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Mostrando postagens com marcador Autonomy. Mostrar todas as postagens
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17 março 2024

Revisitando o desastroso acordo da HP

Nas últimas três décadas, a Hewlett-Packard realizou alguns dos acordos mais desastrosos do Vale do Silício. Um deles — a aquisição da Autonomy por 11 bilhões de dólares em 2011 — será foco na segunda-feira, dia 18 de março, quando o julgamento por fraude criminal de Mike Lynch, fundador da empresa britânica de software, está previsto para começar.


A HP declarou que registrou uma baixa contábil no acordo de 8,8 bilhões de dólares devido a fraude. Mas, como escreve Michael de la Merced do DealBook, a defesa de Lynch dependerá de reverter a sabedoria comum de que a Autonomy enganou a HP.

Muitos se lembram da Autonomy como um capítulo embaraçoso para a HP. O acordo foi orquestrado por Léo Apotheker, que como CEO da HP buscou transformá-la em uma empresa de software de ponta. Um ponto chave desse plano era comprar a Autonomy, que se concentrava em análise de dados.

Mas Wall Street se revoltou logo após o anúncio do acordo, e um mês depois Apotheker foi demitido. (James Stewart do The New York Times uma vez o chamou de um candidato ao pior CEO de tecnologia da história.) Lynch foi demitido em maio de 2012. Em novembro daquele ano, a HP registrou uma despesa contábil de 8,8 bilhões de dólares relacionada à Autonomy, citando "impropriedades contábeis" como a retrodatação de contratos e a caracterização inadequada de vendas de hardware para inflar receita.

Lynch buscou oferecer uma narrativa alternativa. Ele culpou executivos seniores que entraram em conflito com ele — incluindo Meg Whitman, que substituiu Apotheker como CEO da HP — pela desintegração da Autonomy. Seus advogados argumentaram que executivos da HP, por exemplo, sabiam sobre as vendas de hardware e não as haviam levantado como um problema.

Eles apontaram para emails internos mostrando cálculos variáveis do valor da Autonomy, que em um momento avaliaram seu valor em mais de 11 bilhões de dólares.

O acordo com a Autonomy teve consequências duradouras. Foi um grande golpe para a HP, que desde então foi ofuscada por empresas como Alphabet e Meta.

E Lynch, uma vez referido como o Bill Gates da Grã-Bretanha, foi repetidamente derrotado em batalhas judiciais ao longo dos anos. Caso ele perca o julgamento criminal nos EUA, ele enfrenta até 20 anos de prisão.

Se o leitor pesquisar poderá encontrar um grande número de postagens do blog sobre o assunto. Muitos anos depois, a impressão que ficou é que nenhum dos dois lados é santo: se Lynch enganou a HP, os executivos não foram céticos o suficiente (para não dizer que foram estúpidos). (Imagem gerada pelo ChatGPT a partir do texto acima)

19 maio 2023

Extradição coloca mais um capítulo da venda da Autonomy para HP


 

Mike Lynch, fundador e ex-dirigente da empresa Autonomy, foi extraditado para os Estados Unidos. Lynch é acusado de fraude e manipulação da contabilidade da empresa, especialmente quando da venda da Autonomy para a Hewlett-Packard (HP) em 2011.

As autoridades americanas alegam que Lynch e outros executivos da Autonomy inflaram artificialmente o valor da empresa, enganando a HP durante o processo de aquisição. A HP posteriormente alegou ter sofrido uma perda significativa devido às informações financeiras fraudulentas fornecidas pela Autonomy.

A batalha legal em torno do caso durou vários anos, com Lynch lutando contra a extradição para os Estados Unidos. No entanto, a Suprema Corte do Reino Unido decidiu a favor da extradição em abril de 2021.

Lynch enfrentará acusações de fraude eletrônica e conspiração nos tribunais dos Estados Unidos. Se condenado, ele pode enfrentar uma sentença de prisão significativa.

22 fevereiro 2022

Auditoria e interesses


Francine McKenna tem uma visão crítica das empresas de auditoria. Recentemente ela expressou esta visão comentando que estas empresas deveriam focar na auditoria e seu interesse em questões "modernas" é para otimizar o valor recebido:

That includes employing slick language about “trust” to suggest their interest in quote-unquote “auditing” ESG disclosures, non-GAAP numbers, cybersecurity, or even stablecoin reserves is about enhancing statutory financial audits.

