade, da ordem de R$ 890 milhões. Os auditores, segundo o BC, constataram essa deficiência de provisão mas se omitiram. Além disso, considerou que os auditores tinham indícios suficientes de existência de fraudes sobre pagamentos de serviços de empresas ligadas ao BVA sem que estes tivessem sido prestados e não comunicaram à autoridade monetária.
Comissões. Outro ponto levantado pelo BC foi a contabilização irregular de receitas de "comissão de estruturação". Os clientes pagavam um porcentual sobre o total do crédito que tomavam, em torno de 20%.
A cobrança era feita com base em uma suposta prestação de serviço para a venda de Cédulas de Crédito Bancário. Os auditores, segundo o BC, registraram a existência de comissões sem a emissão das cédulas, mas mesmo assim "emitiram opiniões inadequadas" sobre o procedimento, que é, segundo o BC, irregular.
A Comissão de Inquérito diz que as irregularidades da auditoria foram cometidas ao assegurar que as demonstrações de 30 de junho e 31 de dezembro de 2011 refletiam adequadamente a posição patrimonial e financeira do banco. Mas diz que desde 2007 o BVA vinha
tendo forte oscilação em seus resultados mensais, o que já deveria ter sido comentado pelos auditores.
O relatório da comissão de inquérito do Banco Central sobre o banco BVA acusa a KPMG Auditores de ter induzido depositantes, investidores e a autoridade monetária a erro. Isso porque a auditoria omitiu, segundo o BC, fatos relevantes de seus relatórios e ainda manteve por vários anos sua opinião de que as demonstrações financeiras traduziam a real situação financeira e econômica do banco, quando este já dava sinais de sérios problemas e indícios de irregularidades.
O banco teve sua liquidação decretada em meados do ano passado e deixou um passivo de R$ 6 bilhões. O relatório final do BC, revelado ontem pelo Estado, considerou que o prejuízo foi de R$ 1,6 bilhão, seguindo os cálculos feitos em fevereiro de 2013 pelo então interventor da instituição, Eduardo Félix Bianchini. O liquidante Valder Carvalho apontou em outubro do ano passado que R$ 4 bilhões do passivo não teriam como ser liquidados com os ativos encontrados. Mas estima que é possível recuperar até 40% desse valor por meio de cobrança judicial ou acordos.
Relação promíscua. O relatório aponta irregularidades, indícios de fraude, gestão fraudulenta e desvio de recursos no BVA. No capítulo que trata da responsabilidade da auditoria externa, a comissão de inquérito diz que pode ter contribuído para a conduta imprópria da KPMG "a relação promíscua constatada entre auditores e banco auditado", pelo fato de o BVA ter contratado um ex-auditor. O BVA contratou em abril de 2008 o ex-funcionário da KPMG, Edison Gandolfi, como superintendente de contabilidade. Ele chegou a diretor. O executivo havia deixado a KPMG meses antes. As regras para garantir uma auditoria independente, entretanto, preveem um período mínimo de dois anos para que um auditor possa ser contratado pela empresa auditada.
Mas o BC vai além: "Isso sem considerar a possibilidade da ocorrência de condutas criminosas a serem apuradas pelos órgãos competentes para a investigação criminal".
A KPMG não quis se manifestar, argumentando que não teve acesso ao relatório do BC. Segundo o documento, porém, um processo administrativo foi instaurado em outubro por causa da constatação de várias omissões da auditoria.
Segundo o BC, o BVA concedia empréstimos sem respeitar os princípios de seletividade, garantia e liquidez. Na inspeção realizada pelo órgão constatou-se a necessidade de provisionamentos para esses créditos de má qualidade, da ordem de R$ 890 milhões. Os auditores, segundo o BC, constataram essa deficiência de provisão mas se omitiram. Além disso, considerou que os auditores tinham indícios suficientes de existência de fraudes sobre pagamentos de serviços de empresas ligadas ao BVA sem que estes tivessem sido prestados e não comunicaram à autoridade monetária.
Comissões. Outro ponto levantado pelo BC foi a contabilização irregular de receitas de "comissão de estruturação". Os clientes pagavam um porcentual sobre o total do crédito que tomavam, em torno de 20%.
A cobrança era feita com base em uma suposta prestação de serviço para a venda de Cédulas de Crédito Bancário. Os auditores, segundo o BC, registraram a existência de comissões sem a emissão das cédulas, mas mesmo assim "emitiram opiniões inadequadas" sobre o procedimento, que é, segundo o BC, irregular.
A Comissão de Inquérito diz que as irregularidades da auditoria foram cometidas ao assegurar que as demonstrações de 30 de junho e 31 de dezembro de 2011 refletiam adequadamente a posição patrimonial e financeira do banco. Mas diz que desde 2007 o BVA vinha
tendo forte oscilação em seus resultados mensais, o que já deveria ter sido comentado pelos auditores.
29 maio 2014
A Contabilidade do BVA
Caro Leitor: a notícia a seguir, publicada no Estadão, parece irreal:
O Banco Central apurou indícios de crimes de fraudes contábeis, desvio de recursos, gestão temerária e elisão fiscal no banco BVA durante a gestão do presidente da instituição Ivo Lodo, entre os anos de 2007 e 2012. O Estado teve acesso ao relatório final de inquérito, entregue há um mês à Justiça, que aponta ainda conluio de gestores do fundo de pensão Petros em empréstimos irregulares.
As 8.322 páginas descrevem uma série de operações suspeitas, entre elas desvio de recursos do caixa da instituição. O BC não conseguiu apurar com precisão o que acontecia no caixa do BVA porque, entre outros problemas, não teve tempo hábil para questionar a transportadora de valores que prestava serviços ao banco. Mas relata que no dia da intervenção, 19 de outubro de 2012, o saldo do caixa era de R$ 4,8 bilhões, mas fisicamente só tinha R$ 1,8 bilhão.
