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17 outubro 2024

Um pouco da história da revisão por pares nos periódicos e o papel do custo

A Royal Society, uma entidade científica do Reino Unido, tornou públicos cerca de 1.600 relatórios produzidos entre 1949 e 1954, incluindo algumas avaliações de artigos que foram publicados. A entidade teve no Philosophical Transactions o primeiro periódico a implementar a revisão por pares.

Na época, o processo era mais informal, e o estilo de análise dos artigos submetidos para publicação em periódicos, como conhecemos hoje, só foi estabelecido anos depois, na década de 1970. Em alguns dos relatórios, há menções sobre férias e outras atividades pessoais. No entanto, já na década de 1950, a Royal Society começou a solicitar aos revisores que respondessem a um questionário padronizado, que incluía a questão-chave: a Royal Society deveria publicar o texto? Com isso, as respostas tornaram-se mais breves. Um exemplo curioso foi a revisão da química Dorothy Hodgkin (foto), que escreveu menos de 50 palavras após ler e revisar o texto completo sobre a estrutura do DNA, de autoria de Francis Crick e James Watson, em 1953, publicado nos Proceedings of the Royal Society em abril de 1954. Apesar da brevidade, o comentário de Hodgkin foi valioso, ao sugerir eliminar os reflexos das fotografias.

Há outros casos interessantes. Em 1950, um artigo escrito por James Oldroyd foi revisado por Harold Jeffreys, que comentou: “Conhecendo o autor, confio que a análise está correta.” Já em 1900, o físico Bidwell escreveu sobre um artigo de Edridge-Green: “Eu estava preparado para descobrir que seu novo artigo era um lixo; e acabou sendo um lixo de tal natureza que nenhuma pessoa competente poderia ter qualquer outra opinião sobre ele.”

Em 1951, o renomado Alan Turing propôs “novos métodos de modelagem matemática para o campo biológico, incluindo o uso de computadores”. No entanto, a revisão foi negativa, com um dos revisores sugerindo que Turing reescrevesse todo o texto, exceto a parte matemática. O outro parecerista, por sua vez, elogiou o trabalho.

Agora, uma parte que interessa diretamente aos contadores: a revisão por pares surgiu também por uma questão de custo. No final do século XIX, os revisores eram incentivados a avaliar o texto sob a perspectiva do custo crescente da impressão. Assim, a Royal Society passou a questionar se algumas partes dos artigos ou ilustrações não seriam redundantes.


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