It is not. It's a play to sell more consulting services.

Audit firms claim they can wall off conflicts when providing tax, consulting and other advisory services — whether to audit clients or non-audit clients. But they are pulling your leg. Instead, the consulting push repeatedly compromises the independence and integrity of their audits, destroys professional skepticism, and poisons the professionalism of their entire firms.

A seguir ela escreve sobre a Theranos, Autonomy e Carillion. O texto abaixo:

Theranos

When you're pre-IPO for 15 years and don't have an approved, commercial product, you're in the business of raising money from investors.

What is the auditors' duty in this case?

To protect investors, and the public markets from the company!

I wrote in March of 2018 that ultra-wealthy investors in private company Theranos had abandoned basic due diligence and never requested audited financial statements before handing over hundreds of millions. If the investors who gave Elizabeth Holmes money 2008 had asked for audited financial statements — and we confirmed during Holmes’ recent trial that they had not — those investors would have been disappointed. There were reportedly, none to be had except in its earliest years. EY did give opinions on Theranos’ 2006, 2007 and 2008 financial statements. But then, for some reason, Holmes dumped EY and hired KPMG.

And we also found out during Holmes’ trial that KPMG planned to audit Theranos’ 2009 and 2010 financials and produce one report to cover the two years. However, KPMG disagreed with Holmes about the valuation of stock options and believed Theranos was understating its stock option compensation expense. So KPMG changed its mind about being an auditor and, instead, hung around until 2015 to help lend “credibility” to financial information that was provided to Theranos investors.

That makes two global audit firms hired to provide audit services to Theranos that gave no warning to investors or regulators of the lengths Holmes was going to grow Theranos and misrepresent its success to investors and the media.

Finally, a third firm, PwC, had no interest in providing audit services but was very interested in lucrative advisory work for the law firm defending Theranos against regulatory investigations from September 2016 to the spring of 2019. Theranos had no permanent CFO or external auditor but PwC was comfortable putting up to 40 PwC employees on site to spend more than 10,000 hours to collect text and email messages between Holmes and "Sunny" Balwani, the Theranos COO and Holmes's former boyfriend. PwC was also paid to wind down the company’s operations starting in late 2018.

HP-Autonomy

There was a really great article by the Economist’s Lane Green nearly 10 years ago called Shape shifters.

Green noted the phenomenal growth of Deloitte’s consulting and financial advisory business that year and wondered if Deloitte was “shape-shifting” into a firm with a business model that’s inconsistent with its government-sponsored mandates all over the world to do audits, mandates that create a virtual cash machine for auditors because they limit competition in exchange for focus and devotion to delivering public company audits that protect investors and markets.

Green asked Deloitte global CEO Barry Salzberg, “Do people perceive Deloitte as a consulting firm with an audit business rather than the other way round?”

Salzberg told Green: “We’re not going to take our eye off our professional responsibility with respect to either.”

Hardware firm HP announced it had acquired enterprise software firm Autonomy on October 3, 2011. HP had hired KPMG as a consultant to review Deloitte’s audits of Autonomy’s as part of its acquisition due diligence effort.

EY, HP’s external auditor, signed off on its audit opinion of HP’s full year results as of October 31, 2011 a couple of months later, on December 14.

But by early 2012 a whistleblower, a former Autonomy executive, had warned HP of the possibility it had overpaid for a fraud. HP began an investigation of the allegations in April 2012 and chose another Big 4 firm, PwC, as its independent forensic consultant to investigate the whistleblower’s claims.

HP had put PwC in a difficult spot. PwC Global Chairman Dennis Nally had told the Financial Times just the year before, in June 2011, that he did not believe it was the auditors' job to find fraud. How could PwC say that Deloitte, or KPMG, should have caught the Autonomy fraud if that’s what it found?

If I took a poll of the average investor or public company executive and asked them which Big 4 firm audited the major banks or firms accused of securities fraud in recent years — GE, Colonial Bank, Tesla, Parmalat, Satyam, Lehman Brothers, JP Morgan — I doubt they could give me the name. It’s just a big blur for most when it comes to the auditor.