Ou seja, o caixa não existia! Ele sumiu...
O desvio de recursos seria feito principalmente por meio de empresas terceirizadas que teriam recebido quase R$ 210 milhões por serviços. Para o BC, há indícios que os serviços não foram prestados. Cerca de 85% dos recursos eram pagos em espécie.
Pagamento em espécie é típico de quem deseja desviar recursos ou praticar outra ilegalidade.
O relatório diz que os responsáveis pelo banco teriam retirado da instituição entre os anos de 2009 e 2012 valores superiores a R$ 224 milhões "utilizando-se de diversos atos fraudulentos, componentes de uma fraude maior, objetivo último do esquema engendrado", diz o relatório. Os valores foram retirados de conta corrente das supostas prestadoras de serviços. "As transferências em dinheiro passavam por um complexo esquema de lançamentos, por meio de uma complexa estrutura contábil previamente inserida nos sistemas informatizados da instituição, violando regras básicas da contabilidade".
Fico imaginando o que seria "regras básicas da contabilidade". Será a ausência do método das partidas dobradas?
O BC entende que esta operação poderia ter dois efeitos: reduzir o lucro do banco e assim pagar menos impostos ou ainda formar "caixa dois" do banco e desviar recursos para a pessoa física dos controladores e de seus diretores. Em cinco anos, os executivos do banco receberam R$ 283 milhões em dividendos e bônus. Deste total, 79%, ou R$ 224 milhões, foram destinados para Ivo Lodo, segundo o BC. Lodo não quis comentar.
Caoa. O BC também vê indícios de crime na venda de bens pertencentes a Ivo Lodo, que já estavam indisponíveis, para o grupo Caoa, que era o maior investidor do banco com mais de R$ 1 bilhão na instituição. O grupo Caoa afirmou, entretanto, que não comprou nenhum bem. Eles foram oferecidos em garantia a um possível aporte de R$ 300 milhões que o grupo faria no banco já próximo à intervenção, mas o negócio nunca se concretizou. O grupo afirma que está tranquilo com qualquer investigação que seja feita em relação ao banco BVA.
Petros. O BC aponta ainda quatro gestores do fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás como autores de possíveis crimes de gestão fraudulenta em empréstimos de R$ 100 milhões para a empresa Providax, que foi criada para ser holding da Vidax, um call center em dificuldades financeiras. A Vidax chegou a pertencer a diretores do BVA.
Parece um esquema de outra instituição financeira que também teve problemas.
O Petros teria concedido diretamente crédito para a Providax, o que é vedado por lei. Mas o BC diz que o mais grave é o fato de ter apurado que não há evidências de que a dívida seria paga e os empréstimos foram concedidos sem análise da capacidade financeira da empresa. "As operações ocorreram em circunstâncias que caracterizam uma simulação", diz o relatório do BC. O Petros não quis comentar, com o argumento que não teve acesso ao documento do Banco Central.
Ufa. Será que alguém será preso?
O Banco Central apurou indícios de crimes de fraudes contábeis, desvio de recursos, gestão temerária e elisão fiscal no banco BVA durante a gestão do presidente da instituição Ivo Lodo, entre os anos de 2007 e 2012. O Estado teve acesso ao relatório final de inquérito, entregue há um mês à Justiça, que aponta ainda conluio de gestores do fundo de pensão Petros em empréstimos irregulares.
As 8.322 páginas descrevem uma série de operações suspeitas, entre elas desvio de recursos do caixa da instituição. O BC não conseguiu apurar com precisão o que acontecia no caixa do BVA porque, entre outros problemas, não teve tempo hábil para questionar a transportadora de valores que prestava serviços ao banco. Mas relata que no dia da intervenção, 19 de outubro de 2012, o saldo do caixa era de R$ 4,8 bilhões, mas fisicamente só tinha R$ 1,8 bilhão.
Ou seja, o caixa não existia! Ele sumiu...
O desvio de recursos seria feito principalmente por meio de empresas terceirizadas que teriam recebido quase R$ 210 milhões por serviços. Para o BC, há indícios que os serviços não foram prestados. Cerca de 85% dos recursos eram pagos em espécie.
Pagamento em espécie é típico de quem deseja desviar recursos ou praticar outra ilegalidade.
O relatório diz que os responsáveis pelo banco teriam retirado da instituição entre os anos de 2009 e 2012 valores superiores a R$ 224 milhões "utilizando-se de diversos atos fraudulentos, componentes de uma fraude maior, objetivo último do esquema engendrado", diz o relatório. Os valores foram retirados de conta corrente das supostas prestadoras de serviços. "As transferências em dinheiro passavam por um complexo esquema de lançamentos, por meio de uma complexa estrutura contábil previamente inserida nos sistemas informatizados da instituição, violando regras básicas da contabilidade".
Fico imaginando o que seria "regras básicas da contabilidade". Será a ausência do método das partidas dobradas?
O BC entende que esta operação poderia ter dois efeitos: reduzir o lucro do banco e assim pagar menos impostos ou ainda formar "caixa dois" do banco e desviar recursos para a pessoa física dos controladores e de seus diretores. Em cinco anos, os executivos do banco receberam R$ 283 milhões em dividendos e bônus. Deste total, 79%, ou R$ 224 milhões, foram destinados para Ivo Lodo, segundo o BC. Lodo não quis comentar.
Caoa. O BC também vê indícios de crime na venda de bens pertencentes a Ivo Lodo, que já estavam indisponíveis, para o grupo Caoa, que era o maior investidor do banco com mais de R$ 1 bilhão na instituição. O grupo Caoa afirmou, entretanto, que não comprou nenhum bem. Eles foram oferecidos em garantia a um possível aporte de R$ 300 milhões que o grupo faria no banco já próximo à intervenção, mas o negócio nunca se concretizou. O grupo afirma que está tranquilo com qualquer investigação que seja feita em relação ao banco BVA.
