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14 junho 2024

Paradoxo de Jevons e a questão ambiental

Tim Harford lembra do Paradoxo de Jevons na discussão sobre a questão ambiental. Trata-se de uma proposição de William Stanley Jevons, de 1865. Jevons observou que, ao contrário da intuição, o aumento da eficiência no uso de um recurso não leva necessariamente à redução no consumo desse recurso. Em vez disso, pode até aumentar o consumo total. Por exemplo, a melhoria na eficiência do uso de carvão durante a Revolução Industrial levou a um aumento na demanda por carvão, não a uma diminuição.

Antigamente, quando queríamos nos comunicar com as pessoas, usávamos a carta. Para os mais novos, a carta era escrita em um pedaço de papel e, muitas vezes, íamos aos correios, colocávamos dentro de um envelope, e os correios encarregavam-se de levar ao destino. Poderia levar dias ou meses. Hoje, quando queremos fazer a mesma coisa, usamos o e-mail ou uma mensagem de telefone. Pelo paradoxo, aumentou a eficiência do recurso, mas provavelmente agora devo ter mensagens no meu celular e minha caixa de e-mails tem centenas delas por responder.


O fato de Jevons ter proposto sua ideia em 1865 e hoje, em 2024, estarmos falando sobre ela é um sinal de que deve ter um certo sentido. E parece que efetivamente funciona. E aqui voltamos para a questão ambiental. Tim Harford, um conhecido colunista do Financial Times, lembra que uma das esperanças para resolver o problema do ambiente é melhorar a eficiência energética. Ou seja, tornando os automóveis mais eficientes no consumo de combustível, ganhando qualidade nos aparelhos domésticos, entre outros. O que seria uma solução, na verdade, tornou-se um problema. É o efeito rebote: um bem se torna mais eficiente e barato, seu uso tende a aumentar porque as pessoas o consideram mais acessível e útil, levando a um consumo geral maior.


Conforme lembra Harford, o paradoxo é importante para lembrar que não devemos necessariamente esperar um milagre da tecnologia para resolver o problema ambiental. Mas há esperança, já que vários casos passados mostram que a eficiência energética realmente diminuiu o consumo de energia.

Um fato que devemos lembrar é nunca esperar resolver um problema somente com uma solução. Não podemos descartar, conforme lembra o colunista, que juntamente com o milagre da eficiência, tenhamos, por exemplo, uma política que institua um imposto sobre o carbono.

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