That’s why a reputational hit to one member of the oligopoly of global audit firms is a reputational hit to the whole lot of them. If PwC found professional malpractice by Deloitte or KPMG, all the largest audit firms would suffer the impact of a negative view of audit and auditors, in general, and suffer from the precedent of any fines, sanctions, or legal settlements against Deloitte or KPMG.

HP’s disclosure of the investigation and a multi-billion dollar material overstatement of goodwill and intangible assets came more than a year after its acquisition of Autonomy.

On November 20, 2012, HP said it was taking a non-cash impairment charge of $8.8 billion related to Autonomy in the fourth quarter of its 2012 fiscal year.

Should EY, HP’s auditor, have more closely scrutinized the values assigned to the assets and liabilities purchased from Autonomy that HP put on its 2011 books or on any of the 2012 quarterly statements? EY is required to review HP’s quarterly financial statements and provide a type of negative assurance that, based on their review, they are not aware of any material modifications that should be made to the statements for them to be in conformity with GAAP.

In September 2020 the UK regulator, the FRC, ordered Deloitte UK to pay a record fine for its Autonomy audit of £15 million plus the investigation legal costs of £5.6m.

The Deloitte Autonomy lead partner was banned from the accounting profession for five years and fined £500,000. Another Deloitte partner was fined £250,000 and “severely reprimanded”. They both had already “early retired” from the firm. Those fines are quite a bit larger than the ones the SEC imposed in 2019 on PwC — $8 million — and on its partner — $25 thousand— for auditor independence issues in 15 clients.

I reported at the time that Deloitte US and other Deloitte member firms played all possible angles with Autonomy – as its auditor in the UK and San Jose, CA, as a customer, as a vendor, and as an alliance partner for Autonomy software implementations. HP’s auditor Ernst & Young had also been a customer of Autonomy.

Sources had told me of at least two large client engagements where Autonomy and Deloitte Consulting worked together at the same time Deloitte UK was auditing the company. Deloitte was a “Platinum” strategic alliance technology implementation partner for HP, too.

Autonomy was a British company that listed on Nasdaq in 2000 but apparently followed the more lax British honor code, versus the Sarbanes-Oxley rules, when choosing which services besides the audit to buy from auditor Deloitte UK and Deloitte US.

The UK media didn’t miss a beat in reporting on Enron-style conflicts when the fraud allegations surfaced in 2012. Deloitte had been selling Autonomy nearly as much in consulting services such as tax compliance and due diligence for acquisitions — £4.44 million in non-audit fees over the prior four years — as they were charging for the audits — £5.422 million. The implication is that Deloitte’s independence may have been compromised.

EY continues to be HP’s auditor today. Why would either firm give up such a mutually beneficial relationship?

In September of 2012, EY went to Washington DC to explain how it helped its audit client HP develop and implement a strategy to move profits offshore to avoid U.S. taxes. That Congressional testimony was given smack in the middle of HP’s Autonomy investigation, while EY likely knew PwC would find a significant overstatement of the Autonomy acquisition goodwill and that the writedown would have to be announced in less than two months. The EY tax partner for audit client HP testified in defense of HP’s tax avoidance strategy and then charged HP $2 million dollars for the trip, according to HP's 2013 proxy.

Despite numerous reports of HP and whistleblowers reporting the findings of fraud and lack of action by auditors and advisors to the SEC, neither the SEC nor the PCAOB ever insisted on a restatement by HP and never charged Deloitte or individual partners at Deloitte US, EY or KPMG with anything.

Carillion

Finally, we have UK company Carillion, a multinational construction and facilities management services company that in January 2018 became the was the largest ever liquidation in the UK. Carillion continues to be a painful portion of the KPMG UK’s “partner matters” litigation portfolio.

On February 3, 2022, the Financial Times reported that KPMG UK had been sued for £1.3 billion by the liquidators of PwC UK was appointed by the UK High Court as Special Managers for the Official Receiver of Carillion.

Deloitte and KPMG, were ruled out of the liquidation role because they were already Carillion’s internal and external auditors, respectively. EY had advised Carillion on restructuring options before its collapse.