Petros. O BC aponta ainda quatro gestores do fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás como autores de possíveis crimes de gestão fraudulenta em empréstimos de R$ 100 milhões para a empresa Providax, que foi criada para ser holding da Vidax, um call center em dificuldades financeiras. A Vidax chegou a pertencer a diretores do BVA.
Parece um esquema de outra instituição financeira que também teve problemas.
O Petros teria concedido diretamente crédito para a Providax, o que é vedado por lei. Mas o BC diz que o mais grave é o fato de ter apurado que não há evidências de que a dívida seria paga e os empréstimos foram concedidos sem análise da capacidade financeira da empresa. "As operações ocorreram em circunstâncias que caracterizam uma simulação", diz o relatório do BC. O Petros não quis comentar, com o argumento que não teve acesso ao documento do Banco Central.
Ufa. Será que alguém será preso?
14 abril 2013
BVA
A reunião de cotistas de um fundo de investimentos que possui títulos do banco BVA, realizada nesta sexta em São Paulo, acabou sem acordo. O impasse levou o grupo Caoa, do empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, a desistir oficialmente de comprar a instituição. Com isso, cresceu a probabilidade de o BVA, que está sob intervenção do Banco Central (BC) desde 19 de outubro, ser liquidado.
O fundo em questão tem como cotistas quase 50 fundos de pensão distribuídos pelo País. Nesta sexta, representantes de 22 dessas entidades reuniram-se para analisar a proposta de Caoa.
A oferta era a mesma apresentada a outros investidores do BVA: pagamento à vista de 35% do valor aplicado no banco e a possibilidade de reaver mais 35%, conforme a recuperação dos créditos na carteira da instituição. A proposta nem sequer foi votada. Irritados, alguns representantes deixaram o encontro ameaçando processar o BVA.
Os controladores do banco trabalham agora para que a assembleia seja reaberta entre segunda e terça-feira, o que, em tese, pode permitir que o BVA seja salvo.Se a maioria dos cotistas aceitar as condições, Caoa pode retornar para o negócio.
O fundo em questão tem papel-chave na tentativa de uma solução para o banco. Em sua carteira está um CDB emitido pelo BVA com uma remuneração bem superior à média do mercado - cerca de 30% ao ano, segundo fontes ligadas ao Caoa.
Originalmente, esse papel valia perto de R$ 50 milhões, mas, com a remuneração já embutida, o valor subiria para cerca de R$ 300 milhões. Oliveira Andrade não aceita comprar o BVA com esse passivo na carteira.
Um consultor de Andrade que participa das negociações informou que, na segunda-feira, haverá uma reunião entre representantes do grupo e do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Segundo esse consultor, se o FGC conceder um empréstimo no valor equivalente ao do CDB, o negócio pode se tornar viável novamente. O Estado apurou, no entanto, que o FGC reluta em aceitar novas condições.
O prazo de seis meses da intervenção pelo BC expira quinta-feira, dia 18. Tecnicamente, existe a possibilidade de que seja renovado por mais 180 dias, mas diferentes fontes consideram a hipótese remota.
Oliveira Andrade surgiu como principal (e, posteriormente, único) interessado no BVA porque possui cerca de R$ 600 milhões aplicados no banco. Para não perder o dinheiro, resolveu tentar comprá-lo. Para que a proposta vingasse, estabeleceu que seria preciso a adesão de ao menos 90% dos credores. Até esta sexta, 70% haviam aceitado as condições - R$ 650 milhões num total de R$ 900 milhões.
A negativa dos cotistas do fundo, aliada à resistência de parte dos credores, levou o Caoa a desistir. Mas a novela ainda não terminou. Como lembra uma fonte, em meio a tantas condicionantes (reunião com o FGC e eventual continuidade da assembleia), a situação pode virar de uma hora para a outra.
Fonte: Aqui
O fundo em questão tem como cotistas quase 50 fundos de pensão distribuídos pelo País. Nesta sexta, representantes de 22 dessas entidades reuniram-se para analisar a proposta de Caoa.
A oferta era a mesma apresentada a outros investidores do BVA: pagamento à vista de 35% do valor aplicado no banco e a possibilidade de reaver mais 35%, conforme a recuperação dos créditos na carteira da instituição. A proposta nem sequer foi votada. Irritados, alguns representantes deixaram o encontro ameaçando processar o BVA.
Os controladores do banco trabalham agora para que a assembleia seja reaberta entre segunda e terça-feira, o que, em tese, pode permitir que o BVA seja salvo.Se a maioria dos cotistas aceitar as condições, Caoa pode retornar para o negócio.
O fundo em questão tem papel-chave na tentativa de uma solução para o banco. Em sua carteira está um CDB emitido pelo BVA com uma remuneração bem superior à média do mercado - cerca de 30% ao ano, segundo fontes ligadas ao Caoa.
Originalmente, esse papel valia perto de R$ 50 milhões, mas, com a remuneração já embutida, o valor subiria para cerca de R$ 300 milhões. Oliveira Andrade não aceita comprar o BVA com esse passivo na carteira.
Um consultor de Andrade que participa das negociações informou que, na segunda-feira, haverá uma reunião entre representantes do grupo e do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Segundo esse consultor, se o FGC conceder um empréstimo no valor equivalente ao do CDB, o negócio pode se tornar viável novamente. O Estado apurou, no entanto, que o FGC reluta em aceitar novas condições.
O prazo de seis meses da intervenção pelo BC expira quinta-feira, dia 18. Tecnicamente, existe a possibilidade de que seja renovado por mais 180 dias, mas diferentes fontes consideram a hipótese remota.
