De certa forma esperado:
Em um artigo publicado na American Economic Review, os autores Mark Shepard e Myles Wagner descobriram que até mesmo pequenos obstáculos burocráticos podem representar grandes barreiras para grupos em situação de desvantagem.
“Grande parte do sistema de saúde americano é extremamente complicado, e isso inclui o processo de se inscrever em um seguro de saúde”, disse Wagner à AEA em uma entrevista. “A motivação para este artigo foi entender o quão sério é o problema da burocracia na hora de impedir que pessoas obtenham o seguro para o qual são completamente elegíveis.”
Os pesquisadores encontraram um cenário ideal para estudar esse problema em um programa de seguro de saúde de Massachusetts anterior ao ACA (Affordable Care Act), chamado Commonwealth Care. Antes de 2010, o programa inscrevia automaticamente candidatos de baixa renda que tinham sido aprovados para cobertura, mas que ainda não haviam escolhido ativamente um plano de saúde. Após 2010, a política de inscrição automática foi suspensa; os candidatos passaram a ter que preencher e devolver um formulário enviado por correio.
Essa mudança aparentemente trivial teve consequências drásticas: a adesão caiu 33%. Um terço dos elegíveis para receber seguro de saúde gratuito não completou a papelada necessária para se inscrever.
“O efeito é realmente grande”, observou Wagner. “Outros estudos que tentaram incentivar a adesão ao seguro de saúde enviando lembretes ou informações adicionais pelo correio obtiveram efeitos muito menores, em uma ordem de grandeza inferior.”
Os pesquisadores analisaram quem eram os “inscritos passivos” e descobriram que eles eram, de forma desproporcional, mais jovens, mais saudáveis e do sexo masculino. Também tendiam a vir de bairros desfavorecidos e comunidades próximas a hospitais de assistência pública que oferecem cuidados de caridade.
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