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17 setembro 2024

Falência da Companhia de Lucros Reaes

Em 1892, o Brasil estava no início da República. O império havia sido derrubado há três anos, e o presidencialismo buscava a estabilidade política e uma significativa mudança econômica. Se o imperador tinha poderes absolutos e promoveu o retrocesso econômico, o novo regime ainda se apoiava na base agrícola, especialmente no café, produzido em São Paulo e Minas Gerais.

O ministro da Fazenda, Rui Barbosa, implementou uma política ousada, até hoje controversa, que provocou uma expansão das empresas e resultou em um grande número de falências. Foi nesse contexto que surgiu a Companhia de Lucros Reaes. O nome chamou minha atenção enquanto eu pesquisava os arquivos do Correio Paulistano. Afinal, espera-se que todas as empresas tenham lucros reais. No entanto, essa empresa apareceu e desapareceu rapidamente nesse curto período de tempo. Em 1891, no final do ano, sendo uma empresa que alegava apresentar resultados concretos, convocou uma assembleia para "demonstrar, por meio de provas, o estado próspero da Companhia".

Quase um ano depois, Vautier divulga, no mesmo jornal, na edição 10.935, os balanços da empresa, referentes ao ano de 1892. No entanto, o mais surpreendente é a proposta de liquidação da empresa. A companhia informa que não pode apresentar um resultado satisfatório por diversas razões. No texto que acompanha as informações contábeis, a diretoria esclarece que havia planos de investimentos em máquinas e utensílios, mas a ausência de capital — ou, mais precisamente, a aparente recusa dos investidores em aportar recursos na empresa — acabou interrompendo o planejamento.

A diretoria pensou em fazer um empréstimo para obter os recursos. Mas recua, diante dos prováveis elevados encargos. Na parte final do documento, o anúncio, com adaptações para o português atual:

Não podendo, portanto, a Companhia prosseguir sem o capital necessário para os seus edifícios e máquinas e também o funcionamento das oficinas provisórias (...) a diretoria entende que a Companhia deve ser dissolvida e nomeada uma comissão liquidante. 

Parece que os lucros não eram tão reais assim...

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