Como a Abbott decidiu elevar preços para proteger seu remédio para aids
Por John Carreyrou
The Wall Street Journal
No fim de 2003, a Abbott Laboratories estava preocupada com os novos concorrentes de seu principal remédio para aids, o Kaletra. Então ela usou uma arma incomum que ajudou as vendas mundiais do Kaletra a superar US$ 1 bilhão por ano, embora a tenha exposto a críticas de que estava colocando pacientes em risco.
A arma era um remédio mais velho da Abbott, chamado Norvir. Ele é um componente fundamental de regimes de medicamentos que incluem drogas de empresas rivais. Documentos e emails antes não divulgados e que foram examinados pelo Wall Street Journal mostram como executivos da Abbott discutiram maneiras de diminuir a atratividade do Norvir, com o objetivo de forçar pacientes a abandonar os remédios concorrentes e passar para o Kaletra.
(...) Uma terceira proposta foi a vencedora: quintuplicar o preço do Norvir. Um documento interno alertou que a decisão faria a Abbott parecer uma "empresa farmacêutica grande, má e gananciosa". Mas os executivos esperavam que um aumento do preço do Norvir ajudaria as vendas do Kaletra, e apostaram que a polêmica, se houvesse, cedo ou tarde desapareceria.
(...) O debate na Abbott sobre o Norvir fornece uma rara visão interna dos esforços de uma farmacêutica para maximizar o lucro e rechaçar concorrentes. O setor passou a sofrer críticas nos últimos anos por táticas como o forte marketing de remédios que oferecem pouca vantagem em relação a drogas mais antigas, e por pagarem a fabricantes de genéricos para que atrasassem o lançamento de cópias baratas. O episódio do Norvir mostra uma empresa tirando vantagem de seu monopólio sobre um medicamento para proteger as vendas de outro, mais rentável. (...)
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05 janeiro 2007
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