Oliveira Andrade surgiu como principal (e, posteriormente, único) interessado no BVA porque possui cerca de R$ 600 milhões aplicados no banco. Para não perder o dinheiro, resolveu tentar comprá-lo. Para que a proposta vingasse, estabeleceu que seria preciso a adesão de ao menos 90% dos credores. Até esta sexta, 70% haviam aceitado as condições - R$ 650 milhões num total de R$ 900 milhões.
A negativa dos cotistas do fundo, aliada à resistência de parte dos credores, levou o Caoa a desistir. Mas a novela ainda não terminou. Como lembra uma fonte, em meio a tantas condicionantes (reunião com o FGC e eventual continuidade da assembleia), a situação pode virar de uma hora para a outra.
Fonte: Aqui
10 abril 2013
BVA
A próxima sexta-feira é uma data vital para definir o destino do banco BVA, sob intervenção do Banco Central (BC) desde 19 de outubro. Nesse dia, credores de um fundo de investimentos que possui títulos emitidos pelo BVA reúnem-se para decidir se aceitam a proposta do controlador do Grupo Caoa, Carlos Alberto de Oliveira Andrade, pelas suas aplicações.
O Estado apurou que, se não aceitarem, o empresário desistirá do negócio. Nessa hipótese, o BVA deverá ser liquidado pelo BC, uma vez que o prazo de 180 dias da intervenção termina na próxima quinta-feira, dia 18.
O fundo em questão é administrado pela gestora carioca Drachma. Tem na carteira um CDB emitido pelo BVA que paga uma remuneração excepcional para os padrões atuais do mercado financeiro brasileiro: 33% ao ano.
O valor original do papel é de R$ 50 milhões, comprazo de vencimento de 10 anos. O investidor que firmou o negócio com o BVA revendeu o CDB para o fundo da Drachma. Esse fundo, por sua vez, tem como cotistas quase meia centena de fundos de pensão e outras entidades de previdência de estatais.
O grupo Caoa não quer comprar o BVA com esse passivo no balanço. Por isso, propôs aos detentores do papel o mesmo desconto que tem sido oferecido aos outros credores do BVA: 35% do valor à vista e a possibilidade de receber outros 35% dependendo do índice de recuperação dos créditos do BVA no mercado.
Quem tem, por exemplo, R$ 1 milhão, recebe à vista R$ 350 mil e ganha a possibilidade de receber outros R$ 350 mil.
O problema é que muitos dos investidores que estão no fundo Drachma têm se mostrado irredutíveis. Na conta deles, o CDB em questão não vale mais os R$ 50 milhões originais, mas mais de R$ 300 milhões - valor que embute a remuneração de acordo com o prazo acertado. É um procedimento conhecido como marcação a mercado.
"O que esses investidores não conseguem entender é que, hoje, eles não têm nem R$ 50 milhões e muito menos R$ 300 milhões. Possuem apenas R$ 70 mil, que é o valor coberto pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) caso o BVA seja mesmo liquidado", afirma uma fonte a par das negociações.
Na sexta-feira, representantes dessas fundações farão uma assembleia em São Paulo para decidir se aceitam ou não a proposta do grupo Caoa.
Se eles derem sinal verde para a oferta, o caminho estará aberto para que Oliveira Andrade faça uma proposta oficial pelo banco. Mas uma fonte lembra que, mesmo nessa hipótese, o negócio não estará garantido.
Faltará saber se a adesão total dos credores à proposta da Caoa alcançou o montante pretendido pelo empresário: 90%. Se as duas condições forem cumpridas, a proposta será feita. A decisão, então, caberá ao BC.
Destino do BVA pode ser definido esta semana - Leandro Modé - O Estado de S. Paulo - 09/04/2013
O Estado apurou que, se não aceitarem, o empresário desistirá do negócio. Nessa hipótese, o BVA deverá ser liquidado pelo BC, uma vez que o prazo de 180 dias da intervenção termina na próxima quinta-feira, dia 18.
O fundo em questão é administrado pela gestora carioca Drachma. Tem na carteira um CDB emitido pelo BVA que paga uma remuneração excepcional para os padrões atuais do mercado financeiro brasileiro: 33% ao ano.
O valor original do papel é de R$ 50 milhões, comprazo de vencimento de 10 anos. O investidor que firmou o negócio com o BVA revendeu o CDB para o fundo da Drachma. Esse fundo, por sua vez, tem como cotistas quase meia centena de fundos de pensão e outras entidades de previdência de estatais.
O grupo Caoa não quer comprar o BVA com esse passivo no balanço. Por isso, propôs aos detentores do papel o mesmo desconto que tem sido oferecido aos outros credores do BVA: 35% do valor à vista e a possibilidade de receber outros 35% dependendo do índice de recuperação dos créditos do BVA no mercado.
Quem tem, por exemplo, R$ 1 milhão, recebe à vista R$ 350 mil e ganha a possibilidade de receber outros R$ 350 mil.
O problema é que muitos dos investidores que estão no fundo Drachma têm se mostrado irredutíveis. Na conta deles, o CDB em questão não vale mais os R$ 50 milhões originais, mas mais de R$ 300 milhões - valor que embute a remuneração de acordo com o prazo acertado. É um procedimento conhecido como marcação a mercado.
"O que esses investidores não conseguem entender é que, hoje, eles não têm nem R$ 50 milhões e muito menos R$ 300 milhões. Possuem apenas R$ 70 mil, que é o valor coberto pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) caso o BVA seja mesmo liquidado", afirma uma fonte a par das negociações.
Na sexta-feira, representantes dessas fundações farão uma assembleia em São Paulo para decidir se aceitam ou não a proposta do grupo Caoa.