Responses to questions posed to the firms about their Carillion work from two parliamentary Committees revealed they collected nearly £72m for work linked to Carillion in the 10 years leading up to its collapse.

Expressions like “feasting on what was soon to become a carcass” were used by MPs to describe a picture of the Big 4 thriving while exploiting its vulnerabilities as Carillion began to rot.

However, PwC had conflicts at the time of its appointment in 2018, according to the FT. Carillion’s pension trustees had engaged PwC in 2017 to advise as financial difficulties increased. The contract was ongoing since PwC would be one of Carillion’s creditors that PwC, as an agent for the receiver, is supposed to treat impartially. The Insolvency Committee claims that PwC put up “ethical walls” to prevent conflicts between all of its activities for Carillion and its creditors.

The liquidators, with PwC’s help, are now suing KPMG UK saying the firm auditor missed “red flags” that Carillion’s accounts were misstated because it was apparently insolvent for more than two years before it collapsed. Carillion had liabilities of £7 billion and just £29 million in cash when it went into liquidation.

The FT quoted one MP saying he would not hire KPMG to audit “the contents of my fridge” and posited that it was KPMG’s Carillion failure that prompted the UK’s latest round of calls for substantial reforms to UK audit and corporate governance rules.

KPMG has been investigated by the UK FRC, which is comparable to an SEC/PCAOB combined in terms of its authority over the audit firms. KPMG has voluntarily ceased bidding for UK government contracts after scandals.

Now the FRC says KPMG auditors misled regulators during inspections of their work on the Carillion audit and it threatens to “further damage the reputation of KPMG,” as if it could get any worse. Another scandal related to KPMG’s restructuring advisory activities for bedmaker Silentnight resulted in a £13 million fine in August 2021. KPMG has since sold the restructuring unit.

One good thing is KPMG’s UK chief executive Jon Holt acknowledged that it was “clear . . . misconduct has occurred [by KPMG regarding the Carillion inspections] and that our regulator was misled”.

However, Holt and his Big 4 UK colleagues are crying in their tea towels about their damaged reputations all the way to the bank.

KPMG’s UK partners took home an average of $934k last year in a booming deals market. It was the biggest payday for KPMG partners since 2014. And it is even better at the other UK Big 4 firms Deloitte partners received an average of $1.2 million last year plus an extra $267k from the sale of its restructuring division. EY and PwC partners took home a record average of $1.02 and $1.2 million, respectively.

Foto: NeoOnBRAND

31 janeiro 2022

Mais um capítulo na fraude HP Autonomy


A distância temporal entre as notícias de um escândalo contábil e o seu término parece muito longa. Na última semana, um destes casos ter mais um capítulo adicionado: o caso HP Autonomy. 

Recapitulando em poucas palavras: a empresa HP resolveu adquirir a empresa de software Autonomy diante dos números que foram apresentados. Após o processo, a HP descobriu que muitos valores eram manipulados. A HP entrou na justiça, processando o empresário Mike Lynch (foto). Isto ocorreu em 2011. 

As notícias de agora dizem respeito ao processo de fraude que a HP moveu contra Lynch. O empresário perdeu a ação, segundo o julgamento de um Tribunal britânico. A HP queria um valor de 5 bilhões de dólares por danos, mas obteve um valor menor. Em 2011, Lynch ganhou 800 milhões pela venda e alegava que a HP geriu de maneira inadequada a Autonomy. Mas a justiça entendeu que realmente ocorreu manipulação nos números passados da receita da empresa, incluíndo resultado negativo na venda de software.

17 setembro 2020

Deloitte punida na Inglaterra


Uma notícia da Inglaterra: 

A Deloitte foi punida com uma multa recorde pelas “sérias e repetidas falhas” na auditoria à empresa de software Autonomy, reporta a Reuters. A multa de 15 milhões de libras (16,4 milhões de euros) foi decretada esta quinta-feira pelo Conselho de Reporte Financeiro do Reino Unido. 

