O setor de pecuária do Brasil e as grandes empresas globais de carne que dependem da pecuária correm o risco de se colocarem fora do mercado se não fizerem mais para conter o desmatamento, segundo um relatório da empresa de previsão de riscos Orbitas. A produção de carne é uma grande fonte de emissões globais de carbono e metano e representa 16% da pegada de carbono do Brasil, em grande parte devido ao desmatamento legal e ilegal, bem como aos infames gases e arrotos de vacas. E muitas das políticas que governos, empresas e consumidores estão adotando para reduzir essas emissões — incluindo precificação de carbono, monitoramento por satélite do desmatamento, dietas com baixo consumo de carne e desinvestimento de acionistas — tendem a aumentar os custos operacionais das empresas de gado e reduzir seus lucros. Por exemplo, políticas anti-desmatamento poderiam reduzir em 37% as pastagens disponíveis no Brasil até 2050, aumentando os preços das terras, projeta o relatório. Se as empresas de produção de gado do país não adotarem práticas mais sustentáveis mais cedo, os custos relacionados ao clima poderiam fazer com que perdessem $155 por hectare de pastagem até 2050 — e o Brasil tem cerca de 177 milhões de hectares de pastagem.
Por outro lado, a pressão global por políticas climáticas provavelmente levará a mais investimentos em práticas de pecuária sustentáveis, como aquelas que focam no aumento da produtividade das áreas existentes e no desenvolvimento de novas fontes de receita que não sejam de carne, disse Niamh McCarthy, autora do relatório, à Semafor. Isso poderia se transformar em um benefício de investimento de $200 bilhões até 2050 para as empresas dispostas a abraçar a transição, tornando-as tanto mais limpas quanto mais lucrativas do que as concorrentes presas ao status quo. Uma ação judicial movida em fevereiro pelo procurador-geral de Nova York contra a empresa de pecuária JBS destacou a prevalência de greenwashing na indústria de carne do Brasil; o novo relatório de McCarthy ressalta que a falha da indústria em agir será, em última análise, mais prejudicial para seus acionistas. (negrito nosso)
Fonte: Semafor
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