Se eles derem sinal verde para a oferta, o caminho estará aberto para que Oliveira Andrade faça uma proposta oficial pelo banco. Mas uma fonte lembra que, mesmo nessa hipótese, o negócio não estará garantido.
Faltará saber se a adesão total dos credores à proposta da Caoa alcançou o montante pretendido pelo empresário: 90%. Se as duas condições forem cumpridas, a proposta será feita. A decisão, então, caberá ao BC.
Destino do BVA pode ser definido esta semana - Leandro Modé - O Estado de S. Paulo - 09/04/2013
16 janeiro 2013
BVA
O trabalho de avaliação do banco BVA, que está sob intervenção do Banco Central (BC) desde 20 de outubro, terminou. A auditoria liderada pelo banco de investimentos BR Partners concluiu que o passivo a descoberto da instituição é de cerca de R$ 1,5 bilhão, conforme o "Estado" informou em dezembro. Com isso, o caminho está aberto para que eventuais interessados no BVA façam propostas de compra.
Segundo fontes que acompanhamo caso, ainda há possibilidade de o banco não ser liquidado. Se a hipótese se confirmar, será a primeira vez na história do sistema financeiro brasileiro que um banco privado sai de um regime de intervenção do BC. Nas outras ocasiões em que isso aconteceu, as instituições envolvidas eram públicas.
(...) O Estado apurou que, até agora, pelo menos três instituições teriam demonstrado interesse. O mais firme é Carlos Alberto de Oliveira Andrade, controlador do Grupo Caoa, que teria cerca de R$ 600 milhões retidos no BVA. A assessoria de Andrade confirma que o grupo está mesmo em negociações.
Ele já teria até feito uma proposta, mas antes de a avaliação do banco terminar. É provável que Andrade tenha de refazer a oferta, caso permaneça interessado após a apuração dos números pelo BR Partners. (...)
Auditoria termina e BVA pode receber propostas - 15 de Janeiro de 2013 - O Estado de São Paulo - Leandro Modé
Segundo fontes que acompanhamo caso, ainda há possibilidade de o banco não ser liquidado. Se a hipótese se confirmar, será a primeira vez na história do sistema financeiro brasileiro que um banco privado sai de um regime de intervenção do BC. Nas outras ocasiões em que isso aconteceu, as instituições envolvidas eram públicas.
(...) O Estado apurou que, até agora, pelo menos três instituições teriam demonstrado interesse. O mais firme é Carlos Alberto de Oliveira Andrade, controlador do Grupo Caoa, que teria cerca de R$ 600 milhões retidos no BVA. A assessoria de Andrade confirma que o grupo está mesmo em negociações.
Ele já teria até feito uma proposta, mas antes de a avaliação do banco terminar. É provável que Andrade tenha de refazer a oferta, caso permaneça interessado após a apuração dos números pelo BR Partners. (...)
Auditoria termina e BVA pode receber propostas - 15 de Janeiro de 2013 - O Estado de São Paulo - Leandro Modé
06 janeiro 2013
BVA
Ex-diretores do banco BVA podem ter tentado obter vantagem sobre a Legião da Boa Vontade (LBV) quando o banco entrou em regime de intervenção. Com o possível objetivo de garantir algum recurso depois de ficarem com os bens indisponíveis, empresas controladas por José Augusto Ferreira dos Santos — ex-presidente da instituição financeira —, e por José Roldão de Almeida Souza — ex-administrador —, fizeram cobranças irregulares à LBV. Além deles, a entidade também recebeu faturas do Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FDIC) Itália, criado pelo BVA, e do Citibank Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários.
A questão foi parar no Tribunal de Justiça de São Paulo e será analisada pelo interventor do banco, Eduardo Félix Bianchini. Em alguns dias ele deve enviar uma resposta à Justiça. No processo consta que a LBV firmou uma cédula de crédito bancário com o BVA de R$ 10 milhões, uma operação equivalente a fazer um empréstimo. Essa cédula seria transferida para o Fundo Itália, porém, pela descrição no processo aberto pela entidade, os gestores, custodiantes e administradores do Itália tentaram receber os valores. “Na hora que a gente foi pagar a dívida, apareceram vários credores. Eu não sei a quem devo pagar”, explicou o advogado da LBV Márcio Pollet. “Abrimos o processo para nos proteger”, disse.
Com o surgimento dos credores, a entidade decidiu abrir um processo citando todos os envolvidos para que a Justiça determine a quem deve ser paga a dívida. Enquanto não sai uma decisão, a LBV pediu permissão para fazer os pagamentos de maneira consignada, em uma conta da Justiça. Solicitou ainda que sejam suspensos os juros pelo atraso, já que não há credor certo e o dinheiro está guardado em uma conta judicial. Outras empresas e entidades fizeram pedido semelhante, de pagar os empréstimos em consignação, porém o processo da LBV está mais adiantado. No total, o BVA é citado em pouco mais de 240 processos no TJSP, nem todos referentes a intervenção e a operações de crédito. Com esses conflitos judiciais, a inadimplência da carteira de créditos a receber do fundo Itália chegou a 8%, pouco mais de R$ 34 milhões.
Segundo a assessoria de imprensa dos ex-administradores do BVA, não houve irregularidade. “A operação citada foi feita seguindo todos os parâmetros das leis e regras que regulam o setor. Foi registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão regulador do setor, e cumpre todas as normas estabelecidas pela autarquia”, informou em nota. O Banco Central, procurado pela reportagem, disse que não comentaria o caso. O BVA afirmou que depois da intervenção não possui mais assessoria de imprensa ou porta-voz.