Em causa estavam as demonstrações financeiras da Autonomy em 2009 e 2010, antes de ser comprada pela Hewlett Packard (HP) em 2011. Depois desta aquisição, que se fez por 11 mil milhões de dólares (9,3 mil milhões de euros), a HP viria a reduzir o valor da empresa em três quartos, alegando ter sido defraudada nas finanças da Autonomy. 

O regulador britânico veio agora dar razão à queixa da HP, tendo também sancionados dois dos sócios da Deloitte envolvidos na auditoria. A empresa e os colaboradores defendem-se dizendo que as suas práticas “evoluíram significativamente desde que esta auditoria foi realizada há mais de uma década”, cita a Reuters. A decisão surge depois de um demorado processo, incluindo um recurso posto pela consultora para os tribunais em julho.

14 maio 2019

Prisão para ex-executivo da Autonomy

Em 2011, a empresa Hewlett Packard comprou a Autonomy por 42 dólares a ação. A transação foi aprovada, o que totalizava um valor de 10 bilhões de dólares. Logo depois, em 2012, a HP faz uma grande baixa contábil, de 8 bilhões, em razão “ligada a sérias inexatidões contábeis, falhas na publicação de dados e distorções completas”.

Alguns anos depois, o ex-chefe financeiro da empresa foi condenado a cinco anos de prisão, por fraude, em razão da venda da empresa. Sushovan Hussain (foto) também foi multado em 4 milhões, mais um adicional de 6 milhões. O juri considerou que Hussain fez declarações falsas a investidores, antes da aquisição.

03 dezembro 2012

HP

Os números referentes a aquisição da empresa Autonomy por parte da HP e a recente baixa contábil contam uma história interessante.

Quando a HP comprou a Autonomy, o valor de mercado da empresa era de 5,9 bilhões. A HP pagou 11 bilhões de dólares, um adicional de 5,1 bilhões. O valor contábil da empresa era de 2,1, indicando que o prêmio sobre o valor contábil pago pela HP foi de 8,9 bilhões. Logo após a aquisição, a HP perdeu 15 bilhões de dólares de valor de mercado. É bem verdade que parte da redução do valor de mercado deve-se a outros fatores, mas provavelmente a aquisição talvez tenha influenciado na penalização do mercado.

Na baixa contábil realizada recentemente o valor foi de 8,8 bilhões, sendo cinco bilhões referentes à perda de valor do negócio, em razão de “problemas contábeis”. Observe que este valor é muito próximo ao ágio pago pela HP em relação ao valor de mercado da empresa.

Coincidência?

30 novembro 2012

HP

Um texto de Floyd Norris, do The New York Times (A Clash Of Auditors In H.P. Deal And Loss, 29 de nov de 2012) discute o papel dos auditores no problema da HP.

Norris lembra que as big four estão, de uma forma ou de outra, envolvidas na questão:

1) a Autonomy, empresa britânica que foi adquirida pela HP e motivou a baixa contábil de 8 bilhões de dólares, era auditada pela Deloitte inglesa.
2) a HP é auditada pela Ernst & Young, que no passado deu parecer nos investimentos feitos na empresa britânica.
3) a HP contratou a KPMG para realizar a due diligence no processo de aquisição da Autonomy e que não apontou nenhum problema na contabilidade. (Mas aparentemente a empresa KPMG nega este papel)
4) com a denúncia de problemas na Autonomy, a PwC foi contratada para fazer uma investigação, que resultou na baixa contábil.

Além disto, algumas das empresas prestaram também serviço de consultoria. A empresa inglesa pagou para Deloitte serviço de consultoria.

Um complicador, segundo Norris, é que as normas contábeis dos Estados Unidos são mais específicas quanto a contabilização de receita, enquanto as IFRS são mais gerais. Isto tem relação com a tentativa de convergência das normas sobre reconhecimento de receitas, que ainda não está pronta.

Observando o comportamento das grandes empresas de auditoria fica claro que somente a PwC deve se salvar da confusão.

28 novembro 2012

Ainda HP

A HP anunciou uma grande baixa contábil em razão de problemas descobertos numa empresa recentemente adquirida. Consideramos, aqui neste blog, como o fato da semana.

