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08 agosto 2022

A Herança de Santos

Hoje faz um mês da morte do ex-presidente de Angola, José Eduardo dos Santos. Durante 38 anos, Santos comandou a ex-colônia portuguesa e seu legado é muito bom ... para sua família.

Um longo texto da Forbes mostra como sua filha, Isabel dos Santos, tornou-se a mulher mais rica da África, com um patrimônio de 3,7 bilhões de dólares em 2014. Por coincidência, entre 2007 a 2010, cerca de 32 bilhões das receitas de petróleo do país sumiram, segundo o FMI.

Seu império [de Isabel dos Santos] começou a desmoronar depois que seu pai se aposentou do cargo. Seus bens foram congelados e ela foi acusada de peculato e lavagem de dinheiro. A Forbes a removeu do ranking de bilionários em 2021. Além disso, um tribunal de arbitragem internacional ordenou que ela devolvesse, em julho de 2021, suas ações da empresa portuguesa de energia Galp avaliadas em US$ 500 milhões. Isabel dos Santos negou qualquer irregularidade e se defendeu de todas as acusações dizendo que são politicamente motivadas. 

Parte dos negócios de Isabel transitaram por Portugal. Isto ocorreu com o apoio do governo português, obviamente.

19 janeiro 2020

Contabilidade e a Corrupção: Isabel dos Santos

Já comentamos aqui no blog sobre a empresária angolana Isabel dos Santos. Filha do quase eterno presidente de Angola, Eduardo dos Santos, a empresária foi considerada pela Anistia Internacional um dos 15 maiores símbolos da corrupção no mundo (em companhia de Fifa, Mubarak e Petrobras). Apesar de sua presença cheirar corrupção, um relatório divulgado hoje por um consórcio internacional mostrou como consultores e contadores ajudaram Isabel dos Santos a construir e legalizar seu império. Além disto, o relato mostrou como empresas “respeitáveis”, como Dolce Gabbana aceitarem ter Isabel dos Santos como cliente, mesmo sabendo quem ela era. Segundo esta empresa, “não é problema o que os [nossos] clientes fazem da sua vida”.

O relato chama a atenção que muitos bancos, como Citi, Barclays, Santander ou Deutsche (até este banco alemão, sempre envolvido em problemas) recusaram a trabalhar com dos Santos e seu marido, o “empresário” Sindika Dokolo. Em 2014, o Santander chamou Isabel dos Santos de uma pessoa politicamente exposta, termo usado para funcionários públicos e parentes, vulneráveis à suborno ou corrupção, e não aceitou trabalhar com ela.

Mas isto não aconteceu com as empresas de consultoria e as empresas contábeis, que ganharam muito dinheiro com Isabel dos Santos e seus negócios. TODAS as empresas Big Four continuaram a trabalhar para as empresas de Isabel dos Santos, mesmo após as alegações de corrupção. O mesmo ocorreu com a Accenture, a McKinsey e BCG.

O jogo feito pelas empresas de contabilidade pode ser encontrado aqui. Resumimos a seguir o texto.

Cada uma das grandes empresas de auditoria continuaram trabalhando para Isabel dos Santos mesmo após o início das denúncias. Vamos a uma relação (alguns exemplos):

Deloitte = Finstar
EY = Zopt
KPMG = Urbinvest
PwC = a preferida de Isabel dos Santos, inclusive como consultoria tributária usando paraíso fiscal

As empresas deveriam denunciar indícios de corrupção e lavagem de dinheiro. Mas parece que isto não funciona com as empresas de auditoria, mesmo com as regras exigindo uma conduta dos profissionais mais rígida. Sikka, um professor de contabilidade, resume isto: é um modelo de franquia global quando querem ganhar negócios, mas no momento da responsabilidade, afirmam que os negócios locais são independentes.

A reportagem tentou olhar o lado das Big Four, mas encontrou desculpas como “confidencialidade” e outras do gênero. A reportagem então submeteu um dos documentos divulgados, que incluía uma “taxa de sucesso” para o esposo de Isabel dos Santos de 4 milhões de dólares, a quatro peritos e todos disseram que isto parecia suspeito. Mas os profissionais da PwC não entenderam assim.

Isabel dos Santos disse que os documentos que serviram de base para reportagem são falsos. (os documentos podem ser encontrados aqui) Como uma grande parte da fortuna de Isabel dos Santos foi investida em Portugal, o assunto atraiu a imprensa de lá (aqui e aqui, por exemplo)

05 dezembro 2017

Cruz Vermelha e Unitel

A Justiça angolana tem curso um processo contra a empresária Isabel dos Santos, presidente da Cruz Vermelha de Angola, por suspeita de fuga ao fisco na importação de bens que estarão ao serviço da sua operadora de telecomunicações, a Unitel. A notícia é avançada pelo site Angola Voz da América (VOA) que dá conta que os prejuízos para o Estado angolano podem ascender a 30 milhões de dólares (25,3 milhões de euros). (Fonte: Aqui)

Isabel dos Santos é a pessoa mais rica da África. Por uma coincidência do destino, filha do ex-presidente de Angolo (por mais de vinte anos), José Eduardo dos Santos. Aqui, um comentário sobre corrupção.

22 outubro 2017

Especialista

“Angola não será a próxima Venezuela”. Essa é pelo menos a convicção que empresária Isabel dos Santos transmitiu num evento promovido pela Reuters em Londres, onde garantiu que entre Angola e Venezuela “não há praticamente nada em comum. Talvez só o tempo”, admitiu a empresária em declarações citadas no portal Angola Nossa.

No que diz respeito à corrupção, e questionada sobre se este é um dos problemas mais difíceis de resolver em Angola, a empresária rejeitou que o seu país possa ser conotado em exclusivo a essa situação. “A corrupção não é uma questão específica de um povo, ou de um país, é específico do ser humano. Depende da educação que se tem, da mãe, do pai, do professor”, realçou a empresária.


Fonte: Aqui


Quem é Isabel Santos? Ela é a mulher mais rica da África. Conseguiu boa parte da sua fortuna provavelmente por ser filha de José Eduardo dos Santos, presidente de Angola desde 1979.