Suspeita de golpe contra a LBV - 4 de Janeiro de 2013 - Correio Braziliense - VICTOR MARTINS
A questão foi parar no Tribunal de Justiça de São Paulo e será analisada pelo interventor do banco, Eduardo Félix Bianchini. Em alguns dias ele deve enviar uma resposta à Justiça. No processo consta que a LBV firmou uma cédula de crédito bancário com o BVA de R$ 10 milhões, uma operação equivalente a fazer um empréstimo. Essa cédula seria transferida para o Fundo Itália, porém, pela descrição no processo aberto pela entidade, os gestores, custodiantes e administradores do Itália tentaram receber os valores. “Na hora que a gente foi pagar a dívida, apareceram vários credores. Eu não sei a quem devo pagar”, explicou o advogado da LBV Márcio Pollet. “Abrimos o processo para nos proteger”, disse.
Com o surgimento dos credores, a entidade decidiu abrir um processo citando todos os envolvidos para que a Justiça determine a quem deve ser paga a dívida. Enquanto não sai uma decisão, a LBV pediu permissão para fazer os pagamentos de maneira consignada, em uma conta da Justiça. Solicitou ainda que sejam suspensos os juros pelo atraso, já que não há credor certo e o dinheiro está guardado em uma conta judicial. Outras empresas e entidades fizeram pedido semelhante, de pagar os empréstimos em consignação, porém o processo da LBV está mais adiantado. No total, o BVA é citado em pouco mais de 240 processos no TJSP, nem todos referentes a intervenção e a operações de crédito. Com esses conflitos judiciais, a inadimplência da carteira de créditos a receber do fundo Itália chegou a 8%, pouco mais de R$ 34 milhões.
Segundo a assessoria de imprensa dos ex-administradores do BVA, não houve irregularidade. “A operação citada foi feita seguindo todos os parâmetros das leis e regras que regulam o setor. Foi registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão regulador do setor, e cumpre todas as normas estabelecidas pela autarquia”, informou em nota. O Banco Central, procurado pela reportagem, disse que não comentaria o caso. O BVA afirmou que depois da intervenção não possui mais assessoria de imprensa ou porta-voz.
Suspeita de golpe contra a LBV - 4 de Janeiro de 2013 - Correio Braziliense - VICTOR MARTINS
19 dezembro 2012
BVA
O BVA, que está sob intervenção do Banco Central (BC) há quase dois meses, tem até agora um passivo a descoberto de aproximadamente R$ 1,5 bilhão [1]. O valor total pode ser maior ou menor, porque o processo de levantamento e análise dos números só deve terminar no fim desta semana. Segundo fontes que acompanham o caso, ainda há chance de o BVA não ser liquidado. A decisão final será do BC.
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que há dois trabalhos de avaliação correndo paralelamente. Um deles é o do BC, que definiu como interventor do banco o funcionário de carreira Eduardo Félix Bianchini. O outro processo está sendo comandado pelo banco de investimentos BR Partners, contratado pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
A estimativa de um passivo próximo de R$ 1,5 bilhão é do BC. Bianchini foi procurado pela reportagem, mas não se pronunciou. O trabalho do FGC ainda não terminou. A expectativa é de que os números das equipes lideradas pelo BR Partners sejam conhecidos até o fim desta semana.
Esses números são fundamentais para saber se o BVA terá ou não salvação. Uma proposta firme pelo banco só poderá ser feita - e avaliada pelo BC, que tem a palavra final no assunto - com os dados detalhados em mãos.
Diferentemente de outros bancos que quebraram no País nos últimos anos (notadamente Panamericano e Cruzeiro do Sul), no BVA, até agora, não foram encontradas fraudes. O passivo a descoberto é fruto, principalmente, de garantias de créditos concedidos pelo banco.
Segundo pessoas que conhecem a instituição, o BVA tinha como característica emprestar para empresas de médio porte e deixar a maior parte do débito para ser liquidada no final do contrato. Como contrapartida, exigia garantias, como imóveis.
Entre os ativos do banco constam pouco mais de R$ 300 milhões em imóveis executados por inadimplência. O problema é que, em muitos casos, a documentação do imóvel está incompleta. Não há, por exemplo, certidão de registro em cartório.
O mesmo ocorre com imóveis que são garantia de empréstimos que ainda estão na carteira. A legislação obriga o BC a fazer provisões para todos esses empréstimos com garantias duvidosas. Por isso, a conta do passivo total está perto de R$ 1,5 bilhão [1].
Se as garantias se revelarem reais, o buraco final será menor. De outro lado, a apuração dos números pelos técnicos poderá revelar passivos que até agora não apareceram e, consequentemente, inviabilizar o banco. (...)
BVA tem buraco de R$1,5 bi até o momento - LEANDRO MODÉ E DAVID FRIEDLANDER - Agencia Estado. Grifo nosso
Novamente a contabilidade aparece. Apesar de não ter fraude, o BVA tinha problemas contábeis.
[1] Uma confusão aqui. Passivo a descoberto é diferente de conta do passivo total.
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que há dois trabalhos de avaliação correndo paralelamente. Um deles é o do BC, que definiu como interventor do banco o funcionário de carreira Eduardo Félix Bianchini. O outro processo está sendo comandado pelo banco de investimentos BR Partners, contratado pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
A estimativa de um passivo próximo de R$ 1,5 bilhão é do BC. Bianchini foi procurado pela reportagem, mas não se pronunciou. O trabalho do FGC ainda não terminou. A expectativa é de que os números das equipes lideradas pelo BR Partners sejam conhecidos até o fim desta semana.
Esses números são fundamentais para saber se o BVA terá ou não salvação. Uma proposta firme pelo banco só poderá ser feita - e avaliada pelo BC, que tem a palavra final no assunto - com os dados detalhados em mãos.
Diferentemente de outros bancos que quebraram no País nos últimos anos (notadamente Panamericano e Cruzeiro do Sul), no BVA, até agora, não foram encontradas fraudes. O passivo a descoberto é fruto, principalmente, de garantias de créditos concedidos pelo banco.