O antigo controlador da Autonomy, a empresa adquirida, questionou, numa carta aberta para a HP, as acusações. Ele insiste que está sendo acusado injustamente e quer evidências dos problemas contábeis na sua ex-empresa. A HP respondeu indicando que não irá trazer este assunto a público, deixando por conta dos reguladores ingleses a investigação. A resposta da HP também foi pública.

Cresce a impressão de que a HP precisa, urgentemente, de um novo conselho de administração. Além disto, ficamos sabendo hoje que o contador da HP vendeu suas ações da empresa após a aquisição da Autonomy e antes que os problemas fossem de conhecimento público. E que a Autonomy pagou 2,7 milhões para Deloitte em 2010, sendo 1,5 milhão para auditoria.

23 novembro 2012

Mais sobre a Hewlett-Packard

- Segundo o Livermint, o autor da denúncia sobre as irregularidades na Autonomy poderá receber uma recompensa de 10% a 30% dos valores recolhidos pela SEC e outros reguladores norte-americanos. (Lembram-se da nossa postagem intitulada "Delator"?). São exigidos pré-requisitos, mas acredita-se que todos foram cumpridos: a sanção deve ser superior a um milhão de dólares; as informações devem ser originais, cedidas voluntariamente e previamente apresentadas às autoridades da própria Autonomy. O denunciante só receberá o dinheiro quando o governo norte-americano receber, obviamente.

- A Reuters destacou que o FBI está investigando o caso, mas nem a agência tampouco a HP se pronunciou sobre o assunto.

- Oracle chegou a analisar a Autonomy, mas não se interessou.

21 novembro 2012

Fraude contábil na HP

A empresa HP anunciou um prejuízo líquido de 12,7 bilhões de dólares. Em termos comparativos, no mesmo período do ano anterior a empresa teve um lucro de US$ 7,1 bilhões.

A razão do resultado está em baixas contábeis de 8,8 bilhões de dólares referentes a uma aquisição realizada em 2011 de uma empresa de software britânica chamada Autonomy. Segundo a HP a baixa estaria "ligada a sérias inexatidões contábeis, falhas na publicação de dados e distorções completas" que ocorreram na Autonomy antes da aquisição pela HP.

Durante a divulgação do resultado, a CEO da HP foi questionada sobre a responsabilidade. Meg Whitman afirmou que o conselho da empresa utilizou os dados auditados pela Deloitte, “não uma marca X de empresa contábil, mas a Deloitte”, que durante o processo de aquisição contratou a KPMG e ambas auditorias não viram os problemas recentemente revelados.

A resposta da executiva da HP não explica, no entanto, a razão da HP ter pago 11 bilhões de dólares pela Autonomy.

A HP teve recentemente uma troca no seu comando, quando em setembro Meg Whitman assumiu seu cargo após a demissão do executivo anterior, e está em processo de reestruturação, que inclui a demissão de 27 mil funcionários no mundo.

A compra da Autonomy ocorreu em 2011, quando a HP pagou 11 bilhões pela empresa de software com sede em Cambridge. A HP registrou 6,6 bilhões de goodwill e 4,6 de outros intangíveis, que foram os ativos baixados, parcialmente, nesta semana. Na época da compra, a CFO da HP, Cathie Lesjak, alertou o então CEO, Leo Apotheker, que o preço era muito alto. Seu apelo não foi considerado e o conselho da empresa, do qual fazia parte a atual CEO, Whitman, aprovou a operação.

A HP aparentemente descobriu que a Autonomy inflava números contábeis. Uma das fraudes era vender produtos com baixa margem e registrar para do custo como sendo despesa de marketing e não custo do produto vendido.

A descoberta do problema ocorreu somente em maio deste ano, quando o fundador da Autonomy, Mike Lynch, deixou a empresa - mas, rejeita as alegações de fraude. E acrescenta que estaria chocado
com as acusações. Relembra, ainda, que a empresa possui há dez anos ações negociadas na bolsa e que durante este tempo a Deloitte auditou a empresa. Para Lynch pode ser coincidência  que os problemas tenham sido anunciados junto com o pior resultado dos setenta anos de vida da HP.

O parecer da Deloitte foi limpo, indicando que as demonstrações expressavam a situação da empresa. Apesar da complexidade do reconhecimento de operações em empresas de software, a Deloitte tem um roteiro para estas situações.