A Plataforma Sucupira, mantida pela CAPES, é o sistema responsável por coletar informações dos programas de pós-graduação no Brasil. Seu objetivo deveria ser ajudar na avaliação e acompanhamento dessas instituições.
A plataforma impõe uma carga significativa aos programas. O volume de dados exigido é imenso — há campos que comportam até 40 mil caracteres, e muitos desses espaços acabam se tornando uma âncora para quem os preenche, pois a extensão máxima acaba sendo interpretada como um padrão a ser atingido. Ao final, o relatório produzido é um compilado enorme de textos, indicadores e outras informações.
Adicione uma pitada a mais: o software é muito ruim. Coisas estranhas acontecem ao longo do preenchimento. No último quadriênio, foi solicitado destacar a produção mais relevante. Mas a produção de 2024 não estava disponível e somente semanas depois do encaminhamento é que a coordenação podia informar isso. E tome regras e normas.
Mas será possível que um avaliador, dentro de prazos limitados, leia e analise de forma cuidadosa tudo isso? A resposta mais honesta e evidente é não. E, então, qual o sentido de tudo isso? Durante meses, inúmeras pessoas — docentes, coordenadores, técnicos — são desviadas de suas funções principais para se dedicar ao preenchimento de relatórios. Quantas horas de pesquisa científica, orientação e produção de conhecimento estão sendo sacrificadas para alimentar um sistema que, ao fim, corre o risco de não ser lido em sua totalidade?
Esse modelo, mais do que um instrumento de avaliação, se configura como um entrave à atividade científica, burocratizando excessivamente processos que deveriam ser orientados por confiança, qualidade e incentivo à excelência.
Algo precisa ser revisto aqui.
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