Segundo pessoas que conhecem a instituição, o BVA tinha como característica emprestar para empresas de médio porte e deixar a maior parte do débito para ser liquidada no final do contrato. Como contrapartida, exigia garantias, como imóveis.
Entre os ativos do banco constam pouco mais de R$ 300 milhões em imóveis executados por inadimplência. O problema é que, em muitos casos, a documentação do imóvel está incompleta. Não há, por exemplo, certidão de registro em cartório.
O mesmo ocorre com imóveis que são garantia de empréstimos que ainda estão na carteira. A legislação obriga o BC a fazer provisões para todos esses empréstimos com garantias duvidosas. Por isso, a conta do passivo total está perto de R$ 1,5 bilhão [1].
Se as garantias se revelarem reais, o buraco final será menor. De outro lado, a apuração dos números pelos técnicos poderá revelar passivos que até agora não apareceram e, consequentemente, inviabilizar o banco. (...)
BVA tem buraco de R$1,5 bi até o momento - LEANDRO MODÉ E DAVID FRIEDLANDER - Agencia Estado. Grifo nosso
Novamente a contabilidade aparece. Apesar de não ter fraude, o BVA tinha problemas contábeis.
[1] Uma confusão aqui. Passivo a descoberto é diferente de conta do passivo total.
14 dezembro 2012
Conflito de interesses
O escândalo do Banco BVA revelou um caso interessante de conflito de interesses:
Sob intervenção do Banco Central desde o dia 19 de outubro, o Banco BVA mantém negócios em sociedade com Erivelto Rodrigues, presidente e sócio da Austin Rating, uma das agências que fazia a classificação de risco da instituição. A agência classificava o BVA como uma instituição de baixo risco até dois meses antes da intervenção no banco. A Austin também é responsável pela avaliação da Vitória Asset Management, gestora de um dos sócios da instituição, três fundos de recebíveis e pelo menos 18 cédulas de crédito bancário (CCB) com lastro em financiamentos do banco.
A Austin avaliava o BVA e as CCBs com coobrigação do banco com nota 'BBB+', o que significa um risco baixo pelos critérios da agência. Essa classificação era suficiente para os ativos da instituição se enquadrarem na política de investimentos dos fundos de pensão, que costumam exigir um rating mínimo 'BBB' para aplicar seus recursos.
A nota dada pela Austin deveria ser válida até março de 2013, de acordo com relatório divulgado em junho no qual decidiu manter a classificação. Mas no fim de agosto, com o atraso do banco na divulgação do balanço semestral e a necessidade de um aporte de capital, a agência decidiu rebaixar o rating em dois degraus, para 'BBB-'. Um mês depois, voltou a reduzir a nota em dois níveis, que caiu para 'BB'. No dia da intervenção, a Austin voltou a rebaixar a classificação para 'CC', que representa um risco "muito alto".
A Austin não foi a única agência a dar boas notas ao BVA. A LF Rating também mudou de opinião sobre a instituição em um período de pouco menos de dois meses. Entre agosto e a data da intervenção, a nota do banco caiu de 'A-' para 'D'.
Sócio da Austin Rating tem negócio com BVA - 13 de Dezembro de 2012 - Valor Econômico - Vinícius Pinheiro
Sob intervenção do Banco Central desde o dia 19 de outubro, o Banco BVA mantém negócios em sociedade com Erivelto Rodrigues, presidente e sócio da Austin Rating, uma das agências que fazia a classificação de risco da instituição. A agência classificava o BVA como uma instituição de baixo risco até dois meses antes da intervenção no banco. A Austin também é responsável pela avaliação da Vitória Asset Management, gestora de um dos sócios da instituição, três fundos de recebíveis e pelo menos 18 cédulas de crédito bancário (CCB) com lastro em financiamentos do banco.
A Austin avaliava o BVA e as CCBs com coobrigação do banco com nota 'BBB+', o que significa um risco baixo pelos critérios da agência. Essa classificação era suficiente para os ativos da instituição se enquadrarem na política de investimentos dos fundos de pensão, que costumam exigir um rating mínimo 'BBB' para aplicar seus recursos.
A nota dada pela Austin deveria ser válida até março de 2013, de acordo com relatório divulgado em junho no qual decidiu manter a classificação. Mas no fim de agosto, com o atraso do banco na divulgação do balanço semestral e a necessidade de um aporte de capital, a agência decidiu rebaixar o rating em dois degraus, para 'BBB-'. Um mês depois, voltou a reduzir a nota em dois níveis, que caiu para 'BB'. No dia da intervenção, a Austin voltou a rebaixar a classificação para 'CC', que representa um risco "muito alto".
A Austin não foi a única agência a dar boas notas ao BVA. A LF Rating também mudou de opinião sobre a instituição em um período de pouco menos de dois meses. Entre agosto e a data da intervenção, a nota do banco caiu de 'A-' para 'D'.
Sócio da Austin Rating tem negócio com BVA - 13 de Dezembro de 2012 - Valor Econômico - Vinícius Pinheiro
26 outubro 2012
Fundos de Estatais
Onde têm um grande escândalo contábil no Brasil tem um fundo de pensão de uma estatal envolvido, para azar dos seus funcionários. No caso do BVA isto parece que não foi exceção:
A Petros investiu R$ 51 milhões em cédulas de crédito bancário (CCB) emitidas pela V55 Empreendimentos, uma das empresas criadas pelos principais sócios do BVA - José Augusto Ferreira dos Santos e Benedito Ivo Lodo - para injetar recursos no banco. O saldo a ser pago dessa CCB, que vence em junho de 2013, é estimado em pouco mais de R$ 20 milhões. Com a intervenção no BVA, os bens dos acionistas, incluindo a V55, ficaram indisponíveis. (Petros financiou sócios do BVA, 25 de Outubro de 2012, Vinícius Pinheiro)
Talvez uma das razões seja a ganância:
O investimento nos papéis da V55 rendia para a Petros o equivalente à variação do IPCA mais 13% ao ano, bem acima da meta atuarial de 6% da fundação. A posição na V55 representava 5,5% do total de CCBs detidos diretamente pelo fundo de pensão.
