Está começando, com quase dez anos de atraso, um dos maiores julgamentos relacionados a fraudes ambientais. O ex-executivo da Volkswagen, Martin Winterkorn (foto), está sendo acusado no escândalo conhecido como dieselgate. A Volkswagen, uma das maiores fabricantes de automóveis do mundo, precisava cumprir os padrões ambientais para seus carros a diesel. Para isso, a empresa recorreu a uma solução mais simples, porém desonesta: instalou um software nos veículos que manipulava os testes de emissões. Esse software desligava o sistema de controle de emissões enquanto o carro estava em movimento e o reativava durante os testes. Quando ativo, o sistema atendia aos requisitos legais, mas, desligado, permitia que o carro emitisse até 40 vezes mais óxido de nitrogênio do que o permitido. Com essa estratégia, a Volkswagen conseguiu a aprovação de seus carros pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA).
Ao todo, 11 milhões de veículos no mundo todo, fabricados entre 2009 e 2015, foram equipados com esse software. As suspeitas começaram em 2013, quando uma equipe da Universidade da Virgínia Ocidental realizou testes em condições reais de condução e descobriu que dois modelos da Volkswagen emitiam níveis de óxido de nitrogênio muito acima dos limites legais. Com base nesses resultados, a EPA anunciou em 2015 que a Volkswagen estava violando a lei. O anúncio derrubou as ações da empresa (gráfico), levou vários países a iniciarem investigações e forçou a renúncia de executivos, incluindo o CEO Martin Winterkorn, que agora está sendo julgado. Um ano depois, a Volkswagen começou a firmar acordos legais, admitindo que a direção da empresa havia solicitado o desenvolvimento do software e tentado encobrir o caso.
Além disso, o escândalo revelou que o problema de emissões também afetava carros de outras marcas. Estima-se que pelo menos 30 pessoas da administração da Volkswagen soubessem da fraude por anos, apesar de a empresa ter negado inicialmente em 2015.
Os veículos modernos possuem sensores e componentes eletrônicos que conseguem detectar o início de um teste de emissões em laboratório, e alguns sistemas de controle de poluição podem funcionar apenas durante esses testes.
O julgamento de Martin Winterkorn, agora com 77 anos, pode resultar em uma pena de até 10 anos de prisão por fraude, manipulação do mercado e perjúrio. Curiosamente, ele agora nega as acusações. Até o momento, o escândalo já custou à Volkswagen mais de 38 bilhões de dólares em multas e compensações.
Há um verbete na Wikipedia que detalha o escândalo em termos técnicos. Clique aqui. A notícia do julgamento é da newsletter 1440.
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