Este é um tema fascinante e, por isso, polêmico. Muitas vezes, as decisões políticas tomadas após certos eventos podem ter consequências negativas, especialmente em relação a medidas regulatórias e políticas públicas. Um exemplo disso é a questão da energia nuclear. Nos anos 70, vários governos acreditavam que a energia nuclear poderia resolver a crise energética, o que levou à construção de muitas usinas nucleares. Durante esse período, o Brasil também fez planos para construir usinas nucleares em parceria com a Alemanha.
No final da década, ocorreu um acidente nuclear nos Estados Unidos, na usina de Three Mile Island. Pouco tempo depois, o desastre de Chernobyl lançou fumaça radioativa sobre vários países europeus.
Esses dois eventos levaram a uma redução na construção de novas usinas nucleares e a um aumento nas regulamentações públicas. O desastre de Chernobyl, em particular, teve um custo altíssimo, estimado em 68 bilhões de dólares. Até hoje, cerca de 6% dos gastos do governo da Ucrânia estão relacionados a Chernobyl, e um percentual semelhante é gasto na Bielorrússia. Em resumo, o impacto financeiro foi enorme.
Mas será que as medidas regulatórias adotadas após Chernobyl, como a redução ou eliminação da construção de novas usinas e o aumento das regulamentações, foram sensatas? Não construir novas usinas significa que as existentes estão envelhecendo, o que aumenta o risco de novos acidentes. Ou seja, em vez de diminuir o risco, essas medidas podem tê-lo aumentado. Vale lembrar que novas usinas provavelmente seriam construídas com tecnologia mais avançada. Desde a década de 1980, a construção de 90 reatores foi interrompida em todo o mundo. Além disso, é muito mais fácil construir uma usina de energia convencional do que uma usina nuclear, o que torna o investimento menos atrativo.
Em outras palavras, Chernobyl praticamente inviabilizou o setor de energia nuclear em muitos lugares. Em vez disso, os países continuaram a usar combustíveis fósseis e outras fontes de energia. Estudos mostram que, quando uma usina nuclear começa a operar, a poluição nas cidades próximas diminui significativamente, aumentando a expectativa de vida da população. Estima-se que a redução na construção de usinas nucleares após Chernobyl tenha resultado em uma perda de 318 milhões de anos de vida.
Como disse Alex Tabarrok: “Chernobyl causou muito mais mortes ao reduzir a construção de usinas nucleares e aumentar a poluição do ar do que por seus efeitos diretos, que foram pequenos, mas não insignificantes.”
Esse efeito negativo continuará por muitos anos, e os números só tendem a aumentar. Será que não deveríamos buscar uma discussão mais racional por parte dos responsáveis pelas políticas públicas?
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