Ou a falta de conhecimento de finanças, mais especificamente, diversificação.
A Petros investiu R$ 51 milhões em cédulas de crédito bancário (CCB) emitidas pela V55 Empreendimentos, uma das empresas criadas pelos principais sócios do BVA - José Augusto Ferreira dos Santos e Benedito Ivo Lodo - para injetar recursos no banco. O saldo a ser pago dessa CCB, que vence em junho de 2013, é estimado em pouco mais de R$ 20 milhões. Com a intervenção no BVA, os bens dos acionistas, incluindo a V55, ficaram indisponíveis. (Petros financiou sócios do BVA, 25 de Outubro de 2012, Vinícius Pinheiro)
Talvez uma das razões seja a ganância:
O investimento nos papéis da V55 rendia para a Petros o equivalente à variação do IPCA mais 13% ao ano, bem acima da meta atuarial de 6% da fundação. A posição na V55 representava 5,5% do total de CCBs detidos diretamente pelo fundo de pensão.
Ou a falta de conhecimento de finanças, mais especificamente, diversificação.
22 outubro 2012
BVA
Uma das irregularidades mais frequentes cometidas pelo Banco BVA era registrar em seus balanços que havia concedido empréstimos a empresas, mas, efetivamente, os recursos não eram liberados. Fiscais do Banco Central investigam, por exemplo, denúncias de uma construtora que opera no Distrito Federal. O BVA alega ter repassado à empreiteira R$ 49 milhões, financiamento garantido em empreendimentos e terrenos da empresa. Mas nenhum centavo chegou ao caixa da construtora que, apenas em setembro último, fez 69 denúncias ao BC. No entanto, somente 17 queixas aparecem nos registros públicos da autoridade monetária e nem todas são da companhia.
Fonte: Aqui
Isto de certa forma contradiz a postagem anterior, onde se comentava que nenhuma irregularidade contábil tinha sido encontrada.
Fonte: Aqui
Isto de certa forma contradiz a postagem anterior, onde se comentava que nenhuma irregularidade contábil tinha sido encontrada.
14 outubro 2012
BVA
O banco BVA, que está sob pressão por não ter apresentado nenhum balanço auditado em 2012 e não ter efetivado a capitalização de R$ 300 milhões prometida para setembro, estuda tirar da presidência executiva Ivo Lodo, que também é sócio da instituição. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o acionista majoritário do BVA, José Augusto Ferreira dos Santos, avalia que a divulgação dos números oficiais do ano e a capitalização seriam insuficientes para acalmar o mercado financeiro. Por isso, defende que um novo executivo assuma a instituição. (...)
Em um ambiente marcado por desconfiança em relação aos bancos de pequeno e médio porte, o BVA entrou na mira dos investidores pelo atraso na divulgação dos balanços auditados. Assim como ocorreu com outras instituições financeiras, o BVA sofreu uma inspeção do Banco Central (BC) este ano. Após analisar os dados da instituição, a autoridade pediu cerca de R$ 150 milhões em provisões adicionais para créditos duvidosos, o que fez o BVA apurar prejuízo de aproximadamente R$ 100 milhões no primeiro semestre.
Como o prejuízo reduz automaticamente o patrimônio líquido, o BVA começou a trabalhar em uma capitalização. Lodo chegou a anunciar ao Estado que a instituição receberia R$ 300 milhões até o fim de setembro. Além disso, um plano de reorganização societária foi rejeitado pelo BC. O plano previa, entre outras coisas, a saída de Santos do bloco de controle.
Para piorar, duas agências de classificação de risco, a americana Moody's e a brasileira Austin Rating, reduziram a nota de crédito do BVA no fim de setembro. Pela Moody's, o BVA tem nota "E" - é um dos últimos degraus da escala da agência. Ontem, a Austin cortou a nota de três fundos de investimento em direitos creditórios (FDICs) do BVA por causa da piora da qualidade de crédito das carteiras. (...)
Fonte: Estado de S Paulo
Em um ambiente marcado por desconfiança em relação aos bancos de pequeno e médio porte, o BVA entrou na mira dos investidores pelo atraso na divulgação dos balanços auditados. Assim como ocorreu com outras instituições financeiras, o BVA sofreu uma inspeção do Banco Central (BC) este ano. Após analisar os dados da instituição, a autoridade pediu cerca de R$ 150 milhões em provisões adicionais para créditos duvidosos, o que fez o BVA apurar prejuízo de aproximadamente R$ 100 milhões no primeiro semestre.
Como o prejuízo reduz automaticamente o patrimônio líquido, o BVA começou a trabalhar em uma capitalização. Lodo chegou a anunciar ao Estado que a instituição receberia R$ 300 milhões até o fim de setembro. Além disso, um plano de reorganização societária foi rejeitado pelo BC. O plano previa, entre outras coisas, a saída de Santos do bloco de controle.
Para piorar, duas agências de classificação de risco, a americana Moody's e a brasileira Austin Rating, reduziram a nota de crédito do BVA no fim de setembro. Pela Moody's, o BVA tem nota "E" - é um dos últimos degraus da escala da agência. Ontem, a Austin cortou a nota de três fundos de investimento em direitos creditórios (FDICs) do BVA por causa da piora da qualidade de crédito das carteiras. (...)
Fonte: Estado de S Paulo
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