O ministro da Fazenda, Rui Barbosa, implementou uma política ousada, até hoje controversa, que provocou uma expansão das empresas e resultou em um grande número de falências. Foi nesse contexto que surgiu a Companhia de Lucros Reaes. O nome chamou minha atenção enquanto eu pesquisava os arquivos do Correio Paulistano. Afinal, espera-se que todas as empresas tenham lucros reais. No entanto, essa empresa apareceu e desapareceu rapidamente nesse curto período de tempo. Em 1891, no final do ano, sendo uma empresa que alegava apresentar resultados concretos, convocou uma assembleia para "demonstrar, por meio de provas, o estado próspero da Companhia".
Quase um ano depois, Vautier divulga, no mesmo jornal, na edição 10.935, os balanços da empresa, referentes ao ano de 1892. No entanto, o mais surpreendente é a proposta de liquidação da empresa. A companhia informa que não pode apresentar um resultado satisfatório por diversas razões. No texto que acompanha as informações contábeis, a diretoria esclarece que havia planos de investimentos em máquinas e utensílios, mas a ausência de capital — ou, mais precisamente, a aparente recusa dos investidores em aportar recursos na empresa — acabou interrompendo o planejamento.
A diretoria pensou em fazer um empréstimo para obter os recursos. Mas recua, diante dos prováveis elevados encargos. Na parte final do documento, o anúncio, com adaptações para o português atual:
Não podendo, portanto, a Companhia prosseguir sem o capital necessário para os seus edifícios e máquinas e também o funcionamento das oficinas provisórias (...) a diretoria entende que a Companhia deve ser dissolvida e nomeada uma comissão liquidante.
Parece que os lucros não eram tão reais assim...
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